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Fertilizantes: mercado com forte demanda em 2007
O
mercado de fertilizantes manteve-se bastante aquecido nos sete primeiros meses
de 2007, impulsionado pela forte demanda do setor canavieiro; pela antecipação
de compras pelos produtores de grãos para a safra de verão 2007/08 e,
finalmente, devido ao incremento nas vendas para o milho safrinha (especialmente
no Paraná) em função do aumento da área e maior uso de tecnologia. As entregas
de fertilizantes ao consumidor final no País apresentaram relevante aumento
(55,3% em relação à igual período do ano anterior), totalizando 11,6 milhões de
toneladas de produto, superando a quantidade observada no mesmo período do
triênio 2004-2006.
De
acordo com o critério de regionalização para o Brasil do Sindicato das
Indústrias de Adubo do Estado de São Paulo (SIACESP), no período de janeiro a
julho de 2007, todas as regiões mostraram aumento nas entregas, em relação à
igual período de 2006, a saber: Centro, 63,8%; Sul, 22,8%; Nordeste, 44,7%; e
Norte, 28,1%.
Na
análise por unidades da federação, constatou-se que todos os estados brasileiros
mostraram crescimento nas vendas no referido período, com exceção da Paraíba.
Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, liderou o ranking nas
entregas (19,8% do total), registrando aumento de 144,8% no mencionado período.
Também houve aumento significativo em Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná,
Estados importantes produtores de soja (Tabela 1).
A
antecipação das compras de fertilizantes, em 2007, foi influenciada por diversos
fatores como: aproveitar o bom preço da soja no mercado futuro, evitar perdas
diante de uma alta mais expressiva de preços decorrente de uma demanda mais
aquecida de fertilizantes, bem como para reduzir as aquisições no período de
maior concentração das entregas no segundo semestre, quando costuma haver o
encarecimento dos custos de frete1. Tal fenômeno deverá ocasionar
ligeiro deslocamento na típica sazonalidade do processo de entregas de
fertilizantes.
Tabela 1 - Entregas de Fertilizantes ao Consumidor Final, por Região e Estado, Brasil, 2005-2007
(em 1.000t de produto)
O bom desempenho comercial do setor no Estado de São Paulo refletiu a demanda da lavoura canavieira. Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a produção nacional de cana-de-açúcar no ciclo 2007/08 está estimada em 473,16 milhões de toneladas, com crescimento de 11,1% em relação à safra 2006/07. A área ocupada, atualmente, com essa cultura é de 6,9 milhões de hectares, superior em 12,3% à da safra anterior, sendo que 52,7% estão em São Paulo, totalizando 3,65 milhões de hectares. Estima-se para esta safra uma produtividade média de 79.034 kg/ha, superior à safra 2006/07 em 2,6%2.
Em agosto de 2007, especificamente, segundo fontes do setor, estima-se que as entregas nacionais ficaram 12,8% acima das observadas no mesmo mês do ano anterior, totalizando 2,9 milhões, em toneladas de produto. A projeção para setembro é de que atinjam 3,0 milhões, com as vendas no período de janeiro a setembro de 2007, perfazendo cerca de 17,5 milhões, 33,1 % superior ao observado em igual período de 2006.
Em contraste, os preços dos fertilizantes pagos pelos agricultores no País aumentaram em 2007, em relação ao ano anterior, em função da elevação dos preços dos fertilizantes e das matérias-primas no mercado internacional. Fator explicado pelo aumento da procura mundial por esse insumo, tendo em vista o incremento da produção de biocombustíveis e das cotações internacionais de grãos. Conjuntamente, os fretes marítimos aumentaram até duas vezes mais que o ano passado em várias rotas. Também, observaram-se problemas no lado da oferta mundial. Destaque-se que o mercado doméstico de fertilizantes atende 60% de suas necessidades com importações.
As cotações da uréia importada, por exemplo, passaram de US$ FOB 225-226/t a granel em agosto de 2006 nos EUA - Golfo para US$FOB 329-335/t em agosto de 2007, aumento em torno de 47%. Também, o preço do Fosfato de Monoamônio (MAP) subiu consideravelmente no referido período, ficando em US$FOB430-440/t na Comunidade dos Estados Independentes (CEI) em agosto de 2007 contra US$ FOB245-250/t no mesmo mês do ano anterior. Por sua vez, o cloreto de potássio, principal fertilizante importado, apresentou incremento nos preços, especialmente, no período de maio a agosto de 2007.
Os aumentos nos preços dos fertilizantes contribuíram para que os principais produtos agrícolas, como algodão, arroz, batata, café, cana-de-açúcar, soja e milho, no primeiro semestre de 2007, apresentassem relações de troca desfavoráveis para aquisição desse insumo, quando comparado com o ano anterior, à exceção o trigo. Por exemplo, para o milho em junho de 2006 eram necessárias 40,4 sacas de 60 kg do produto para adquirir uma tonelada de fertilizantes, tendo aumentado para 51,6 sacas em junho de 2007 (Tabela 2).
Nos sete primeiros meses de 2007, a produção da indústria nacional de produtos intermediários para fertilizantes foi superior (12,7%) ao registrado no mesmo período do ano anterior, somando 5,4 milhões de toneladas de produto, em função do aumento da produção dos fosfatados. Já as importações brasileiras de fertilizantes, no referido período, aumentaram consideravelmente (71,5%), perfazendo 9,37 milhões de toneladas de produto. Paranaguá foi o principal porto de desembarque de fertilizantes, seguido de Santos e Rio Grande.
Quanto ao comportamento do setor em 2006, constatou-se que as entregas de fertilizantes ao consumidor final cresceram 3,9% em relação ao ano anterior, totalizando 21 milhões, graças à reação no mercado observada no último quadrimestre do ano, principalmente a partir de outubro.
Tabela 2 - Relações de Trocas1
de Fertilizantes e Produtos Agrícolas Selecionados, Região Centro-Sul, Janeiro
de 2005 a Junho de 20072
Em relação a 2005, o consumo de fertilizantes cresceu para várias culturas, como algodão herbáceo (28,6%), milho (18,1%), café (13,9%), laranja (7,3%), cana-de-açúcar (7,2%), feijão (4,6%) e reflorestamento (7,5%).Em contrapartida, observou-se decréscimo em algumas culturas, como trigo (24,1%), sorgo (12,0%), soja (4,6%) e arroz (3,5%).
Segundo a CONAB, na safra 2006/07, a soja apresentou redução de área plantada de 9,1% e o trigo de 25,6%, em função principalmente das baixas cotações de ambos os produtos na época de implantação das lavouras3.
Em 2006, o Estado de São Paulo ocupou o primeiro lugar nas aquisições de fertilizantes, tendo em vista principalmente o já mencionado bom desempenho comercial para a cultura da cana-de-açúcar, com as entregas totalizando 3,5 milhões de toneladas de produto (acréscimo de 14,1% em relação ao ano anterior). O Estado representou 16,9% das entregas totais, seguido de Mato Grosso (15,0%), Minas Gerais (14,0%), Paraná (13,5%), Rio Grande do Sul (11,4%), Goiás (8,0%) e Bahia (5,8%). O aumento na comercialização de fertilizantes ocorreu na maioria dos Estados, com algumas exceções: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
Na quantidade total de fertilizantes entregue no Brasil, em 2006, a participação das formulações (em tonelada de produto) foi de 77,8% e a dos fertilizantes simples, de 22,2%. Os formulados são comercializados em três formas: granulado, pó e mistura granulada.
A comercialização de fertilizantes em 2006 seguiu um padrão sazonal convencional, com concentração ainda maior das vendas no segundo semestre. Isso se dá simultaneamente ao plantio das culturas de verão que, no ano passado, absorveram 72,3% do total entregue (contra apenas 27,7% no primeiro semestre), destacando-se que 56,8% foram consumidos no quadrimestre agosto-novembro (Figura 1).
Figura 1 - Fertilizantes Entregues ao Consumidor Final, Estado de São Paulo e Brasil, Janeiro de 2005 a Julho de 2007.
Fonte: AMA-BRASIL, ANDA, SIACESP, SIARGS e SIACAN.
Já a produção da indústria nacional de bens intermediários para fertilizantes totalizou 8,8 milhões de toneladas de produto, com incremento de 2,9% comparado com o ano precedente. Observou-se, assim, aumento nas quantidades produzidas, em termos de nutrientes, dos nitrogenados (5,4%), dos fertilizantes fosfatados (7,2%) e dos potássicos (14,1%). No caso das matérias-primas para fertilizantes, observou-se maior produção de amônia, rocha fosfática-industrial, ácido fosfórico e ácido sulfúrico.
As importações brasileiras de produtos intermediários para fertilizantes, no referido período, subiram 3,2%, perfazendo 12,1 milhões de toneladas de produto. O cloreto de potássio foi o principal produto importado, respondendo por 42,1% do total, seguido de uréia (13,2%), sulfato de amônio (13,1%) e fosfato mono-amônio-MAP (9,3%).
Finalizando, as perspectivas para 2007 indicam consumo recorde em torno de 23,5
milhões de toneladas, tendo em vista a expectativa de aumento da área plantada
de grãos (especialmente da soja e do milho) e de cana-de-açúcar na safra
2007/08, bem como maior uso de tecnologia. Também, existe expectativa de
incremento na área de trigo e recuperação de produtividade, estimulada pelos
elevados preços internacionais.
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1ANUÁRIO ESTATÍSTICO: SETOR DE
FERTILIZANTES 2005. São Paulo: ANDA, 2007.
2GOMES, F. Cresce venda de fertilizantes.
O Estado de S. Paulo, São Paulo, 1 ago. 2007, Suplemento Agrícola, p.
4.
3COMPANHIA
NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Cana-de-açúcar safra 2007/2008,
segundo levantamento. ago. 2007. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/2lev-cana.pdf>.
Acesso em: set. 2007.
4COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB.
Acompanhamento da safra brasileira: grãos - Safra 2006/2007, décimo segundo
levantamento. set. 2007. Disponível em: <./">http://www.conab.gov.br>. Acesso em:
set. 2007.
Palavras-chave: mercado de fertilizantes.
Data de Publicação: 04/10/2007
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
