Flores: desempenho do comércio exterior no primeiro semestre de 2007

            As exportações do setor acumularam US$17,3 milhões no primeiro semestre de 2007, segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (SECEX-MDIC)1. O crescimento apresentado foi de 5,4% em relação ao mesmo período de 2006. Por outro lado, as importações apresentaram crescimento de 10,6%, passando de US$5,3 milhões para US$5,8 milhões. Conseqüentemente, o saldo da balança comercial apresentou crescimento de apenas 2,9%, com superávit de US$11,4 milhões, no mesmo patamar dos US$11,1 milhões do primeiro semestre de 2006 (Tabela 1).

Tabela 1 - Balança Comercial Brasileira dos Produtos da Floricultura, Primeiro Semestre de 2006 e de 2007

(milhão de US$FOB) 
Item
2006
2007
Var. %
Exportação
16,4
17,3
5,4
Importação
5,3
5,8
10,6
Saldo
11,1
11,4
2,9

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA) com base em SECEX (2007).

            A análise gráfica da balança comercial brasileira dos produtos da floricultura no primeiro semestre de 1997 ao de 2007 indica claramente a desaceleração no crescimento das exportações neste ano, concomitante à inversão na tendência nas importações - que passou a ser crescente - apresentando ritmo bem menor no crescimento do saldo comercial no primeiro semestre de 2007 em relação ao mesmo período de 2006 (Figura 1).

            Por grupo2 de produtos, o valor das exportações apresentou a seguinte composição: mudas (52,1%), bulbos (29,8%), flores (12,8%) e folhagens (5,2%). O grupo de bulbos foi o que apresentou maior variação porcentual no valor exportado (+15,4%), em relação ao mesmo período de 2006, seguido pelo de mudas (+10,2%).Nos demais grupos, o desempenho foi bastante desfavorável: flores (-15,3%) e folhagens (-21,0%).

Figura 1 - Balança Comercial Brasileira dos Produtos da Floricultura, Primeiro Semestre de 1997 ao de 2007.


Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA) com base em SECEX (2007).



            No período em análise, a importação de produtos de floricultura apresentou a seguinte variação em relação a 2006: flores (+18,2%), mudas (+10,1%), bulbos (+8,6%) e folhagens (-36,9%) (Figura 2).

Figura 2 - Balança Comercial Brasileira dos Produtos da Floricultura, por Grupo, Primeiro Semestre de 2006 ao de 2007.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA) com base em SECEX (2007).

            As exportações dos produtos da floricultura brasileira, no primeiro semestre de 2007, foram destinadas a 24 países, sendo 75,5% do valor exportado preenchido por dois parceiros comerciais de destaque: a Holanda, com US$9,7 milhões, respondeu por 56,0% da fatia total com desempenho significativo (+15,0%); e os Estados Unidos, com US$3,4 milhões (19,5% da fatia), com desempenho também positivo (+2,5%). Outros países de destino que se destacaram em termos de valor exportado foram: Itália (7,6%), Bélgica (4,1%), Japão (3,0%), Portugal (2,3%) e Alemanha (1,8%) (Tabela 2).

Tabela 2 - Exportação dos Produtos da Floricultura Brasileira, por País de Destino, Primeiro Semestre de 2006 e de 2007

País
2006
2007
Var. (%) 2007/06 
US$ FOB
Ranking
Part. (%)
US$ FOB
Ranking
Part. (%)
Part. acum. (%)
Holanda
8.418.751 
51,3 
9.685.732 
56,0 
56,0 
15,0
Estados Unidos
3.283.911 
20,0 
3.366.966 
19,5 
75,5 
2,5
Itália
1.453.684 
8,9 
1.319.125 
7,6 
83,2 
-9,3
Bélgica
665.880 
4,1 
711.871 
4,1 
87,3 
6,9
Japão
754.789 
4,6 
512.164 
3,0 
90,2 
-32,1
Portugal
357.162 
2,2 
392.165 
2,3 
92,5 
9,8
Alemanha
199.090 
1,2 
302.883 
1,8 
94,3 
52,1
Espanha
286.094 
1,7 
177.620 
1,0 
95,3 
-37,9
Canadá
318.795 
1,9 
161.967 
0,9 
96,2 
-49,2
México
149.808 
10 
0,9 
116.599 
10 
0,7 
96,9 
-22,2
Paraguai
-
-
-
99.204 
11 
0,6 
97,5 
-
Chile
36.755 
16 
0,2 
83.223 
12 
0,5 
98,0 
126,4
Uruguai
74.427 
12 
0,5 
69.017 
13 
0,4 
98,4 
-7,3
Suíça
119.350 
11 
0,7 
63.456 
14 
0,4 
98,7 
-46,8
Argentina
42.905 
15 
0,3 
52.317 
15 
0,3 
99,0 
21,9
França
3.298 
26 
0,0 
47.232 
16 
0,3 
99,3 
1.332,1
Reino Unido
9.301 
21 
0,1 
40.444 
17 
0,2 
99,5 
334,8
Angola
11.200 
20 
0,1 
24.434 
18 
0,1 
99,7 
118,2
Rússia
650 
31 
0,0 
18.190 
19 
0,1 
99,8 
2.698,5
Irlanda
-
-
-
15.000 
20 
0,1 
99,9 
-
República Tcheca
-
-
-
12.048 
21 
0,1 
99,9 
-
Dinamarca
55.784 
13 
0,3 
5.862 
22 
0,0 
100,0 
-89,5
Peru
5.000 
24 
0,0 
2.539 
23 
0,0 
100,0 
-49,2
Haiti
-
-
-
1.242 
24 
0,0 
100,0 
-
Hungria
51.752 
14 
0,3 
-
-
-
-
-100,0
China
36.700 
17 
0,2 
-
-
-
-
-100,0
Polônia
21.080 
18 
0,1 
-
-
-
-
-100,0
Namíbia
16.998 
19 
0,1 
-
-
-
-
-100,0
Guatemala
6.716 
22 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
Cabo Verde
5.204 
23 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
Hong Kong
3.580 
25 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
África do Sul
3.273 
27 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
Suriname
3.155 
28 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
Nova Caledônia
1.729 
29 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
Tailândia
700 
30 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
Costa Rica
518 
32 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
Bolívia
495 
33 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
Rep.Centro 

Africana

208 
34 
0,0 
-
-
-
-
-100,0
Total
16.398.742
 
100,0 
17.281.300 
 
100,0 
 
5,38

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA) com base em SECEX (2007).

            Embora ocupe cada um menos de 1% na fatia exportada, os seguintes parceiros comerciais se destacaram em termos de desempenho relativo: Chile (+126,4%), França (+1.332,1%), Reino Unido (+334,8%), Angola (+118,2%) e Rússia (+2.698,5%). Paraguai surgiu no cenário como meteoro em 2007 ocupando a 11a posição no ranking dos países importadores.

            Os dados mensais de exportação brasileira de janeiro a junho de 2007, confirmando as tendências já observadas na análise semestral, mostram resultados semelhantes aos mesmos meses de 2006. Em 2007, destacou-se o valor exportado em junho (US$4,8 milhões) que foi destaque também em 2006 (Figura 3).

Figura 3 - Exportação Mensal dos Produtos da Floricultura Brasileira, 2003 a 2007.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA) com base em SECEX (2007).

            A análise do desempenho do comércio exterior dos produtos da floricultura no primeiro semestre de 2007 sinaliza que as fontes de crescimento sustentável do setor estão cada vez mais escassas. A exportação de flores frescas, outrora promissora, não apresentou sustentação no período analisado. O grupo de folhagens é o que continua apresentando frágil desempenho.

            Confirmando a queda no dinamismo do setor no primeiro semestre de 2007, os dez países no ranking dos parceiros comerciais da floricultura brasileira - com 96,9% do valor da exportação brasileira - continuam os mesmos de 2006. Isso significa maiores desafios para os agentes do setor e, no mínimo, a necessidade de maiores informações e criatividade.
____________________________________________________
1Considerou-se nesta análise o grupo de produtos especificados na Nomenclatura Comum do MERCOSUL, NCM 06 da SECEX/MDIC - Secretaria de Comércio Exterior, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - Exportação, Importação e o Saldo da Balança Comercial brasileira de plantas vivas e produtos da floricultura. Disponível em: <http://aliceweb.mdic.gov.br/consulta_nova/resultadoConsulta.asp>. Acesso em: 25 jul. 2007.
2O Capítulo 06 da Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) é composto por quatro agrupamentos de produtos: de bulbos (bulbos, tubérculos, rizomas, etc.), de mudas (mudas de plantas ornamentais, de orquídeas etc.), de flores (flores cortadas para buquês, frescas ou secas) e folhagens (folhas, folhagens e musgos para floricultura). No grupo de mudas, estão incluídos os de não-ornamentais como café, cana e videira em valores ínfimos.

Palavras-chave: produtos da floricultura, flores, exportação.

Data de Publicação: 24/08/2007

Autor(es): Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor
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