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No aniversário do IEA, mais de 200 pessoas e propostas para o Estado e o País
Cerca de 240 pessoas, entre técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e lideranças do agronegócio, participaram, no dia 7 de novembro, do seminário “Agronegócios: desenvolvimento, meio ambiente e perspectivas”, que comemorou os 65 anos do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA). Destaque para a presença de Rubens Araújo Dias, que foi diretor do IEA e secretário de Agricultura e Abastecimento na década de 1970.
Na abertura do evento, o secretário João Sampaio ressaltou o pioneirismo e a atualidade das ações da instituição. “A questão da gestão sempre me preocupou, e o IEA, ao longo dos anos, respondeu a vários de nossos anseios. Parte dos estudos que originaram o Proálcool nasceu aqui. Também o balanço energético das culturas foi iniciado pelo IEA, cujos números norteiam políticas”, observou o secretário João Sampaio. O coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), João Paulo Feijão Teixeira, enfatizou a importância do banco de dados do IEA e o papel da instituição como sinalizadora de políticas públicas, o que vem ao encontro das ações do governo estadual para estimular a inovação e a pesquisa agropecuária. A diretora do IEA, Valquíria da Silva, ressaltou a imparcialidade de suas pesquisas frente aos diferentes interesses, a confiabilidade e a transparência nas ações, retratada especialmente pelo acesso ilimitado às informações por quaisquer pessoas. “O conhecimento acumulado ao longo de sua história permite ao IEA prospectar oportunidades futuras”, destacou. No primeiro painel, “Agronegócio e Desenvolvimento”, o ex-ministro e professor-emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Luís Carlos Bresser Pereira, defendeu uma estratégia de desenvolvimento para o Brasil, sustentada no mercado interno, que contemple juros baixos, câmbio e equilíbrio fiscal e, para isso, propôs a criação de um imposto sobre exportações que possibilite tornar o câmbio favorável. “É complicado politicamente, mas vale a pena o risco de dizê-lo e receber algumas bordoadas”, sustentou. Já o ex-ministro e coordenador do Centro de Agronegócios da FGV-SP, Roberto Rodrigues, exaltou a pujança e potencialidades do agronegócio brasileiro. Apontou, no entanto, tendências que devem ser consideradas para que o País não perca o posto e conquiste novos mercados: necessidade de rastreabilidade e certificação, crescimento populacional, êxodo rural, envelhecimento da população, aumento de renda nos países em desenvolvimento, a adoção de práticas conservacionistas e as mudanças tecnológicas. No segundo painel, “Agricultura e Meio Ambiente”, o ex-secretário de Agricultura e Abastecimento e atual Secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano, revelou a possibilidade de se estabelecer um código de ajuste para cafeicultores e suinocultores nos mesmos moldes do protocolo ambiental firmado entre o governo estadual e a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), que antecipou prazos para o fim da queima e outras ações de sustentabilidade. Em sua palestra, o ex-secretário de Agricultura e Abastecimento e presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI), Gilberto Dupas, abordou, em tom realista, as tensões existentes entre o processo de crescimento econômico e as restrições de ordem ambiental no contexto da globalização. O mediador do painel foi o pesquisador Eduardo Pires Castanho Filho. No último painel, “Agricultura e Perspectivas”, o professor Fernando Bento Homem de Melo, da Faculdade de Economia e Administração da USP, previu a retomada da agricultura brasileira, principalmente de grãos e cana-de-açúcar. A China como grande importadora de commodities, mudanças nos hábitos de consumo e a bioenergia em evidência embasam a sua crença. Para ele, há espaço para o Brasil produzir e exportar alimentos, mesmo com a bioenergia, mas ele considera que esta retomada da agricultura será pautada pelo efeito-substituição e pelos preços relativos entre os produtos. Já o professor Décio Zylberstajn destacou que problemas como barreiras, conflitos entre citricultores e indústria e adulteração do leite são puramente de origem organizacional. O professor defendeu, ainda, que o Brasil precisa de instituições que destravem o crescimento dos mercados. Daí a importância de compreender as relações entre os agentes que formam os sistemas agroindustriais, que abrangem níveis de governança, regras formais e informais, conflitos, etc. Este painel teve como moderadora a pesquisadora Adriana Verdi. O principal evento de comemoração dos 65 anos do IEA foi patrocinado pela Abecitrus, Bayer CropScience, BM&F, Camil, Cheminova, Coopercitrus, Credicitrus, FAESP, SENAR, Fundag, Fundepag, Jacto e Tatu Marchesan. Recebeu ainda o apoio institucional da APTA-SAA e da Codeagro-SAA. José Venâncio de Resende
Rubens Araújo Dias, entre o secretário João Sampaio e o ex-diretor do IEA Pérsio Junqueira
A partir da esquerda, Gilberto Dupas, Eduardo Castanho e Xico Graziano
Adriana Rota
Fotos: João Luiz
Data de Publicação: 14/11/2007
Autor(es): José Venâncio De Resende Consulte outros textos deste autor