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Mercado de Trabalho no Rural Paulista em 2005-2006
A
população trabalhadora ocupada nas atividades agrícolas no Estado de São Paulo,
em novembro de 2006, foi estimada em 1,117 milhão de pessoas1, com
crescimento na ocupação de 6,2 % em relação a novembro de 2005 (1,052 milhão de
pessoas). Ao se efetuar as médias anuais (junho e novembro) obtêm-se valores de
1,086 e 1,062 milhão de pessoas em 2005 e 2006, respectivamente, ou seja,
acréscimo de 2,3%.
A
parcela de mão-de-obra residente nas Unidades de Produção Agrícola (UPAs) foi de
43,7% em novembro de 2006, sendo que os assalariados (224.831 trabalhadores,
inclusive administrador) têm participação mais representativa dentre os
residentes. Desse total, 75,2% corresponderam à categoria mensalista comum
(168.986 pessoas); 10,9% à de tratorista (24.453 pessoas), 8,6% à de
administrador e 5,4% à de diarista (12.112 pessoas). A seguir vêm os
proprietários e seus familiares (com 211.259 pessoas e 43,3% do total de
residentes).
Os
arrendatários residentes nas UPAs, que representam 4,3% (20.836 pessoas em
novembro de 2006), apresentaram crescimento de 36,7% em 2006 relativo a 2005, ao
se considerar as médias anuais. Foi observada para a categoria parceiro (com
4,8% e 23.305 pessoas em novembro de 2006) ocupação positiva de 17,6% em termos
de médias anuais de 2005 e 2006 (Tabela 1 e Figura 1).
Foram
estimados 628.723 trabalhadores não-residentes nas UPAs (56,3%) em novembro de
2006. As categorias mais representativas foram: volante com 37,5% (235.750
pessoas), assalariado (administrador, mensalista, diarista e tratorista) com
28,8% (181.279 pessoas) e proprietário com 25,3% (158.894
pessoas).
O
emprego de assalariados não-residentes (administrador, mensalista, diarista e
tratorista) tem sido mais representativo em novembro, enquanto a ocupação de
parceiros é superior em junho, época da colheita de café. Quanto aos
arrendatários, a ocupação em novembro de 2006 foi 22,6% superior quando
comparada a novembro de 2005.
Em
2006 foi decrescente a ocupação da mão-de-obra volante em 1,7%, com média anual
de 240.219 pessoas; em 2005 a média foi de 244.445 trabalhadores (Figura
2).
TABELA 1 - Estimativa da População
Trabalhadora em Atividades Agrícolas, Residente e Não-Residente nas UPAs, Estado
de São Paulo, Junho e Novembro de 2005 e de 2006 1Engloba os familiares que
auxiliam no trabalho. Fonte: Instituto de Economia
Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral.
Categoria
Residente
Proprietário1
Administrador
Arrendatário1
Parceiro1
Assalariado2
Outros
Subtotal
Não-residente
Proprietário1
Arrendatário1
Parceiro1
Assalariado3
Volante
Subtotal
Total
2Engloba administrador (exceto em novembro), mensalista,
diarista, tratorista etc.
3Engloba administrador, mensalista, diarista, tratorista
etc.
Figura 1 - Ocupação de Trabalhadores
Residentes nas UPAs, Estado de São Paulo, 2005 e
2006.
Fonte: IEA e CATI.
Figura 2 - Ocupação de Trabalhadores
Não-Residentes nas UPAs, Estado de São Paulo, 2005 e
2006.
Fonte: IEA e
CATI.
As ocorrências relacionadas ao desempenho econômico do setor agropecuário paulista merecem destaque ao se analisar o mercado de trabalho rural. O valor da produção agropecuária (VP) do Estado de São Paulo aumentou, em moeda corrente, 8,3% em 2006, relativamente ao ano anterior, totalizando R$33,0 bilhões. Deflacionando-se pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE (cuja variação anual foi de 4,2% na média de janeiro a dezembro de 2006, em relação ao mesmo período de 2005), o valor da produção de 2006 corresponde a um crescimento real de 4,0%. O incremento do valor corrente da produção ocorreu tanto pela elevação dos preços dos produtos, cujo índice geral (composto pelos 50 produtos) foi 3,0% maior que o de 2005, como da produção agropecuária total, que cresceu 5,2%. Entretanto, os aumentos dos preços ocorreram somente nos grupos de produtos para indústria (13,8%) e das frutas frescas (1,2%). A elevação do VP dos produtos industriais (26,7%), com destaque para a cana-de-açúcar (29,4%), mais que compensou as quedas dos VPs dos demais grupos: produtos animais (10,9%), frutas frescas (0,5%), grãos e fibras (8,9%) e olerícolas(11,0%)2.
Acréscimos de produção, em relação à safra 2005, foram observados para feijão (17,9%), milho (6,7%) e mandioca para mesa (4,2%). Nos cultivos perenes e semi-perenes mais importantes, aumentos foram constatados para café (40,9%) e cana-de-açúcar (11,8%), enquanto a produção de laranja decresceu 1,1%3.
