Mercado de trabalho rural: ocupação no campo cresceu 0,7% em 2005

            A população trabalhadora ocupada nas atividades agrícolas no Estado de São Paulo em novembro de 2005 foi estimada em 1,052 milhão de pessoas1, com participação da mão-de-obra residente nas Unidades de Produção Agrícola (UPAs) de 41,9%. Proprietários e seus familiares (196.830 pessoas), junto com os assalariados (198.310 trabalhadores, inclusive administrador), constituem as categorias mais representativas. Do total de assalariados, 72,7% correspondem à categoria mensalista comum (144.115 pessoas); 6,1%, à de diarista (12.128 pessoas), 11,4%, de tratorista (22.591 pessoas) e 9,8% (19.476 pessoas), de administrador.
            Os arrendatários residentes na UPA, com 3,0% (13.388), apresentaram oscilações na ocupação no período considerado, com números de 7.179 pessoas em novembro de 2004 a 17.652 em junho de 2004. A categoria parceiro, com 4,4% (19.149), também mostrou variações na ocupação, com máximo de 37.907 pessoas em junho de 2004 e mínimo em novembro de 2005 (tabela 1 e figura 1).

TABELA 1 - Estimativa da população trabalhadora em atividades agrícolas, residente e não-residente nas UPAs, Estado de São Paulo, Junho e Novembro de 2004 e Junho e Novembro de 2005

Categoria
Junho de 2004
Novembro de 2004
Junho de 2005
Novembro de 2005
Número
%
Número
%
Número
%
Número
%
Residente
Proprietário1
227.332 
47,7
194.059 
44,9
243.356 
51,2
196.830 
44,6
Administrador
-
-
17.832 
4,1
-
-
19.476 
4,4
Arrendatário1
17.652 
3,7
7.179 
1,7
15.004 
3,1
13.388 
3,0
Parceiro1
37.907 
8,0
37.037 
8,6
32.316 
6,8
19.149 
4,4
Assalariado2
193.845 
40,6
166.892 
38,6
184.903 
38,9
178.834 
40,5
Outros
-
-
9.363 
2,1
-
-
13.482 
3,1
Subtotal
476.736 
100,0
432.362 
100,0
475.578 
100,0
441.158 
100,0
Não-Residente
Proprietário1
148.784 
25,9
150.735 
24,1
127.494 
21,4
159.949 
26,2
Arrendatário1
36.497 
6,4
44.906 
7,2
34.774 
5,8
30.449 
5,0
Parceiro1
19.593 
3,4
22.273 
3,6
14.554 
2,4
15.896 
2,6
Assalariado3
187.219 
32,7
202.436 
32,3
176.088 
29,6
158.496 
25,9
Volante
181.307 
31,6
205.825 
32,8
242.859 
40,8
246.031 
40,3
Subtotal
573.399 
100,0
626.175 
100,0
595.769 
100,0
610.821 
100,0
Total
1.050.135 
-
1.058.537 
1.071.347 
1.051.979 
1Engloba os familiares que auxiliam no trabalho.
2Engloba administrador (exceto em novembro), mensalista, diarista, tratorista, etc.
3Engloba administrador, mensalista, diarista, tratorista, etc.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral

            Foram estimados 610.821 trabalhadores não-residentes nas UPAs (58,1%) em novembro de 2005. As categorias mais representativas foram as de volante, com 40,3% (246.031); proprietário, com 26,2% (159.949); e assalariado (administrador, mensalista, diarista e tratorista), com 25,9% (158.496).
            O emprego de assalariados não-residentes (administrador, mensalista, diarista e tratorista) apresentou decréscimo no período considerado, exceto em 2004, quando ocorreu variação positiva de 8,1% de junho para novembro. A ocupação de arrendatários e parceiros, bem como seus familiares não-residentes na UPA, também foi maior em 2004 (tabela 1 e figura 2).

