Floricultura: desempenho do comércio exterior em 2005

 

            O valor das exportações dos produtos da floricultura brasileira encerrou o ano de 2005 com US$ 25,8 milhões, segundo SECEX1, uma variação positiva de 9,4% em relação a 2004. O ritmo foi menor do que o dos anos de 2003 e 2004, que apresentaram variações de 30,0% e 20,9%, respectivamente. 


            O menor desempenho recente da floricultura brasileira na conquista de fatia do mercado internacional é minimizado pelo fato de a expansão anual já ocorrer de maneira ininterrupta desde 2001, em que pese também a contínua valorização cambial que aconteceu desde julho de 2004. Tomando como base o ano de 2000, quando o valor exportado foi de US$ 11,9 milhões, houve crescimento de 117,3% até 2005. 


            Por outro lado, o valor das importações em 2005 (US$ 5,6 milhões) teve variação negativa de 16,6% em comparação com o de 2004. O saldo comercial terminou o ano com superávit e crescimento inéditos de US$ 20,2 milhões, representando incremento de 19,7% (tabela 1).

            Além disso, o valor das importações apresenta queda contínua desde 2003. Considerando que a redução foi significativa na categoria de mudas e/ou bulbos, esta queda não necessariamente é favorável a médio e longo prazos, pois esses itens são insumos básicos para exportação ou reexportação (figura 1).

            O fato positivo no comércio exterior da floricultura brasileira em 2005 é que os quatro grupos2 de produtos apresentaram variação positiva no valor exportado. O grupo de mudas continua em primeiro lugar com US$ 12,3 milhões exportados, representando 47,8% do valor total exportado e crescimento de 5,3%. O grupo de bulbos ocupou a segunda fatia (26,1%) e teve crescimento expressivo (+24,2%). Em terceiro lugar, o grupo de flores frescas deteve a fatia de 19,5% (US$ 5,0 milhões e variação de +3,4%). 

Por último, o grupo de folhagens – historicamente mais instável no desempenho anual –, com a fatia de 6,6% do valor total exportado, reagiu em 2005 (+6,9%), revertendo o desempenho negativo (-25,7%) do ano anterior (figura 2).

            Em 2005, as exportações brasileiras tiveram como destino 34 países, dos quais dois parceiros comerciais absorveram 71,7% do valor das vendas ao exterior. A Holanda continua como destino principal dos produtos da floricultura brasileira em termos de valor comercializado (US$ 12,0 milhões), respondendo por 46,4% do total e pelo crescimento de 2,5% em relação ao período anterior.

 Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com US$ 6,5 milhões (27,0% da fatia) e crescimento de 14,4%. Outros destinos de destaque em termos de volume são Itália, Japão e Bélgica, que representam, respectivamente, 9,7%, 4,4% e 2,6% da fatia total. 

Em termos de mudança no ranking, em 2005 destacaram-se Bélgica, Espanha e Canadá. Quanto ao crescimento anual, os seguintes parceiros tiveram melhores desempenhos: França (+309,4%), Suíça (+196%), China (+133,7%), Taiwan (+626,3%), Bolívia (+4.531%), Rússia (+517%) e República Tcheca (+670%). No caso da Rússia, o crescimento, significativo, já havia ocorrido também em 2004 (+266,8%) (tabela 2).

            Os países que já foram clientes de produtos da floricultura brasileira em 2004, mas sem registro das transações na base de dados da SECEX durante 2005, são: Paraguai, Emirados Árabes, Índia, Israel, Paquistão, Colômbia, Equador, Guiana, Estônia, Peru e Jordânia. No conjunto, esses países movimentaram cerca de US$ 115 mil em 2004. 


            Um indicador importante para os exportadores brasileiros é o valor da exportação mensal e sua variação em relação ao período anterior, para fins de prospecção de demanda e futuro contato com clientes. O incremento no valor das exportações mensais em 2005 ocorreu principalmente em janeiro (+19,4%), fevereiro (+29,3%), março (+20,5%), junho (+36,8%), agosto (+19,4%) e setembro (19,4%) (figura 3).

            Um outro indicador de desempenho é a mudança no ranking anual em termos de valor. Neste sentido, a Bélgica continua surpreendendo como parceiro comercial de fôlego da floricultura brasileira. Após pular da 21a colocação no ranking de países importadores em 2003 para 7a em 2004 – com crescimento de 1.525% –, o país continuou a crescer em 2005 (+55,7%), posicionando-se em 5o lugar, abaixo apenas de Holanda, Estados Unidos, Itália e Japão, países já tradicionalmente consolidados no mercado. 


            A Holanda é o maior exportador de produtos de floricultura, parte dos quais é de reexportação pois seus atacadistas conseguem valor agregado com esta atividade. Além disso, algumas empresas brasileiras se especializaram em exportação de flores via joint ventures com a matriz holandesa. Quanto à Bélgica, o recente desempenho como um grande importador da floricultura brasileira está relacionado, provavelmente, com a inauguração de um grande terminal de vegetais vivos em Antuérpia. 


            Em menor escala, fato similar está ocorrendo com a Espanha e o Canadá. O primeiro país, que ocupava a 14a posição em 2003, fechou 2005 entre os sete países importadores, após crescimento de 90,9% e 95,3%, respectivamente, em 2004 e no último ano. Já o segundo país passou de 17a posição em 2003 para a 10a posição em 2005 após crescimentos consecutivos de 216,4% e 62,0%.3

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1 Considerou-se nesta análise o grupo de produtos especificados na Nomenclatura Comum do Mercosul, NCM 06 da SECEX/MDIC - Secretaria de Comércio Exterior, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Exportação, Importação e o Saldo da Balança Comercial brasileira de plantas vivas e produtos da floricultura. Disponível em http://aliceweb.mdic.gov.br/consulta_nova/resultadoConsulta.asp. Acesso em 16 de janeiro de 2006.
2 O Capítulo 06 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) é composto por quatro agrupamentos de produtos: de Bulbos (bulbos, tubérculos, rizomas, etc.), de Mudas (mudas de plantas ornamentais, de orquídeas, etc.), de Flores (flores cortadas para buquês, frescas ou secas) e Folhagens (folhas, folhagens e musgos para floricultura). No grupo de mudas, estão incluídos os de não-ornamentais como café, cana e videira, em valores ínfimos.
3 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-009/2006.

Data de Publicação: 08/02/2006

Autor(es): Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor
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