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Distribuição e Representatividade das Exportações Regionais dos Agronegócios no Estado de São Paulo em 2007
As
exportações totais do Estado de São Paulo somaram no ano de 2007 o montante de
US$56,2 bilhões, com variação positiva de 11,7% em comparação com 2006 quando
atingiu US$50,3 bilhões. Para os agronegócios paulistas, no ano de 2007, o valor
das exportações totalizou US$18,2 bilhões, implicando crescimento também de
11,7% em relação ao ano anterior (US$16,3 bilhões). Evidencia-se a importância
da participação das exportações dos produtos dos agronegócios nas exportações
totais do Estado, já que em 2006 era de 32,4%, e 2007 manteve-se no mesmo
patamar (Tabela 1).
Tabela 1 - Valor Total das Exportações do Estado de São Paulo, 2006 e 2007
(US$ bilhão)
Ano |
Total |
Agronegócio |
Participação
(%) |
2006 |
50,3 |
16,3 |
32,4 |
2007 |
56,2 |
18,2 |
32,4 |
Variação (%) |
11,7 |
11,7 |
|
Fonte: Elaborada pelo IEA a partir de dados da SECEX/MDIC.
Ao se
agregar os valores das exportações dos municípios paulistas, segundo a
regionalização definida pela área de abrangência dos Escritório de
Desenvolvimento Rural (EDRs), da Secretaria de Agricultura do Estado de São
Paulo, verifica-se que o EDR de São Paulo atua como a principal região
exportadora paulista, com US$22,1 bilhões, e 39,3% de participação no total
estadual. Isso também ocorre para os produtos dos agronegócios, cujas vendas
externas somam US$6,9 bilhões com 38,1% de participação no total setorial
paulista, além de variação positiva de 6,5% em comparação com o ano de 2006. A
representatividade dos agronegócios no total exportado pelas empresas
localizadas no EDR é de 31,4%, o que configura as regiões metropolitanas da
Capital e da Baixada Santista como as mais relevantes para as exportações
setoriais paulistas (Tabela 2).
Deve-se registrar que a área de atuação do EDR de São Paulo não consiste numa região agropecuária, em função de que o expressivo valor exportado dos agronegócios é decorrente de empresas exportadoras sediadas principalmente nos municípios de São Paulo e Santos, onde se registram as saídas (vendas) para exportação. Isso mostra a relevância da utilização do conceito de cadeias de produção (da roça à mesa) para entender as dinâmicas das agriculturas regionais, pois apenas assim pode-se incorporar os corolários dos agro-serviços nas respectivas economias que não se explicam mais somente pela magnitude do segmento agropecuário da agricultura.
Tabela 2 - Exportação dos Produtos dos Agronegócios e Total, por EDR, Estado de São Paulo, 2007
|
|
|
Represen-tatividade
agronegócio no total exportado
(%) |
| ||||||
Posi-
ção |
Valor
(US$ mil) |
Part.no
agroneg.
(%) |
Posição |
Valor
(US$ mil) |
Part.
no total (%) |
Prod.
agrone-
negócios |
Total
exportado | |||
São Paulo |
1 |
6.936.115 |
38,05 |
1 |
22.085.112 |
39,29 |
31,41 |
6,52 |
6,68 | |
Araraquara |
2 |
2.006.373 |
11,01 |
5 |
2.579.245 |
4,59 |
77,79 |
45,18 |
34,01 | |
Lins |
3 |
1.094.006 |
6,00 |
9 |
1.111.040 |
1,98 |
98,47 |
-8,74 |
-8,62 | |
Barretos |
4 |
941.537 |
5,16 |
11 |
944.162 |
1,68 |
99,72 |
12,80 |
12,67 | |
Piracicaba |
5 |
891.003 |
4,89 |
4 |
2.804.069 |
4,99 |
31,78 |
-6,62 |
-0,76 | |
Campinas |
6 |
509.588 |
2,80 |
3 |
4.829.761 |
8,59 |
10,55 |
39,09 |
13,05 | |
Ribeirão Preto |
7 |
496.679 |
2,72 |
12 |
685.013 |
1,22 |
72,51 |
-18,32 |
-13,83 | |
Catanduva |
8 |
461.280 |
2,53 |
14 |
463.127 |
0,82 |
99,60 |
37,72 |
32,19 | |
Mogi-Mirim |
9 |
454.691 |
2,49 |
7 |
2.180.744 |
3,88 |
20,85 |
65,53 |
6,30 | |
Limeira |
10 |
436.142 |
2,39 |
10 |
1.028.042 |
1,83 |
42,42 |
12,36 |
3,09 | |
Mogi das Cruzes |
11 |
395.279 |
2,17 |
8 |
1.166.235 |
2,07 |
33,89 |
-0,51 |
3,97 | |
Sorocaba |
12 |
293.835 |
1,61 |
6 |
2.527.828 |
4,50 |
11,62 |
115,70 |
32,73 | |
Presidente Prudente |
13 |
273.025 |
1,50 |
18 |
278.300 |
0,50 |
98,10 |
14,01 |
7,71 | |
São José do R. Preto |
14 |
247.354 |
1,36 |
19 |
258.354 |
0,46 |
95,74 |
30,58 |
25,87 | |
Franca |
15 |
225.689 |
1,24 |
20 |
238.087 |
0,42 |
94,79 |
4,74 |
-0,01 | |
Orlândia |
16 |
214.927 |
1,18 |
21 |
234.378 |
0,42 |
91,70 |
-35,44 |
-35,97 | |
Votuporanga |
17 |
196.169 |
1,08 |
23 |
200.136 |
0,36 |
98,02 |
29,90 |
27,50 | |
Araçatuba |
18 |
181.740 |
1,00 |
16 |
339.145 |
0,60 |
53,59 |
43,90 |
54,58 | |
Itapetininga |
19 |
171.372 |
0,94 |
22 |
217.733 |
0,39 |
78,71 |
28,72 |
17,24 | |
Jaú |
20 |
160.284 |
0,88 |
27 |
167.778 |
0,30 |
95,53 |
30,62 |
27,48 | |
Bragança Paulista |
21 |
153.019 |
0,84 |
17 |
286.397 |
0,51 |
53,43 |
21,87 |
17,43 | |
São João da B. Vista |
22 |
144.647 |
0,79 |
25 |
185.303 |
0,33 |
78,06 |
12,38 |
1,56 | |
Jaboticabal |
23 |
143.190 |
0,79 |
26 |
170.551 |
0,30 |
83,96 |
70,00 |
56,94 | |
Andradina |
24 |
125.351 |
0,69 |
28 |
158.210 |
0,28 |
79,23 |
-2,30 |
-7,63 | |
Presidente Venceslau |
25 |
112.726 |
0,62 |
30 |
112.726 |
0,20 |
100,00 |
-3,02 |
-3,04 | |
Fernandópolis |
26 |
106.286 |
0,58 |
31 |
107.583 |
0,19 |
98,79 |
3,52 |
3,89 | |
Assis |
27 |
105.256 |
0,58 |
32 |
105.334 |
0,19 |
99,93 |
-24,18 |
-24,17 | |
Pindamonhangaba |
28 |
105.191 |
0,58 |
2 |
9.089.813 |
16,17 |
1,16 |
54,88 |
25,97 | |
Bauru |
29 |
102.260 |
0,56 |
13 |
560.038 |
1,00 |
18,26 |
119,18 |
64,82 | |
Marília |
30 |
97.418 |
0,53 |
29 |
119.480 |
0,21 |
81,53 |
37,69 |
36,28 | |
Jales |
31 |
91.039 |
0,50 |
33 |
91.212 |
0,16 |
99,81 |
39,02 |
39,19 | |
Dracena |
32 |
80.055 |
0,44 |
34 |
80.184 |
0,14 |
99,84 |
-9,43 |
-10,24 | |
Botucatu |
33 |
56.330 |
0,31 |
24 |
188.500 |
0,34 |
29,88 |
68,99 |
22,01 | |
Ourinhos |
34 |
55.708 |
0,31 |
35 |
60.290 |
0,11 |
92,40 |
55,99 |
47,09 | |
General Salgado |
35 |
46.598 |
0,26 |
36 |
47.208 |
0,08 |
98,71 |
-17,80 |
-17,63 | |
Tupã |
36 |
35.694 |
0,20 |
38 |
38.653 |
0,07 |
92,34 |
-9,63 |
-4,94 | |
Itapeva |
37 |
26.915 |
0,15 |
37 |
41.896 |
0,07 |
64,24 |
29,88 |
79,81 | |
Guaratinguetá |
38 |
21.196 |
0,12 |
15 |
384.996 |
0,68 |
5,51 |
-56,73 |
8,23 | |
Avaré |
39 |
20.377 |
0,11 |
40 |
21.366 |
0,04 |
95,37 |
22,92 |
27,38 | |
Registro |
40 |
13.558 |
0,07 |
39 |
23.463 |
0,04 |
57,79 |
43,53 |
41,57 | |
Total do Estado |
18.229.903 |
100,00 |
|
56.211.491 |
100,00 |
32,43 |
11,69 |
11,69 |
¹Classificado por importância dos agronegócios.Fonte: Elaborada pelo IEA a partir dos dados da SECEX/MDIC.
Tendo
em conta o gradiente crescente de representatividade, as vendas externas das
empresas sediadas na área geográfica do EDR de Araraquara aparecem em segundo
lugar. As exportações dos agronegócios regionais atingiram US$2,0 bilhões em
2007, levando a crescimento de 45,2% em relação a 2006 e consolidando 11,0% de
participação nos agronegócios paulistas. Nas exportações totais paulistas, a
região abrangida pelo EDR de Araraquara ocupa o 5º lugar, com participação de
apenas 4,6% no total. Já em termos de proporção das exportações dos agronegócios
no total exportado pela região, o valor foi de 77,8%, com expressiva relevância
setorial para a dinâmica da economia local.
Em seguida, na ordem de importância dentro dos agronegócios em 2007, aparecem as empresas da área de atuação do EDR de Lins com 6,0% de participação nas vendas setoriais somando US$1,1 bilhão, apesar da queda de 8,7% em relação ao ano de 2006. Mais uma vez, para as economias regionais, a representatividade das vendas externas dos agronegócios no total exportado nessa região alcançou 98,5%, mostrando a importância da agricultura na economia local. Dentro das exportações paulistas, as empresas baseadas na área de atuação do EDR de Lins ocupam o 9º lugar, com participação de 2,0%.
Em 4º lugar nos agronegócios paulistas, aparecem as empresas da área de atuação do EDR de Barretos com US$941 milhões exportados que representam 5,2% do total setorial a partir do crescimento expressivo de 12,8%, quando se comparam os resultados de 2007 com os de 2006. A representatividade dos agronegócios no total das vendas externas regionais atinge 99,7%, o que configura uma maior presença exportadora na economia local de empresas setoriais. Isso fica nítido quando se visualiza que no ranking geral do Estado de São Paulo todas as empresas exportadoras dessa área geográfica ocupam a 11ª posição com US$944 milhões.
As empresas sediadas nos territórios de atuação dos EDRs de Piracicaba e Campinas aparecem em 5º e 6º lugares no ranking dos agronegócios paulistas e participação de 4,9% e 2,8%. Contudo, as representatividades dos agronegócios nas vendas externas totais de cada região atingem 31,7% em Piracicaba e 10,6% para o EDR de Campinas, que configura uma maior presença de empresas exportadoras de outros setores da economia. Nas exportações totais paulistas, essas regiões ocupam, respectivamente, a 4ª e a 3ª posições.
Já na representatividade das exportações dos agronegócios nas vendas externas totais de cada região, aquelas derivadas das vendas dos demais setores, dada a baixa participação dos agronegócios (31,7%), o que também ocorre em Campinas (10,6%), demonstram ser economias voltadas também para os demais setores. Nas exportações totais paulistas, essas regiões ocupam, respectivamente, a 4ª e a 3ª posições.
Quanto à representatividade dos agronegócios nas exportações totais de cada região, verifica-se o papel preponderante na economia exportadora paulista, uma vez que, das 40 regiões de atuação dos EDRs, em vinte delas observam-se importâncias percentuais acima dos 80%. Pela ordem nesse quesito estão: Presidente Venceslau (100,00%), Assis (99,93%), Dracena (99,84%), Jales (99,81%), Barretos (99,72%), Catanduva (99,60%), Fernandópolis (98,79%), General Salgado (98,71%), Lins (98,47%), Presidente Prudente (98,10%), Votuporanga (98,02%), São José do Rio Preto (95,74%), Jaú (95,53%), Avaré (95,37%), Franca (94,79%), Ourinhos (92,40%), Tupã (92,34%), Orlândia (91,70%), Jaboticabal (83,96%) e Marília (81,53%). Esses indicadores mostram que o interior da principal unidade da federação brasileira, quanto à magnitude do desenvolvimento industrial, se move pelos empreendimentos dos agronegócios (Figura 1).
Figura 1 - Regiões com Representatividades dos Agronegócios nas Exportações Totais Maiores que 80%, Estado de São Paulo, 2007.
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Na faixa intermediária, em que a representatividade dos agronegócios nas exportações totais variam entre 60% e 80%, situam-se as regiões de Andradina (79,23%), Itapetininga (78,71%), São João da Boa Vista (78,06%), Araraquara (77,79%), Ribeirão Preto (72,51%) e Itapeva (64,24%). Já na faixa de 40% até 60% de representatividade aparecem as de Registro (57,79%), Araçatuba (53,59%), Bragança Paulista (53,43%), Limeira (42,42%). Finalizando, em percentuais de 20 até 40, vêm as regiões de Mogi das Cruzes (33,89%), Piracicaba (31,78%), São Paulo (31,41%), Botucatu (29,88%), Mogi-Mirim (20,85%). Abaixo dos 20% de representatividade estão 5 regiões: Bauru (18,26%), Sorocaba (11,62%), Campinas (10,55%), Guaratinguetá (5,51%) e Pindamonhangaba (1,16%) (Figura 2), que apresentam baixa representatividade dos agronegócios, devido à forte exportação de produtos industrializados e de alto nível tecnológico dos demais setores como aeronaves, aparelhos de telefonia móvel, automóveis, peças automotivas e outras.
Figura 2 - Regiões com Representatividades dos Agronegócios nas Exportações Totais menores que 80%, Estado de São Paulo, 2007.
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Em
linhas gerais, o que se verifica com base nessas estatísticas regionais de
exportações, realizadas pelas empresas sediadas nas diversas regiões paulistas,
é que, principalmente, nas regiões que formam o entorno do complexo
metropolitano formado por Campinas, São Paulo, Sorocaba, Santos e São José dos
Campos, situam-se as regiões paulistas onde a representatividade dos
agronegócios nas exportações totais se mostram menores. Noutro recorte, pode-se
afirmar que, para a imensa maioria das regiões paulistas, os principais negócios
exportadores são os agronegócios (Figura 3)2, com o que esse setor
tem papel estratégico na formação das políticas de desenvolvimento estadual, em
especial no desenho de políticas públicas geradoras de emprego e de renda que
necessariamente devam estar submetidas ao axioma da busca da redução das
disparidades inter-regionais, dramaticamente expressivas no caso
paulista.
Figura 3 - Distribuição Geográfica da Representatividade do Agronegócio nas Exportações Totais, por EDR, Estado de São Paulo, 2007.
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola a partir de dados da SECEX/MDIC.
______________________________________________________________________________
1Os dados foram coletados nos
relatórios contidos no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior nos dias 21 a 24 de janeiro de 2008; e levam em conta a
exportação segundo o domicílio fiscal da empresa exportadora, logo não se trata
de exportação da produção local. Para a análise, foram utilizados os dados dos
principais produtos exportados (40 no total) dos municípios paulistas que
somados representam 90,85% do valor total exportado.
2 Os autores agradecem a colaboração da
Técnica de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica Maria Cristina Teixeira de
Jesus Rowies na elaboração da figura 3.
Palavras-chave: comércio exterior, exportação, representatividade, agronegócios, exportação regional.
Data de Publicação: 18/02/2008
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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