Destinos das Exportações dos Agronegócios Brasileiros de 2007

            As exportações brasileiras somaram US$160,6 bilhões em 2007, crescimento de 16,6% em relação ao valor exportado no ano de 2006. Já os produtos dos agronegócios registraram vendas de US$61,8 bilhões e variação positiva de 18,8% no período analisado, que representa 38,5% nas exportações totais do Brasil (Tabela 1). Isso implica em que as exportações setoriais têm papel importante na inserção internacional do Brasil, conTabelando a agricultura como estratégica para o desenvolvimento da economia continental nacional.

            Ao analisar as exportações dos agronegócios, em que os valores ultrapassaram a marca de US$1 bilhão, contabilizam-se 10 destinos, que são: União Européia (EU)1, Estados Unidos, China, Rússia, Argentina, Japão, Irã, Venezuela e Hong Kong que somados passam dos US$44,0 bilhões, ou seja, representam juntos 71,2% do total exportado. Verifica-se aí a presença das principais economias mundiais (União Européia, Estados Unidos e Japão), do principal parceiro do MERCOSUL (Argentina) e mais a Venezuela (possível integrante do MERCOSUL), de nações emergentes (China, Rússia e Hong Kong) e também o Irã e Arábia Saudita nações do Oriente Médio.

            Essa concentração de destinos já foi maior. Observam-se diversificação de parceiros com maiores crescimentos das vendas para os países como Paraguai (53,5%), África do Sul (42,2%), Indonésia (35,1%), Cingapura (34,5%), Coréia do Sul (32,6%), Angola (29,4%) e Suíça (23,9%), países que tiveram crescimento acima da média setorial (18,8%) (Tabela 1).

            Alguns países registraram variações negativas como o Egito (-15,3%) e os Estados Unidos (-7,2%) (Tabela 1). Nesses casos as perdas representam mais de US$656 milhões e, se as exportações para essas nações tivessem seguido a taxa média de crescimento setorial (+18,8%), o valor das exportações aumentaria em pouco mais de US$1,5 bilhão.

            Quanto à participação dos produtos dos agronegócios nas exportações totais brasileiras, dos 30 destinos mais relevantes que somaram US$ 54,9 bilhões das vendas externas setoriais em 2007, em doze nações as importações representam mais de 50% do total adquirido por elas. Para Rússia e Hong Kong, esse indicador atinge a casa dos 90%, enquanto para a Argélia e Irã os agronegócios representam mais de 85% das transações (Tabela 1). Verifica-se aí a presença fundamental da agricultura brasileira no abastecimento de países cujas economias concentram-se em indústrias relevantes (Hong Kong e Rússia) ou no petróleo (Rússia, Irã, Argélia e Venezuela).

Tabela 1 - Exportações dos Produtos dos Agronegócios, Brasil, 2006 e 2007

Posição nos 
Agronegócios
Destino
Exportação dos agronegócios (US$ milhão) 
Var. (%) (b/a)
Total geral exportado (US$ milhão) ( c )
Part. (%) (b/c)
Agronegócios 
agregação de valor (%)
2006 (a)
2007 (b)
Básico
Semi-manufaturado
Manufa-turado
1 União Européia
16.153 
21.232 
31,44
40.357 
52,61 
57,43 
14,53 
28,04 
2 Estados Unidos
7.370 
6.840 
-7,19
25.065 
27,29 
19,55 
19,70 
60,75 
3 China
3.802 
4.691 
23,38
10.749 
43,64 
67,69 
29,23 
3,09 
4 Rússia
3.156 
3.402 
7,80
3.741 
90,94 
64,37 
30,72 
4,92 
5 Argentina
1.571 
1.917 
21,97
14.417 
13,29 
11,19 
6,31 
82,50 
6 Japão
1.491 
1.768 
18,57
4.321 
40,92 
58,42 
14,65 
26,93 
7 Irã
1.399 
1.571 
12,29
1.838 
85,51 
60,11 
36,13 
3,75 
8 Venezuela
865 
1.374 
58,95
4.724 
29,09 
40,97 
5,96 
53,07 
9 Hong-Kong
878 
1.210 
37,77
1.336 
90,58 
75,19 
21,46 
3,35 
10 Arábia Saudita
842 
998 
18,56
1.478 
67,55 
67,23 
5,97 
26,80 
11 Coréia do Sul
643 
852 
32,55
2.047 
41,61 
70,74 
17,35 
11,91 
12 Emirados Árabes
735 
821 
11,75
1.197 
68,59 
50,54 
10,94 
38,52 
13 Egito
824 
698 
-15,34
1.238 
56,35 
62,18 
26,42 
11,41 
14 África do Sul
482 
685 
42,23
1.758 
38,96 
33,77 
8,75 
57,48 
15 Paraguai
440 
675 
53,49
1.648 
40,98 
11,05 
0,96 
87,99 
16 Canadá
582 
579 
-0,55
2.362 
24,51 
22,89 
43,87 
33,24 
17 Tailândia
489 
570 
16,68
968 
58,91 
90,08 
5,29 
4,63 
18 Chile
443 
465 
4,96
4.264 
10,91 
11,34 
6,81 
81,85 
19 México
391 
463 
18,31
4.260 
10,86 
12,87 
15,69 
71,43 
20 Indonésia
321 
434 
35,14
693 
62,59 
64,75 
28,25 
7,00 
21 Argélia
384 
429 
11,54
501 
85,55 
29,51 
45,18 
25,30 
22 Angola
316 
409 
29,36
1.218 
33,56 
31,83 
3,21 
64,96 
23 Suíça
323 
399 
23,85
1.114 
35,85 
33,53 
36,94 
29,53 
24 Malásia
473 
392 
-17,02
680 
57,71 
7,90 
79,56 
12,54 
25 Nigéria
416 
384 
-7,62
1.512 
25,39 
2,57 
53,79 
43,65 
26 Uruguai
317 
371 
17,06
1.288 
28,83 
22,87 
10,68 
66,45 
27 Colômbia
305 
354 
15,80
2.339 
15,12 
10,26 
3,93 
85,81 
28 Cingapura
226 
304 
34,49
1.379 
22,07 
76,90 
4,05 
19,05 
29 Marrocos
281 
299 
6,11
438 
68,15 
19,33 
63,07 
17,60 
30 Turquia
224 
265 
18,40
693 
38,17 
52,26 
14,76 
32,98 
  Subtotal
46.142 
54.852 
18,87
139.624 
39,29 
49,24 
18,90 
31,86 
 . Demais destinos
5.895 
6.985 
18,50
21.025 
33,22 
38,81 
14,12 
47,06 
  Total
52.037 
61.837 
18,83
160.649 
38,49 
48,06 
18,36 
33,58 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Avaliando o perfil de agregação de valor dos agronegócios em 2007, verificam-se que os produtos básicos têm 48,1% de participação das exportações, já os semimanufaturados com 18,4% e os manufaturados ou processados representam 33,6%. Também, quando se considera os 30 principais destinos nota-se que na maior parte dos países que compram produtos manufaturados dos agronegócios brasileiros estão localizados no continente americano, enquanto os que compram produtos básicos na maioria são países asiáticos (notadamente a China, Tailândia, Coréia do Sul e Hong Kong) (Tabela 1).

            A União Européia é o principal mercado de destino dos produtos brasileiros, tanto no geral quanto nos agronegócios. Em 2007 foram exportados US$21,2 bilhões de produtos dos agronegócios com crescimento de 31,4% em relação a 2006, e participação de 52,6% no total geral exportado para União Européia. Vale destacar que na agregação de valor do agronegócio, os produtos básicos têm 57,4% de participação, e os produtos manufaturados e semimanufaturados com 28,1% e 14,5%, respectivamente (Tabela 1).

            O grupo de Cereais, Leguminosas e Oleaginosas, é o principal item na pauta das exportações do agronegócio para União Européia com mais de US$6,6 bilhões, que representam 31,3% do setor e crescimento de 45,3% em relação a 2006 (Tabela 2). Destaque para os produtos básicos como soja (US$4,8 bilhões) e milho (US$1,3 bilhão) exportados, com crescimentos de 24,6% e 970,0%, respectivamente2. Em seguida vêm os grupos de Produtos Florestais (US$3,4 bilhões), Bovídeos (US$2,7 bilhões), Café (US$2,2 bilhões) e Frutas com US$2,1 bilhões (Tabela 2).

            Os Estados Unidos da América, são o segundo maior importador dos produtos brasileiros com vendas totais superiores a US$25 bilhões no ano de 2007. Para os agronegócios as exportações registraram US$6,8 bilhões, que representam 27,3% de participação nas vendas totais. Os americanos importaram 7,2% a menos nos agronegócios quando comparado com 2006. 

            Essa queda foi mais acentuada no grupo de produtos de cana e sacarídeas (-51,6%) principalmente no álcool, devido a grande produção em escala do etanol do milho, além da forte barreira tarifaria praticada. Outro grupo com apresentação de queda é o dos produtos florestais (-11,6%), que é o principal item da pauta de exportação com US$2,2 bilhões (Tabela 2), o que pode estar refletindo o desaquecimento decorrente da crise imobiliária na economia norte-americana.

            Um segmento que mostrou bom desempenho foi o grupo de frutas com crescimento de 47,1% com destaque ao suco de laranja em que as compras norte-americanas cresceram 82,3%3.

Tabela 2 - Principais Destinos das Exportações Brasileiras dos Agronegócios, por Grupo, 2006 e 2007

           No caso da China, terceiro maior importador dos agronegócios brasileiros com US$ 4,7 bilhões, as compras se concentram em produtos básicos (67,7%). A particularidade das compras chinesas consiste no fato de resumir quase que exclusivamente ao Grupo de Cereais, Leguminosas e Oleaginosas com US$ 3,2 bilhões, o que
significa 67,3% (Figura 2) de participação no total dos agronegócios. Nesse grupo as vendas do item soja (grãos e gorduras vegetais) atingiram US$ 3,2 bilhões4, podendo-se concluir que os negócios da China para a agricultura brasileira ainda se dão com base na prevalência de um único produto, tendo sido infrutíferas em termos de desempenho, as tentativas de diversificação dessa pauta de transações.

            A Rússia representa o quarto maior comprador de produtos da agricultura brasileira com US$ 3,4 bilhões também concentrados em produtos básicos (64,4%). As vendas para essa nação do Leste Europeu, em termos de participação mostram-se bem distribuídas em três grupos: Cana/Sacarídeas (30,8%), Bovídeos (29,9%) e Suínos e
Aves (28,8%), cada um com valores na casa de US$ 1 bilhão (Figura 2).

            Ao analisar os principais produtos adquiridos pela Rússia, encontramos o açúcar e a carne bovina com valores de US$ 1 bilhão cada, a carne suína no valor de US$ 667 milhões e US$ 298 milhões de carne de aves5. Em linhas gerais, as vendas dos agronegócios brasileiros para a Rússia estão determinadas pelas carnes (US$ 2,0 bilhões) que representam 58,8% do total.

            A Argentina, parceira do MERCOSUL consiste no quinto maior destino das exportações dos agronegócios brasileiros com US$ 1,9 bilhão, sendo que 82,5% consistem em produtos manufaturados (Figura 1). Esse caso revela a superioridade da estrutura agroindustrial nacional, porém a pouca importação de produtos básicos da Argentina é explicado pela forte produção de grãos e carnes. As compras argentinas de produtos da agricultura brasileira têm como principais grupos os de Bens de Capital e Insumos com US$ 514,0 milhões, seguidos dos produtos florestais com US$ 511,1 milhões e dos têxteis com US$ 336,5 milhões6. Chama a atenção neste caso particular, o fato de que a estrutura de bens de capital e insumos que configuram a modernidade da agricultura brasileira, também sustentam processo similar de modernização em nações vizinhas
como a Argentina.

            No geral, a análise dos destinos das exportações da agricultura brasileira, revela diversificação, porém com um condicionante de que, se há um aumento do comércio com um número maior de nações, da mesma maneira quando se considera cada nação em particular, nota-se uma elevada dependência de um ou poucos produtos, o que exige uma estratégia similar de diversificar a pauta em cada nação e não apenas apostar na ampliação do rol de destinos. Os negócios internos ao continente americano se mostram mais consistentes em termos de agregação de valor do que os realizados com outros destinos.
______________________________________________________________
1 A União Européia é um bloco econômico, com união aduaneira e Política Agrícola Comum (PAC), formado por 27 países com uma população estimada em 490 milhões de
habitantes.

2 Disponível em: /ftpiea/comex/Destino_export_UE_2007.xls

3 Disponível em: /ftpiea/comex/Destino_export_EUA_2007.xls

4 Disponível em: /ftpiea/comex/Destino_export_CHINA_2007.xls

5 Disponível em: /ftpiea/comex/Destino_export_RUSSIA_2007.xls

6 Disponível em: /ftpiea/comex/Destino_export_ARGENTINA_2007.xls

Data de Publicação: 07/03/2008

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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