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Flores: comportamento do comércio exterior brasileiro no primeiro trimestre de 2006
O valor das exportações brasileiras de produtos da floricultura registrou queda de 4,8% no primeiro trimestre de 2006, comparado ao mesmo período de 2005, passando de US$ 6,6 milhões para US$ 6,3 milhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento (SECEX/MDIC)1. Por outro lado, as importações apresentaram crescimento de 78,5%, passando de US$ 1,5 milhão para US$ 2,7 milhões.
Como resultado, o saldo da balança comercial apresentou queda expressiva (29,2%), com superávit de apenas US$ 3,6 milhões nos primeiros três meses do ano contra US$ 5,1 milhões em 2005 no período em questão (tabela 1).
Pela primeira vez desde 2001, num primeiro trimestre ocorreram variações negativas em relação ao mesmo período do ano precedente, tanto no valor das exportações quanto no do saldo da balança, um fato novo e preocupante para o segmento. Outro fator que pode ser agravante é o crescimento significativo no valor das importações.
Caso este crescimento seja função de aumento nos insumos básicos para reexportação – como mudas e bulbos –, tal fato poderá resultar em melhor desempenho do setor no médio prazo. Entretanto, dada a contínua valorização cambial que acontece desde julho de 2004, a perspectiva de reversão deste quadro é pequena no curto prazo.
A possibilidade de recuperar a competitividade nas exportações também fica remota nos próximos meses, em que pesem as diferenças sazonais nos componentes de produtos e parceiros comerciais (figura 1).
Por grupo2 de produtos, o valor das exportações apresentou a seguinte composição: mudas (70,8%), flores (13,9%), folhagens (8,2%) e bulbos (7,1%). O grupo de folhagens foi o que apresentou maior variação porcentual no valor exportado (69,1%), em relação ao mesmo período de 2005, seguido pelo de mudas (+11,2%). Já os grupos de bulbos e de flores apresentaram variações negativas, de 4,2% e 52,1%, respectivamente.
Em termos de valor da importação, o grupo de folhagens apresentou crescimento acelerado (de 6.780%), em que pese a menor fatia no valor total importado de produtos da floricultura (de apenas 0,3%) (figura 2).
As exportações da floricultura brasileira, no período, foram destinadas a 26 países, sendo 65,3% do valor exportado oriundos de dois parceiros comerciais de destaque: a Holanda, com US$ 2,1 milhões, respondeu por 33,0% da fatia total mas apresentou menor desempenho em relação ao período anterior (-18,2%); e os Estados Unidos, com US$ 2,0 milhões (32,2% da fatia), por outro lado apresentaram melhor desempenho (+17,6%).
Outros países de destino que se destacaram em termos de valor foram Itália (16,4%), Japão (5,2%), Espanha (3,5%), Alemanha (2,0%) e Canadá (1,9%) (tabela 2).
Os meses de janeiro e fevereiro de 2006 apresentaram queda no valor da exportação, em relação aos mesmos meses de 2005, de respectivamente de 5,9% e 11,0%. Esta perda foi parcialmente recuperada com o melhor desempenho em março (5,0%) em relação ao respectivo período anterior (figura 3).
A análise do comportamento do comércio exterior de produtos da floricultura brasileira no período em questão mostrou que os dois principais parceiros comerciais - a Holanda e os Estados Unidos - estreitaram as diferenças em termos de valor comercializado, devido à queda significativa no valor da exportação (18,2%) no primeiro caso e ao aumento de 17,6% no segundo. Um fato positivo é o aumento de 11,2% no valor exportado do produto – o grupo de mudas – que sempre foi o carro-chefe do setor, além do crescimento de 69,1% no grupo de folhagens, produto que apresentava historicamente menor desempenho.3
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1 Considerou-se nesta análise o grupo de produtos especificados na Nomenclatura Comum do Mercosul, NCM 06 da SECEX/MDIC - Secretaria de Comércio Exterior, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - Exportação, Importação e o Saldo da Balança Comercial brasileira de plantas vivas e produtos da floricultura. Disponível em http://aliceweb.mdic.gov.br/consulta_nova/resultadoConsulta.asp. Acesso em abril de 2006.
2 O Capítulo 06 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) é composto por quatro agrupamentos de produtos: de Bulbos (bulbos, tubérculos, rizomas, etc.), de Mudas (mudas de plantas ornamentais, de orquídeas, etc.), de Flores (flores cortadas para buquês, frescas ou secas) e Folhagens (folhas, folhagens e musgos para floricultura). No grupo de mudas, estão incluídos os de não-ornamentais como café, cana e videira, em valores ínfimos.
3 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-41/2006.
Data de Publicação: 05/05/2006
Autor(es):
Ikuyo Kiyuna Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor