Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Abril de 2022


1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

No primeiro quadrimestre de 2022, as exportações do estado de São Paulo1 somaram US$19,88 bilhões (19,6% do total nacional), e as importações2, US$23,78 bilhões (29,3% do total nacional), registrando deficit comercial de US$3,90 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2021, houve aumento nas exportações (+27,4%) e nas importações (+13,2%); essa conjunção de desempenhos resultou na redução do deficit
(-27,6%) no saldo da balança comercial paulista.



1.1 – Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio3, o resultado do primeiro quadrimestre de 2022, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o setor paulista apresentou aumento nas exportações (+26,1%), alcançando US$7,30 bilhões, e nas importações (+5,2%), totalizando US$1,63 bilhão; com estes resultados, obteve-se superavit de US$5,67 bilhões, 33,7% superior ao primeiro quadrimestre de 2021 (Figura 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 36,7%, enquanto a participação das importações setoriais é de 6,9% (Figura 1).

Há que se destacar que, no período analisado, as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$12,58 bilhões, e as importações, US$22,15 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$9,57 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$ 5,67 bilhões).

 

1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, nos primeiros quatro meses de 2022, foram: complexo sucroalcooleiro (US$1,82 bilhão sendo que, desse total, o açúcar representou 85,1% e o álcool, 14,9%), complexo soja (US$1,43 bilhão), setor de carnes (US$1,15 bilhão, dos quais a carne bovina respondeu por 86,8%), produtos florestais (US$825,93 milhões, com participações de 48,7% de celulose e 41,8% de papel) e sucos (US$527,12 milhões, dos quais 97,1% referentes a suco de laranja). Esses cinco agregados representaram 78,9% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Já o grupo de café, tradicional nas exportações paulistas, aparece na sexta colocação, com vendas de US$368,27 milhões (75,2% referentes ao café verde).

Ainda de acordo com a tabela 1, no primeiro quadrimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos de produtos florestais (+66,4%), carnes (+59,9%), café (53,4%), complexo soja (+42,8%), sucos (+1,3%) e complexo sucroalcooleiro (0,3%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.



1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista de janeiro a abril de 2022 em comparação ao mesmo período do ano anterior são apresentados na tabela 2.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (25,0%) nas exportações paulistas. No total, o grupo cresceu 0,3% em valores, mas apresentou redução de 19,7% em volume exportado, sendo que o açúcar teve diminuições em valores (-1,2%) e nas quantidades (-19,0%). Para o álcool (etanol), os embarques apresentaram queda ainda mais acentuada de 27,1% em volume, mas com aumento de 9,5% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2021. Os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países e os resultados apontam como principais compradores: China (11,3%), Marrocos (8,4%), Nigéria (8,4%), Argélia (7,4%), Coreia do Sul (7,1%), Bangladesh (6,2%), União Europeia (5,4%), Rússia (5,3%) e demais países (40,5%).

O grupo complexo soja aparece na segunda posição da pauta paulista, com aumento de 42,8% nos valores e de 3,7% no volume das exportações. O principal produto deste grupo é a soja em grãos, que apresentou aumento de 39,7% em valores e queda de 0,2% em quantidades exportadas pelo estado. A China (70,4%) é o principal destino em termos de participação de valores, seguida de Tailândia (5,3%) e Paquistão (4,3%); os demais importadores somam 20,0%.

O grupo de carnes tem a terceira posição na pauta do estado, apresentando ganhos em valores (+59,9%)e volumes (+29,5%) em relação ao primeiro quadrimestre de 2021. A carne bovina, com maior contribuição no grupo, registrou aumentos de 58,9% em valores e de 26,3% em volume exportado. O desempenho da carne de frango foi de expansão em valores (+68,3%) e em volumes (+34,4%). A carne suína apresentou resultados negativos em valores (-15,4%) e volumes (-19,0%). Os principais destinos em participação são: China (56,5%), Estados Unidos (12,8%), União Europeia (5,2%) e Hong Kong (2,9%), enquanto os demais países compradores somam 22,7% de participação.

Os produtos florestais apresentam ganhos em 2022, com aumentos de 66,4% em valores e de 75,1% na quantidade em relação ao ano anterior. Os produtos de celulose obtiveram variação positiva quanto aos valores (+121,0%) e volumes (+137,2%). As exportações dos produtos de papel apresentaram elevação nos valores (+44,2%) e nos embarques (+14,1%). O principal destino em participação de valores exportados é a China (33,6%), seguida pela União Europeia (11,4%), Estados Unidos (8,8%), Argentina (7,4%), Chile e Peru (6,0% cada) e Colômbia (3,5%); os outros países somam 23,2% de participação.

 


O suco de laranja (FCOJ concentrado) exibiu perdas de 10,0% no valor e de 19,4% em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas cresceram em valores (+9,3%) e em volume (+0,9%). Já os outros sucos de laranja não fermentados tiveram ganhos de 5,9% em valores e queda de 4,1% em volumes. A variação total das exportações do grupo de sucos foi positiva de 1,3% em valores e negativa em 3,6% em volume na comparação com o mesmo período de 2021. Os maiores compradores desse grupo são: União Europeia (60,6%), Estados Unidos (21,1%), China (6,1%), Japão (3,7%) e Israel (1,2%); os demais compradores têm 7,4% de participação.

O grupo do café apresentou nos primeiros quatro meses de 2022 desempenho positivo em valores (+53,4%) e redução nos embarques (-7,9%), quando comparado com igual período de 2021. O café verde, principal item do grupo, apresentou aumento de 52,7% nas receitas e redução de 12,3% no volume, o que evidencia a valorização do produto no mercado internacional. A União Europeia é o principal destino e suas compras representam 45,1% do valor exportado. Na sequência aparecem Estados Unidos (21,1%), Japão (8,1%) e Argentina (4,0%); os demais países participam com 21,7%.

 

1.4 - Importações do Agronegócio Paulista

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio paulista nos quatro primeiros meses de 2022 foram: salmões (US$132,90 milhões), trigo (US$110,38 milhões), papel (US$109,13 milhões) e óleos de dendê e palma (US$97,18 milhões). A figura 2 apresenta os dez principais produtos, que representam 48,1% (US$785,15 milhões) do total importado em 2022 (US$1,63 bilhão).




2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou superavit de US$ 20,19 bilhões no primeiro quadrimestre de 2022, com exportações de US$ 101,44 bilhões e importações de US$ 81,25 bilhões. Esse resultado indica aumento de 11,9% em relação ao mesmo período de 2021, quando alcançou US$ 18,05 bilhões (Figura 3).



2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro no primeiro quadrimestre de 2022 (Figura 3) apresentaram aumento (34,5%) em relação a igual período de 2021, alcançando US$48,55 bilhões (47,9% do total nacional). Já as importações cresceram 1,0% no período, registrando US$5,06 bilhões (6,2% do total nacional).

O superavit do agronegócio foi de US$43,49 bilhões no período, sendo 39,9% superior na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2022 e 2021 (Figura 3).

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$52,89 bilhões e importações de US$76,19 bilhões, produziram um deficit de US$23,30 bilhões nos primeiros quatro meses de 2022.

 

2.2 - Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro no primeiro quadrimestre de 2022 foram: complexo soja (US$21,64 bilhões, sendo 81,2% de soja em grãos), carnes (US$ 7,66 bilhões, com a carne de bovina, de frango e suína representando, desse total, 51,9%, 36,5% e 8,9%, respectivamente), produtos florestais (US$5,23 bilhões, com participações de 46,49 de celulose e 36,7% de madeira), café (US$3,21 bilhões, sendo 93,0% de café verde) e complexo sucroalcooleiro 

(US$2,58 bilhões, dos quais 87,1% de açúcar). Esses cinco grupos agregados representaram 83,1% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 4).

 





Ainda conforme a tabela 4, na comparação com os quatro primeiros meses de 2021, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque para os grupos de café (+56,4%), complexo soja (+41,6%), grupo de carnes (+36,7%) e produtos florestais (+32,8%), além de queda do grupo complexo sucroalcooleiro (-5,5%). Essas variações nas receitas do comércio exterior no período analisado são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 5 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações nos meses de janeiro a abril de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021.

Desses grupos relevantes, o grupo complexo soja é o que apresenta a maior participação (44,6%) nas exportações brasileiras. No total, o grupo cresceu 41,6% em valores e 7,6% em volumes exportados, devido ao desempenho das vendas externas da soja em grão (principal item do grupo), com aumento de 37,5% em valores e 2,8% em volume, resultado que mostra a valorização do preço dessa commodity. Para o óleo de soja, os embarques apresentaram aumentos de 139,2% em valores e 69,0% em volume, enquanto o farelo de soja teve aumentos de 45,8% em valores e de 34,8% em volume, quando comparados com 2021. A China representa 56,4% das compras em valores desse grupo, seguida pela União Europeia (14,5%); os demais países importadores somam 29,1%.

