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Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro de 2007 - Primeiro Trimestre
De janeiro a março de 2007, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$11,22 bilhões (33,1% do total nacional), e as importações2, US$10,54 bilhões (41,8% do total nacional), registrando superávit de US$0,68 bilhão. Em relação ao período de janeiro a março de 2006, o valor das exportações paulistas aumentou 17,1% e o das importações, 30,9%, reduzindo o saldo comercial (Figura 1). O desempenho paulista de crescimento nas exportações (+17,1%), comparando-se o conjunto dos primeiros três meses de 2006 e de 2007, ficou acima da média brasileira (+15,4%). Entretanto, nas importações ocorreu maior incremento em São Paulo (+30,9%) do que no Brasil (+25,4%). Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o saldo da balança comercial paulista teve queda (-55,6%) muito maior que o da brasileira (-6,2%). Figura 1 - Balança Comercial, Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2006 e 2007. Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC. Os agronegócios paulistas também apresentaram exportações crescentes (+29,2%), atingindo US$3,45 bilhões, enquanto as importações aumentaram 35,2%, somando cerca de US$1,23 bilhão, com saldo de US$2,22 bilhões3, 26,1% maior do que o de janeiro a março de 2006. Em função disso, há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios - somaram US$9,31 bilhões para exportações de US$7,77 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado, de US$1,54 bilhão de janeiro a março de 2007 (Figura 2). Assim, conclui-se que os superávits do comércio exterior paulista continuam a depender do desempenho dos agronegócios estaduais. Figura 2 - Balança Comercial dos Agronegócios, Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2006 e 2007. Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC. A participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado aumentou 2,8 pontos percentuais, enquanto a participação das importações elevou-se 0,4 ponto percentual na comparação dos primeiros trimestres de 2006 e 2007 (Figura 3). Figura 3 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2006 e 2007. A balança comercial brasileira registrou superávit de US$8,70 bilhões de janeiro a março de 2007, com exportações de US$33,92 bilhões e importações de US$25,22 bilhões. Esse superávit, 6,2% menor do que o do mesmo período em 2006, aconteceu devido ao aumento nas exportações (+15,4%) inferior ao das importações (+25,4%) (Figura 4). A valorização da moeda brasileira afetou de forma relevante os indicadores do comércio exterior nacional, estimulando importações. Figura 4 - Balança Comercial, Brasil, Janeiro a Março de 2006 e 2007. No primeiro trimestre de 2007, as exportações dos agronegócios brasileiros cresceram 20,1% em relação ao ano anterior, atingindo US$12,45 bilhões (36,7% do total). Já as importações do setor aumentaram 44,2%, também em comparação com janeiro a março de 2006, somando US$3,49 bilhões (13,8% do total). O superávit dos agronegócios de janeiro a março de 2007 foi de US$8,96 bilhões4, 12,7% superior ao do mesmo período do ano anterior (Figura 5). Assim, a despeito da crise setorial, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira, pois não fosse a continuidade do crescimento dos saldos comerciais setoriais, o comércio exterior nacional apresentariadéficit. Figura 5 - Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, Janeiro a Março de 2006 e 2007. Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC. Figura 6 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Brasil, Janeiro a Março de 2006 e 2007. Figura 7 - Participação da Balança Comercial Paulista no Total do Brasil, Janeiro a Março de 2006 e 2007. Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC. Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações setoriais de São Paulo nos primeiros três meses de 2007 representaram cerca de 27,7%, ou seja, 2,0 pontos percentuais a mais que no mesmo período de 2006, enquanto as importações representaram 35,2%, sendo 2,4 pontos percentuais inferior à verificada no ano anterior (Figura 8). Figura 8 - Participação do Agronegócio Paulista no Brasileiro, Balança Comercial, Janeiro a Março de 2006 e 2007. Os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios paulistas, em 2006, foram: cana e sacarídeas (US$979,50 milhões), bovídeos (US$807,29 milhões), frutas (US$530,84 milhões), produtos florestais (US$404,46 milhões) e agronegócios especiais (US$168,98 milhões), que juntos perfizeram 83,8% das exportações setoriais paulistas (Tabela 1). Tabela 1 - Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias, Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2007
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
As participações dos agronegócios nos totais do País cresceram tanto em termos das exportações (+1,4 ponto percentual) como das importações (+1,8 ponto percentual) (Figura 6).
As participações paulistas nos totais da balança comercial brasileira cresceram tanto em termos das exportações (+0,5 ponto percentual) como no tocante às importações (1,8 ponto percentual) (Figura 7).
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Grupo de mercadorias Cana e sacarídeas Bovídeos - bovinos Frutas Produtos florestais Agronegócios especiais Bens de capital / insumos Café e estimulantes Cereais/leguminosas/oleaginosas Têxteis Suínos e aves Flores e ornamentais Pescado Olerícolas Fumo Agronegócios
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Em âmbito nacional, os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações dos agronegócios foram: bovídeos-bovinos (US$2,16 bilhões), produtos florestais (US$2,07 bilhões), cereais/leguminosas/oleaginosa (US$1,94 bilhão) e cana e sacarídeas (US$1,59 bilhão) que, no conjunto, totalizaram 72,6% das vendas externas dos agronegócios (Tabela 2).
Tabela 2 - Exportações dos Agronegócios, por Grupo de Mercadorias, Brasil, Janeiro a Março de 2007
Grupo de mercadorias | US$ 1.000 | Part. % |
Bovídeos - bovinos | 2.157.576 | 17,34 |
Produtos florestais | 2.072.152 | 16,65 |
Cereais/leguminosas/oleaginosas | 1.938.634 | 15,58 |
Cana e sacarídeas | 1.588.462 | 12,76 |
Suínos e aves | 1.284.121 | 10,32 |
Café e estimulantes | 1.026.228 | 8,25 |
Frutas | 741.946 | 5,96 |
Bens de capital / insumos | 470.788 | 3,78 |
Têxteis | 408.447 | 3,28 |
Agronegócios especiais | 372.054 | 2,99 |
Fumo | 270.106 | 2,17 |
Pescado | 434.738 | 3,49 |
Olerícolas | 45.264 | 0,36 |
Flores e ornamentais | 7.595 | 0,06 |
Agronegócios | 12.445.969 | 100 |
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
A quantidade exportada5 de produtos dos agronegócios brasileiros cresceu 6,8% de janeiro a março de 2007, quando comparada com a do mesmo período de 2006, enquanto a quantidade exportada pelo Estado de São Paulo teve aumento de 13,7%. Os preços dos produtos exportados pelos agronegócios subiram 12,4% em nível nacional e 13,4% no âmbito de São Paulo (Tabela 3). Esse comportamento revela que as exportações dos agronegócios paulistas receberam notório estímulo de preços internacionais crescentes, efeito que amplificado pelos volumes crescentes, influenciou mais que proporcionalmente o desempenho nacional.
Cerca de 57,8% do valor das exportações brasileiras dos agronegócios de janeiro a março de 2007 corresponderam, em nível nacional, a produtos industrializados (manufaturados e semimanufaturados) e 42,2% a produtos básicos. No Estado de São Paulo, os produtos básicos representam apenas 19,7% e a participação de produtos industrializados dos agronegócios mostra muito maior (81,3%), evidenciando índices superiores de agregação de valor (Tabela 4).
Entre as categorias de uso, observa-se que matérias-primas e produtos intermediários foi o grupo predominante no período de janeiro a março de 2007, representando 56,8% do valor total de exportações nacionais de mercadorias dos agronegócios. No caso do Estado de São Paulo, esse grupo tem participação similar (48,6% do valor total) ao de bens de consumo (48,7%) (Tabela 5).
Tabela 3 - Variação Percentual dos Índices de Quantidade e de Preço das Exportações de Produtos dos Agronegócios, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 20071
Setor | | | ||
Quantidade | Preço | Quantidade | Preço | |
Agronegócios | 6,8 | 12,4 | 13,7 | 13,4 |
Agronegócios exc. Bens de capital/insumos | 7,0 | 12,7 | 15,6 | 13,8 |
1Variações em relação a igual período do ano anterior, baseadas em índices calculados pela fórmula de Fisher
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC .
Tabela 4 - Exportações dos Agronegócios por Fator Agregado, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2007
Fator agregado | | | | ||
US$bilhão | % | US$bilhão | % | ||
Produtos básicos | 5,25 | 42,20 | 0,68 | 19,71 | 12,95 |
Prod. semimanufaturados | 2,49 | 20,04 | 0,73 | 21,04 | 29,11 |
Produtos manufaturados | 4,70 | 37,76 | 2,04 | 59,25 | 43,49 |
Agronegócios | 12,45 | 100 | 3,45 | 100 | 27,72 |
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
Tabela 5 - Exportações dos Agronegócios por Categoria de Uso, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2007
Categoria de uso | | | | ||
US$bilhão | % | US$bilhão | % | ||
Bens de capital | 0,35 | 2,83 | 0,10 | 2,77 | 27,11 |
Bens de consumo | 5,03 | 40,38 | 1,68 | 48,66 | 33,40 |
Matérias-primas e produtos intermediários | 7,07 | 56,79 | 1,68 | 48,57 | 23,71 |
Agronegócios | 12,45 | 100 | 3,45 | 100 | 27,72 |
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.
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1Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.
2Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.
3Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios paulistas foi de US$2,37 bilhões.
4Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios brasileiros foi de US$9,73 bilhões.
5As discussões sobre quantidades e preços baseiam-se em resultados provenientes do cálculo de índices pela fórmula de Fisher.
Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações.
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Valor das Exportações, Importações e Saldo por Produto, Brasil, Janeiro a Março de 2006 e Janeiro a Março de 2007
Valor das Exportações, Importações e Saldo por Produto, Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2006 e Janeiro a Março de 2007
Principais Mercadorias Exportadas pelo Agronegócio, Brasil, Janeiro a Março de 2007
Principais Mercadorias Exportadas pelo Agronegócio, Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2007
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Data de Publicação: 27/04/2007
Autor(es):
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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