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IEA 65 ANOS - Ciclo de Debates
Guilherme Dias (FEA/USP) César Roberto Leite da Silva (mediador) José Roberto Mendonça de Barros (MB Associados) Maria Auxiliadora de Carvalho (mediadora) Sonia Bergamasco (UNICAMP) Maria Célia Martins de Souza (mediadora) Marilena Igreja Lazzarini (IDEC) Geni Satiko Sato (mediadora) Geraldo Santana (ESALQ/USP) Elizabeth Alves e Nogueira (mediadora) O
seminário “Gerenciamento de risco no agronegócio”, realizado no dia 28 de
novembro, encerrou o Ciclo de Debates IEA 65 anos, do Instituto de Economia
Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo. Foram palestrantes do evento o engenheiro-agrônomo Ivan Wedekin,
diretor da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), e o professor Geraldo
Sant´Ana de Camargo Barros, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
(ESALQ-USP).
Wedekin destacou os quatro tipos de riscos no agronegócio: de produção, de
contratos, de preço e de crédito. O risco de produção é enfrentado
principalmente com tecnologia e seguro rural. Já o risco de contratos,
caracterizado pela quebra freqüente de contratos na agricultura, foi agravado
pela questão do marco legal. Assim, as negociações na BM&F têm uma cláusula
de arbitragem para resolver eventuais conflitos (e reduzir os custos de
transação, ao dar mais segurança ao negócio).
O
risco de crédito é cada vez mais freqüente principalmente para quem vende a
prazo, observa Wedekin. Para fazer frente a este tipo de risco, exigem-se
instrumentos como cadastro positivo, garantia e seguro. Com o aumento crescente
do volume de crédito oficial e privado, esse gerenciamento é cada vez mais
importante. Por fim, o preço, cuja volatilidade em geral se dá pelo choque de
oferta, nos mercados atuais decorre do choque de demanda (milho para etanol é um
exemplo), diz Wedekin. Uma característica atual é que a posição líquida dos
fundos de investimento é fator de instabilidade no mercado. Para enfrentar este
risco, ou se usa o apoio do governo, que é limitado pelo orçamento, ou
instrumentos de cobertura de risco como contratos de hedge. “Estamos criando uma
cultura de hedge no Brasil”, aposta Wedekin.
O
professor Geraldo Barros fez um paralelo entre risco e rentabilidade. Duas
percepções distorcem o agronegócio no Brasil: exagero no tocante à rentabilidade
que o negócio oferece e dificuldades cíclicas. Ele considera que há muito erro
administrativo no setor agropecuário, o que exige controle de risco e
aconselhamento na melhor alocação dos recursos no âmbito da propriedade. Para
Barros, falta passar mais a visão de negócio para o produtor em geral, inclusive
pequeno e médio; ou seja, é preciso mostrar que ele tem de ter lucratividade
para garantir a sustentabilidade (“segurança de que vai continuar no negócio”) e
que “prosperar significa aumentar o seu patrimônio”. “Patrimônio é como possuir
uma ação da Vale, por exemplo”, enfatiza. Aumentar a sustentabilidade exige
produzir com eficiência, atuar dinamicamente no mercado (comprar na baixa e
vender na alta), avaliar os riscos e se precaver deles (cobrir o custo total de
produção no médio e no longo prazo).
Do
lado do consumidor, Barros afirma que a grande contribuição do agronegócio foi a
queda no preço dos alimentos que beneficiou principalmente a população de baixa
renda. Esta redução nos preços aos consumidores acompanhou a queda nos preços
aos produtores, devido ao aumento da produtividade e à concorrência no varejo. O
professor da ESALQ-USP conclui, assim, que o produtor investe e desinveste em
momento errado; o crédito oficial e privado reforça o problema (bancos oferecem
crédito para quem está bem); e produtores rurais e fornecedores de crédito são
parceiros (co-responsáveis).
Dia/Mês
Horário
Tema
Palestrantes
14:00 às 16:30 Política de Bioenergia Ricardo Abramovay (FEA/USP) 9:30 às 12:00 Política Econômica e Renda na Agricultura José Garcia Gasques (MAPA) 14:00 às 16:30 Organização e Desenvolvimento Territorial Arilson Favareto (UFABC) 14:00 às 16:30 Segurança Alimentar Maristela Simões do Carmo (UNESP) 14:00 às 16:30 Gerenciamento de Risco no Agronegócio Ivan Wedekin (BMF)
Data de Publicação: 18/10/2007
Autor(es): Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros Consulte outros textos deste autor