O grupo de carnes, que tem a segunda posição na pauta brasileira, apresentou avanço de 36,7% em valores e 10,9% em volume em relação ao primeiro quadrimestre de 2021. A carne bovina teve crescimento de 57,9% em valores e de 27,0% em volume exportado. Com resultado também positivo está a carne de frango (+32,0% e +8,5%), enquanto a carne suína apresenta redução de valores da ordem de 16,7% e de 7,3% nas quantidades embarcadas. Nesse grupo, a China se destacou como principal destino e representa 37,7% das compras de carnes; na sequência aparecem Estados Unidos (5,7%), Emirados Árabes Unidos (5,3%), União Europeia (4,7%), Japão (4,1%), Hong Kong (3,6%) e Arábia Saudita (3,4%), enquanto os demais países somam 35,5% de participação.

O grupo de produtos florestais aparece na terceira posição na pauta brasileira, apresentando variação positiva tanto em valores como em volume exportado (+32,8% e +12,2%, respectivamente). As variações de valores e volume, respectivamente, foram de 26,1% e 14,1% para a celulose, 29,9% e 4,2% para a madeira, e de 66,9% e 39,1% para o papel. A borracha apresentou desempenho negativo em volume com redução de 34,7%, mas com aumento de 13,5% em valores. Os principais países importadores desse grupo são Estados Unidos (25,4%), China (20,8%) e União Europeia (20,1%); os demais países participam com 33,7%.



O grupo do café apresenta ganho em valores (+56,4%) e perda em quantidade
(-11,8%), sendo o café verde o principal produto, com aumento de 59,0% em valores e queda de 12,4% em quantidades exportadas pelo país.
Quanto às participações dos países destinos das exportações em valores, a União Europeia representa 52,3% desse grupo, enquanto Estados Unidos e Japão, 18,3% e 4,4%, respectivamente. Os demais países somam 25,0% de participação.

Para o grupo sucroalcooleiro, nos quatro primeiros meses de 2022, os resultados apresentaram-se negativos em valores (-5,5%) e nas quantidades embarcadas (-23,4%). O açúcar teve reduções para valores (-7,4%) e no volume (-23,2%) no período analisado na comparação com igual período do ano anterior. Para o álcool etílico (etanol), os resultados são de queda em volume (-26,4%) e de aumento na receita (+9,0%). Assim como no estado de São Paulo, os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países. Os resultados apontam sequência composta por China (9,4%), Argélia (8,4%), Nigéria (8,2%), Marrocos (7,1%), União Europeia (6,1%), Coreia do Sul (5,8%) e Rússia (5,7%); os demais países importadores somam 49,3% de participação.

O grupo de cereais, farinhas e preparações apresenta desempenho positivo em valores (+100,0%) e em quantidades (+58,1%). O milho em grão, principal item do grupo, registrou maior exportação em volume (+18,7%) e em valores (+53,2%). O arroz em grão apresentou resultados positivos com aumento em valores (+47,2%) e em quantidade (+74,7%), mesmo comportamento para os produtos de trigo, com expressivos aumentos de 482,4% em valores e 313,7% em volumes.

 

2.5 - Importações do Agronegócio Brasileiro

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio brasileiro no primeiro quadrimestre de 2022 foram: trigo (US$ 602,66 milhões e volume de 2,04 milhões de toneladas), salmões (US$ 261,20 milhões), papel (US$ 254,01 milhões) e malte (US$ 221,53 milhões). A figura 4 apresenta os dez principais produtos, que juntos representam 44,5% (US$ 2,25 bilhões) do total importado (US$ 5,06 bilhões).

 

3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou elevação de 0,5 p.p. nas exportações e redução de 3,7 pontos percentuais nas importações no primeiro quadrimestre de 2022, apontando valores de 19,6% nas exportações e de 29,3% de representatividade para as importações (Figura 5).

Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo no período representaram 15,0% em relação ao agronegócio brasileiro, valor 1,0 ponto percentual menor que o registrado no mesmo período de 2021; já as importações tiveram aumento (1,3 p.p.), passando de 30,9% para 32,2% (Figura 5).



 

1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção Tabela de Agrupamentos em MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2022.  Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/AGROSTAT.html. Acesso em: maio 2022.


 

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.


 

 

 

 

 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

GHOBRIL, C. N.; ANGELO, J. A.; OLIVEIRA, M. D. M. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Abril de 2021. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 1-13, maio 2022. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 25/05/2022

Autor(es): Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor