Artigos
Exportações dos agronegócios segundo o perfil de agregação de valor no primeiro semestre de 2006
As exportações dos agronegócios paulistas cresceram de US$ 5,50 bilhões para US$ 6,00 bilhões quando se comparam os acumulados dos primeiros semestres de 2005 e de 2006. Focando o conjunto do Brasil, a evolução foi de US$ 21,52 bilhões para US$ 22,53 bilhões, em períodos similares. As vendas setoriais paulistas cresceram 9,35% e as brasileiras, 4,7%, com a participação estadual passando de 25,6% para 26,7% das exportações dos agronegócios, nos semestres analisados (figura 1).
Figura 1 - Exportações dos agronegócios, São Paulo e Brasil, primeiros semestres, 2005 e 2006
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC
Ao detalhar a análise das exportações dos agronegócios brasileiros segundo os perfis de agregação de valor, nota-se que os produtos básicos tiveram incremento de 0,7% nos valores recebidos. A evolução foi de US$ 9,95 bilhões para US$ 10,02 bilhões na comparação entre os acumulados dos dois últimos primeiros semestres. Os semi-manufaturados mostraram acréscimo superior, atingindo 14,3%, ao aumentar de US$ 3,94 bilhões para US$ 4,50 bilhões em igual espaço de tempo. Mesma tendência ocorre com os manufaturados cujas vendas externas cresceram 4,9%, de US$ 7,63 bilhões para US$ 8,00 bilhões (figura 2).
Figura 2 - Exportações dos agronegócios segundo perfil de agregação de valor, Brasil, primeiros semestres, 2005 e 2006
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC
No caso paulista, a evolução das transações no exterior de produtos e insumos dos agronegócios mostra tendência ligeiramente distinta dada a diferença estrutural da agricultura estadual. As vendas de produtos básicos diminuíram 10,9%, de US$ 1,32 bilhão no primeiro semestre de 2005 para US$ 1,17 bilhão em igual período de 2006, enquanto as de manufaturados avançaram de US$ 3,13 bilhões para US$ 3,40 bilhões (8,5%). Nos semi-manufaturados, ocorreu o maior avanço proporcional, em função das exportações paulistas de açúcar, com acréscimo de 36,7%, de US$ 1,05 bilhão para US$ 1,44 bilhão (figura 3).
Figura 3 - Exportações dos agronegócios segundo perfil de agregação de valor, São Paulo, primeiros semestres, 2005 e 2006
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC
Ao comparar os perfis de agregação de valor das exportações dos agronegócios, verifica-se que existe uma enorme diferença estrutural entre o Estado de São Paulo e o conjunto do Brasil, com a prevalência de produtos processados (manufaturados mais semi-manufaturados) no caso paulista tanto em 2005 (76,1%) quanto em 2006 (80,5%). Já no caso brasileiro as exportações têm elevada participação dos produtos básicos em 2005 (46,2%) e em 2006 (44,5%) (figura 4).
Figura 4 - Comparação entre os perfis de agregação de valor nas exportações dos agronegócios, São Paulo e Brasil, primeiros semestres, 2005 e 2006
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC
Os perfis de agregação de valor das exportações dos agronegócios revelam-se muito distintos na comparação entre São Paulo e o conjunto do Brasil. O desempenho é distinto daquele encontrado para a mesma comparação quando a referência são as exportações setoriais, cujo perfil de agregação de valor paulista se mostra similar.
Em linhas gerais, as vendas externas paulistas concentram-se em produtos de maior valor agregado, enquanto no conjunto nacional há elevada representatividade dos produtos básicos. Isto faz com que São Paulo, como agroindustrial-exportador, se diferencie da média nacional ainda primário-exportadora.
Em função disso, há que se ter nítido que as políticas públicas paulistas devem ter o desenho marcante de políticas agroindustriais integradas, tanto para sustentar suas exportações quanto porque, ao concentrar a parcela mais representativa e moderna da agroindústria de bens de capital e insumos, o Estado tem uma estrutura diferenciada da agricultura, assumindo padrões das nações capitalistas desenvolvidas.
Essa distinção estrutural não tem sido percebida nem considerada de forma precisa nos debates sobre a distinção estrutural entre as agriculturas paulista e brasileira.
Data de Publicação: 11/09/2006
Autor(es):
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Sueli Alves Moreira Souza Consulte outros textos deste autor