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População trabalhadora no rural paulista em 2004
A população trabalhadora nas atividades agrícolas no Estado de São Paulo, em novembro de 2004, foi estimada em 1,058 milhão de pessoas1. A ocupação caiu 4,3% em relação a de novembro de
2003 (1,106 milhão de pessoas), mas foi 0,8% superior à estimativa de junho de
2004 (1,050 milhão de pessoas). TABELA 1 - Estimativa da população trabalhadora em
atividades agrícolas, residente e não-Residente nas UPAs, Estado de São Paulo,
Junho e Novembro de 2003 e Junho e Novembro de 2004 A
população trabalhadora não-residente nas UPAs totalizou 626.175 pessoas (59,1%).
As categorias mais importantes foram os volantes com 32,9% (205.825); os
assalariados (administrador, mensalista, diarista e tratorista) com 32,3%
(202.436); e os proprietários com 24,1% (150.735).
Neste levantamento, a participação da mão-de-obra residente nas unidades de
produção agropecuária (UPAs) foi de 40,9%. Os proprietários e seus familiares
(194.059 pessoas) e os assalariados (166.892 pessoas) tiveram maior
representatividade na ocupação.
Do total de assalariados, 79,9% corresponderam à categoria mensalista comum
(133.410 pessoas); 7,0%, à de diarista (11.612 pessoas); e 13,1%, à de
tratorista (21.870 pessoas). As outras categorias tiveram pequena participação:
arrendatários, 1,7% (7.179); parceiros, 8,6% (37.037); e administradores, 4,1%
(17.832) (tabela 1 e figura 1).
1Engloba os familiares
que auxiliam no trabalho. Novembro de 2003 Número Número % Número Número Residente Proprietário1 Administrador Arrendatário1 Parceiro1 Assalariado2 Outros Subtotal Não-Residente Proprietário1 Arrendatário1 Parceiro1 Assalariado3 Volante Subtotal Total
2Engloba administrador (exceto em novembro),
mensalista, diarista, tratorista, etc.
3Engloba administrador, mensalista, diarista,
tratorista, etc.
Fonte:
Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral
O emprego de assalariados não-residentes apresentou tendência de crescimento no
período considerado, com variação positiva de 46,6% de junho de 2003 para
novembro de 2004. A participação de arrendatários e seus familiares
não-residentes na UPA também apresentou crescimento. As demais categorias (tanto
residentes quanto não-residentes) mostraram oscilações na ocupação,
destacando-se a categoria volante, com queda de 22,7% em junho de 2004 comparado
a novembro de 2003. Ainda que sem atingir os totais observados em 2003, a
ocupação dessa categoria cresceu 13,5% de junho para novembro de 2004 (figuras 1
e 2).
O setor agropecuário paulista apresentou crescimento em 2004 tanto na produção física quanto no valor da produção, estimado em R$ 27,07 bilhões, com aumento real de 2,90% em relação ao ano anterior (preços deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado – IPCA médio de 2004)2.
Os melhores resultados, em relação à safra anterior (2003), foram obtidos nas produções de soja safrinha (72,4%), amendoim das águas (28,4%), algodão (20,7%), feijão das águas (17,7%), soja (10,1%), amendoim da seca (8,7%) e arroz (4,0%). Nos cultivos perenes e semi-perenes mais importantes, a principal variação positiva foi do café (46,0%), seguido da laranja (10,3%) e da cana para indústria (5,0%). A produção de mandioca cresceu 22,3%3.
Nesta safra, foram positivos os resultados nas produções de caqui (23,4%),
goiaba para indústria (22,0%), uva comum para mesa (12,5%), uva fina para mesa
(12,4%), goiaba para mesa (11,9%), murcote (8,7%) e poncã (5%). A cultura de
maior destaque foi o girassol que apresentou um acréscimo na produção de 470,0%.
Neste período, as olerícolas que apresentaram as mais significativas variações
foram melão (53,9%), morango (37,8%), repolho (32,3%), pimentão (25,3%) e
beterraba (24,8%). As maiores reduções foram verificadas em cebola de soqueira
(36,8%), mandioquinha (22,6%), batata de inverno (14,1%), alho (10,9%) e abóbora
(6,3%).
As estimativas sobre ocupação e emprego da mão-de-obra agrícola em 2004 (média
dos levantamentos de junho e novembro) indicaram decréscimo de 2,2% comparado à
média de 2003, em contrapartida ao crescimento físico e do valor da produção das
atividades agropecuárias. É evidente que o dinamismo do setor agropecuário é
relevante para o emprego rural. Porém, a produtividade do trabalho nesse setor
vem crescendo ao longo do tempo em decorrência, principalmente, da adoção de
máquinas em todas as operações do processo produtivo.
Os dados sobre a ocupação de mão-de-obra em atividades não-agrícolas
(industriais, administrativas e serviços) evidenciaram aumentos de 11,2% e de
4,6% no número de pessoas, respectivamente em relação a novembro de 2003 e junho
de 2004. A principal empregadora foi a atividade industrial, com 67,9% (81.232)
do total. Os indivíduos residentes nas UPAs, que atuam em atividades industriais
ou de serviços na cidade, ficaram em torno de 22,1 mil pessoas, ou seja, 30% a
mais que em junho de 2004 (tabela 2).
TABELA 2. Estimativa da população trabalhadora em atividades
econômicas rurais não-agrícolas, Estado de São Paulo, Junho e Novembro de 2003 e
Junho e Novembro de 2004
| | | | | ||||
Número | % | Número | % | Número | % | Número | % | |
Atividades Industriais1 | 92.363 | 75,2 | 74.995 | 69,7 | 87.147 | 76,2 | 81.232 | 67,9 |
Atividades Administrativas2 | 18.738 | 15,2 | 22.024 | 20,5 | 17.474 | 15,3 | 30.923 | 25,9 |
Prestação de Serviços3 | 11.752 | 9,6 | 10.528 | 9,8 | 9.684 | 8,5 | 7.408 | 6,2 |
Sub Total | 122.853 | 100,0 | 107.547 | 100,0 | 114.305 | 100,0 | 119.563 | 100,0 |
Atividades Industriais e de Serviços na cidade | 14.846 | | 17.355 | | 17.016 | | 22.111 | |
Total | 137.699 | | 124.902 | | 131.321 | | 141.674 | |
2Pessoas residentes ou não na UPA, ocupadas em empresas agroindustriais.
3Pessoas residentes ou não na UPA ocupadas em pesqueiros, hotelaria, turismo, etc.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
O terceiro Levantamento de Safras Agrícolas do Estado de São Paulo de 2004/20054 indicou variação positiva, em relação
à safra passada, para o algodão, com grande aumento de área e de produção e
ligeira elevação de produtividade, e para o amendoim das águas, com alta de
25,9% na área e de 35,2% na produção e acréscimo de 7,4% na produtividade.
Os resultados obtidos neste levantamento apontaram, para a cultura do milho, aumentos de 1,3% na área cultivada e de 7,0% na produção esperada e, para a cultura da soja, elevações da área em 5,7%, da produção em 15,4% e da produtividade em 9,1%. No caso da soja safrinha, há
tendência de queda em todos os indicadores.
As previsões são de decréscimos, para o feijão das águas, na área (20,1%), na
produção (22,2%) e na produtividade (2,7%), bem como de reduções para o feijão
da seca na área (10,8%) e na produção (6,9%), porém com produtividade 4,5% mais
elevada. O amendoim da seca teve queda de área (16,6%) e de produção (20,6%), o
mesmo ocorrendo com o arroz (sequeiro e irrigado) cuja área diminuiu 7,5% e a
produção, 5,8%.
As informações iniciais da safra 2004/05 sinalizaram, para a batata da seca,
diminuições tanto de área (7,7%) quanto de produção (6,0%). Para o plantio da
cultura da cebola de soqueira, as indicações são de crescimento de 8,9% na área.
No primeiro cálculo para a cultura do tomate envarado, registrou-se aumento de
6,3% na área plantada e de 10% na produção e, para o tomate rasteiro, a
possibilidade é de decréscimo de 15% na área plantada.
Nos cultivos importantes para a ocupação de mão-de-obra, há perspectivas de acréscimos de produção agrícola da cana-de-açúcar destinada à indústria, para a safra 2004/2005, com resultados semelhantes àqueles obtidos na safra passada em relação à antecessora. Na citricultura, a segunda
previsão para a safra agrícola 2004/05 aponta queda na área total plantada com
laranja (1,1%) e na produtividade (2,3%).
A área de café tem permanecido estável nos últimos anos, com variações de
produção e produtividade explicadas pela bianualidade, característica da
cafeicultura. Assim, na safra 2004/05, aguarda-se produtividade inferior à da
safra passada.
Com base nas informações sobre a safra agrícola atual, espera-se que em 2005 a ocupação agrícola fique próxima à dos indicadores de 2004 e que a ocupação em atividades rurais não-agrícolas mantenha a tendência de crescimento5, 6.
____________________________
1Para estimar o total de pessoas ocupadas nas atividades rurais do estado de São Paulo, a atual amostra probabilística é composta por 3.204 unidades de produção agropecuária (UPAs) e foi sorteada com base no cadastro obtido no Censo Agropecuário realizado por meio do IEA e da CATI, conhecido por Projeto LUPA.
3CASER, D.V. et al. Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas no Estado de São Paulo, ano agrícola 2003/04, Levantamento Final, novembro de 2004. Disponível em http://www.iea.sp.gov.br/
4CASER, D.V. et al. Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas no Estado de São Paulo, ano agrícola 2004/05, 3º Levantamento, fevereiro de 2005. Disponível em http://www.iea.sp.gov.br/
5Os autores agradecem ao Analista de Sistema Arnaldo Lopes Júnior, à Maria Cristina Teixeira de Jesus Rowies e ao estagiário Leonardo Pires de Camargo.
6 Artigo registrado no CCTC-IEA, sob número HP-29/2005
Data de Publicação: 29/04/2005
Autor(es):
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vera Lucia Ferraz dos Santos Francisco Consulte outros textos deste autor
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Malimiria Norico Otani (maliotani@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor