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Fertilizantes: escalada das cotações e novo recorde nas vendas
Apesar dos elevados preços pagos pelos fertilizantes, no Brasil, o mercado do
produto manteve-se aquecido nos cinco primeiros meses de 2008, tendo em vista a
antecipação de compras por parte dos produtores para o plantio da safra de
verão, especialmente soja e milho, associados às boas vendas de fertilizantes
para o trigo e para o milho safrinha. A escalada dos preços dos adubos estimulou
a antecipação das compras por parte dos agricultores que temem elevações muito
significativas nos custos de produção, estimadas em mais de 24% para a
cafeicultura.
As
entregas de fertilizantes ao consumidor final no País, em maio de 2008,
totalizaram 1,969 milhão de toneladas (contra 1,655 milhão em maio de 2007),
perfazendo no período de janeiro a maio volume de 9,075 milhões de t, quantidade
20% superior ao observado em igual período de 2007.
O
melhor desempenho comercial foi observado para todas as regiões brasileiras, com
destaque para o Sul cujas entregas de fertilizantes, nos cinco primeiros meses,
cresceram 52,5%; seguida da Norte, 19,3%; Centro, 17,7%; e Nordeste, 6,5%, de
acordo com o critério de regionalização para o Brasil do Sindicato das
Indústrias de Adubo do Estado de São Paulo (SIACESP).
Na
análise por unidade da federação, nos cinco primeiros meses de 2008,
constatou-se considerável crescimento nas vendas, em relação à igual período de
2007, nos Estados do Rio Grande do Sul (48,7%) e em Santa Catarina (67,1%), bem
como nos Estados da Região Centro, exceção do Rio de Janeiro. Mato Grosso, maior
produtor nacional de soja, registrou vendas 19,6% maiores no mencionado período.
Também, houve aumento significativo no Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul (Tabela 1).
Em
2007, no Brasil, as entregas de fertilizantes ao consumidor final atingiram
quantidade recorde, perfazendo o total de 24,608 milhões de t de produto, com
acréscimo de 17,3% em relação ao ano anterior, com destaque para as entregas
para as culturas demilho (30,4%), trigo (27,1%), arroz (20,5%), soja (17,5%),
algodão herbáceo (16,4%), cana-de-açúcar (8,3%) e reflorestamento
(8%).
A
cultura da soja foi a que mais consumiu fertilizantes no Brasil, em 2007,
segundo estimativas da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), com
quantidade estimada em 8,3 milhões de t de produto (33,9% do total), seguida por
milho (19,3%), cana-de-açúcar (13,8%), café (6,3%), algodão herbáceo (4,9%) e
arroz (3,1%), perfazendo, essas seis culturas, 75,8% da quantidade consumida
nesse ano. Em relação a 2006, o consumo de fertilizantes decresceu apenas para
algumas culturas, como café, fumo, laranja e tomate.
Tabela 1 – Entregas de Fertilizantes
ao Consumidor Final, por Região e Estado, Brasil, 2005-2007, Janeiro e Maio de
2007 e de 2008 (a) (b) A
maior comercialização de fertilizantes ocorreu na maioria dos Estados, constando
no Mato Grosso a maior quantidade das entregas de fertilizantes em 2007 com 4,02
milhões de t de produto (incremento de 28% frente ao ano anterior). Esse Estado
representou 16,3% das entregas totais, seguido de Paraná (13,9%), São Paulo
(15,6%), Minas Gerais (12,7%), Rio Grande do Sul (11%), Goiás (8,9%) e Bahia
(6,2%).
Também em 2007, constatou-se antecipação das compras de fertilizantes,
influenciada por diversos fatores como: aproveitar as elevadas cotações da soja
e do milho, minimizar maiores desembolsos diante de possíveis altas nas cotações
do produto, decorrente de uma demanda aquecida, bem como para reduzir as
aquisições no período de maior concentração das entregas (Figura 1), quando costuma haver o encarecimento dos custos
de frete. Contabilizou-se que 38,2% das entregas em 2007 foram realizadas no
primeiro semestre do ano, uma menor concentração se se comparar com o verificado
no mesmo período dos dois anos anteriores (29,3% e 27,7% em 2005 e 2006,
respectivamente).
Figura 1 - Fertilizantes Entregues ao
Consumidor Final, Estado de São Paulo e Brasil, Janeiro de 2005 a Maio de
2008. Os
preços dos fertilizantes pagos pelos agricultores no País aumentaram em 2007 e
continuam evoluindo positivamente em 2008. Fatores como aumento da demanda
mundial de fertilizantes ocasionada pela necessidade de incremento na produção
mundial de alimentos, oferta de produto incapaz de acompanhar o repique da
demanda, maior emprego de insumos nas lavouras destinadas à fabricação de
biocombustíveis, colapso da oferta de curto prazo de insumos estratégicos para a
fabricação de fertilizantes (gás natural, ácido sulfúrico e ácido fosfórico –
suprimentos escassos e concentrados em determinadas regiões do globo), e aumento
do petróleo contribuíram para a expansão dos custos de produção dos suprimentos
empregados no processo produtivo. Em curto prazo, não existe expectativa de
alteração dessas tendências de aumento dos preços no mercado mundial. Ademais,
os armadores internacionais elevaram acentuadamente seus preços para as rotas do
Hemisfério Sul (pois as consideram menos lucrativas), fator que atinge
fortemente os preços dos fertilizantes, uma vez que mais de 60% da demanda
nacional, em 2007, foi atendida pelos fornecedores internacionais.
Os
preços correntes dos fertilizantes e suas matérias-prima aumentaram
consideravelmente nos primeiros meses de 2008. A cotação da uréia importada, por
exemplo, passou de US$ FOB 300-310/t a granel em maio de 2007 nos EUA - Golfo
para US$FOB 650-655/t em maio de 2008, aumento em torno de 114%. Também, o preço
do fosfato de monoamônio (MAP) subiu no referido período, ficando em US$FOB
1.160-1.170/t na Comunidade dos Estados Independentes (CEI) em maio de 2008
contra US$ FOB 413-418/t no mesmo mês do ano anterior. O cloreto de potássio,
principal fertilizante importado, no Canadá – Vancouver, o preço do produto
granulado subiu de US$ 185-205/t para US$435-635/t, no referido
período.
O
dispêndio de divisas com importações de fertilizantes, incluindo suas
matérias-primas, em 2007, foi de US$5 bilhões - FOB, com crescimento de 86,6% em
relação ao ano anterior, segundo a ANDA. As quantidades importadas de
fertilizantes em 2007 foram bastante altas, totalizando 17,53 milhões de t, com
incremento de 44,9%, em relação a 2006. O cloreto de potássio foi o principal
produto importado, respondendo por 38% do total, seguido da uréia (11,3%),
sulfato de amônio (10,7%) e fosfato monoamônio-MAP (9,2%). A escalada das
cotações deverá se manter pressionada tendo em vista o embargo chinês às
exportações de fertilizantes e o aumento da disputa pelos lotes disponíveis
pelos tradicionais importadores do produto (Brasil e Índia).
Segundo fontes do setor, estima-se que o preço médio dos fertilizantes, FOB
fábrica, pago pelo agricultor, equivalente à vista, ICMS incluso, na Região
Centro-Sul, em abril de 2008, ficou em US$574,37/t (R$970,11) contra US$336,16/t
(R$683,08), ou seja, com acréscimo de 42% em termos correntes e de 28,8% se se
considerar em valores corrigidos pelo Índice Geral de Preços – DI, da Fundação
Getúlio Vargas (FGV).
Os
incrementos nos preços dos fertilizantes colaboraram em grande parte para que os
principais produtos agrícolas, como algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, soja,
milho e trigo, no período de janeiro a maio de 2008, apresentassem relações de
troca desfavoráveis na aquisição desse insumo, quando comparado com o ano
anterior, à exceção do feijão. Por exemplo, para a cana-de-açúcar, em maio de
2007 eram necessárias 18,0 t do produto para adquirir uma tonelada de
fertilizantes, tendo aumentado para 41,9 t, segundo estimativas, em maio de
2008.
Nos
cinco primeiros meses de 2008, as importações brasileiras de fertilizantes foram
superiores em 14% às registradas no mesmo período do ano anterior, somando 6,894
milhões de t de produto. As importações de matérias-primas para a produção de
fertilizantes, no referido período, aumentaram em 26%, perfazendo 1,776 milhão
de t. Paranaguá foi o principal porto de desembarque de
fertilizantes.
A
quantidade importada de cloreto de potássio alcançou 2,9 milhões de t, sendo a
maior quantidade registrada nos últimos dez anos. O preço médio de importação
atingiu US$408,71/t FOB em maio de 2008 contra US$195,83/t FOB em maio de 2007,
ou seja, expressivo aumento de 108,7%.
Por
sua vez, a produção nacional de fertilizantes, em 2007, foi de apenas 9,8
milhões de t de produto, com crescimento de 11,9% em relação ao ano anterior.
Nos cinco primeiros meses de 2008, a indústria produziu 3,9 milhões de t, 7,1%
superior a igual período de 2007. Constou-se aumento na produção, em termos de
nutriente, no referido período, dos fertilizantes fosfatados (6,5%) e potássicos
(7,9%), e decréscimo dos nitrogenados (6%).
A
alta dependência externa com fertilizantes e as perspectivas pouco favoráveis no
mercado externo têm preocupado os órgãos governamentais que estão estudando
medidas para estimular a produção nacional, medidas que só serão viáveis a médio
e longo prazo.
As
previsões do setor de fertilizantes para 2008 são otimistas, estimando-se que o
consumo brasileiro atinja patamar recorde em torno de 25,5 a 26 milhões de t,
contra 24,6 milhões de t observadas no ano anterior; em razão do aumento da área
plantada de grãos (especialmente da soja e do milho) na safra 2008/09, maior uso
na cultura do trigo, tanto em função de aumento de área quanto pela
intensificação da tecnologia empregada, e incremento no uso na cultura do milho
safrinha. Também, estima-se maior consumo na cultura do café que passa a exibir
cenário de grande escassez de oferta para a próxima temporada com conseqüente
alavancagem das cotações nas bolsas em que o produto é
transacionado.
Palavras-chave: mercado de
fertilizantes, indústria de fertilizantes, consumo de
fertilizantes.
(em mil
toneladas de produto)
Fonte: Associação Nacional para Difusão de Adubos
(ANDA).
Região e Estado
Região Sul
Rio
Grande do Sul
Santa Catarina
Subtotal
Região Centro
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
Mato
Grosso
Mato
Grosso do Sul
Minas Gerais
Paraná
Rio
de Janeiro
São
Paulo
Tocantis
Subtotal
Região Nordeste
Alagoas
Bahia
Ceará
Maranhão
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Rio
Grande do Norte
Sergipe
Subtotal
Região Norte
Brasil
Fonte: AMA-BRASIL, ANDA, SIACESP, SIARGS
e SIACAN.
Data de Publicação: 07/07/2008
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor