1 – INTRODUÇÃO

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA-SP), por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), realizou entre 1 e 30 de junho de 2022 o terceiro levantamento da previsão e estimativa da safra agrícola para as principais culturas do estado de São Paulo no ano corrente. Os resultados divulgados para a safra 2021/22 foram obtidos pelo levantamento seguindo o método subjetivo², em todos os 645 municípios do Estado de São Paulo.

2 – INDICADORES GERAIS

Os resultados parciais e finais de área e produção dos produtos agrícolas da atual safra estão disponibilizados na tabela 1 para culturas anuais, e na tabela 2 para as culturas perenes e semiperenes, enquanto o indicador da evolução na agricultura na tabela 3.

O levantamento atual (junho/2022) apresenta os números finais da safra agrícola 2021/22 das culturas anuais: algodão, amendoim, arroz, batata da seca, feijão da seca, cebola de bulbinho, milho primeira safra, soja e tomate envarado de inverno. Para as culturas perenes, os resultados finais são da seringueira e da uva fina para mesa.

Para as demais culturas - banana, feijão de inverno, café, cana para indústria, cebola muda e plantio direto, laranja, mandioca (indústria e mesa), milho da segunda safra, tomate rasteiro (indústria), trigo e triticale -, as informações são parciais e, portanto, refletem a situação no momento da pesquisa de campo (junho/2022). Elas serão encerradas nos próximos levantamentos de setembro e/ou novembro deste ano.

Foram elaborados índices que refletem a evolução da agricultura paulista no ano agrícola 2021/22 em comparação ao de 2020/21 (Tabela 3).

3 - ACOMPANHAMENTO DA SAFRA AGRÍCOLA 2021/22

3.1 – Algodão

O levantamento de junho de 2022 traz a estimativa final do algodão para a safra 2021/22. Os resultados obtidos registraram área total de 9.553,2 hectares, que representou 64,7% de expansão da cultura em relação à safra anterior. Tal avanço se refletiu num aumento da produção em 70,9%, estimada em 27.069,8 toneladas na safra 2021/22.  

Destaca-se que as regiões de Avaré e Votuporanga foram as principais responsáveis pelo avanço de área da cultura nessa safra. Para a região de Avaré, foi registrado um aumento de 1.903,6 ha, enquanto para Votuporanga houve incremento de 1.405,2 ha quando comparadas à safra de 2020/21. Reforça-se que esse aumento na produção foi decorrente da expansão da área cultivada, uma vez que a produtividade do algodão de 2.833,6 kg/ha apresentou crescimento de apenas 3,7% em relação à safra de 2020/21.  

As principais regiões produtoras na safra 2021/22 foram Avaré (34,3%), Votuporanga (30,0%) e Presidente Prudente (16,7%), concentrando 81,0% do total produzido de algodão no estado de São Paulo.

3.2 – Amendoim

O levantamento de junho traz os resultados finais da safra 2021/22 do amendoim, mostrando que a área do produto foi estimada em 174,6 mil hectares, com produção de 26,6 milhões de sacas de 25 kg (665,8 mil toneladas).

Na comparação com os resultados da safra anterior (2020/21), a indicação é de leve aumento de área (+1,0%) e queda na produção (-1,3%), reflexo da queda de produtividade nessa safra em relação à anterior (-2,3%).

Na atual estimativa, as CATI Regionais de Marília, Jaboticabal, Tupã, Presidente Prudente e Assis são as maiores regiões produtoras de amendoim de São Paulo. Essas cinco CATI Regionais juntas representam 55,8% da produção, ou seja, pouco mais da metade da produção paulista.

3.3 – Arroz

Para a safra paulista 2021/22, a previsão final para a cultura do arroz realizado pelo IEA e pela CATI em junho de 2022 é de 692,6 mil sacas de 60 kg a serem produzidas, em área de 6,7 mil hectares.

Na comparação com a safra 2020/21, há quedas significativas em área (-32,0%) e em produção (-27,0%).

No estado de São Paulo, a produção de arroz está concentrada principalmente em três CATI Regionais: Guaratinguetá (51,25%), Pindamonhangaba (23,74%) e Registro (15,54%), que juntos representam 90,53% da produção paulista.

3.4 – Banana

Em junho foi realizado o quarto acompanhamento da safra 2021/22 desta cultura, que sinalizou, em relação à safra anterior, decréscimo de área (-10,7%) e de produção
(-5,2%), e aumento de produtividade (6,9%). A atividade poderá atingir o total de 1.004,0 mil toneladas da fruta, em uma área produtiva de 47,4 mil hectares (Tabela 2). As principais CATI Regionais são Registro, Avaré, Jales e Santos, que reúnem 80,0% da produção paulista. Observa-se nas CATI Regionais de Jales, Votuporanga e Registro novas áreas com a cultura correspondendo a 54,8% do total do estado (Tabela 4). O mercado de banana é uma opção de produção e comercialização com retorno mais rápido de investimento.

3.5 – Batata da Seca (2ª Safra)

Os resultados finais para o cultivo de batata da seca apontam para aumento da área de plantio de 28,5% em relação à safra passada, com crescimento da produção 23 % e redução de 4,3% na produtividade agrícola. A área ocupada passou de 6,2 mil hectares para 8,0 mil hectares, a produção de 189,8 mil toneladas para 233,5 mil toneladas e a produtividade de 30.558 kg/ha para 29.252 kg/ha. A elevação na área cultivada pode ser explicada pelo alto patamar de preços alcançados, apesar do aumento na oferta que provocaram sua desvalorização. A produção encontra-se mais concentrada nas CATI Regionais de Itapeva, Campinas e Sorocaba.

3.6 – Café

Em junho de 2022, realizou-se o quarto levantamento de safra 2021/22 para a lavoura do café no estado de São Paulo. Com o início da colheita nos principais cinturões paulistas, surgem informações mais precisas sobre o rendimento e a qualidade da safra. A produção é estimada em 259,67 mil toneladas, correspondente a 4,33 milhões de sacas de 60 kg, aumento de 6,9% em relação à safra 2020/21. Já a produtividade esperada em 22,92 sc/ha é 10,9% superior à safra anterior. 

O cinturão cafeeiro da CATI Regional de Franca apresentou ligeiro incremento na produtividade de 0,9% em comparação com o levantamento anterior (abril de 2022), contabilizando-se, em junho de 2022, quantidade a ser colhida de 1,71 milhão de sacas de 60 kg. Essa melhoria nos dados estimados para a regional, pode ser consequência do atraso na colheita verificado nessa região. Com o avanço dos trabalhos, essa estimativa poderá passar por revisão. Em sentido contrário, as CATI Regionais de São João da Boa Vista e de Ourinhos tiveram baixa na estimativa de colheita (frente a abril de 2022), de 1,3% e 6,8%, respectivamente. 

Comentários recolhidos de consultores, de extensionistas da CATI e de técnicos vinculados às cooperativas reportam que a safra tem exibido rendimento abaixo do esperado, com quebras significativas na expectativa de colheita anteriormente prevista. Nesse sentido, com o andamento da safra podemos aguardar nova redução no prognóstico da quantidade total produzida no estado.

3.7 – Cana para Indústria

Os números do levantamento realizado em junho da safra paulista de 2021/22 para a cana para indústria apontam produção de 416,0 milhões de toneladas e área de 5,4 milhões de hectares. A oferta de cana-de-açúcar e sua produtividade estão relacionadas com a estiagem e as geadas ocorridas em 2021.

A produção prevista para a presente safra contempla a produção potencial paulista da cana para indústria, que tem como destino a moagem industrial para etanol e açúcar, destilarias, garapa e afins, inclusive a provável produção advinda de área bisada. Não está incluída nesta estatística a cana destinada para alimentação animal.

Na comparação com os resultados finais da safra 2020/21, os números apontam pequenas variações, com queda na área para corte (-1,5%) e aumento na produção (+1,9%).

A produção de cana para indústria nesta safra está presente em todas as 40 CATI Regionais do estado de São Paulo. As dez CATI Regionais com maior produção, que representam juntas 55,6% do total da produção estadual, são: Barretos, Orlândia, Ribeirão Preto, Araraquara, Andradina, São José do Rio Preto, Jaboticabal, Catanduva, Jaú e Presidente Prudente.

3.8 – Cebola

3.8.1 – Cebola de Bulbinho 

A estimativa final da área cultivada com cebola de bulbinho no estado de São Paulo foi reduzida em 32,1% em relação à safra passada e chegou a 217 hectares. A produção também apresentou redução na ordem de 27,0% com aumento na produtividade de 7,5%. A produção diminui de 11,7 para 8,5 mil toneladas, e a produtividade passou de 36.484 kg/ha para 39.229 kg/ha. As principais regionais produtoras são: São João da Boa Vista, Sorocaba e Andradina.

3.8.2 – Cebola de Muda

O levantamento realizado em junho inclui o segundo levantamento de acompanhamento das safras de cebola de muda. A área ocupada apresentou redução em relação à safra anterior de 29,7%, chegando a 1,4 mil hectares. A produção também teve variação negativa em 31,6 %, com 55,5 mil toneladas, indicando uma redução de 2,7% na produtividade. As principais regionais produtoras são: Itapeva, São João da Boa Vista e Jaboticabal.

3.8.3 – Cebola de Plantio Direto

O levantamento de junho aponta reduções de área e produção para o cultivo de cebola em plantio direto, 16,9 % e 9,3%, respectivamente, proporcionando uma produtividade de 53.903 kg/ha, 9,2% maior quando comparada à safra passada. As regionais de São João da Boa Vista, Jaboticabal e Itapeva são as principais produtoras do estado.

3.9 – Feijão

Em junho de 2022, foi realizado o último levantamento para a cultura do feijão da seca (segunda safra) e o segundo levantamento do feijão de inverno (terceira safra), ambos do ano agrícola 2021/22.

3.9.1 – Feijão da Seca (2ª Safra)

Para o feijão da seca (segunda safra), os números finais da safra 2021/22 apresentaram uma produção estimada em 31,2 mil toneladas (519,7 mil sacas de 60kg), valor 31,4% superior a produção obtida na safra 2020/21. Esse resultado positivo se deve em parte à expansão de 3,1% de área cultivada e principalmente ao aumento de 27,5% na produtividade, que corresponde ao rendimento médio de 2.465 kg/ha, sendo 531 kg/ha superior ao rendimento da safra anterior, que foi afetada por problemas climáticos desfavoráveis durante a fase de desenvolvimento da cultura.

Quanto à distribuição geográfica da produção no estado de São Paulo, cerca de 70% do volume produzido do feijão da seca está concentrado nas CATI Regionais de Itapeva (34,8%), Avaré (22,2%), Ourinhos (7,0%) e Itapetininga (6,1%).

3.9.2 – Feijão de Inverno (3ª Safra)

No caso da cultura do feijão de inverno (irrigado e sem irrigação), a segunda estimativa da safra 2021/22 apresenta aumentos de 7,3% de área plantada (25,4 mil hectares), de 32,5% para a produção prevista em 80,4 mil toneladas e elevação de 23,6% de produtividade em relação à safra 2020/21.

O levantamento de campo também apontou que 93% da área plantada com feijão de inverno é irrigada, proporcionando o rendimento médio de 3.256 kg/ha, superior aos 1.830 kg/ha do plantio sequeiro.

Somando-se as três safras de feijão 2021/22, das águas e da seca (ambas encerradas), mais a previsão da safra de inverno (que se encerra em setembro), a expectativa da produção paulista é de serem produzidas 243,5 mil toneladas, incremento de 4,4% em relação à safra 2020/21.

3.10 – Laranja

O levantamento realizado em junho ainda traz números preliminares da safra 2021/22 para a cultura da laranja. A produção prevista é de 289,2 milhões de caixas de 40,8 kg (11.797,6 mil toneladas), correspondente a 145,8 milhões de pés em produção. Os próximos números refletirão mais adequadamente o comportamento da safra.

Em relação à safra 2020/21, a previsão é de quedas de 2,3% na produção e de 4,3% no número de pés em produção.

A produção verificada contabiliza a safra paulista de laranja destinada ao mercado e indústria, as caixas perdidas no processo produtivo e na colheita, bem como os frutos provenientes de pomares não expressivos economicamente, previsto para os pomares do estado de São Paulo.

         Em relação às principais áreas produtoras no estado de São Paulo, o presente levantamento indica como os principais produtores as CATI Regionais de São João da Boa Vista (10,85%), Barretos (10,41%), Mogi-Mirim (7,94%), Botucatu (7,39%), Ourinhos (6,41%), Araraquara (6,15%) e Bauru (6,02%).

3.11 – Mandioca

3.11.1 – Mandioca para Indústria

Em relação à mandioca para indústria, a área, a produção e a produtividade apresentaram reduções de 9,4%, 13,2% e 7,0%, respectivamente. A área cultivada regrediu de 63,2 mil hectares para 57,2 mil hectares, a produção passou de 1.363,7 mil toneladas para 1.184,2 mil toneladas, e a produtividade de 30.358 kg/ha para 28.239 kg/ha. Presidente Venceslau, Tupã e Assis são as principais regionais produtoras.

3.11.2 – Mandioca para Mesa

Os resultados do levantamento de junho em relação ao cultivo de mandioca para mesa apontam pequena redução de 0,4% na área, passando de 19,9 mil hectares para 19,8 mil hectares. Apesar da redução da área, a produção aumentou 4,4%, refletindo uma produtividade 6,0% maior, chegando a 17.063 kg/ha. Mogi-Mirim, Jaboticabal e Sorocaba são as principais regionais produtoras.

3.12 – Milho

3.12.1 - Milho (1ª Safra)

Neste ano, o milho 1ª safra foi cultivado em 333,3 mil hectares, área praticamente igual ao do ano anterior (-0,05%). Por outro lado, a produção foi ampliada em 9,5%, com 38,3 milhões de sacas de 60 kg, produtividade 9,5% superior à obtida em 2020/21.

Em relação ao clima, o acompanhamento meteorológico publicado mensalmente pela CATI^{3, 4, 5} mostrou que, entre os meses de janeiro e março de 2022, as condições foram favoráveis à agricultura. Esse período é muito importante para o desenvolvimento da cultura do milho e, portanto, o crescimento da produtividade está relacionado às boas condições climáticas observadas nesse período.

As seis principais regiões produtoras são, por ordem de produção: São João da Boa Vista, Itapeva, Itapetininga, Avaré, Bragança Paulista e Limeira; juntas, elas respondem por aproximadamente 53,5% da produção estadual e 44,8% da área destinada ao cultivo (Tabela 4). As três regionais com maior produção são aquelas que possuem produtividades superiores a 140 sc.60 kg por hectare, enquanto a produtividade média do grupo das demais regionais é inferior a 100 sc.60 kg/ha. Ressalta-se que todas as 40 CATI Regionais do estado possuem produção de milho 1ª safra. 

3.12.2 Milho safrinha (2ª Safra)

O levantamento de junho é o penúltimo deste ciclo para a cultura do milho safrinha ou segunda safra. Os números são positivos em relação à safra anterior. Entretanto, é importante considerar que a produtividade da cultura no último ano foi fortemente afetada pelas condições climáticas desfavoráveis. A área estimada em 2022 é 2,3% superior à observada em 2020/21, e a produção e a produtividade cresceram (59,7% e 56,1%, respectivamente). Contudo, em relação ao levantamento de abril, a produtividade caiu 6,4%, possivelmente em virtude da estiagem.

3.13 – Seringueira

No mês de junho/2022 encerrou-se a safra paulista 2021/22 da seringueira. O levantamento realizado estimou uma produção total de 264,7 mil toneladas de coágulo de látex (matéria-prima da borracha natural), volume 7,1% superior ao obtido na safra de 2020/21, e ganhos de 2,5% na produtividade, apontando rendimento médio de 2.412 kg/ha (equivalente a 6 kg de coágulo/pé). A área total com os seringais expandiu 2,7%, totalizando 133,1 mil hectares, sendo que a área produtiva teve incremento de 4,5%, enquanto a área em formação apresentou redução de 4,8%.

A heveicultura concentra sua maior produção nas regiões norte e noroeste do estado de São Paulo, tendo como as principais regionais as CATI de São José do Rio Preto (31,1% de participação), General Salgado (12,3%), Votuporanga (11,4%) e Barretos (10,7%).

3.14 – Soja