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Mandioca: recuperação dos preços na safra 2006/07
A
produção brasileira de mandioca deverá ser de 27,5 milhões de toneladas na safra
2005/06, um aumento de 7,0% em relação à safra anterior, constituindo-se no
maior volume dos últimos dez anos, conforme estimativa de junho do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1. Chama atenção no
levantamento o expressivo crescimento da produção nos estados onde a cultura
apresenta um perfil predominantemente comercial e que abrigam a maior parte do
parque industrial de fécula.
Foi
de 29,0% a expansão no Paraná, terceiro maior produtor de mandioca, precedido
pelos estados do Pará e da Bahia. Só foi inferior ao aumento de 34,1% do Estado
do Mato Grosso do Sul. Em São Paulo, onde a indústria de fécula também é
importante, a produção da raiz deverá ser de 1,1 milhão de toneladas, 3,4%
inferior à da safra passada, mas ainda assim a segunda maior produção dos
últimos dez anos.
Os
elevados níveis de preços, notadamente entre julho de 2003 e março de 2005,
levaram à expansão da área que contribuiu para a maior produção. No início de
2005, os preços recebidos pelos produtores eram declinantes, mas ainda
razoáveis, variando de R$ 208,42 por tonelada em janeiro a R$ 112,22/t em
junho.
O
custo de produção de mandioca de dois ciclos, em reais de hoje, é de R$ 114,72
por tonelada, segundo estimativa da Companhia Nacional de
Abastecimento(CONAB)2 em fevereiro de 2006 para a safra 2006/07. Além
disso, também houve aumento na produtividade, de 3,9% em nível nacional, de 5,1%
em Mato Grosso do Sul e de 7,3% no Paraná. Nesses dois estados, a expansão
também é resultado do trabalho de fomento por parte das agroindústrias
processadoras da raiz.
Esse
nível de oferta vem se refletindo nos preços recebidos pelos produtores de
mandioca. Outro fator que influencia os preços é a conjuntura mais geral da
economia, notadamente a pressão baixista sobre os preços de produtos agrícolas
de maneira geral, como milho, soja e trigo entre outros, face à valorização do
real (figura 1).
Em
julho último, os preços já atingiam os níveis mais baixos da década. Contudo,
alguns fatores podem contribuir para a reversão da tendência declinante dos
preços da mandioca. Em algumas regiões, a expansão da cultura da cana de açúcar
está substituindo a cultura da mandioca, o que implica em redução da oferta de
raiz.
A
esperada quebra na produção brasileira de trigo deve levar ao aumento das
necessidades de importações do cereal, cujos preços estão firmes no mercado
internacional, aliado à menor disponibilidade (e conseqüente aumento nos preços)
de trigo argentino, o que pode implicar em condições de preços relativos
favoráveis a algum nível de substituição de farinha de trigo por
fécula.
Além
disso, há pouca oferta de raiz de variedades mais indicadas para a fabricação de
farinha, o que provoca pressão sobre seus preços.
O
preço médio recebido pelos produtores paulistas em agosto deve evoluir para algo
em torno de R$ 85,00 a tonelada, 10% superior ao do mês anterior, segundo
indicam informações do Instituto de Economia Agrícola (IEA), ainda em caráter
preliminar, com base no levantamento diário de preços. Portanto, a reversão já
está ocorrendo, embora, em parte, em função da dificuldade de se proceder o
arranquio devido à estiagem. Esse movimento está se refletindo em outros níveis
de comercialização, tanto no mercado de fécula quanto no de
farinha.
A
perspectiva é de que haja redução do plantio de mandioca na safra 2006/07,
principalmente em função dos preços desestimulantes que estão vigorando na atual
safra, mas também devido à expansão da área de
cana.3
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1 IBGE: www.ibge.gov.br
2 CONAB: www.conab.gov.br
3 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número
HP-99/2006.
Data de Publicação: 26/09/2006
Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor