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Defensivos Agrícolas: mantêm-se cenário de declínio nas vendas em 2006
O negócio de defensivos agrícolas repercute com intensidade os impactos da crise atual do agronegócio brasileiro, notadamente nos segmentos de grão e fibras. Segundo fontes do setor, entre janeiro e abril de 2006, registrou-se queda de 13% no volume comercializado, diminuindo as receitas do setor em 22%1. Quanto às expectativas futuras, não se prevê reversão dessa tendência declinante, que deverá permanecer até o fechamento do ano fiscal. Figura 1 – Valor das vendas de defensivos agrícolas, Brasil, 2000-2005
Em 2005, as vendas totais de defensivos agrícolas no Brasil já registravam quedas em relação a 2004, pois somavam US$4,244 bilhões contra US$4,495 bilhões no ano anterior, representando decréscimo de 5,6% no faturamento do setor, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG). Em termos de quantidade física, foram vendidas 485.969 toneladas de produto comercial, correspondendo a 232.232 toneladas de princípio ativo (figura 1).
Fonte: Elaborada a partir de dados do SINDAG
Ainda em 2005, no seu conjunto o mercado de defensivos apresentou comportamento cadente; porém, observou-se desempenho diferenciado quando se particularizam os diversos produtos, uma vez que a crise assola de maneira diferenciada as diferentes culturas. O consumo de defensivos aumentou no caso da cana-de-açúcar, com acréscimo de 23,7% no valor das vendas, dada a expansão dessa lavoura como decorrência de preços internacionais estimulantes, que dobraram nos últimos doze meses. Outros exemplos de incremento podem ser mencionados: café (40,2%), batata inglesa (22,5%), citros (12,4%), tomate envarado (30,4%), fumo (14,5%) e maçã (22,6%). Destaque-se, também, o incremento das vendas para a atividade de reflorestamento.Todos eles produtos com preços internos atrativos, seja pela demanda interna, como o tomate envarado e a maçã, seja pela externa como os demais mencionados. Em contrapartida, vendas em decréscimo foram anotadas em algodão, arroz, feijão e trigo. A cultura da soja, segundo o SINDAG, apresentou decréscimo de 15,7% relação a 2004, computando faturamento total de US$1,872 bilhão. Esses grãos e fibras estão sofrendo os efeitos mais duros da crise agropecuária.
O sétimo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) confirma a queda nas vendas de defensivos para a leguminosa, pois estima decréscimo de 4,7% na área de soja, em relação à safra 2004/2005. A soja é a principal consumidora de defensivos no Brasil. Em 2005, foi responsável por 44,1% do valor total das vendas. No segundo lugar, aparece o algodão herbáceo (10,3%) e, em seguida, cana-de-açúcar (8,5%), milho (7,3%), café (4,4%) e citros (3,8%). Essas seis culturas perfazem 78,4% do valor comercializado nesse ano. No caso de tratamento de sementes de soja, algodão e milho, a participação desse conjunto de culturas nas vendas passa de 81,9% do valor total comercializado.
Por classes de produtos do setor, constata-se que os herbicidas e os fungicidas apresentaram resultados econômicos negativos em 2005 para a indústria, quando comparados com os do ano anterior. Por sua vez, foram observados valores positivos para inseticidas, acaricidas e 'outras'.
Os herbicidas responderam por 40,9% do valor das vendas de defensivos. O faturamento, de US$1,735 bilhão, decresceu 5,2% quando comparado com o de 2004. Verificou-se retração nos mercados de soja, trigo, algodão, arroz, feijão e pastagem (figura 2).
Figura 2 - Participação das classes no valor das vendas de defensivos agrícolas, no Brasil, 2005
Fonte: Elaborada a partir de dados do SINDAG
A cultura da soja respondeu por 52,2% do valor das vendas de herbicidas. Também se destacaram as participações da cana-de-açúcar (15,1%) e do milho (11,8 %). Assim, somente essas três culturas respondem por 79,1% das vendas.
A classe dos fungicidas apresentou considerável decréscimo em termos de valor (21,5%), passando de US$1,388 bilhão em 2004 para US$1,089 bilhão em 2005. Isto se deve principalmente à forte retração (32,4%) nas vendas para soja, responsável por mais de 50% do mercado, e também nas de trigo (41,6%). Destaque-se, porém, o bom desempenho na comercialização das culturas de café, batata inglesa e citrus.
As vendas de inseticidas, que representaram 27,8% do valor total, acusaram aumento de 10,7% (US$1,181 bilhão em 2005 em relação aos US$1,067 bilhão em 2004). Destinaram-se principalmente a soja, algodão, milho, cana-de-açúcar e café, com esse conjunto de culturas respondendo por 71,4% do valor total.
A comercialização de acaricidas movimentou US$82,8 milhões em 2005, valor 6,2% superior, em termos nominais, ao registrado em 2004 (US$78,0 milhões). O consumo de acaricidas no Brasil está concentrado quase na sua totalidade em São Paulo. Em 2005, o Estado respondeu por 83,7% das vendas brasileiras em quantidade de produto comercial e representou 84,9% do faturamento dessa classe. Isto pode ser explicado pelo fato de a citricultura ser responsável por 88,7% do valor comercializado de acaricidas e São Paulo ser detentor de mais de 70,0% da área colhida com laranja no País (574,5 mil de hectares na safra 2005)3.
Na classe 'outras', que engloba antibrotantes, reguladores de crescimento, espalhantes adesivos e óleo mineral, registrou-se incremento de 17,8% nas vendas (US$154,9 milhões em 2005 em relação a US$131,5 milhões em 2004). Isto se deve, especialmente, ao acréscimo nas vendas para as culturas de algodão, cana-de-açúcar, café, citrus, banana, uva e fumo.
No caso de tratamento de sementes, soja e milho são as culturas que vêm apresentando nos últimos anos os maiores gastos na compra de inseticidas (US$ 56,7 milhões e US$ 38,6 milhões, respectivamente, em 2005). Em menor proporção, aparecem o algodão, o trigo, o arroz, e o feijão. Por sua vez, quando se consideram os fungicidas, destacam-se as aquisições especialmente para a soja (US$ 31,9 milhões, em 2005), seguidas daquelas destinadas a milho, algodão, trigo, arroz e feijão.
No exame do comportamento das vendas, em termos de valor, por Unidade da Federação, o Estado do Mato Grosso ocupou a primeira posição (20,3%), seguido de São Paulo (18,4%), Paraná (13,6%), Rio Grande do Sul (10,0%), Goiás (9,3%), Minas Gerais (8,3%), Bahia (5,5%) e Mato Grosso do Sul (5,3%). As demais unidades da Federação, juntas, responderam por 9,3%.
De acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), nas principais regiões produtoras da agricultura paulista, em 2005, a maioria dos defensivos agrícolas apresentou decréscimo nos preços quando comparado com os do ano precedente.Demanda menor e redução dos custos de importação de princípios ativos em função da valorização do câmbio explicam essa queda de preços verificada. Em função das ponderações acima expostas, a previsão do setor é de que as vendas de defensivos em 2006 sejam 10% inferiores às observadas no ano anterior.4
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1 DE CHIARA, M. Dívida rural come 50% da receita. OESP, 02/07/2006 Caderno B1. Dados da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF).
2 Companhia Nacional de Abastecimento. Sétimo levantamento de avaliação de safras 2005/2006. Brasília, junho/2005. Disponível em www.conab.gov.br.
3 LEVANTAMENTO SISTEMÁTICO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA. Rio de Janeiro: IBGE, abr.2006.
4 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número 70/2006.
Data de Publicação: 07/07/2006
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor