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Fertilizantes: desempenho recorde em 2007
O
mercado de fertilizantes manteve-se bastante aquecido nos dez primeiros meses de
2007, impulsionados pela forte: demanda do setor canavieiro e dos produtores de
grãos e algodão para o plantio da safra de verão 2007/08, antecipação de compras
por parte dos produtores e, finalmente, devido à maior adoção de tecnologia. As
entregas de fertilizantes ao consumidor final no País apresentaram relevante
incremento (23,8% em relação à igual período do ano anterior), totalizando
20,515 milhões de toneladas de produto. De acordo com o critério de regionalização para o Brasil do Sindicato das Indústrias de Adubo do Estado de São Paulo (SIACESP), no período de janeiro a outubro de 2007, todas as Regiões mostraram aumento nas entregas, em relação à igual período de 2006: Centro, 23,9%; Sul, 19,1%; Nordeste, 29,0%; e Norte, 26,9%. Na análise por unidades da federação, constatou-se que a maioria dos estados brasileiros mostrou crescimento nas vendas no referido período. Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, liderou o ranking nas entregas (17,1% do total), registrando aumento de 37,3% no mencionado período. Também houve aumento significativo em Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, Estados importantes produtores de soja (Tabela 1). O bom desempenho comercial do setor no Estado de São Paulo é reflexo da demanda de fertilizantes por parte da lavoura canavieira. A antecipação das compras de fertilizantes, em 2007, foi influenciada por diversos fatores como: aproveitar as elevadas cotações da soja e do milho (futuro e spot), evitar perdas diante de altas ainda maiores nos preços dos fertilizantes, decorrente de uma demanda mais aquecida, bem como para reduzir as aquisições no período de maior concentração das entregas (sazonalidade com entregas concentradas no segundo semestre - Figura 1), quando costuma haver o encarecimento dos custos de frete.
Tabela 1 - Entregas de Fertilizantes ao Consumidor Final, por Região e Estado, Brasil, 2005-2006 e Janeiro a Outubro de 2006 e de 2007
(em 1.000t de produto)
Região e Estado | 2005 (a) | 2006 (b) | Jan.- out.2006 (c) | Jan.-out.2007 (d) | | |
(b/a) | (d/c) | |||||
Região Sul | ||||||
Rio Grande do Sul | 2.194.064 | 2.388.254 | 1.921.288 | 2.345.646 | 8,9 | 22,1 |
Santa Catarina | 612.376 | 595.197 | 495.764 | 533.447 | -2,8 | 7,6 |
Subtotal | 2.806.440 | 2.983.451 | 2.417.052 | 2.879.093 | 6,3 | 19,1 |
Região Centro | ||||||
Distrito Federal | 44.324 | 41.018 | 29.962 | 41.097 | -7,5 | 37,2 |
Espírito Santo | 261.444 | 315.082 | 248.574 | 251.526 | 20,5 | 1,2 |
Goiás | 1.657.252 | 1.676.556 | 1.273.593 | 1.818.563 | 1,2 | 42,8 |
Mato Grosso | 3.456.353 | 3.140.252 | 2.550.614 | 3.500.949 | -9,1 | 37,3 |
Mato Grosso do Sul | 834.500 | 779.278 | 670.295 | 935.169 | -6,6 | 39,5 |
Minas Gerais | 2.878.321 | 2.928.250 | 2.012.774 | 2.304.372 | 1,7 | 14,5 |
Paraná | 2.646.067 | 2.837.299 | 2.522.792 | 3.042.019 | 7,2 | 20,6 |
Rio de Janeiro | 41.176 | 62.967 | 52.137 | 42.588 | 52,9 | -18,3 |
São Paulo | 3.102.492 | 3.539.671 | 2.803.116 | 3.117.343 | 14,1 | 11,2 |
Tocantis | 183.103 | 188.128 | 99.186 | 145028 | 2,7 | 46,2 |
Subtotal | 15.105.032 | 15.508.501 | 12.263.043 | 15.198.654 | 2,7 | 23,9 |
Região Nordeste | ||||||
Alagoas | 226.544 | 264.418 | 203.599 | 219.230 | 16,7 | 7,7 |
Bahia | 1.163.866 | 1.217.113 | 925.407 | 1.289.451 | 4,6 | 39,3 |
Ceará | 31.692 | 36.085 | 29.762 | 31.605 | 13,9 | 6,2 |
Maranhão | 256.381 | 269.073 | 198.859 | 271.635 | 5,0 | 36,6 |
Paraíba | 42.429 | 56.808 | 46.008 | 44.465 | 33,9 | -3,4 |
Pernambuco | 194.970 | 242.079 | 201.896 | 187.075 | 24,2 | -7,3 |
Piauí | 111.220 | 130.500 | 72.579 | 117.784 | 17,3 | 62,3 |
Rio Grande do Norte | 45.932 | 55.968 | 44.767 | 58.463 | 21,8 | 30,6 |
Sergipe | 26.283 | 29.893 | 25.778 | 36.841 | 13,7 | 42,9 |
Subtotal | 2.099.317 | 2.301.937 | 1.748.655 | 2.256.549 | 9,7 | 29,0 |
Região Norte | 183.942 | 187.845 | 142.853 | 181.250 | 2,1 | 26,9 |
Brasil | 20.194.731 | 20.981.734 | 16.571.603 | 20.515.546 | 3,9 | 23,8 |
Fonte: Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (AMA-BRASIL), Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas, no Estado de São Paulo (SIACESP), Sindicato da Indústria de Adubos do Rio Grande do Sul (SIARGS) e Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos do Nordeste (SIACAN).
Figura 1 - Fertilizantes Entregues ao Consumidor Final, Estado de São Paulo e Brasil, Janeiro de 2005 a Outubro de 2007.
Fonte: AMA-Brasil, ANDA, SIACESP, SIARGS e SIACAN.
Os preços dos fertilizantes pagos pelos agricultores no País aumentaram em 2007, em relação ao ano anterior, em função da elevação das cotações das matérias-primas no mercado internacional; maior procura por fertilizantes; incremento da produção de biocombustíveis e aquecimento das cotações internacionais de grãos. Ademais, os fretes marítimos dobraram seu custo no último ano nas rotas para o Hemisfério Sul, fator que impacta fortemente os preços dos fertilizantes, pois 60% da demanda brasileira é atendida por importações.
O dispêndio de divisas com importações de fertilizantes, incluindo matérias-primas para fertilizantes, em 2007, está estimado em US$4,66 bilhões - FOB, com crescimento de 77,8% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA).
A cotação da uréia importada, por exemplo, passou de US$ FOB 248-252/t a granel em novembro de 2006 nos EUA - Golfo para US$FOB 416-420/t em novembro de 2007, aumento em torno de 67,2%. Também, o preço do fosfato de monoamônio (MAP) subiu consideravelmente no referido período, ficando em US$FOB 520-530/t na Comunidade dos Estados Independentes (CEI) em novembro de 2007 contra US$ FOB 245-250/t no mesmo mês do ano anterior. Por sua vez, o cloreto de potássio, principal fertilizante importado, apresentou incremento nos preços, especialmente, no segundo semestre de 2007.
Os aumentos nos preços dos fertilizantes contribuíram para que os principais produtos agrícolas, como algodão, arroz, batata, café, cana-de-açúcar, soja e milho, no período de janeiro a outubro de 2007, apresentassem relações de troca desfavoráveis para aquisição desse insumo, quando comparado com o ano anterior, à exceção o trigo. Por exemplo, para a cana-de-açúcar em outubro de 2006 eram necessárias 14,8 toneladas do produto para adquirir uma tonelada de fertilizantes, tendo aumentado para 24,1 toneladas em outubro de 2007.
Nos dez primeiros meses de 2007, a produção da indústria nacional de produtos intermediários para fertilizantes foi superior (11,7%) ao registrado no mesmo período do ano anterior, somando 8,2 milhões de toneladas de produto, em função do aumento da produção dos fosfatados. Já as importações brasileiras de fertilizantes, no referido período, aumentaram consideravelmente (43,3%), perfazendo 14,5 milhões de toneladas de produto. Paranaguá foi o principal porto de desembarque de fertilizantes, seguido de Santos e Rio Grande. Em novembro de 2007, as entregas de fertilizantes caíram 11,5% frente ao mesmo mês do ano anterior sem, contudo, reverter o forte otimismo que impera no segmento.
Para o fechamento de 2007, estima-se consumo recorde em torno de 24,53 milhões de toneladas, crescendo 17% em relação ao ano anterior, com o faturamento líquido do setor perfazendo R$17,04 bilhões (superior 41,2% em relação ao ano anterior). Sustentam esse desempenho, o aumento da área plantada de grãos (especialmente da soja e do milho), do algodão e da cana-de-açúcar na safra 2007/08, bem como maior uso de tecnologia (citros e café), motivados, em grande parte, pelos bons preços praticados pelo mercado.
As previsões do setor de fertilizantes para 2008 são otimistas, tendo em vista o bom desempenho do agronegócio,estimando-se que o consumo brasileiro atinja cerca de 25,6 milhões de toneladas de produto, com aumento de 4,5% em relação ao ano anterior.
Palavras-chave: mercado de fertilizantes, indústria de fertilizantes.
Data de Publicação: 14/02/2008
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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