Previsões e Estimativas do Rebanho e Produção Animal do Estado de São Paulo, 2021


 

1 – INTRODUÇÃO

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA/SP), por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), realizou entre 1 e 30 de novembro de 2021 o levantamento de dados sobre o rebanho e a produção animal do estado de São Paulo referentes às estimativas finais de 20212. Na condução do levantamento, foi aplicado o método subjetivo3, que consiste na coleta e na sistematização dos dados fornecidos pelos técnicos das Casas de Agricultura, em cada um dos 645 municípios do estado de São Paulo.

A produção animal é acompanhada no campo por dois levantamentos: um prévio em junho e o definitivo em novembro, quando os números do ano são finalizados.

Os dados de novembro de 2021 mostram os números de animais que compõem o efetivo paulista no ano e ainda o comportamento de sua produção. Os dados sobre áreas de pastagens, números de bovinos, bovinos para abate, produção de leite, suínos para abate, frangos de corte para abate e produção de ovos, que são as explorações de maior participação na pecuária paulista, são disponibilizados à sociedade no site do IEA4.

 

2 – ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO PECUÁRIA PAULISTA EM 2021

2.1 – Pastagem

No levantamento de novembro de 2021, foram realizadas as previsões de área de pastagem no estado de São Paulo (Tabela 1), verificando-se decréscimo sobre 2020
(-1,2%), acompanhando a tendência dos últimos anos, atingindo 6,28 milhões de hectares. Relevante na produção de animais no Brasil e no estado de São Paulo, a evolução da área total de pastagem permite avaliar a capacidade de suporte animal. Se a área diminui enquanto a população de ruminantes e equídeos (e consequentemente a produção) permanece a mesma, sinaliza-se que provavelmente o rendimento e a qualidade da pastagem estão melhores. Com a incidência de distúrbios climáticos em 2021, seca prolongada e geadas, foi necessária maior utilização de forragens conservadas e concentrados, onerando o custo de produção da carne e do leite.

 

 

2.2 – Rebanho Bovino

O número total de bovinos no estado de São Paulo foi de 10,16 milhões de cabeças em 2021, resultado 0,6% maior em relação a 2020 (Tabela 2). A distribuição desses animais conforme a classificação por aptidão do rebanho, utilizada pelo IEA, indica que para bovinos de corte estima-se uma população de 6,39 milhões de cabeças, com alta de 1,7% em relação a 2020. Na categoria gado misto, o número de cabeças foi de 2,64 milhões de cabeças, redução em 3,1% comparado a 2020. Para bovinos para leite, o total de 1,14 milhão de cabeças indica acréscimo de 3,8% (Tabela 2).

 

 

O rebanho leiteiro paulista mostrava nos últimos anos uma tendência de queda no número de animais, mas, em 2021, houve um ligeiro crescimento. A persistência dessa expansão nos próximos levantamentos pode significar uma mudança nessa tendência com recomposição do rebanho leiteiro do estado.

2.3 – Produção de Carne Bovina

Do rebanho bovino estadual voltado à produção de carne em 2021, estima-se que 3,30 milhões de cabeças foram enviadas para abate, o que resultaria em uma oferta de 865 mil toneladas de carne bovina para o estado de São Paulo (Tabela 3). A queda no volume de carne potencialmente produzida em 2021 foi de 5,85% em relação a 2020.

A produção de carne bovina em 2021 teve que lidar com vários aspectos de difícil resolução: queda no consumo em decorrência do baixo poder de compra da população, problemas climáticos com seca prolongada e geadas que comprometeram as condições e a qualidade das pastagens, e o aumento nos custos da alimentação por suplementação a cocho. Outro indicador da dificuldade enfrentada pelos pecuaristas foi a redução do número de animais de reposição no mercado de cria, recria e engorda. Esses animais são insumos para os confinamentos, principalmente os que se enquadram como bois magros que são animais em ponto de terminação e são enviados para o abate no período de “entressafra do abate” (junho a setembro).

 

 

2.4 – Produção de Leite

A produção leiteira estimada para 2021 (Tabela 4) é de aproximadamente 1,54 bilhão de litros de leite refrigerado cru e leite tipo A (que atendem a Instrução Normativa - MAPA n. 61 - IN61), com decréscimo de 13,3% em relação a 2020. A redução na produção de leite no estado de São Paulo nesse ano deve-se principalmente à conjunção dos fatores já mencionados em relação a produção de bovinos para abate, que em decorrência das características climáticas inadequadas resultaram em piores condições de pastagens, custo elevado dos insumos das rações para vacas leiteiras, além, é claro, da redução do poder de compra da população que reduz fortemente a demanda por lácteos.

 

 

2.5 – Produção de Ovos e Plantel

O plantel paulista de aves para postura previsto ficou em 57,99 milhões de cabeças, e a produção de ovos apresenta redução de 3,7% em relação ao ano anterior, totalizando aproximadamente 1,36 bilhão de dúzias (Tabela 5) em 2021. A produção de ovos do estado de São Paulo é a maior no Brasil, com 27,7%, conforme o IBGE5.

A carne de frango, em conjunto com os ovos, ganhou mais destaque como substitutos da carne bovina neste momento em que o processo inflacionário compromete a renda da população.

Apesar deste papel, a produção de ovos no estado de São Paulo enfrentou custos de produção crescentes com preços dos insumos elevados, principalmente na alimentação (soja e milho).

 

 

2.6 – Produção de Carne de Frango de Corte e Plantel

A produção de aves para corte em 2021 aponta para um abate anual de 631,48 milhões de cabeças, equivalendo a uma oferta de 1,49 milhão de toneladas de frango em peso vivo. O volume de carne de frango apontado é praticamente igual ao produzido em 2020.  Em 2021, eventos como a escalada do processo inflacionário, com ênfase no preço dos alimentos e sua participação relativa no orçamento familiar, promoveu deslocamento de consumidores da carne bovina para a de frango, apesar dos entraves em relação aos custos mais elevados para a atividade. Esse fato favoreceu a produção de aves para corte, seguindo-se um ano marcado pela recuperação nos preços.

 

 

2.7 – Produção de Carne Suína e Plantel

As previsões dos abates de suínos, em 2021, totalizaram 1,36 milhão de cabeças, resultando em uma produção de 121,64 mil toneladas de carne, que significa um acréscimo da ordem de 13,6% em relação ao ano anterior (Tabela 7). Em 2021, a suinocultura paulista reposicionou suas expectativas em relação ao número de animais enviados ao abate, dado que os custos com rações, apesar de elevados (milho e soja), e o correspondente aumento no preço da carne suína, não foram fatores que levaram à redução na demanda no mercado interno pelo produto, mas, ao contrário, incentivaram o incremento da produção.

 

 

3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

As cadeias de produção animal no estado de São Paulo e no Brasil durante 2021 estruturaram suas estratégias de produção, a fim de atender a demanda de mercado e visando manter ou ampliar sua participação no consumo de proteína animal da população.  Essas perspectivas possivelmente devem continuar a influenciar o momento de decidir o quanto produzir nos próximos anos.

O mercado internacional tem grande peso nas decisões sobre a produção estadual e nacional de proteínas animais, já que o volume de carne de cada cadeia (bovinos, frangos e suínos) que não for exportado deve encontrar consumidores no mercado interno, provavelmente influindo nos preços para baixo. A elevação dos custos de produção, principalmente nos insumos básicos, milho e farelo de soja, representou um fator de limitação nas pretensões por parte dos produtores em 2021. Os aspectos econômicos devem continuar a atuar fortemente sobre o delineamento do consumo da produção estadual de proteínas animais. Alguns deles, como a redução de bovinos de reposição, aumentos nos custos de produção, impactam fortemente as cadeias de produção de carne de frango, suínos, ovos, leite e bovinos confinados.


1Os autores agradecem aos técnicos do DEXTRU, das Casas de Agricultura e diretores dos EDRs (CATI Regional), pelo desempenho no levantamento.

 

2 O levantamento subjetivo é realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), ambos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), nos meses de junho (estimativa) e novembro (definitiva). As informações levantadas são relativas à área de pastagem, número de cabeças e produção por município, agrupadas por EDR e total do Estado de São Paulo. As informações estão disponibilizadas no INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html. Acesso em: jun. 2022.

 

 3Entende-se por método subjetivo a coleta e sistematização de dados fornecidos pelos técnicos da Casa de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de produção.

 

4Instituto de Economia Agrícola – IEA. Banco de Dados. São Paulo: IEA, 2022. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html.Acesso em: jun. 2022.

 

5Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Banco de dados. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/. Acesso em: jun. 2022.


Palavras-chave: produção animal, rebanho paulista, área de pastagens, estatísticas agropecuárias, estimativa de produção pecuária.


 

 

 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

GHOBRIL, C. N. et al. Previsões e Estimativas do Rebanho e Produção Animal do Estado de São Paulo, 2021. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 17, n. 10, p. 1-7, out. 2022. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 10/10/2022

Autor(es): Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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