A Força de Volta ao Campo

            No período de janeiro a julho de 2007, o mercado de máquinas agrícolas automotrizes apresentou forte recuperação das vendas para o mercado interno, com expansão de 38% frente a igual período do ano anterior. Nesse período foram produzidas 35.210 máquinas agrícolas, representando incremento de 7.441 novos equipamentos junto ao mercado, comparativamente ao total disponibilizado nos primeiros sete meses de 2006. Também as exportações, anteriormente abaladas pela valorização do real, conseguiram exibir importante recuperação com alta no período de 7,7% (Tabela 1).

            O ramo das colhedoras liderou essa recuperação, ao exibir variação de 107,6% na quantidade comercializada no mercado interno no mesmo período. A recuperação das cotações das principais commodities tornou os agricultores mais propensos à aquisição desses equipamentos. Entre janeiro e julho de 2007, 1.044 colhedoras foram comercializadas no mercado interno, concluindo que esse mercado voltará a patamares de negócios da ordem das 2.000 máquinas, ou seja, avanço em direção à normalidade da demanda do agronegócio brasileiro.

            Os tratores de rodas, maior item de vendas internas em unidade de equipamentos, apresentaram crescimento de 46,2% nos primeiros sete meses do ano, com comercialização de 16.592 máquinas. Considerando que a sazonalidade de demanda de tratores de rodas concentra suas vendas no segundo semestre, possivelmente esse mercado feche o ano com a colocação de mais de 32 mil novos tratores. Animadora também é a recuperação das exportações desse ramo, com aumento de 9,4% dos embarques no período.

            Os demais tipos de equipamentos produzidos e comercializados pelo setor exibiram comportamentos díspares. Enquanto os cultivadores motorizados (vulgo tratores de rabiças) e as retroescavadoras apresentaram declínio tanto na produção como nas vendas, os tratores de esteiras exibiram variação da produção e vendas positivas e de dois dígitos.

            A contratação de funcionários ocupados nas montadoras, que vinha se mantendo estável nos últimos dois anos, passa, em julho de 2007, a apresentar expansão de 11% no número total de postos de trabalhos ativos no setor. Finalmente, o resultado das exportações no ano poderá alcançar US$2,5 bilhões, muito superior ao resultado contabilizado em 2006. Tal hipótese ganha consistência em razão do maior conteúdo tecnológico das máquinas exportadas e da contínua ampliação da carteira de clientes dos produtos brasileiros.


Tabela 1 - Produção, Venda e Exportação de Máquinas Agrícolas Automotrizes, Brasil, 2005 e 2006 e Janeiro a Julho de 2006 e 2007

Item
Unidade
2005

(a)

2006

(b)

Janeiro a julho1
(b/a-1)*100

 

(c/d-1)*101

 

2006 (c)
2007 (d)
Tratores de rodas              
Produção
u.
40.871 
35.586 
20.971 
27.732 
-12,9
32,2
Vendas no mercado interno
u.
17.729 
20.435 
11.346 
16.592 
15,3
46,2
Nacionais
u.
17.543 
20.141 
11.207 
16.510 
14,8
47,3
Importados
u.
186 
294 
139 
82 
58,1
-41,0
Exportação
u.
23.968 
16.532 
9.550 
10.450 
-31,0
9,4
Total das vendas
u.
41.697 
36.967 
20.896 
27.042 
-11,3
29,4
Colheitadeiras              
Produção
u.
4.229 
2.314 
1.562 
2.492 
-45,3
59,5
Vendas no mercado interno
u.
1.534 
1.030 
503 
1.044 
-32,9
107,6
Nacionais
u.
1.533 
1.030 
503 
1.034 
-32,8
105,6
Importados
u.
10 
-
0,0
Exportação
u.
3.001 
1.867 
1.350 
1.314 
-37,8
-2,7
Total das vendas
u.
4.535 
2.897 
1.853 
2.358 
-36,1
27,3
Cultivadores Motorizados              
Produção
u.
2.183 
1.940 
1.350 
1.057 
-11,1
-21,7
Vendas no mercado interno
u.
2.141 
1.857 
1.215 
1.011 
-13,3
-16,8
Nacionais
u.
2.141 
1.857 
1.215 
1.011 
-13,3
-16,8
Importados
u.
Exportação
u.
34 
46 
30 
45 
35,3
50,0
Total das vendas
u.
2.175 
1.903 
1.245 
1.056 
-12,5
-15,2
Tratores de esteiras              
Produção
u.
2.681 
2.781 
1.622 
1.818 
3,7
12,1
Vendas no mercado interno
u.
408 
300 
172 
221 
-26,5
28,5
Nacionais
u.
408 
300 
172 
217 
-26,5
26,2
Importados
u.
4,0 
Exportação
u.
2.202 
2.593 
1.435 
1.569 
17,8
9,3
Total das vendas
u.
2.610 
2.893 
1.607 
1.790 
10,8
11,4
Retroescavadeiras              
Produção
u.
2.907 
3.444 
2.264 
2.111 
18,5
-6,8
Vendas no mercado interno
u.
1.410 
2.050 
1.379 
1.307 
45,4
-5,2
Nacionais
u.
1.410 
2.050 
1.379 
1.307 
45,4
-5,2
Importados
u.
Exportação
u.
1.473 
1.399 
777 
781 
-5,0
0,5
Total das vendas
u.
2.883 
3.449 
2.156 
2.088 
19,6
-3,2
Máquinas agrícolas (total)              
Produção
u.
52.871 
46.065 
27.769 
35.210 
-12,9
26,8
Vendas no mercado interno
u.
23.222 
25.672 
14.615 
20.175 
10,6
38,0
Nacionais
u.
23.035 
25.378 
14.476 
20.079 
10,2
38,7
Importados
u.
187 
294 
139 
96 
57,2
-30,9
Exportação
u.
30.678 
22.437 
13.142 
14.159 
-26,9
7,7
Total das vendas
u.
53.900 
48.109 
27.757 
34.334 
-10,7
23,7
Emprego 
pessoas
13.202 
13.136 
13.129 
14.576 
-0,5
11,0
Receita Cambial
US$
2.048.548 
2.106.777 
1.235.405 
1.267.515 
2,8
2,6