Quanto às frutas, foram positivos os resultados nas produções de: figo para mesa (91,0%), caqui (7,5%), goiaba vermelha para mesa (5,9%), limão (3,3%), banana (2,9%) e abacate (1,3%). As demais frutíferas: tangerina, uva para mesa, abacaxi, melancia, goiaba comum para indústria, manga, maracujá, mexerica, nectarina, pêssego para mesa e poncã mostraram decréscimo na produção4.
Das olerícolas mais relevantes, apresentaram variações positivas na produção no período considerado tomate para mesa (7,5%), cenoura (7,0%), repolho (34,7%), beterraba (31,4%); enquanto batata (4,3%), cebola (0,5%), morango (34,3%), tomate para indústria (1,9%), alface (9,8%), pimentão (22,7%), abóbora (16,4%), batata-doce (2,3%) e abobrinha (11,9%) reduziram as produções.
As estimativas sobre ocupação de mão-de-obra em atividades rurais não-agrícolas (industriais, administrativas e serviços) em novembro de 2006 indicaram ligeiro acréscimo (1,0%) em relação a novembro de 2005. As médias anuais de ocupação foram de 106.700 e 116.934 pessoas, em 2005 e 2006 respectivamente. A principal empregadora tem sido a atividade industrial, atingindo 78,1% (76.960) do total ocupado em novembro de 2006. O total de pessoas residentes nas UPAs, que atuam em atividades industriais ou de serviços na cidade, variou de um máximo de 24.380 pessoas em novembro de 2005 a um mínimo de 16.882 em novembro de 2006 (Tabela 2 e Figura 3).
Na atualidade, o crescimento da demanda pelo etanol da cana-de-açúcar em função da opção, em termos mundiais, pelo uso de energia renovável, resultará em grande expansão da área de plantio desse produto agrícola. Entre as discussões inerentes a esse fato, inserem-se as questões relativas ao mercado de trabalho.
Apesar da expansão do setor, por conta da proibição da queima de cana na colheita e da conseqüente mecanização dessa operação, serão os trabalhadores volantes, cortadores de cana, os mais afetados nesse processo. Há de se ressaltar que a operação de plantio também se encontra em processo de mecanização, reduzindo ainda mais o emprego na época de entressafra. Portanto, é para a categoria de trabalho volante que são esperadas alterações mais representativas no contexto do mercado de trabalho rural paulista.
2 - Estimativa da População Trabalhadora em Atividades Econômicas Rurais Não-Agrícolas, Estado de São Paulo, Junho e Novembro de 2005 e de 2006
Setor |
|
|
|
| |||||||
Número |
% |
Número |
% |
Número |
% |
Número |
% | ||||
Atividades industriais1 |
85.979 |
74,3 |
66.476 |
68,1 |
91.965 |
74,5 |
76.960 |
78,1 | |||
Atividades administrativas2 |
21.435 |
18,5 |
19.638 |
20,1 |
20.336 |
16,5 |
14.774 |
15,0 | |||
Prestação de serviços3 |
8.341 |
7,2 |
11.531 |
11,8 |
11.143 |
9,0 |
6.803 |
6,9 | |||
Subtotal |
115.755 |
100,0 |
97.646 |
100,0 |
123.444 |
100,0 |
98.537 |
100,0 | |||
Atividades industriais e de serviços na cidade4 |
19.895 |
- |
24.380 |
- |
19.091 |
- |
16.882 |
||||
Total |
135.650 |
- |
122.025 |
- |
142.535 |
- |
115.419 |
- |
1Pessoas residentes ou não na
UPA, ocupadas em usina de açúcar, de leite, olarias etc.
2Pessoas residentes ou não na
UPA, ocupadas em empresas agroindustriais.
3Pessoas residentes ou não na UPA ocupadas
em pesqueiros, hotelaria, turismo etc.
4Pessoas residentes na UPA ocupadas em
atividades industriais e de serviços na cidade.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral.
Figura 3 - População Trabalhadora em
Atividades Não-Agrícolas, Estado de São Paulo, 2005 e
2006.
Fonte:
IEA/CATI.
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1Para estimar o total de pessoas ocupadas
nas atividades rurais no Estado de São Paulo, a atual amostra probabilística é
composta por 3.204 unidades de produção agropecuária (UPAs) e foi sorteada com
base no cadastro obtido no Censo Agropecuário realizado por meio do IEA e da
CATI, conhecido por Projeto LUPA (1995/96).
2TSUNECHIRO, A. et al. Valor da produção
agropecuária do estado de São Paulo em 2006. Informações Econômicas, SP,
v.37, n.4, p. 52-63, abr. 2007.
3CASER, D.V. et al. Previsões e estimativas das safras
agrícolas no estado de São Paulo, ano agrícola 2005/06, levantamento final,
novembro de 2006. Disponível em <http://www.iea.sp.gov.br/>.
4BANCO IEA. Disponível em <http://www.iea.sp.gov.br/>.
Palavras-chave: mercado de trabalho, mão-de-obra rural, emprego.
Data de Publicação: 12/11/2007
Autor(es):
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vera Lucia Ferraz dos Santos Francisco Consulte outros textos deste autor