Preços Agropecuários: recuo de 4,84% na segunda quadrissemana de julho

            Na segunda quadrissemana de julho de 2007, o Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1 apresentou variação negativa de 4,84%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) registrou queda mais acentuada (11,58%). Já o IqPR-A (produtos de origem animal) sofreu alta de 9,02% (Tabela 1).

Tabela 1. Variação do IqPR, Estado de São Paulo, 2ª quadrissemana de julho de 2007.

São Paulo
São Paulo s/cana
IqPR
– 4,84% 
– 2,65% 
IqPR-V
– 11,58% 
– 14,00% 
IqPR-A
9,02% 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola

            Para o IqPR sem a cana-de-açúcar (não inclui o produto no cálculo do índice), a variação vai para -2,65%. O IqPR-V sem a cana tem redução maior (14,00%), favorecida principalmente pelas laranjas (indústria e mesa) que apresentaram significativas quedas no período.

            A figura 1 mostra que, nas últimas quatro quadrissemanas, o IqPR vem apresentando uma aceleração na queda dos preços. Este comportamento é influenciado pelos produtos de origem vegetal (IqPR-V), que vêm registrando um declínio mais acentuado neste período. Em sentido contrário, as cotações dos produtos de origem animal (IqPR-A) vêm registrando alta nas últimas seis quadrissemanas.

Figura 1 - Evolução dos índices quadrissemanais de preços agropecuários, 3ª de abril de 2007 à 2ª quadrissemana de julho de 2007.

 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola

            Os produtos com maior queda de preços nesta quadrissemana foram: laranja para mesa (43,35%), tomate para mesa (34,26%), batata (26,25%), laranja para indústria (25,73%), algodão (9,16%) e cana-de-açúcar (9,16%) (Tabela 2).

Tabela 2 - Variações das cotações dos produtos, Estado de São Paulo, segunda quadrissemana de julho de 2007.

Origem
Produto
Preços (R$)
Variação (%)
2ª Junho/07
2ª Julho/07
VEGETAL
Algodão
41,28
37,50
- 9,16 
Amendoim
24,65
24,33
- 1,29 
Arroz
27,51
28,04
1,92 
Banana nanica
5,25
6,53
24,31 
Batata
38,67
28,52
- 26,25 
Café
231,31
234,12
1,21 
Cana-de-açúcar 
308,07
279,86
- 9,16 
Feijão
77,62
77,21
- 0,53 
Laranja p/ Indústria
11,76
8,74
- 25,73 
Laranja p/ Mesa 
17,05
9,66
- 43,35 
Milho
16,49
16,19
- 1,86 
Soja
28,25
29,15
3,18 
Tomate p/ Mesa
19,10
12,55
- 34,26 
Trigo
29,70
29,70
0,00 
ANIMAL
Carne Bovina
54,55
57,61
5,61 
Carne de Frango
1,26
1,52
20,54 
Carne Suína
32,54
34,05
4,66 
Leite B
0,57
0,60
3,97 
Leite C
0,53
0,55
3,49 
Ovos
37,62
41,95
11,51 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola

            A queda no preço da laranja de mesa deve-se à boa oferta nesta época do ano, mas principalmente ao recuo no consumo da fruta, pela redução do consumo de sucos no inverno e pela concorrência dos demais citros e frutas.

            O tomate para mesa apresentou queda nas cotações em virtude do excesso de oferta do produto.

            Os produtos que apresentaram maior alta de preços foram: banana nanica (24,31%), carne de frango (20,54%), ovos (11,51%), carne bovina (5,61%), carne suína (4,66%) e os leites tipo B (3,97%) e tipo C (3,49%) (Tabela 2).

            A banana nanica teve a maior elevação de preços no período, em decorrência da baixa produção, conseqüência das quedas de temperatura que limitaram o desenvolvimento da fruta.

            O bom desempenho das exportações continua pressionando o preço da carne de frango no mercado interno. A baixa oferta dos ovos tem provocado a elevação dos preços deste produto.

            No caso do leite, o clima prejudicou as pastagens (principal fonte de alimento para os animais), reduzindo a produção. Além disso, verifica-se escassez do produto no mercado externo (há um déficit de leite em pó na Austrália e na Nova Zelândia, que normalmente abastecem o mercado mundial), apesar de apenas cerca de 3% da produção nacional ser exportada. Estes fatores têm pressionado a cotação do leite.

            Porém, este aumento ao produtor não justifica os preços praticados no varejo. Ou seja, os laticínios aumentaram os valores recebidos nas suas vendas para a rede varejista, aproveitando-se tanto da condição oligopolística que desfrutam quanto da capacidade de fazer preços na entressafra e da escassez do mercado externo.

            No período analisado, 10 produtos apresentaram alta de preços, dos quais quatro de origem vegetal e seis de origem animal. Já nove produtos registraram quedas, todos do segmento vegetal.

            Em suma, os produtos animais puxaram o IqPR para cima e os produtos vegetais para baixo. Mas como os vegetais têm maior peso na ponderação do índice e apresentaram quedas mais significativas, isto fez com que o índice fechasse o período com valor negativo.
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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro segundas semanas (base), sendo a referência = 16/05/2007 a 15/06/2007 e base = 16/06/2007 a 15/07/2007.

Data de Publicação: 19/07/2007

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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