1 – INTRODUÇÃO
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo (SAA-SP), por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) realizou, entre 3 de junho
e 5 de julho de 2024, o terceiro levantamento da previsão e estimativa da safra
agrícola para as principais culturas do Estado de São Paulo no ano corrente. Os
resultados divulgados para a safra 2023/24 foram obtidos pelo levantamento seguindo
o método subjetivo2 em todos os 645 municípios do Estado de São
Paulo.
2 – INDICADORES GERAIS
Os resultados parciais e finais de área e produção dos
produtos agrícolas da atual safra estão disponibilizados na tabela 1 para
culturas anuais, e na tabela 2 para as culturas perenes e semiperenes. Informações
complementares sobre outras culturas e as principais regiões produtoras
encontram-se nas tabelas 3, 4 e 5, disponíveis para download3. O
levantamento atual (junho/2024) apresenta os números finais da safra agrícola
2023/24 das culturas anuais: algodão, amendoim, arroz, batata da seca, feijão
da seca, cebola de bulbinho, milho primeira safra, soja e tomate envarado de
inverno. Para as culturas perenes, os resultados finais são da seringueira e da
uva fina para mesa. Para as demais culturas - banana, feijão de inverno, café,
cana para indústria, cana para forragem, cebola muda e plantio direto, laranja,
mandioca (indústria e mesa), milho da segunda safra, tomate rasteiro
(indústria), trigo e triticale - as informações são parciais e, portanto,
refletem a situação no momento da pesquisa de campo (junho/2024). Elas serão
encerradas nos próximos levantamentos de setembro e/ou novembro deste ano.
3 - ACOMPANHAMENTO DA SAFRA AGRÍCOLA 2023/24
3.1 – Amendoim
O levantamento de junho
encerra o ciclo agrícola da cultura do amendoim neste ano safra.
Comparativamente ao ano anterior, os números são negativos, com decréscimo de
5,7% da área destinada à cultura e redução significativa da produtividade
(-25,9%), caindo de 4.132 para 3.060kg por hectare; com isso, a redução foi
30,1% inferior. Os resultados negativos de produção estão relacionados a
adversidades climáticas (precipitação abaixo da média histórica e temperaturas
elevadas), além da presença de pragas. As regionais de Marília, Presidente
Prudente, Jaboticabal, Tupã e Lins respondem por 55,0% da produção paulista.
3.2 – Arroz
O arroz encerrou a safra
2023/24 com estimativa de área cultivada de 5.652,50 ha, indicando redução de
3,8% em relação à safra anterior. Adversidades climáticas nessa safra
ocasionaram queda na produção em 8,4%, estimada em 32,0 mil toneladas. A
produtividade nessa safra 2023/24 foi de 5.658 kg/ha, inferior em
4,8% em relação à safra anterior. No Estado de São Paulo, a produção de arroz
está concentrada principalmente em três CATI Regionais: Guaratinguetá (47,4%),
Pindamonhangaba (29,6%) e Registro (16,7%), que juntos representam 93,7% da
produção paulista.
3.3 – Banana
Em junho foi realizado o quarto acompanhamento da safra 2023/24 desta
cultura, que sinalizou, em relação à safra anterior acréscimo de área com
plantios novos, área em produção (1,0%),
decréscimo de produção (-1,5%) e produtividade
21.507 kg/ha
(-5,0%). A atividade poderá atingir o total de 1.098,6 mil toneladas da fruta, em uma área total de 52,5 mil hectares. As principais CATI Regionais são
Registro (64,3%), Pindamonhangaba (6,8%), Santos (6,6%) e Botucatu (4,6%) que
reúnem 82,3% da produção paulista. Observa-se nas CATI Regionais de Jales,
Registro, Votuporanga e General Salgado novas áreas com a cultura, correspondendo
a 63,5% do total do Estado. A cultura da banana torna-se atrativa aos
produtores devido ao retorno rápido do capital investido.
3.5 – Café
Em junho de 2024, ocorreu o quarto levantamento de safra
2024/25 de café no Estado de São Paulo. Nessa recente campanha, a quantidade
colhida no Estado deverá somar 4,50 milhões de sacas (equivalente a 269,8 mil
t), ou seja, declínio de 7,21% frente à terceira estimativa conduzida em abril.
Em termos de produtividade, as lavouras paulistas devem render 28,7 sc./ha
(1.668 kg/ha), representando declínio de 3,0% frente ao levantamento anterior.
Tal produtividade média, ainda assim, é satisfatória tendo em vista a condição
de lavoura majoritariamente de sequeiro dos cultivos conduzidos em território
paulista. Na CATI Regional de Franca a estimativa de colheita exibiu discreta redução
frente ao levantamento de fevereiro, contabilizando 1,87 milhões de sacas
(frente a 2,18 milhões na previsão anterior, representando queda expressiva de
10,1%). A CATI Regional de São João da Boa Vista, segunda no ranking da
cafeicultura paulista, informou safra estimada em 1,24 milhões de sacas, com
redução de aproximadamente 100 mil sacas frente à previsão de fevereiro de
2024. Na CATI Regional de Marília, terceira colocada na produção paulista, houve substancial queda na produção estimada,
contabilizando nessa previsão 321,44 mil sacas, exibindo igualmente redução frente
a previsão anterior 22,6% (344,05 mil sc.). Com a colheita em fase de
finalização (varreção e repasse), há a confirmação nos diversos cinturões que
compõe a cafeicultura de arábica de que as perdas de volume, decorrente da
diminuição da peneira média da massa de grãos, refletiu-se em queda na
quantidade final de produção dos talhões, fato esse atestado na atual
estimativa subjetiva paulista.
3.6 – Cana
3.6.1 – Cana para Forragem
Os dados do terceiro
levantamento de cana para forragem indicam uma redução significativa na área:
em 2022/23 foi destinado 67,1 mil/ha para o cultivo; já neste ano safra a área
foi de 51,3 mil hectares, redução de 23,6% e produtividade menor em 7,0%,
resultando em uma produção 3.011,9 mil/t, valor 29,0% menor que a safra passada.
Os maiores volumes de produção são provenientes das regiões de Votuporanga, Presidente
Prudente, São José do Rio Preto, São João da Boa Vista e Guaratinguetá, com 1/3
do valor total.
3.6.2 – Cana para Indústria
O desempenho produtivo da cana para indústria também foi influenciado
negativamente pelo clima, neste cenário espera-se redução de 2,6% na
produtividade, caindo de 80.466 para 78.346 kg/ha. Como a área deve recuar
2,0%, a produção deve cair 4,6%, gerando assim uma produção de 411.301,1 mil
toneladas. Embora não haja no Estado uma região que protagonize a produção, as
regionais de destaque são: Barretos, Orlândia, Araraquara, São José do Rio
Preto e Andradina, que juntas somam 32,2% do volume total produzido.
3.8 – Laranja
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O levantamento realizado em junho traz números preliminares
da safra 2023/24 para a cultura da laranja. A produção prevista é de 232,7 milhões de cx. 40,8 kg (9.496,2 mil
toneladas), correspondente a 128,0 milhões de
pés novos e em produção (320,0 mil hectares).
Em relação à safra 2022/23, a previsão é de resultados inferiores, com redução
de -11,2% na produção e de -12,0% na área plantada. A variação de produtividade nesta safra foi
de -0,7%, ou seja, em 31.599 kg/ha. A produção verificada contabiliza a safra paulista
de laranja destinada ao mercado e à indústria, as caixas perdidas no processo
produtivo e na colheita, bem como os frutos provenientes de pomares não
expressivos economicamente. Em relação às principais áreas produtoras,
destacaram-se 6 CATI Regionais São João da Boa Vista (14,6%), Ourinhos (8,5%),
Botucatu (8,1%), Barretos
(7,2%), Itapetininga (7,0%), Araraquara (6,9%) que foram responsáveis por mais
da metade da produção do Estado. Em junho são
realizadas ações nos pomares com o objetivo de ampliar a eficácia do controle
do greening. Entre o início do inverno e o início da primavera são quando
ocorrem os altos registros de captura de psilídeos em armadilhas instaladas nos
pomares. Época importantíssima ao combate à doença. O greening exige
iniciativas estratégicas com eliminação de plantas doentes, inseticidas com
alta eficácia e boa cobertura da planta.
3.10 - Milho
3.9.1 - Milho (1ª Safra)
O levantamento de junho finaliza o ciclo desta cultura
neste ano safra. Os resultados mostram recuo da área em produção de 21,4%,
queda de 65,5 mil hectares. A produtividade deste ano foi de 6.003 kg/ha ante
6.644 em 2022/23, redução de 9,7%, com a queda de área e de produtividade; produção
total reduzida em 29,0%. Preços recebidos pelos produtores pouco atrativos e
adversidades climáticas explicam a queda. Os maiores volumes de produção são
provenientes das regionais de São João da Boa Vista, Itapeva e Itapetininga,
com 36,0% do total.
3.10.2 – Milho safrinha (2ª Safra)
O texto
referente ao milho 1ª safra se aplica ao milho safrinha, quedas em todas as
variáveis acompanhadas. A área em produção é menor em 12,3% comparativamente ao
ano anterior; a produtividade recuou 13,1%, ocasionando produção inferior em
23,8%. Três regionais possuem grande expressão na produção de milho safrinha no
Estado, são elas: Assis, Itapeva e Ourinhos.