            Em 2005, foi crescente a ocupação da mão-de-obra volante, com média anual de 244.445 pessoas. No ano anterior, a média foi de 193.566 trabalhadores, havendo, portanto, crescimento de 26,3%.
            O acompanhamento das estimativas sobre o mercado de trabalho rural deve considerar o desempenho econômico do setor. Nesse contexto, observou-se que o valor da produção agropecuária (VP) do Estado de São Paulo cresceu, em moeda corrente, 6,6% em 2005, em relação ao ano anterior, totalizando R$ 29,9 bilhões. Em valores reais (deflacionando-se pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, do IBGE), o valor da produção de 2005 corresponde a uma queda real de 0,38%.
            O incremento do valor corrente da produção ocorreu mais pela elevação dos preços dos produtos, cujo índice geral (composto pelos 48 produtos) foi 4,4% superior ao de 2004, enquanto que o índice da agropecuária total cresceu 2,1%. Os aumentos dos preços ocorreram nos grupos de produtos para indústria (15,6%), frutas frescas (8,0%) e olerícolas (4,3%). O aumento do VP dos produtos industriais (18,7%), com destaque para a cana-de-açúcar, mais que compensou a queda do VP dos grãos e fibras (23,1%) e da elevação modesta do VP dos produtos animais (2,4%). Os preços dos grãos e fibras e dos produtos animais apresentaram quedas de 14,8% e 4,3%, respectivamente2.
            Acréscimos de produção, em relação à safra 2004, foram observados apenas no amendoim das águas (30,7%), na mamona (60,7%), mandioca para indústria (25,5%), sorgo granífero das águas (66,2%) e trigo (14,6%). Nos cultivos perenes e semi-perenes mais importantes, decréscimos foram constatados em café (19,1%) e laranja (2,4%), enquanto a produção de cana para indústria cresceu 5,4%3.
            Com relação às frutas, foram positivos os resultados nas produções de abacaxi (18,9%), figo para mesa (16,7%), goiaba paluma para indústria (11,9%), goiaba vermelha para mesa (2,1%), mamão (6,9%), mamão havaí (25,6%), melancia (54,8%), murcote (10,0%), nectarina (20,5%), uva para indústria (25,4%) e tangerina (12,2%). As demais frutíferas (abacate, banana, caqui, goiaba comum para indústria, maçã, manga, maracujá, mexerica, pêssego para mesa e poncã) mostraram decréscimo na produção.
            De modo geral, as olerícolas apresentaram variações negativas no período considerado. Acréscimos de produção foram observados para alho (9,1%), batata das águas e de inverno (1,3% e 14,4%, respectivamente), cebola de muda (4,7%) e tomate envarado (13,9%) e rasteiro (14,9%).
            Ao se efetuar a média dos levantamentos de junho e novembro, observou-se manutenção das ocupações agropecuárias em 2005, apesar dos decréscimos constatados na produção agrícola. Em 2004, a média foi de 1,054 milhão de pessoas, com aumento de 0,7% em 2005 para 1,061 milhão de pessoas.
            As estimativas sobre ocupação de mão-de-obra em atividades não-agrícolas (industriais, administrativas e serviços) em 2005 indicaram decréscimo (8,8%) em relação a 2004, com médias anuais de 106.700 e 116.934 pessoas, respectivamente. A principal empregadora tem sido a atividade industrial, com 65,2% (76.227) do total ocupado em 2005. As médias anuais de pessoas residentes nas UPAs, que atuam em atividades industriais ou de serviços na cidade, foram de 19.563 pessoas em 2004 e de 22.137 em 2005; ou seja, crescimento de 13,2%. (tabela 2).

Tabela 2 - Estimativa da população trabalhadora em atividades econômicas rurais não-agrícolas, Estado de São Paulo, Junho e Novembro de 2004 e Junho e Novembro de 2005

Setor
Junho de 2004
Novembro de 2004
Junho de 2005
Novembro de 2005
Número
%
Número
%
Número
%
Número
%
Atividades Industriais1
87.147 
76,2
81.232 
67,9
85.979 
74,3
66.476 
68,1
Atividades Administrativas2
17.474 
15,3
30.923 
25,9
21.435 
18,5
19.638 
20,1
Prestação de Serviços3
9.684 
8,5
7.408 
6,2
8.341 
7,2
11.531 
11,8
Sub Total
114.305 
100,0
119.563 
100,0
115.755 
100,0
97.646 
100,0
Atividades Industriais e de Serviços na cidade
17.016 
-
22.111 
-
19.895 
-
24.380 
-
Total
131.321 
-
141.674 
-
135.650 
-
122.025 
-
1 Pessoas residentes ou não na UPA, ocupadas em usina de açúcar, de leite, olarias, etc.
2 Pessoas residentes ou não na UPA, ocupadas em empresas agroindustriais.
3 Pessoas residentes ou não na UPA ocupadas em pesqueiros, hotelaria, turismo, etc.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral

            O Levantamento de Safras Agrícolas do Estado de São Paulo de 2005/20064, realizado em fevereiro de 2006, indicou acréscimos de produção para cana-de-açúcar para indústria (2,4%) e laranja (0,6%), com destaque para o café, cujo aumento previsto para a produção é de 35%. Esses cultivos são importantes para a ocupação de mão-de-obra. Além das culturas acima mencionadas, estão previstas variações positivas para amendoim da seca, feijão da seca e das águas, milho e milho safrinha, soja e soja safrinha.
            A partir desse quadro inicial, espera-se que a ocupação de mão-de-obra na agropecuária paulista em 2006 se mantenha em torno dos indicadores obtidos em 2004 e 20055.

________________________________
1 Para estimar o total de pessoas ocupadas nas atividades rurais do estado de São Paulo, a atual amostra probabilística é composta por 3.204 unidades de produção agropecuária (UPAs) e foi sorteada com base no cadastro obtido no Censo Agropecuário realizado por meio do IEA e da CATI, conhecido por Projeto LUPA.
2 TSUNECHIRO, A . et al. Valor da produção agropecuária do Estado de São Paulo em 2005, Informações Econômicas, São Paulo, v. 36, n.4, abr. 2006.
3 CASER, D.V. et al. Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas no Estado de São Paulo, ano agrícola 2004/05, Levantamento Final, novembro de 2005. Disponível em http://www.iea.sp.gov.br/
4 CASER, D.V. et al. Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas no Estado de São Paulo, ano agrícola 2005/06, 3º Levantamento, fevereiro de 2006. Disponível em http://www.iea.sp.gov.br/
5 Os autores agradecem ao Analista de Sistema Arnaldo Lopes Júnior, à Maria Cristina Teixeira de Jesus Rowies e ao estagiário Leonardo Pires de Camargo.
6 Artigo registrado no CCTC-IEA, sob número HP-57/2006.

Data de Publicação: 06/06/2006

Autor(es): Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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