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Ocupação no rural paulista cresce 0,4% em 2006, para 1,056 milhão de pessoas
A ocupação na agropecuária paulista foi de 1,056 milhão de pessoas em junho de 2006, um acréscimo de 0,4% em relação a novembro de 2005, segundo estimativa do levantamento por amostragem realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI)1. Porém, a comparação com as informações da pesquisa de junho de 2005 mostrou decréscimo de 1,5% na ocupação do setor. Tabela 1 - Estimativa da população trabalhadora em atividades agrícolas, residente e não-residente nas UPAs, Junho e Novembro de 2005 e Junho de 2006
Algumas categorias de trabalho são mais requisitadas em junho, enquanto outras têm a ocupação reduzida neste período (tabela 1 e figuras 1 e 2). Isto porque a produção agrícola se caracteriza pela sazonalidade das atividades ao longo do ano.
Em 2006, a participação da mão-de-obra residente nas Unidades de Produção Agrícola (UPAs) foi de 44,0% (465,02 mil pessoas). As categorias residentes nas UPAs com maior peso na ocupação foram os proprietários e seus familiares, com 48,0% do total de residentes (223,34 mil pessoas), seguidos dos assalariados, com 40,1% do total (186,49 mil pessoas). Os parceiros e os arrendatários representaram 8,0% e 3,9% do total ocupado, respectivamente (tabela 1).
A mão-de-obra não-residente nas UPAs atingiu 590,78 mil pessoas (56,0% do total ocupado) em junho de 2006, superando em 125,8 mil pessoas o total de trabalhadores residentes. As categorias mais representativas foram os volantes (bóias-frias), com 41,4% (244,69 mil); os assalariados (administrador, mensalista, diarista e tratorista), com 25,7% (151,64 mil); e os proprietários, com 24,4% (144,33 mil). Em relação ao mesmo período de 2005, os indicadores de ocupação de pessoas não-residentes nas UPAs foram positivos para proprietários (acréscimo de 13,2%), parceiros (13,6%) e volantes (0,8%).
Para avaliar a evolução do mercado de trabalho, deve-se observar, dentre outros fatores, o comportamento da safra agrícola. Estima-se que o valor da produção agropecuária (VP) do Estado de São Paulo, referente a 2005/06, cresça 3,2%, atingindo o total de R$ 33,0 bilhões (em valor real, corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA do IBGE). O incremento do valor corrente ocorreu tanto pela elevação dos preços dos produtos, cujo índice geral (composto pelos 49 produtos) foi 3,9% superior ao de 2005, quanto pela produção agropecuária total, que cresceu 3,5%2.
As estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, de 2005/06 e de 2004/05, mostraram acréscimos nas produções de café (40,9%) e de cana-de-açúcar para indústria (11,8%)3. Essas atividades, por realizarem a colheita manual, de forma mais preponderante o café, têm forte influência sobre a ocupação em junho, época de realização do levantamento. Outra cultura relevante para os trabalhadores rurais é a laranja que, por sua vez, apresentou pequeno decréscimo de 1,1% na produção.
No caso da cana-de-açúcar, o processo de mecanização da colheita já ocorre em aproximadamente 35% das áreas cultivadas. Seja pela preocupação ambiental seja para diminuir custos, há uma mudança estrutural no emprego de mão-de-obra na colheita dessa cultura que se deverá intensificar nas próximas décadas, pois o governo estadual determinou o fim das queimadas até 2031. É inevitável esse avanço da mecanização da colheita nos canaviais e, no longo prazo, a participação da cana na ocupação de mão-de-obra provavelmente entrará em declínio4.
Com relação aos cultivos de grãos e oleaginosas, algodão (-36,9%), amendoim das águas (-7,6%), arroz (-11,8%), milho safrinha (-27,1%), soja e soja safrinha (-3,6% e -11,5%, respectivamente) reduziram as produções em 2005/06, como também os cultivos de batata da seca e das águas (-3,6% e 13,4%, respectivamente) e de feijão de inverno. Os resultados obtidos nas produções de amendoim da seca (30,7%), feijão da seca (31,5%), feijão das águas (31,9%), milho (14,8%), batata de inverno (21,2%), cebola de muda (5,1%) e de soqueira (22,3%) foram positivos em relação à safra anterior (2004/05)3.
No caso da produção de grãos, as fases do processo produtivo já são passíveis de mecanização. Em geral, as culturas anuais deixaram de absorver a mão-de-obra menos qualificada, ocupando trabalhadores mais especializados na operação de máquinas e equipamentos. Algumas culturas como as de feijão e algodão ainda apresentam uma parcela da colheita realizada manualmente, mas já se encontram em processo de transição para a colheita mecanizada.
A ocupação de mão-de-obra em atividades não-agrícolas (industriais, administrativas e serviços), em junho de 2006, cresceu 6,6% na comparação com o mesmo mês do ano anterior (passou de 115,7 mil para 123,4 mil pessoas). A principal empregadora foi a atividade industrial, com 74,5% do total (91,9 mil pessoas) (tabela 2).
Deve se lembrar que atividade industrial está relacionada ao desempenho da produção agrícola, enquanto na atividade de serviços há menor influência do setor agrícola. Os indivíduos residentes nas UPAs, que exercem atividades industriais ou de serviços na cidade, estiveram em torno de 19,1 mil pessoas, número semelhante ao do ano anterior (tabela 2).
Tabela 2 - Estimativa da população trabalhadora em atividades econômicas rurais não-agrícolas, Estado de São Paulo, Junho e Novembro de 2005 e Junho de 2006
Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
Em novembro de 2006, estimativas sobre o mercado de trabalho no rural paulista foram novamente coletadas, pois neste período ainda são realizadas as colheitas de cana-de-açúcar e de laranja, bem como se desenvolve a safra 2006/07. Esses informes serão analisados e apresentados, futuramente, para complementar o acompanhamento da ocupação de mão-de-obra nas safras 2005/06 e 2006/075.
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1 Para estimar o total de pessoas ocupadas nas atividades rurais do Estado de São Paulo, a atual amostra probabilística é composta por 3.204 unidades de produção agropecuária (UPAs) e foi sorteada com base no cadastro obtido no Censo Agropecuário realizado por meio do IEA e da CATI, conhecido por Projeto LUPA.. O detalhamento do levantamento sobre demografia e mão-de-obra consta em VICENTE, M.C.M et al. Ocupação e emprego no rural paulista, 1999-2000. Informações Econômicas, São Paulo, v.31, n.10, p.7-17, out. 2001.
2 TSUNECHIRO, A. et al. Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo em 2006: estimativa preliminar, Informações Econômicas, São Paulo, v. 36, n.11, p.65-76, nov. 2006.
3 CASER, D.V. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, 2º levantamento ano agrícola 2006/07, levantamento final ano agrícola 2005/06, novembro de 2006. Disponível em http://www.iea.sp.gov.br.
4PROGNÓSTICO AGRÍCOLA. Mão-de-obra na Colheita. São Paulo, 2005/2006, 12 pgs. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br.
5 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-12/2007.
Data de Publicação: 16/02/2007
Autor(es):
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vera Lucia Ferraz dos Santos Francisco Consulte outros textos deste autor