3.11 – Seringueira
A estimativa do terceiro levantamento para a
safra de seringueira 2023/24 aponta um cenário de queda significativa na
produção e na produtividade, além de uma redução na área cultivada em relação à
safra anterior. A produção de látex natural caiu 13,1%, atingindo 245,1 mil
toneladas. A produtividade também sofreu um decréscimo, de 4,9%, com estimativa
de 2.329 kg/ha. A área total cultivada diminuiu 12,2% em relação à safra
anterior, chegando a 120,0 mil hectares. Essa redução se deu tanto nas áreas
produtivas, quanto nas áreas de novas plantações. As condições climáticas podem ter afetado o desenvolvimento das
seringueiras e a produção de látex. As regiões de São José do Rio Preto (32,4%),
Votuporanga (13,8%) e General Salgado (12,0%) concentram mais da metade da
produção (58,2%) das seringueiras no Estado de São Paulo, destacando a
importância dessas regiões para o setor.
Os resultados da cultura da soja em termos de
produção foram afetados pela redução de chuvas e calor excessivo, e a redução
de área está relacionada a menores preços pagos aos produtores. A produtividade
caiu significativamente, em 2022/23 colheu-se em média 3.673 kg/hectare, no
atual ciclo, o rendimento foi de 2.837 kg/ha, valor 22,8% menor, adicionando-se
a queda de 1,3% na área destinada ao cultivo, têm-se uma redução de produção de
23,8%. A região de Itapeva é a grande produtora estadual, respondendo por 21,0%
do total; as demais regionais de relevância são Avaré, Itapetininga, Assis e
Ourinhos.
3.14 – Trigo
A Câmara Setorial de Trigo4 indicou
que haveria redução de produção do cereal neste ano safra em virtude do cenário
mundial e de aumento de plantio de grãos. A redução de área em 19,2% corrobora
com a indicação; a produtividade foi 2,0% menor, com isso, a produção caiu
20,8%. A perspectiva de área dedicada a grãos não foi constatada, pois, houve
queda de área nos principais grãos cultivados no Estado. As regiões de Itapeva,
Avaré e Itapetininga são responsáveis por 92,0% da produção estadual.
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados do levantamento por CATI
Regional constam na tabela 3; os resultados por Região Administrativa (RA) e
Região Metropolitana (RM) constam na tabela 4; já os resultados de outros produtos
agrícolas do levantamento de junho/2024 estão disponibilizados na tabela 5
(disponíveis em “Download de tabelas”5). O próximo levantamento
das safras agrícolas do Estado de São Paulo, a ser realizado em setembro de 2024,
trará os resultados finais das culturas anuais (milho segunda safra, trigo e
triticale) e das culturas perenes (banana e café) e as estimativas parciais do
quarto levantamento para as culturas de cana para indústria, cebola de muda e
laranja referentes à safra 2022/23. Ela terá também as primeiras informações de
intenção de plantio das culturas anuais da safra de verão 2024/25.
Este estudo é uma parceria entre a CATI e o
IEA, os resultados apresentados só são possíveis graças a coleta de dados
realizada pelos técnicos das Casas de Agricultura e pelo processo de
consistência realizado pelo IEA. Infelizmente, não foi possível alcançar o
nível de acurácia desejado na cultura da soja na regional de Itapeva devido à
falta de informações, por isso, o resultado para essa cultura na regional de
Itapeva repete a estimativa divulgada no levantamento anterior (abril). Embora
Itapeva possua grande “peso” na produção da cultura, possivelmente, boa parte
do grão já estava colhido em abril e a repetição não deve afetar
significativamente o resultado final.
1Os autores agradecem o desempenho no levantamento dos
técnicos do DEXTRU, das Casas de Agricultura e dos diretores das CATI
Regionais. Também agradecem os comentários do pesquisador Celso Luis Rodrigues
Vegro e da equipe de Informática do IEA.
2Entende-se por método subjetivo a coleta e a
sistematização de dados fornecidos pelos técnicos das Casas de Agricultura, em
função de seu conhecimento regional e/ou da coleta de dados de forma
declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de produção, em cada um
dos 645 municípios do Estado de São Paulo.
3Tabelas
disponíveis para download. Acesse: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-26-2024tab.pdf.
4SINDUSTRIGO. São Paulo enfrenta redução na área plantada de trigo em
2024. [S. l.]: Notícias Agrícolas, 2024. Disponível em:
https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/trigo/371356-sao-paulo-enfrenta-reducao-na-area-plantada-de-trigo-em-2024.html.
Acesso em: ago. 2024.
5Op. cit. nota 3.
Palavras-chave:
previsão de safra, culturas agrícolas, estado de São Paulo.
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COMO CITAR ESTE ARTIGO
MARTINS, V. A. et
al. Previsões
e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2023/24,
Junho de 2024. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 19,
n. 9, set. 2024, p. 1-12. Disponível em: colocar o link do artigo.
Acesso em: dd mmm. aaaa.