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Floricultura: desempenho do comércio exterior em 2004
O comércio exterior brasileiro de produtos da floricultura, em 2004, continuou em expansão, com ajuste no ranking dos produtos e
parceiros comerciais.
A exportação de produtos da floricultura1 no período cresceu, em termos de valor (US$ FOB), 21% em relação às vendas de 2003, atingindo o patamar inédito de US$ 23,6 milhões. Com a importação (US$6,7 milhões) ligeiramente decrescente (-2%), o saldo comercial cresceu 33%, com valor recorde de US$ 16,9 milhões (tabela 1).
Portanto, por dois anos consecutivos, a balança comercial do setor teve desempenho excepcional, fruto do empenho do governo brasileiro em incentivar as exportações do setor sob a marca FloraBrasilis e da determinação das empresas em buscar novas oportunidades (figura 1).
O grupo de mudas2 continua como carro-chefe entre os produtos exportados, alcançando US$ 11,7 milhões, em 2004, com crescimento de 15,5% em relação ao valor do ano anterior. Do mesmo modo, o grupo de bulbos continua em segundo lugar no ranking (US$ 5,5
milhões) com crescimento anual de16,9%.
Embora em terceiro lugar no ranking (US$ 4,8
milhões), o grupo de flores cortadas para buquês apresentou evolução recorde
(87,0%). Considerando que em 2003 o aumento também fora extraordinário (113%),
esse resultado sinaliza o ganho de competitividade de flores frescas para
buquês, principalmente de rosas.
Por outro lado, o valor exportado do grupo de folhagens (US$ 1,6 milhão)
apresentou variação negativa de 25,7%. Este é um indicativo de que o setor
brasileiro está com dificuldade de manter a fatia conquistada recentemente no
mercado internacional.
No geral, como resultado do crescimento mais que proporcional no valor exportado face ao valor importado, o saldo da balança setorial apresentou variação positiva em comparação com o de 2003 nos grupos analisados, exceto no de folhagens (figura 2).
Os seis primeiros colocados entre os países de destino do produto brasileiro em 2004 foram Holanda, Estados Unidos, Itália, Japão, Reino Unido e Alemanha - os mesmos do ranking de 2003 - que compraram 89,8% do total da exportação brasileira do setor. Holanda e Estados Unidos destacaram-se pela fatia ocupada, respectivamente de 49,5% e 21,8%, mas o parceiro comercial promissor foi a Bélgica, que pulou da 21a posição
para a sétima, com variação surpreendente de 1.525,0% em um ano.
Destacaram-se também os seguintes países em termos de crescimento no valor comercializado: Portugal (141,1%), Espanha (90,9%), Canadá (216,4%), Chile (56,7%), Coréia do Sul (32,9%), Venezuela (87,1%) e Rússia (266,8%). Entretanto, considerando a magnitude do valor, ganha relevância o aumento das exportações para três destinos: Japão (36,0%), Reino Unido (16,3%) e Alemanha (16,0%) (mapa 1 e tabela 2).
Mapa 1 – Exportação de Produtos da Floricultura Brasileira, por Grupo e País de Destino, 2004
Fonte: Elaborada pelos autores com base em SECEX (2005).
O principal grupo de produtos embarcado em 2004 para a Bélgica foi o de mudas. Entre os parceiros comerciais de peso da União Européia, entretanto, observa-se a ampliação da fatia correspondente ao grupo de flores de corte – casos de Portugal, Holanda e Reino Unido –, apesar de predominar de maneira geral o grupo de mudas na composição de produtos para esse destino (mapa 2).
Mapa 2 – Exportação de Produtos da Floricultura Brasileira para Europa, por Grupo, 2004
Fonte: Elaborada pelos autores com base em SECEX (2005).
Em 2004, a importação brasileira de produtos da floricultura totalizou US$ 6,7 milhões. Os principais países de origem foram Holanda (58,4%), Colômbia (11,7%), França (8,3%), Chile (7,7%), Itália (4,6%), Costa Rica (3,3%), Israel (1,8%), Argentina (1,5%) e Tailândia (0,5%), no total de 97,7% das compras do país. Os aumentos mais significativos nas aquisições foram verificados em relação a Israel (1.103,7%), Tailândia (126,7%), França (54,0%), Chile (26,2%) e Colômbia (6,5%). Chama a atenção a evolução na entrada de produtos procedentes da Alemanha (232,8%), por se tratar do maior importador de flores do mundo com consumidores finais exigentes (tabela 3).
O saldo da balança comercial do setor em 2004 atingiu US$ 16,9 milhões. Os parceiros comerciais mais importantes foram Holanda (com 46,0% do superávit total), Estados Unidos (30,3%), Itália (11,2%), Japão (7,0%), Reino Unido (3,1%), Alemanha (2,9%), Bélgica (2,5%), Dinamarca (2,3%), Uruguai (1,8%), Portugal (1,6%), Espanha (1,2%) e Canadá (1,0%). Destacaram-se em termos de crescimento: Bélgica (1.525%), Portugal (239,5%), Canadá (216,4%), Espanha (93,5%), Holanda (38,7%), Estados Unidos (37,5%) e Japão (36,0%). Por outro lado, verificou-se grande déficit comercial principalmente com Colômbia, França, Chile, Costa Rica e Israel (tabela 4).
A exportação brasileira de flores cortadas para buquês (US$ 4,9 milhões) cresceu 87,2% em 2004 em relação ao do ano anterior. Os principais compradores foram os Estados Unidos e a Holanda, países que prometem ainda bom desempenho em 2005 uma vez que o comportamento das curvas de valor apresenta tendência marcadamente crescente desde 2002 (figura 3).
Entretanto, os países com grande potencial de compra desse produto, dado o salto
no valor exportado em 2004, são Reino Unido (4.965,4%), Alemanha (2.277,3%),
Chile (1.718,9%), Itália (1.020,7%) e Canadá (779,3%).
Quatro produtos destacam-se em 2004 no quesito valor exportado, considerando os itens específicos: mudas de plantas ornamentais, exceto orquídeas, com US$ 11,4 milhões (48,2% do valor total); bulbos, tubérculos e rizomas (23,0% da fatia); flores frescas (20,7% da fatia); e folhagem, folhas, ramos de plantas (secos) para buquês (6,4%). Os itens de melhor desempenho foram flores frescas (87,2%); mudas de orquídeas (55,4%); mudas de plantas ornamentais, exceto orquídeas (18,0%); e bulbos, tubérculos e rizomas (16,9%) (tabela 5).
O balanço do comércio exterior brasileiro para o setor foi excepcional em 2004,
considerando que o crescimento de 20% no valor exportado ocorreu sobre o bom
desempenho já verificado em 2003, de 30%. A conquista de fatia dos mercados
norte-americano e holandês, com flores frescas para buquês, também é outro marco
a ser comemorado pelo setor. O fato de a Veiling Holambra, uma das maiores
organizações no comércio de flores no país, realizar exportações diretamente
para esses mercados não só deve ter contribuído para esse resultado, como também
traz alento para 2005.
Assim, o resultado obtido pela floricultura brasileira sinaliza que o segmento está conseguindo benefícios não só das vantagens comparativas em termos de potencial produtivo e de logística de comercialização, como também em termos de marketing, credibilidade e confiança em relação aos produtos e serviços. O saldo da balança comercial cresceu, em 2004, mais em função do aumento nas exportações do que da queda nas importações. 3
1 Considera-se nesta análise o grupo de produtos especificados na Nomenclatura Comum do Mercosul, NCM 06 da SECEX/MDIC - Secretaria de Comércio Exterior, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Exportação, Importação e Saldo da Balança Comercial brasileira de plantas vivas e produtos da floricultura, janeiro a dezembro de 2003 e 2004. Disponível em http://aliceweb.mdic.gov.br/consulta_nova/resultadoConsulta.asp.
Acesso em 18 de janeiro de 2005.
2 O Capítulo 06 da Nomenclatura Comum do Mercosul
(NCM) é composto por 4 agrupamentos de produtos: de Bulbos (bulbos, tubérculos,
rizomas, etc.), de Mudas (mudas de plantas ornamentais, de orquídeas, etc.), de
Flores (flores cortadas para buquês, frescas ou secas) e Folhas (folhas,
folhagens e musgos para floricultura).
3 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-09/2005
Data de Publicação: 17/02/2005
Autor(es):
Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Roberto de Assumpçao (rassumpçao@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor