Distribuição e representatividade das exportações regionais do agronegócio no Estado de São Paulo em 2006¹

            As exportações totais do Estado de São Paulo somaram no ano de 2006 o montante de US$50,1 bilhões, com variação positiva de 21,1% em comparação com 2005 quando atingiu US$41,4 bilhões. Para os agronegócios paulistas, no ano de 2006, o valor das exportações totalizou US$16,9 bilhões, implicando crescimento de 33,5% em relação ao ano anterior (US$12,7 bilhões). Evidencia-se a importância da participação das exportações dos produtos dos agronegócios nas exportações totais do Estado, já que em 2005 era de 30,6% e, em 2006, passou para 33,7%, registrando aumento de três pontos percentuais nesse período (Tabela 1).

Tabela 1 - Valor Total das Exportações do Estado de São Paulo, 2005 e 2006
(US$ bilhão)
 


                                                Fonte: Elaborada pelo IEA a partir de dados SECEX/MDIC.

            Ao se agregar os valores das exportações dos municípios paulistas, segundo a regionalização definida pela área de abrangência dos Escritório de Desenvolvimento Rural (EDRs), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, verifica-se que o EDR de São Paulo atua como a principal região exportadora paulista, com US$20,6 bilhões, e 41,1% de participação no total estadual. Isso também ocorre para os produtos dos agronegócios, cujas vendas externas somam US$6,7 bilhões com 39,8% de participação no total setorial paulista, além de variação positiva de 36,2% em comparação com o ano de 2005. A representatividade dos agronegócios no total exportado pelas empresas localizadas no EDR é de 32,7%, o que configura as regiões metropolitanas da Capital e da Baixada Santista como as mais relevantes para as exportações setoriais paulistas (Tabela 2).

Tabela 2 - Exportação dos Produtos dos Agronegócios e Total por EDR do Estado de São Paulo, Classificado por Importância do Agronegócio, 2006

 

            Deve-se registrar que a área de atuação do EDR de São Paulo não consiste numa região agropecuária, em função de que o expressivo valor exportado dos agronegócios é decorrente de empresas exportadoras sediadas principalmente nos municípios de São Paulo e Santos, onde se registram as saídas (vendas) para exportação. Isso mostra a relevância da utilização do conceito de cadeias de produção (da roça à mesa) para entender as dinâmicas das agriculturas regionais, pois apenas assim pode-se incorporar os corolários dos agro-serviços nas respectivas economias que não se explicam mais somente pela magnitude do segmento agropecuário da agricultura.
            Tendo em conta o gradiente crescente de representatividade, as vendas externas das empresas sediadas na área geográfica do EDR de Araraquara aparecem em segundo lugar. As exportações dos agronegócios regionais atingiram US$ 1,4 bilhão em 2006, levando a crescimento de 27,6% em relação a 2005 e consolidando 8,2% de participação nos agronegócios paulistas. Nas exportações totais paulistas, a região abrangida pelo EDR de Araraquara ocupa o 6º lugar, com participação de apenas 3,8% no total. Já em termos de proporção das exportações dos agronegócios no total exportado pela região atingiu-se 72,3%, revelando a expressiva relevância setorial para a dinâmica da economia local.
            Em seguida, na ordem de importância dentro dos agronegócios em 2006, aparecem as empresas da área de atuação do EDR de Lins com 7,1% de participação nas vendas setoriais somando US$1,2 bilhão, fruto de crescimento de 32,6% em relação ao ano de 2005. Mais uma vez para as economias regionais a representatividade das vendas externas dos agronegócios no total exportado nessa região alcançou 98,7%, mostrando a importância da agricultura na economia local. Dentro das exportações paulistas, as empresas baseadas na área de atuação do EDR de Lins ocupam o 8º lugar, com participação de 2,4%.
            Em 4º lugar nos agronegócios paulistas, aparecem as empresas da área de atuação do EDR de Piracicaba com US$971 milhões exportados que representam 5,8% do total setorial a partir do crescimento expressivo de 56,1%, quando se comparam os resultados de 2006 com os de 2005. Contudo, representatividade dos agronegócios no total das vendas externas regionais atinge 35,8%, o que configura uma maior presença exportadora na economia local de empresas de outros setores da economia. Isso fica nítido quando se visualiza que no ranking geral do Estado de São Paulo todas as empresas exportadoras dessa área geográfica ocupam a 4ª posição com US$2,7 bilhões.
            As empresas sediadas nos territórios de atuação dos EDRs de Barretos e Ribeirão Preto aparecem em 5º e 6º lugares no ranking do agronegócios paulistas e participação de 4,9% e 3,6% respectivamente. Também apresentaram excelentes crescimentos (Barretos 48,5% e Ribeirão Preto 60,8%) quando se compara o ano de 2006 com o anterior. Já na representatividade das exportações dos agronegócios nas vendas externas totais de cada região, mostram que aquelas derivadas da região de Barretos decorrem quase que exclusivamente das vendas setoriais (99,6%), ainda que seja expressiva em Ribeirão Preto (77,1%), que demonstra serem suas economias voltadas para a agricultura. Nas exportações totais paulistas, essas regiões ocupam respectivamente a 11ª e a 12ª posições.
            Em termos de crescimento das áreas de atuação dos 40 EDRs, em 33 deles verificaram-se variações positivas das exportações das empresas dos agronegócios, e apenas 7 delas foram negativas. O destaque setorial consiste na região de Ourinhos onde, enquanto a variação do total exportado registrou queda de 44,7%, as vendas dos agronegócios cresceram 284,3%. Em seguida aparecem como regiões que tiveram aumento acima de 50%: Votuporanga (140,0%), Tupã (120,6%), General Salgado (110,0%), Catanduva (108,5%), Avaré (106,8%), Dracena (105,4%), Jaboticabal (97,3%), Itapeva (83,1%), Orlândia (72,1%), Araçatuba (72,0%), Ribeirão Preto (60,8%), Jaú (59,5%) e Piracicaba (56,1%). Por outro lado, a região de São João da Boa Vista registrou a maior queda nas exportações (23,4%), seguida das de Franca e de Andradina (9,0%); de Bauru, Pindamonhangaba e Bragança Paulista (3,6%); e de Fernandópolis (0,6%).
            Quanto à representatividade dos agronegócios nas exportações totais de cada região, verifica-se o papel preponderante na economia exportadora paulista, uma vez que, das 40 regiões de atuação dos EDRs, em vinte delas observam-se importâncias percentuais acima dos 80%. Pela ordem nesse quesito estão: Presidente Venceslau (100,0%), Assis e Jales (99,9%), Catanduva e Barretos (99,6%), Fernandópolis (99,1%), Dracena (99,0%), Avaré (98,8%), Lins (98,7%), Presidente Prudente (98,0%), Tupã (97,4%), Votuporanga (96,2%), Jaú (95,6%), São José do Rio Preto (94,0%), Orlândia (92,8%), Franca (92,6%), Ourinhos (90,9%), Itapeva (89,0%), São João da Boa Vista (82,0%) e Marília (81,9%). Esses indicadores mostram que o interior da principal unidade da federação brasileira, quanto à magnitude do desenvolvimento industrial, se move pelos empreendimentos dos agronegócios (Figura 1)2.
            Na faixa intermediária, em que a representatividade dos agronegócios nas exportações totais variam entre 60% e 80%, situam-se as regiões de Jaboticabal, Ribeirão Preto, Andradina, Itapetininga, Araraquara e Araçatuba. Já na faixa de 40% até 60% de representatividade aparecem as de Registro, Bragança Paulista, Limeira e Mogi das Cruzes. Finalizando, em percentuais de 20 até 40 vêm as regiões de General Salgado, Piracicaba, São Paulo e Botucatu. Abaixo dos 20% de representatividade estão 6 regiões: Guaratinguetá, Bauru, Mogi-Mirim, Campinas, Sorocaba e Pindamonhangaba, sendo que as quatro últimas regiões apresentam baixa representatividade dos agronegócios, devido à forte exportação de produtos industrializados e de alto nível tecnológico dos demais setores como aeronaves, aparelhos de telefonia móvel, peças automotivas e outras.
            Em linhas gerais, o que se verifica com base nessas estatísticas regionais de exportações, realizadas pelas empresas sediadas nas diversas regiões paulistas, é que, principalmente, nas regiões que formam o entorno do complexo metropolitano formado por Campinas, São Paulo, Sorocaba, Santos e São José dos Campos, situam-se as regiões paulistas onde a representatividade dos agronegócios nas exportações totais se mostram menores. Noutro recorte, pode-se afirmar que, para a imensa maioria das regiões paulistas os principais negócios exportadores são os agronegócios, com o que esse setor tem papel estratégico na formação das políticas de desenvolvimento estadual, em especial no desenho de políticas públicas geradoras de emprego e de renda que necessariamente devam estar submetidas ao axioma da busca da redução das disparidades inter-regionais, dramaticamente expressivas no caso paulista. Por conseguinte, descentralizar as ações governamentais e o poder de decisão sobre prioridades, em especial da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, para mais além do eixo São Paulo-Campinas, constitui-se uma necessidade inadiável.

Figura 1 - Distribuição Geográfica da Representatividade do Agronegócio nas Exportações Totais, por EDR, Estado de São Paulo, 2006.

 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos SECEX/MDIC.

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1Este artigo integra uma pesquisa mais ampla, que objetiva identificar o valor das exportações regionais dos agronegócios no Estado de São Paulo, denominada 'Exportações e dinâmicas regionais dos agronegócios paulistas' cujos resultados estão em fase final de análise. Especificamente neste artigo, detalharam-se as exportações paulistas segundo a área de atuação dos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, visando mostrar a importância das vendas externas dos agronegócios em relação às exportações totais de cada região. Para análise, foram utilizados os dados dos principais produtos exportados (40 no total) dos municípios paulistas que somados representam 91,02% do valor total exportado, que possibilitou a criação de um banco de dados de forma a permitir agregá-los por diferentes tipos de regiões. Os dados foram coletados nos relatórios contidos no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e levam em conta a exportação segundo o domicílio fiscal da empresa exportadora, logo não se trata de exportação da produção local.
2Os autores agradecem a colaboração da Técnica de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica Maria Cristina Teixeira de Jesus Rowies na elaboração da figura.

Palavras-chave: comércio exterior, exportação, representatividade, agronegócios.


Data de Publicação: 06/06/2007

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor