Produção de Trigo em 2008

            A produção brasileira de trigo em 2007, de 4,0 milhões de toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi 62% superior à do ano anterior, em função da expansão de 18% na área colhida, devido a uma conjuntura de mercado mais favorável a época do plantio e, principalmente, em função de um crescimento de 37,5% na produtividade média, visto que em 2006 foi muito baixa em conseqüência de adversidades climáticas.
            Para 2008 as condições de mercado são favoráveis, no que se refere à perspectiva de elevação da produção. No Paraná, Estado maior produtor, a previsão é de que haja expansão de 14% na área cultivada com trigo, conforme projeção do Departamento de Economia Rural. Por outro lado, há muita preocupação no que se refere às condições de abastecimento interno e, também, com a possibilidade de elevação dos preços dos produtos do trigo, como pão, macarrão e biscoitos para o consumidor nacional.
            As previsões de expansão da área cultivada se deve à elevação generalizada dos preços dos grãos no mercado internacional, principalmente os de milho cuja demanda aumentou nos Estados Unidos para obtenção de etanol; ao baixo nível dos estoques de trigo; e também à pressão dos fundos que adquiriram commodities nas bolsas.
            A produção mundial de trigo em 2007/08, segundo projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), deverá se situar em 604,96 milhões de toneladas, 2,0% acima do resultado do ano anterior e 3% inferior à demanda projetada. Assim, os estoques finais previstos em 110,4 milhões de toneladas serão 12% menores que os da temporada anterior o que deve contribuir para que os níveis de preços continuem elevados. Mesmo que os fundos de pensão liquidem suas posições, como já está acontecendo, os preços deverão continuar altos, uma vez que os condicionantes do mercado de trigo apontam para preços elevados.
            A política de contingenciamento das exportações de trigo adotada pelo governo argentino também tem pressionado os preços do principal fornecedor do Brasil. Tanto o governo como a indústria moageira estão preocupados com o abastecimento do produto. Atendendo reinvindicação da indústria, a tarifa externa comum (TEC), cobrada nas importações de outras origens, já foi suspensa mas o impacto da medida é pequeno, uma vez que os preços do produto dos Estados Unidos, principal alternativa de fornecimento, são mais elevados que os do produto argentino e a TEC é de apenas 10%. Os preços no mercado internacional nunca foram tão elevados, na Bolsa de Chicago o preço médio do mercado futuro do trigo Soft Red Winter, para1ª entrega, evoluiu de US$171,87 por tonelada em janeiro de 2007 para US$350,10 em janeiro deste ano e, em fevereiro, saltou para US$408,77, FOB Golfo do México. No mês de fevereiro, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a paridade de importação foi de R$967,25 por tonelada FOB Golfo do México e R$914,25 FOB portos argentinos para CIF São Paulo.
            Outras medidas reivindicadas do governo federal é a correção dos preços mínimos do produto, dos atuais R$24,00/60kg para R$30,00/60kg ou R$500,00 por tonelada. Também há solicitação de permissão para que navios de bandeira estrangeira possam fazer o transporte de cabotagem, principalmente considerando que as Regiões Norte e Nordeste importam todo trigo consumido.
            Em São Paulo, seguindo o esperado nas principais regiões tritícolas do país, a área cultivada com trigo também deverá ser ampliada. Na região do Médio Vale do Paranapanema, que já foi a maior produtora do estado, a opção majoritária dos produtores é pelo milho safrinha que tem um custo de produção menor e também menor risco de mercado, motivo pelo qual os agricultores vêm abandonando a triticultura. Inclusive a falta de equipamento adequado para o plantio direto de trigo já está se constituindo em obstáculo ao seu cultivo. Por outro lado, no sudoeste do estado, mais precisamente na área de abrangência do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Itapeva, as perspectivas são de expansão da ordem de 30%, devendo atingir 30 mil hectares. No município de Paranapanema, área de atuação da Cooperativa Holambra, onde se cultiva trigo com alta tecnologia, espera-se aumento de 100% na área cultivada com o cereal.

Palavra-chave: mercado de trigo.

Data de Publicação: 08/04/2008

Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor