Brasil e Argentina Produzem Mais Soja

 

 

            A produção mundial de soja em grão deverá ser de 235,9 milhões de toneladas na atual temporada 2011/12 (outubro a setembro), com redução da ordem de 11% em comparação a anterior em virtude de estiagens com prejuízos para a produtividade das lavouras nos principais países produtores (Tabela 1).
 

Tabela 1 - Oferta e Demanda Mundiais de Soja em Grão, 2010/11 a 2012/13
(em milhão de toneladas)

Item
2010/11
2011/12
2012/13
Produção
264,7
235,9
267,3
Oferta
325,3
306,0
319,8
Processamento
221,2
223,9
232,4
Estoque final
70,1
52,5
55,7
Fonte: Elaborada a partir de dados de UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE - USDA. Oilseeds: world markets and trade. Washington: USDA, 2012. Disponível em: <http://www.fas.usda.gov/oilseeds_arc.asp>. Acesso em: ago. 2012.
 
 

            Nos Estados Unidos a produção caiu 8%, inclusive por conta de retração de 4% na área cultivada que ficou em 29,8 milhões de hectares. A safra brasileira está estimada em 13% a menos do que a obtida no ano anterior, e na Argentina a queda chega a 16% em termos de produção. Essas nações respondem por cerca de 80% da produção da oleaginosa.
 

            A oferta (produção + estoque inicial), dessa forma, sofre diminuição de 6% ao se situar em 306,0 milhões de toneladas em 2011/12. Mesmo com o processamento estabilizado, o ano comercial deverá finalizar com estoques relativamente baixos, da ordem de 52,5 milhões de toneladas.
 

            Para a temporada vindoura as previsões indicam aumento de 13% na produção que deverá alcançar 267,3 milhões de toneladas. A oferta deverá totalizar 319,8 milhões de toneladas, volume que pode ser visto apenas como recuperação dos níveis de disponibilidade, posto que ainda fica aquém de 2010/11. O processamento deverá crescer de forma mais intensa e superar os registrados nos anos anteriores (Tabela 1).
 

            As produções de soja no Brasil e na Argentina poderão contribuir para a retomada da oferta, diante da expectativa de perdas na safra estadunidense, como consequência de temperaturas excessivamente elevadas nas regiões produtoras.
 

            As adversidades climáticas pelas quais passa a agricultura nos Estados Unidos comprometem ainda mais a produtividade da soja que deverá ser de 2.720 kg/ha em 2012/13, patamar 2,5% abaixo da obtida na safra passada. Dessa forma, a produtividade da sojicultura é reduzida pelo segundo ano consecutivo, conforme o USDA.
 

            Independente do quadro conjuntural, as safras brasileira e argentina aumentaram sistematicamente suas representatividades, e superaram a da estadunidense já há uma década. Na próxima temporada, a produção do grão deverá alcançar 78,0 milhões de toneladas no Brasil e 55,0 milhões de toneladas na Argentina, perfazendo o equivalente a metade da produção mundial (Figura 1).
 

 
Figura 1 - Participações das Produções de Soja em Grão do Brasil e da Argentina, 1999/00 a 2012/13.
Fonte: Elaborada a partir de dados de UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE - USDA. Oilseeds: world markets and trade. Washington: USDA, 2012. Disponível em: <http://www.fas.usda.gov/oilseeds_arc.asp>. Acesso em: ago. 2012.


 

            Em virtude da alternância das safras - na América do Sul, a colheita ocorre no primeiro semestre e nos Estados Unidos, de setembro a novembro -, os estudos de Schnep, Dohlman e Bolling1 e de Lapitz, Evia e Dudynas2 previam a possibilidade das sul-americanas passarem a determinar os preços da soja no mercado mundial3.
 

            A considerar as últimas temporadas, entretanto, ainda se observa queda acentuada nas cotações por ocasião da produção estadunidense. A realização de estudos sobre o comportamento sazonal dos preços poderá melhor avaliar os efeitos do atual perfil do mercado internacional da oleaginosa (Figura 2).
 

 
Figura 2 – Cotações de Soja em Grão no Mercado Internacional (CIF Rotterdam), Outubro de 2010 a Junho de 2011.
Fonte: Elaborada a partir de dados de UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE - USDA. Oilseeds: world markets and trade. Washington: USDA, 2012.


 

            De qualquer maneira, as cotações de soja em grão registraram patamares mais elevados no transcorrer do primeiro semestre do corrente, o que reforça a perspectiva de estímulo ao plantio da oleaginosa no sul do continente americano.
 

_________________
1SCHNEPF, R. D.; DOHLMAN, E.; BOLLING, C. Agriculture in Brazil and Argentina: developments and prospects for major field crops. Washington: ERS/USDA, 2001. Disponível em: <http://www.ers.usda.gov/publications/wrs013>. Acesso em: 21 fev. 2002.

2LAPITZ, R.; EVIA, G.; GUDYNAS, E. Soja y carne en el Mercosur: comercio, ambiente y desarollo agropecuario. Montevideo: Coscoroba, 2004. 192 p.

3Para detalhes sobre a influência da produção nos Estados sobre as cotações internacionais de soja, ver MARGARIDO, M. A. et al. Transmissão de preços no mercado internacional do grão de soja: uma aplicação da metodologia de séries temporais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 37, 1999, Foz do Iguaçu. Anais... Brasília: SOBER, 1999. CD-ROM. 
  

 

Palavras-chave: soja, Brasil, Argentina.

 


Data de Publicação: 09/08/2012

Autor(es): Marisa Zeferino (marisa.zeferino@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor