Destino das exportações dos agronegócios brasileiros no primeiro semestre de 2006: vendas para os Estados Unidos

            Os agronegócios brasileiros exportaram US$ 3,3 bilhões para os Estados Unidos no primeiro semestre de 2006, o que representou 14,8% do total das vendas externas do setor. Este montante é 7,6% superior aos US$ 3,1 bilhões do mesmo período de 2005. Em termos globais, os agronegócios exportaram US$ 22,6 bilhões, uma variação positiva de 4,7% em relação aos US$ 21,5 bilhões dos primeiros seis meses de 2005 (tabela 1 e 2). O mercado norte-americano corresponde ao segundo destino mais relevante de mercadorias brasileiras, superado apenas pela União Européia.

Tabela 1 - Exportações brasileiras para os EUA no primeiro semestre, totais e dos agronegócios, 2005 e 2006, em US$ 1000

Total/ setor
2005
2006
Variação (%)
Exportação do Brasil
53.677.166
60.900.301
13,46
Exportação para os EUA
10.739.479
11.208.354
4,37
Exportação dos Agronegócios
21.544.619
22.550.537
4,67
Agronegócios para os EUA
3.105.754
3.342.226
7,61

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

Tabela 2 - Participação das vendas para os EUA nas exportações brasileiras no primeiro semestre, 2005 e 2006, em porcentagem

Participação
2005
2006
Agronegócios para os EUA nos agronegócios
14,4
14,8
Agronegócios nas vendas para os EUA
28,9
29,8
Agronegócios para os EUA nas exportações totais
5,8
5,5
Exportações para os EUA nas exportações totais
20,0
18,4

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

            Os principais grupos dos agronegócios importados pelos norte-americanos, em ordem de importância, foram Produtos Florestais, com 38,5%; Bovídeos, com 20,3%; Café e Estimulantes, com 9,3%; Têxteis, com 6,6%; e Cana e Sacarídeas, com 6,3%. Estes cincos grupos representaram 80,9% do total exportado para os EUA, ficando os demais grupos juntos com 19,1% (tabela 3).

Tabela 3 - Principais grupos de cadeias de produção das exportações brasileiras para os EUA no primeiro semestre, 2005 e 2006

Grupos
1º.semestre/2005
1º.semestre/2006
Variação 
US$ 1000
%
US$ 1000
%
%
Produtos Florestais
1.267.622
40,82 
1.285.344 
38,46 
1,40
Bovídeos
620.111 
19,97 
678.472 
20,30 
9,41
Café e Estimulantes
295.046
9,50 
309.111 
9,25 
4,77
Têxteis
210.478 
6,78 
221.688 
6,63 
5,33
Cana e Sacarídeas
64.889 
2,09 
211.000 
6,31 
225,17
Subtotal
2.458.145 
79,15 
2.705.615 
80,95 
10,07
Frutas
207.175 
6,67 
204.507 
6,12 
-1,29
Fumo
123.167 
3,97 
149.974 
4,49 
21,76
Bens de capital/insumos
144.321 
4,65 
101.451 
3,04 
-29,70
Agronegócios Especiais
68.107 
2,19 
92.610 
2,77 
35,98
Pescado
62.730 
2,02 
50.614 
1,51 
-19,31
Cereais/Leg/Oleaginosas
23.641 
0,76 
19.596 
0,59 
-17,11
Olerícolas
13.493 
0,43 
12.889 
0,39 
-4,48
Flores e Ornamentais
3.315 
0,11 
3.475 
0,10 
4,83
Suínos e Aves
1.660 
0,05 
1.495 
0,04 
-9,90
Subtotal
647.609 
20,85 
636.611 
19,05
-1,70
Total
3.105.754 
100,00 
3.342.226 
100,00
7,61

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

            Produtos Florestais constituem-se no principal grupo de produtos do setor destinados ao mercado norte-americano, com US$ 1,29 bilhão, um crescimento de 1,4% em relação a 2005 (tabela 3). Neste grupo, os produtos básicos responderam por 0,02%, os semimanufaturados, por 31,1% e os manufaturados, por 68,9% (tabela 4, gráfico 1). Assim, fica claro que os produtos básicos quase nada representam, enquanto os manufaturados ocuparam a maior fatia deste mercado. Trata-se de fator positivo para os agronegócios brasileiros, uma vez que neste grupo predominam os produtos com valor agregado. Destaque para a madeira, com valor exportado de US$ 1,15 bilhão, do qual US$ 748 milhões em manufaturados.

Tabela 4 - Agregação de valor nos principais grupos de cadeias de produção das exportações brasileiras para os EUA no primeiro semestre de 2006

Grupos
Básicos
Semimanufaturados.
Manufaturados
US$ 1000
%
US$ 1000
%
US$ 1000
%
Produtos florestais
260
0,02
399.182
31,06
885.902
68,92
Bovídeos
1.781
0,26
98.634
14,54
578.057
85,20
Café e estimulantes
209.662
67,83
57.819
18,70
41.630
13,47
Têxteis
5.203
2,35
197
0,09
216.288
97,56
Cana e sacarídeas
0
0,00
40.975
19,42
170.025
80,58
Subtotal
216.906
8,02
596.807
22,06
1.891.902
69,93
Frutas
83.462
40,81
1.009 
0,49
120.036 
58,70
Fumo
146.385
97,61
0
0,00
3.589 
2,39
Bens de capital/insumos
0
0,00
0
0,00
101.451 
100,00
Agronegócios especiais
11.797
12,74
13.046 
14,09
67.767 
73,17
Pescado
49.966
98,72
0,00
648 
1,28
Cereais/Leg/Oleaginosas
4.570
23,32
6.497 
33,16
8.528 
43,52
Olerícolas
1.633
12,67
9.149 
70,99
2.106 
16,34
Flores e ornamentais
3.213
92,47
0,00
262 
7,53
Suínos e Aves
1.346
90,01
60 
4,04
89 
5,95
Subtotal
302.373
47,50
29.762
4,68
304.476
47,83
TOTAL
519.279 
15,54
626.569 
18,75
2.196.378 
65,72

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

Gráfico 1 - Agregação de valor nos principais grupos de cadeias de produção das exportações brasileiras para os EUA no primeiro semestre de 2006 
Fonte: Elaborado pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

            Bovídeos formam o segundo grupo, com US$ 678 milhões, um crescimento de 9,4% em relação a 2005 (tabela 3). Neste grupo, os produtos básicos responderam por 0,26%, os semimanufaturados, por 14,5% e os manufaturados, por 85,2% (tabela 4, gráfico 1). Assim, pode se notar que os produtos básicos são pouco representativos, enquanto os manufaturados ocupam a maior fatia. Da mesma forma que no grupo anterior, este é um fator positivo, mais evidenciado neste grupo. Destaque para o couro, com valor exportado de US$ 541 milhões, do qual US$ 475 milhões em manufaturados.
            Café e estimulantes são o terceiro grupo em importância, com US$ 309 milhões, uma variação positiva de 4,8% em relação a 2005 (tabela 3). Os produtos básicos ficaram com a maior parte (67,8%), os semimanufaturados, com 13,5%, e os manufaturados, com 18,7% (tabela 4, gráfico 1). Neste caso, o grupo está exportando principalmente matéria-prima. Destaque para o café, porém com maior valor nos produtos básicos (US$ 209 milhões de um total de US$ 231 milhões).
            O grupo Têxteis é o quarto em importância, com US$ 222 milhões, uma variação positiva de 5,3% em relação a 2005 (tabela 3). Os produtos básicos responderam por apenas 2,4%, os semimanufaturados, por 0,1%, e os manufaturados, pela maior fatia ou 97,5% (tabela 4, gráfico 1). Esta é a situação ideal e o destaque vai para os têxteis de algodão, com US$ 162 milhões, dos quais US$ 159 milhões de manufaturados.
            O grupo Cana e sacarídeas é quinto em importância, com US$ 211 milhões e uma surpreendente variação positiva de 225,2%, a maior de todos os grupos (tabela 3). Não se constatou a exportação de produtos básicos, enquanto os semimanufaturados chegaram a 19,4% e os manufaturados atingiram 80,6% (tabela 4, gráfico 1). Assim, os manufaturados foram os mais representativos neste grupo, com destaque para o álcool (um produto manufaturado) com US$ 164 milhões. O álcool quintuplicou a sua participação nas exportações para o mercado norte-americano, já que 2005 foram apenas US$ 26 milhões. Trata-se do grande responsável pela variação positiva tanto do seu grupo quanto do total exportado pelo setor para os EUA.
            Os demais grupos somaram US$ 636 milhões, com variação negativa de 1,7% em relação a 2005 (tabela 3). Nestes grupos, os produtos básicos responderam por 47,5%, os semimanufaturados, por 4,7%, e os manufaturados, por 47,8% (tabela 4). Pode se notar um equilíbrio entre os produtos básicos e os manufaturados e pouca representação dos semimanufaturados.
            Ao analisar o total exportado para os norte-americanos, observa-se que os produtos básicos ficaram com 15,5%, ou seja, US$ 519 milhões; os produtos semimanufaturados, com 18,8% (US$ 627 milhões); e os produtos manufaturados, com 65,7% (US$ 2,196 bilhões) (tabela 5). Dessa forma, a maior parte das exportações dos agronegócios brasileiros para o mercado dos EUA é formada de produtos que possuem valor agregado, como já se havia observado no âmbito dos grupos de produtos. A maioria tem este perfil, com exceção de café e estimulantes.
            Por sua vez, no total das exportações dos agronegócios brasileiros, 44,4% são produtos básicos, 20,0% são produtos semimanufaturados e 35,6% manufaturados (tabela 5). Ou seja, os produtos básicos figuram-se como os mais importantes, mostrando que se pode melhorar o perfil das exportações brasileiras para os vários mercados.

Tabela 5 - Participação dos diferentes perfis de agregação do valor nas exportações dos agronegócios brasileiros no primeiro semestre de 2006, em porcentagem.

Agregação de valor
Exportação Total
Exportações p/ EUA
Básicos
44,40
15,54
Semimanufaturados
20,04
18,75
Manufaturados
35,55
65,72

Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola, a partir de dados básicos da SECEX/MDIC

            A importância de se exportar mais produtos manufaturados em detrimento dos básicos está no fator de agregação de valor. Os produtos básicos são matérias-primas, ou seja, ainda não sofreram processamento e, em conseqüência, geraram serviços no país de destino. Já os manufaturados geram os serviços (e as riquezas decorrentes desses serviços) no país de origem.
            A exportação dos produtos manufaturados deveria ser perseguida por todas as cadeias do agronegócios. Porém, atingir este objetivo não é tão simples assim, pois cada produto tem suas características específicas. Além disso (e principalmente), os manufaturados sofrem com as barreiras tarifárias e não-tarifárias, cujo objetivo é beneficiar determinada agroindústria e/ou produtor do país importador.
            Pelos dados apresentados, pode se verificar que os norte-americanos adquirem principalmente madeira processada, couro processado e café em grão, mas houve aumento considerável nas importações do álcool. Também pode se observar que o perfil das exportações brasileiras para os EUA é o mais indicado, já que a maioria dos produtos exportados é constituída por manufaturas.

Clique aqui para ver a tabela 6 - Exportações para EUA, por Grupo de Mercadorias e Fator Agregado, Brasil, Janeiro a Junho de 2005 e 2006

Data de Publicação: 05/09/2006

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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