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Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro de Janeiro a Setembro de 2006
De janeiro a setembro de 2006, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$ 33,33 bilhões (33,1% do total nacional) e as importações2, US$ 27,16 bilhões (40,7% do total nacional), registrando superávit de US$ 6,17 bilhões. Esse resultado consolida a tendência de superávits consecutivos e crescentes que interromperam a seqüência de déficits observados na balança comercial paulista no passado recente. Em relação ao período de janeiro a setembro de 2005, o valor das exportações paulistas aumentou 19,1% e o das importações, 21,8% (gráfico 1 e tabela 1).
O crescimento das exportações paulistas (+19,1%), comparando-se os primeiros nove meses de 2005 e de 2006, ficou acima da média brasileira (+16,1%). Nas importações, ocorreu menor incremento em São Paulo (+21,8%) do que no Brasil (+23,4%). Assim, na conjunção das performances das exportações e das importações, o saldo da balança comercial paulista teve crescimento (+8,2%) maior que o brasileiro (4,1%).
As exportações dos agronegócios paulistas cresceram 16,7%, atingindo US$ 10,39 bilhões, enquanto as importações aumentaram 17,4%, somando cerca de US$ 3,17 bilhões, com saldo de US$ 7,22 bilhões3, 16,5% maior do que o de janeiro a setembro de 2005. As aquisições de produtos estrangeiros relacionados ao agronegócios, realizadas a partir de São Paulo, tiveram crescimento menor (+17,4%) que as importações totais estaduais (+21,8%).
Em função disso, há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios – somaram US$ 23,99 bilhões para exportações de US$ 22,94 bilhões, gerando um déficit externo, desse agregado, de US$ 1,05 bilhão de janeiro a setembro de 2006 (gráfico 2, tabelas 1 e 2). Disso conclui-se que os superávits do comércio exterior paulista continuam a depender do desempenho dos agronegócios estaduais.
A participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado diminuiu 0,6 ponto percentual, enquanto a participação das importações reduziu 0,4 ponto percentual (gráfico 3 e tabela 1).
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 33,97 bilhões de janeiro a setembro de 2006, com exportações de US$ 100,71 bilhões e importações de US$ 66,74 bilhões. Esse superávit, 4,1% maior do que o do mesmo período em 2005, aconteceu apesar de aumento nas exportações (+16,1%) ter sido inferior ao das importações (+23,4%) (gráfico 4 e tabela 3). Isso mostra que a valorização da moeda brasileira afeta de forma relevante os indicadores do comércio exterior nacional, estimulando importações.
Em 2006, as exportações dos agronegócios brasileiros cresceram 9,9% em relação ao período janeiro-setembro do ano anterior, atingindo US$ 37,91 bilhões (37,6% do total). Já as importações do setor aumentaram 14,3%, também em comparação com janeiro-setembro de 2005, somando US$ 8,38 bilhões (12,6% do total). O superávit dos agronegócios de janeiro a setembro de 2006 foi de US$ 29,53 bilhões4, 8,6% superior ao do mesmo período do ano anterior (gráfico 5, tabelas 3 e 4).
Assim, a despeito da crise setorial, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira. Não fosse a continuidade do crescimento dos saldos comerciais setoriais, o superávit do comércio exterior nacional seria muito menor.
As participações dos agronegócios nos totais do País diminuíram significativamente, tanto em termos das exportações (-2,2 pontos percentuais) quanto das importações (-1,0 ponto percentual) (gráfico 6, tabelas 3 e 4), em decorrência do avanço das transações externas de outros setores.
Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações de São Paulo nos nove primeiros meses de 2006 representaram cerca de 27,4%, 1,6 ponto percentual a mais que em janeiro-setembro de 2005, enquanto as importações representaram 37,0%, sendo 0,2 ponto percentual superior à verificada no mesmo período do ano anterior (gráfico 7 e tabela 4).
Os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios paulistas, de janeiro a setembro de 2006, foram: cana e sacarídeas (US$ 3,83 bilhão), bovídeos (US$ 1,95 bilhão); produtos florestais (US$ 1,17 bilhão), frutas (US$ 1,05 bilhão) e bens de capital e insumos (US$ 580 milhões), que juntos perfazem 82,6% das exportações setoriais paulistas (tabela 5).
Em âmbito nacional, os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios foram: cereais/leguminosas/oleaginosas (US$ 8,29 bilhões); produtos florestais (US$ 6,09 bilhões); bovídeos (US$ 5,57 bilhões); cana e sacarídeas (US$ 5,15 bilhões) e suínos e aves (US$ 3,21 bilhões), que no conjunto totalizam 74,7% das vendas externas dos agronegócios (tabela 6).
A quantidade exportada5 de produtos dos agronegócios brasileiros recuou em 0,5% de janeiro a setembro de 2006, quando comparada com a do mesmo período de 2005, enquanto a quantidade exportada pelo Estado de São Paulo teve queda de 9,1%. Os preços dos produtos exportados pelos agronegócios subiram 10,4% em nível nacional e 28,4% no âmbito de São Paulo (tabela 7). Esse comportamento revela que as exportações dos agronegócios paulistas recebem notório estímulo de preços internacionais crescentes, fazendo com que, mesmo com volumes decrescentes, tenha havido aumento da geração de divisas, o que influenciou o desempenho nacional.
Cerca de 54,6% do valor das exportações brasileiras dos agronegócios, de janeiro a setembro de 2006, corresponderam, em nível nacional, a produtos industrializados (manufaturados e semimanufaturados) e 45,4% a produtos básicos. No Estado de São Paulo, os produtos básicos representam apenas 10,8% e a participação de produtos industrializados dos agronegócios se mostra muito maior (89,2%), evidenciando índices superiores de agregação de valor (tabela 8).
Entre as categorias de uso, observa-se que matérias-primas e produtos intermediários foram o grupo predominante no período de janeiro a setembro de 2006, representando 60,2% do valor total de exportações nacionais de mercadorias dos agronegócios. No caso do Estado de São Paulo, esse grupo também foi o principal (53,8% do valor total) (tabela 9).
Tabela 1 - Estado de São Paulo - Balança Comercial, Janeiro a Setembro, 2005 e 2006
(US$ bilhão)
Ano | | | Partic. dos agronegócioss(%) | |||||
| | | | | | | | |
2005 | 27,99 | 22,29 | 5,70 | 8,90 | 2,70 | 6,20 | 31,8 | 12,1 |
2006 | 33,33 | 27,16 | 6,17 | 10,39 | 3,17 | 7,22 | 31,2 | 11,7 |
Tabela 2 - Participação da Balança Comercial do Estado de São Paulo na Brasileira, Total e Agronegócios, Janeiro a Setembro, 2005 e 2006
Ano | | | |||
| | | | ||
2005 | 32,3 | 41,2 | 25,8 | 36,8 | |
2006 | 33,1 | 40,7 | 27,4 | 37,8 |
Tabela 3 - Brasil – Balança Comercial , Janeiro a Setembro, 2005 e 2006
(US$ bilhão)
Ano | | Agronegócios | Partic. dos agronegócios(%) | |||||
| | | | | | | | |
2005 | 86,72 | 54,09 | 32,63 | 34,51 | 7,33 | 27,18 | 39,8 | 13,6 |
2006 | 100,71 | 66,74 | 33,97 | 37,91 | 8,38 | 29,53 | 37,6 | 12,6 |
Tabela 4 - Balança Comercial, Brasil e São Paulo, Variação Percentual, Janeiro a Setembro, 2006 / 2005
Ano | | | ||||
| | | | | | |
Brasil | 16,1 | 23,4 | 4,1 | 9,9 | 14,3 | 8,6 |
São Paulo | 19,1 | 21,8 | 8,2 | 16,7 | 17,4 | 16,5 |
TABELA 5 - Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias, Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2006.
Grupo de Mercadorias | (mil US$) | % |
Cana e sacarídeas | 3.829.897 | 36,86 |
Bovídeos | 1.954.329 | 18,81 |
Produtos florestais | 1.166.578 | 11,23 |
Frutas | 1.052.648 | 10,13 |
Bens de capital e insumos | 576.211 | 5,55 |
Cereais/leguminosas/oleaginosas | 490.917 | 4,73 |
Agronegócios especiais | 474.772 | 4,57 |
Café e estimulantes | 394.710 | 3,80 |
Têxteis | 236.859 | 2,28 |
Suínos e aves | 161.239 | 1,55 |
Flores e ornamentais | 19.557 | 0,19 |
Olerícolas | 15.143 | 0,15 |
Pescado | 13.407 | 0,13 |
Fumo | 2.785 | 0,03 |
AGRONEGÓCIOS | 10.389.052 | 100,00 |
TABELA 6 - Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias , Brasil, Janeiro a Setembro de 2006.
Grupo de mercadorias | (mil US$) | % |
Cereais/leguminosas/oleaginosas | 8.293.134 | 21,88 |
Produtos florestais | 6.091.199 | 16,07 |
Bovídeos | 5.571.643 | 14,70 |
Cana e sacarídeas | 5.146.323 | 13,57 |
Suínos e aves | 3.210.021 | 8,47 |
Café e estimulantes | 2.614.608 | 6,90 |
Frutas | 1.528.910 | 4,03 |
Fumo | 1.434.052 | 3,78 |
Bens de capital e insumos | 1.408.270 | 3,71 |
Têxteis | 1.189.372 | 3,14 |
Agronegócios especiais | 1.023.284 | 2,70 |
Pescado | 285.659 | 0,75 |
Olerícolas | 87.363 | 0,23 |
Flores e ornamentais | 27.290 | 0,07 |
Agronegócios | 37.911.128 | 100,00 |
TABELA 7 - Variações Percentual dos Índices de Quantidade e de Preço das Exportações de Produtos dos Agronegócios, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2006(1).
Setor | | | ||
Quantidade | Preço | Quantidade | Preço | |
Agronegócios | -0,5 | 10,4 | -9,1 | 28,4 |
Agronegócios exc. Bens de capital/insumos | 0,5 | 10,3 | -8,5 | 29,3 |
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
TABELA 8 - Exportações dos Agronegócios por Fator Agregado, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2006.
Fator Agregado | | | SP/BR | ||
US$ bilhão | % | US$ bilhão | % | % | |
Produtos Básicos | 17,20 | 45,4 | 1,86 | 17,9 | 10,8 |
Prod. Semimanufaturados | 7,48 | 19,7 | 2,61 | 25,1 | 34,9 |
Produtos Manufaturados | 13,23 | 34,9 | 5,93 | 57,0 | 44,8 |
AGRONEGÓCIOS | 37,91 | 100,0 | 10,39 | 100,0 | 27,4 |
TABELA 9 - Exportações dos Agronegócios por Categoria de Uso, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2006.
Categorias de Uso | | | SP/BR | ||
US$ bilhão | % | US$ bilhão | % | % | |
Bens de capital | 1,06 | 2,8 | 0,38 | 3,6 | 35,4 |
Bens de consumo | 14,04 | 37,0 | 4,42 | 42,5 | 31,5 |
Matérias-primas e produtos intermediários | 22,81 | 60,2 | 5,59 | 53,8 | 24,5 |
AGRONEGÓCIOS | 37,91 | 100,0 | 10,39 | 100,0 | 27,4 |
__________________________
1 Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.
2 Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.
3 Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios paulistas foram de US$7,68 bilhões.
4 Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios brasileiros foram de US$ 31,32 bilhões.
5 As discussões sobre quantidades e preços baseiam-se em resultados provenientes do cálculo de índices pela fórmula de Fisher.
Para download das tabelas:
..Principais Mercadorias Exportadas pelo Agronegócio, Brasil, Janeiro a Setembro de 2006
..Principais Mercadorias Exportadas pelo Agronegócio, Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro de 2006
..Relação de Mercadorias dos Agronegócios, Janeiro a Dezembro, de 2005
Data de Publicação: 25/10/2006
Autor(es):
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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