¹Emprego refere-se ao mês de julho.

Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA)1.


            Desde meados de 2004, as vendas mensais de máquinas agrícolas exibiram tendência de desaceleração, desconsiderando-se, obviamente, os desvios sazonais característicos desse setor; voltam a crescer em 2007, uma vez que as vendas para o mercado interno mostram vigorosa recuperação, sinalizando que o mercado deverá encontrar novo patamar de suporte com a comercialização de aproximadamente 4.000 máquinas ao mês (Figura 1).


Figura 1 - Vendas Mensais de Máquinas Agrícolas Automotrizes no Mercado Interno, Brasil, Janeiro de 2001 a Julho de 2007.

Fonte: ANFAVEA1.


            Cerca de metade das exportações mantém-se atreladas ao mercado sul-americano tendo forte concentração em apenas três países com grande participação dos seguintes países: Argentina (5.585 unidades), Venezuela (1.904u.) e Chile (951u.) que, juntos, perfizeram 77% das exportações para a região. No continente africano, a África do Sul continua sendo o maior mercado para as máquinas brasileiras, tendo absorvido 38% das exportações totais para a região que totalizaram 1.236 unidades em 2006. Na América do Norte, as vendas foram concentradas para os Estados Unidos que absorveu 81% dos embarques (Figura 2).

            Dentro da federação brasileira, o Estado de São Paulo constitui a maior demanda para o setor de máquinas agrícolas, absorvendo 36% das vendas para o mercado interno. Outros três Estados (Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina) demandam conjuntamente volume similar ao movimentado pelo mercado paulista. Esse fato revela a importância assumida, em primeiro lugar, pelo setor sucro-alcooleiro e, em segundo, pela citricultura que juntos, sem dúvida, são o maior mercado para a oferta de tratores de rodas das montadoras brasileiras (Figura 3).


Figura 2 - Participação Percentual das Exportações de Máquinas Agrícolas Automotrizes, por Continente, 2006.

Fonte: Anuário ANFAVEA 20072.


 
 

Figura 3 - Participação Percentual Vendas Internas de Máquinas Agrícolas, por Unidade da Federação, Brasil, 2006.

Fonte: Anuário ANFAVEA 20072.


            A expansão do cinturão canavieiro para outros estados carrega consigo a demanda por máquinas agrícolas, notadamente, de tratores. O forte endividamento dos produtores de grãos do Centro-Sul limita sua propensão à aquisição de novas máquinas agrícolas, apesar da existência do MODERFROTA, representando, portanto, o agronegócio sucroalcooleiro o mercado mais dinâmico para as montadoras.
_____________________________________________________________
¹Carta da ANFAVEA. São Paulo, jul. 2007.
²ANUÁRIO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA – ANFAVEA. São Paulo, 2007.

Palavras-chave: mercado de máquinas, tratores.

Data de Publicação: 29/08/2007

Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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