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Balança comercial dos agronegócios paulista e brasileiro no primeiro semestre de 2006
No primeiro semestre de 2006, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$ 20,45 bilhões (33,6% do total nacional), e as importações2 US$ 17,19 bilhões (41,6% do total nacional), registrando superávit de US$ 3,26 bilhões. Esse resultado consolida a tendência de superávits consecutivos e crescentes que interromperam a seqüência de déficits observados na balança comercial paulista no passado recente. Em relação ao primeiro semestre de 2005, o valor das exportações paulistas aumentou 19,0% e o das importações 22,7% (gráfico 1 e Tabela 1). O desempenho paulista de crescimento nas exportações (+19,0%), comparando-se os primeiros semestres de 2005 e de 2006, ficou acima da média brasileira (+13,5%). Nas importações ocorreu maior incremento em São Paulo (+22,7%) do que no Brasil (+21,6%). Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o aumento do saldo da balança comercial paulista teve crescimento (+2,5%) enquanto que o da brasileira mostrou recuo (-0,7%).
Os agronegócios paulistas também apresentaram exportações crescentes (+9,3%), atingindo US$ 6,01bilhões, enquanto as importações aumentaram 13,2%, somando cerca de US$ 1,89 bilhão, com saldo de US$ 4,12 bilhões3, 7,6% maior do que o do primeiro semestre de 2005. As aquisições de produtos estrangeiros relacionados ao agronegócios, realizadas a partir de São Paulo, tiveram crescimento menor (+13,2%) que as importações totais estaduais (+22,7%). Em função disso, há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios – somaram US$15,30 bilhões para exportações de US$ 14,44 bilhões, gerando um déficit externo, desse agregado, de US$ 0,86 bilhão no primeiro semestre de 2006 (gráfico 2, tabelas 1 e 2). Disso conclui-se que os superávits do comércio exterior paulista continuam a depender do desempenho dos agronegócios estaduais.
A participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado diminuiu 2,6 pontos percentuais, enquanto a participação das importações diminuiu 0,9 ponto percentual (gráfico 3 e tabela 1).
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 19,53 bilhões no primeiro semestre de 2006, com exportações de US$ 60,90 bilhões e importações de US$ 41,37 bilhões. Esse superávit, 0,7% menor do que o do mesmo período em 2005, aconteceu apesar de aumento nas exportações (+13,5%) que foi inferior ao das importações (+21,6%) (gráfico 4 e tabela 3). Isso mostra que a valorização da moeda brasileira começa a afetar de forma relevante os indicadores do comércio exterior nacional, reduzindo os saldos comerciais.
As exportações dos agronegócios brasileiros cresceram 4,7% em relação ao primeiro semestre do ano anterior, atingindo US$ 22,53 bilhões (37,0% do total). Já as importações do setor aumentaram 7,1%, também em comparação com primeiro semestre de 2005, somando US$ 4,81 bilhões (11,6% do total). O superávit dos agronegócios no primeiro semestre de 2006 foi de US$ 17,72 bilhões4, 4,1% superior ao do mesmo período do ano anterior (gráfico 5, tabelas 3 e 4). Assim, a despeito da crise setorial, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira pois, não fosse a continuidade do crescimento dos saldos comerciais setoriais, o déficit do comércio exterior nacional seria muito maior.
As participações dos agronegócios nos totais do País diminuíram significativamente, tanto em termos das exportações (-3,1 pontos percentuais) como das importações (-1,6 ponto percentual) (gráfico 6, tabelas 3 e 4), em decorrência do avanço das transações externas de outros setores.
Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações de São Paulo nos seis primeiros meses de 2006 representaram cerca de 26,7%, 1,1 ponto percentual a mais que no primeiro semestre de 2005, enquanto as importações representaram 39,3%, sendo 2,1 pontos percentuais superior à verificada no mesmo período do ano anterior (gráfico 7 e tabela 4).
Os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócioss paulista, no primeiro semestre de 2006, foram: cana e sacarídeas (US$ 1,75 bilhão), bovídeos (US$ 1,23 bilhão); produtos florestais (US$ 0,77 bilhão), frutas (US$ 0,71 bilhão) e bens de capital e insumos (US$ 0,35 bilhão), que juntos perfazem 80,6% das exportações setoriais paulistas (tabela 5).
Em âmbito nacional, os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios foram: cereais / leguminosas / oleaginosas (US$ 4,65 bilhões); produtos florestais (US$ 3,93 bilhões); bovídeos (US$ 3,46 bilhões); cana e sacarídeas (US$ 2,54 bilhões) e suínos e aves (US$ 2,00 bilhões), que no conjunto totalizam 73,6% das vendas externas dos agronegócios (tabela 6).
A quantidade exportada5 de produtos dos agronegócios brasileiros recuaram em 4,7% no primeiro semestre de 2006, quando comparada com a do mesmo período de 2005, enquanto a quantidade exportada pelo Estado de São Paulo teve queda de 12,2%. Os preços dos produtos exportados pelos agronegócios subiram 9,9% em nível nacional e 24,4% no âmbito de São Paulo (tabela 7). Esse comportamento revela que as exportações dos agronegócios paulistas recebem notório estímulo de preços internacionais crescentes, fazendo com que mesmo com volumes decrescentes, tenha havido aumento da geração de divisas, o que influenciou o desempenho nacional
Cerca de 55,5% do valor das exportações brasileiras dos agronegócios no primeiro semestre de 2006 corresponderam, em nível nacional, a produtos industrializados (manufaturados e semimanufaturados) e 44,5% de produtos básicos. No Estado de São Paulo, os produtos básicos representam apenas 19,5% e a participação de produtos industrializados dos agronegócios se mostra muito maior (80,5%), evidenciando índices superiores de agregação de valor (tabela 8).
Entre as categorias de uso, observa-se que matérias-primas e produtos intermediários foi o grupo predominante no período de primeiro semestre de 2006, representando 59,1% do valor total de exportações nacionais de mercadorias dos agronegócios. No caso do Estado de São Paulo, esse grupo também foi o principal (51,0% do valor total) (tabela 9).
Tabela 1 - Estado de São Paulo - Balança Comercial, Primeiro Semestre, 2005 e 2006
(US$ bilhão)
Ano | | | Partic. dos agronegócioss(%) | |||||
| | | | | | | | |
2005 | | | | | | | | |
2006 | | | | | | | | |
Tabela 2 - Participação da Balança Comercial do Estado de São Paulo na Brasileira, Total e Agronegócios, Primeiro Semestre, 2005 e 2006
Ano | | | |||
| | | | ||
2005 | | | | | |
2006 | | | | |
Tabela 3 - Brasil – Balança Comercial , Primeiro Semestre, 2005 e 2006
(US$ bilhão)
Ano | | | Partic. dos agronegócios(%) | |||||
| | | | | | | | |
2005 | | | | | | | | |
2006 | | | | | | | | |
Tabela 4 - Balança Comercial, Brasil e São Paulo, Variação Percentual, Primeiro Semestre, 2006 / 2005
Ano | | | ||||
| | | | | | |
Brasil | | | | | | |
São Paulo | | | | | | |
TABELA 5 - Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias, Estado de São Paulo, Primeiro Semestre de 2006
Grupo de Mercadorias | (mil US$) | % |
Cana e sacarídeas | 1.753.358 | 29,19 |
Bovídeos | 1.253.941 | 20,88 |
Produtos florestais | 772.097 | 12,85 |
Frutas | 705.016 | 11,74 |
Bens de capital e insumos | 354.760 | 5,91 |
Cereais/leguminosas/oleaginosas | 329.425 | 5,48 |
Agronegócios especiais | 300.290 | 5,00 |
Café e estimulantes | 257.495 | 4,29 |
Têxteis | 150.635 | 2,51 |
Suínos e aves | 96.500 | 1,61 |
Flores e ornamentais | 13.049 | 0,22 |
Pescado | 9.710 | 0,16 |
Olerícolas | 8.598 | 0,14 |
Fumo | 1.957 | 0,03 |
AGRONEGÓCIOS | 6.006.831 | 100,00 |
TABELA 6 - Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias , Brasil, Primeiro Semestre de 2006
Grupo de mercadorias | (mil US$) | % |
Cereais/leguminosas/oleaginosas | 4.649.900 | 20,64 |
Produtos florestais | 3.927.038 | 17,43 |
Bovídeos | 3.464.874 | 15,38 |
Cana e sacarídeas | 2.536.924 | 11,26 |
Suínos e aves | 2.004.931 | 8,90 |
Café e estimulantes | 1.631.659 | 7,24 |
Frutas | 1.006.960 | 4,47 |
Bens de capital e insumos | 889.073 | 3,95 |
Têxteis | 789.379 | 3,50 |
Fumo | 738.617 | 3,28 |
Agronegócios especiais | 642.879 | 2,85 |
Pescado | 179.098 | 0,80 |
Olerícolas | 47.027 | 0,21 |
Flores e ornamentais | 16.816 | 0,07 |
AGRONEGÓCIOS | 22.525.175 | 100,00 |
TABELA 7 - Variações Percentual dos Índices de Quantidade e de Preço das Exportações de Produtos dos Agronegócios, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Junho de 2006(1)
Setor | | | ||
Quantidade | Preço | Quantidade | Preço | |
Agronegócios | -4,7 | 9,9 | -12,2 | 24,4 |
Agronegócios exc. bens de capital/insumos | -3,8 | 9,8 | -11,8 | 25,6 |
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
TABELA 8 - Exportações dos Agronegócios por Fator Agregado, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Junho de 2006
Fator Agregado | | | SP/BR | ||
US$ bilhão | % | US$ bilhão | % | % | |
Produtos Básicos | 10,02 | 44,5 | 1,17 | 19,5 | 11,7 |
Prod. Semimanufaturados | 4,50 | 20,0 | 1,44 | 23,9 | 31,9 |
Produtos Manufaturados | 8,00 | 35,5 | 3,40 | 56,6 | 42,5 |
AGRONEGÓCIOS | 22,53 | 100,0 | 6,01 | 100,0 | 26,7 |
TABELA 9 - Exportações dos Agronegócios por Categoria de Uso, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Junho de 2006
Categorias de Uso | | | SP/BR | ||
US$ bilhão | % | US$ bilhão | % | % | |
Bens de capital | 0,68 | 3,0 | 0,22 | 3,7 | 32,7 |
Bens de consumo | 8,54 | 37,9 | 2,72 | 45,3 | 31,8 |
Mat.-primas e prod. interm. | 13,30 | 59,1 | 3,06 | 51,0 | 23,0 |
AGRONEGÓCIOS | 22,53 | 100,0 | 6,01 | 100,0 | 26,7 |
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1 Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.
2 Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.
3 Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios paulistas foram de US$ 4,28 bilhões.
4 Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios brasileiros foram de US$ 18,40 bilhões.
5 As discussões sobre quantidades e preços baseiam-se em resultados provenientes do cálculo de índices pela fórmula de Fisher.
Para download das tabelas:
Data de Publicação: 12/07/2006
Autor(es):
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Nelson Batista Martin (nbmartin@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor