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Seminário Gerenciamento de risco no agronegócio encerra Ciclo Debates IEA 65 anos
O
seminário “Gerenciamento de risco no agronegócio”, realizado no dia 28 de
novembro, encerrou o Ciclo de Debates IEA 65 anos, do Instituto de Economia
Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo. Foram palestrantes do evento o engenheiro-agrônomo Ivan Wedekin,
diretor da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), e o professor Geraldo
Sant´Ana de Camargo Barros, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
(ESALQ-USP).
Wedekin destacou os quatro tipos de riscos no agronegócio: de produção, de
contratos, de preço e de crédito. O risco de produção é enfrentado
principalmente com tecnologia e seguro rural. Já o risco de contratos,
caracterizado pela quebra freqüente de contratos na agricultura, foi agravado
pela questão do marco legal. Assim, as negociações na BM&F têm uma cláusula
de arbitragem para resolver eventuais conflitos (e reduzir os custos de
transação, ao dar mais segurança ao negócio).
O
risco de crédito é cada vez mais freqüente principalmente para quem vende a
prazo, observa Wedekin. Para fazer frente a este tipo de risco, exigem-se
instrumentos como cadastro positivo, garantia e seguro. Com o aumento crescente
do volume de crédito oficial e privado, esse gerenciamento é cada vez mais
importante. Por fim, o preço, cuja volatilidade em geral se dá pelo choque de
oferta, nos mercados atuais decorre do choque de demanda (milho para etanol é um
exemplo), diz Wedekin. Uma característica atual é que a posição líquida dos
fundos de investimento é fator de instabilidade no mercado. Para enfrentar este
risco, ou se usa o apoio do governo, que é limitado pelo orçamento, ou
instrumentos de cobertura de risco como contratos de hedge. “Estamos criando uma
cultura de hedge no Brasil”, aposta Wedekin.
O
professor Geraldo Barros fez um paralelo entre risco e rentabilidade. Duas
percepções distorcem o agronegócio no Brasil: exagero no tocante à rentabilidade
que o negócio oferece e dificuldades cíclicas. Ele considera que há muito erro
administrativo no setor agropecuário, o que exige controle de risco e
aconselhamento na melhor alocação dos recursos no âmbito da propriedade. Para
Barros, falta passar mais a visão de negócio para o produtor em geral, inclusive
pequeno e médio; ou seja, é preciso mostrar que ele tem de ter lucratividade
para garantir a sustentabilidade (“segurança de que vai continuar no negócio”) e
que “prosperar significa aumentar o seu patrimônio”. “Patrimônio é como possuir
uma ação da Vale, por exemplo”, enfatiza. Aumentar a sustentabilidade exige
produzir com eficiência, atuar dinamicamente no mercado (comprar na baixa e
vender na alta), avaliar os riscos e se precaver deles (cobrir o custo total de
produção no médio e no longo prazo).
Do
lado do consumidor, Barros afirma que a grande contribuição do agronegócio foi a
queda no preço dos alimentos que beneficiou principalmente a população de baixa
renda. Esta redução nos preços aos consumidores acompanhou a queda nos preços
aos produtores, devido ao aumento da produtividade e à concorrência no varejo. O
professor da ESALQ-USP conclui, assim, que o produtor investe e desinveste em
momento errado; o crédito oficial e privado reforça o problema (bancos oferecem
crédito para quem está bem); e produtores rurais e fornecedores de crédito são
parceiros (co-responsáveis).
Data de Publicação: 30/11/2007
Autor(es): José Venâncio De Resende Consulte outros textos deste autor