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Estimativa de Oferta e Demanda de Milho no Estado de São Paulo em 2021
Em 2021, a produção
paulista de milho foi afetada por duas adversidades climáticas: estiagem,
principalmente na primeira safra, e geadas, que atingiram a segunda safra do
cereal. A produção
obtida na primeira safra 2020/21 foi de 2,1 milhões de toneladas1,
queda de 8,0% em relação ao ano-safra anterior. Esse decréscimo decorreu,
sobretudo, da redução na área plantada (5,5%), embora a baixa umidade do solo
na fase de enchimento de grãos também tenha contribuído para a queda na
produtividade da cultura (Tabela 1). Tabela 1 - Comparativo
de área produção e produtividade do milho cultivado, Estado de São Paulo, anos-safra
2019/20 e 2020/211 Produto Área (1.000 ha) Produção (1.000 t) Produtividade
(kg/ha) 2019/20 2020/21 Var. % 2019/20 2020/21 Var. % 2019/20 2020/21 Var. % 834,7 826,3 -1,0 4.320,3 4.023,5 -6,9 5.176 4.869 -5,9 Milho 1a safra 352,8 333,5 -5,5 2.278,8 2.096,8 -8,0 6.458 6.288 -2,6 Milho 2a safra 481,9 492,8 2,3 2.041,5 1.926,7 -5,6 4.236 3.909 -7,7 1Os
dados referentes à segunda safra do milho são preliminares. Fonte: Elaborada pelo autor a partir de dados de
CAMARGO, F. P. de et al. Previsões e estimativas de safra do Estado de São
Paulo, ano agrícola 2020/21, abril de 2021. Análises e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 6, p. 1-13, jun. 2021. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-22-2021.pdf. Acesso em: 9 ago. 2021. Apesar
da menor redução na área plantada com a segunda safra do milho (2,3%), o atraso
das chuvas na época de semeadura retardou o plantio da cultura, fazendo com que a colheita fosse impactada pela
forte geada que atingiu o estado, provocando perdas nas lavouras, com grandes
prejuízos para os produtores e para sistema agroindustrial do milho. Em junho,
a produção paulista do milho safrinha fora estimada em 1,9 milhão de toneladas,
o que registraria queda de 5,9% em relação ao ano anterior (Tabela 1). No
entanto, os dados2 foram levantados antes das geadas ocorridas em
julho, devendo estar subestimando a produção do milho safrinha. Considerando-se
que o milho é pouco resistente às geadas, os reais percentuais nas quebras de
produção e produtividade deverão ser reajustados no próximo levantamento do
Instituto de Economia Agrícola e em magnitudes maiores. No final de julho,
segundo informações da CDRS, no norte e no nordeste do Estado, a perda do milho
foi total em muitos estabelecimentos, sendo que os cultivos mais tardios foram
os mais prejudicados. Por ocasião das geadas, estimou-se que as perdas do milho
de segunda safra no Estado de São Paulo poderiam chegar a 60,0%3. Em
agosto, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) foi mais cautelosa,
estimando as perdas na produção do milho paulista em 38,8% e quebra de 40,9% na
produtividade4. Neste artigo, para
estimar a oferta e demanda de milho no Estado de São Paulo, seremos ainda mais
reservados que a CONAB5, e adotaremos um percentual de 25,0% sobre
perdas na produção paulista, pois as áreas cultivadas com milho irrigado
tiveram bom desempenho. Assim, computando-se as perdas da primeira safra,
estimadas em 2,6%, e a do milho safrinha, por nós avaliadas em 25,0%, inferimos
que a produção de milho no Estado de São Paulo foi 16,0% aquém da verificada na
safra 2019/20. Como resultado do desempenho de ambas as safras, quantidade de milho
disponível para abastecer o mercado doméstico é estimada em 4,2 milhões de
toneladas, o que representa uma diminuição de 16,2% em relação ao ano passado
(Tabela 2). Esse montante não é
suficiente para cobrir a demanda estadual, estimada em 8,23 milhões de
toneladas, ou seja, quase 50,0% da quantidade disponível. Isso requer que o
Estado de São Paulo adquira milho de outras unidades da Federação para
abastecer seu mercado. Estima-se que a aquisição paulista proveniente de outros
estados totalize 4,91 milhões de toneladas, quantidade 12,0% maior da importada
em 2020. A demanda paulista
por milho é composta basicamente por três segmentos de mercado: alimentos
(humano e animal), insumos (produção de sementes) e exportação. O mais
importante é o consumo animal, que engloba os vários segmentos produtores de
proteína animal e criações de animais, sendo que a avicultura de corte responde
por 40,2% do total, seguida pela avicultura de postura e pela suinocultura, que
absorvem 19,6% e 14,6%, respectivamente. O consumo desse segmento da cadeia
produtiva cresceu 1,4%. O consumo industrial refere-se à quantidade de milho
consumida pela indústria de processamento (moagem úmida e moagem seca) para
fins de alimentação humana de derivados de milho. Esse segmento absorve 15,7%
da demanda total de milho e cresce 1,4% em relação a 2020. Tabela 2
- Comparativo da oferta e da demanda de milho, Estado de São Paulo, 2020 e 20211 (em
t) Especificação 2020 (b) 2021 (a) Var. % (a/b) Estoque
inicial 697.000 578.681 -17,0 Produção 4.320.300 3.627.925 -16,0 Primeira
safra (verão) 2.278.800 2.096.800 -8,0 Segunda
safra (safrinha) 2.041.500 1.531.125 -25,0 Disponibilidade
interna 5.017.300 4.206.606 -16,2 Importação 4.387.462 4.912.019 12,0 Oferta
total 9.404.762 9.118.625 -3,0 Consumo 8.129.000 8.233.000 1,3 Animal 6.366.000 6.455.000 1,4 Avicultura
de corte 2.450.000 2.490.000 1,6 Avicultura
de postura 1.270.000 1.290.000 1,6 Suinocultura 970.000 980.000 1,0 Pecuária
leiteira 432.000 435.000 0,7 Pecuária de
corte 208.000 210.000 1,0 Outros
animais 1.036.000 1.050.000 1,4 Industrial 1.390.000 1.410.000 1,4 Não comercial 373.000 368.000 -1,3 Exportação 525.181 477.300 -9,1 Sementes e perdas 53.500 53.600 0,2 Demanda total 8.707.681 8.763.900 0,6 Estoque
final 579.681 530.900 -8,4 1Dados preliminares Fonte: Elaborada
pelo autor a partir de dados de CAMARGO, F. P. de et al. Previsões e
estimativas de safra do Estado de São Paulo, ano agrícola 2020/21, abril de
2021. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 6, p.
1-13, jun. 2021. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-22-2021.pdf. Acesso em: 9 ago. 2021 e
MINISTÉRIO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat:
estatísticas de comércio exterior do agronegócio. Brasília: MAPA, 2021.
Disponível em: http://agrostat2.agricultura.gov.br/index.htm. Acesso em: ago.
2021. Com demandas
crescentes e menor oferta, os preços no mercado interno estão bastante
satisfatórios, de modo que as exportações tenderão somente ao cumprimento de
acordos previamente fixados, devendo cair ainda mais esse ano. Os grandes
consumidores do mercado nacional, como a avicultura e as indústrias de rações,
estão com dificuldade no acesso e no abastecimento de milho para a realização
das suas atividades produtivas econômicas e de novos investimentos, diminuindo
margens de lucros. 1CAMARGO, F. P. de
et al. Previsões e estimativas de safra do Estado de São Paulo, ano agrícola
2020/21, abril de 2021. Análises e Indicadores do Agronegócio, São
Paulo, v. 16, n. 6, p. 1-13, jun. 2021. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-22-2021.pdf. Acesso em: 9 ago. 2021. 2Op. cit. nota 1. 3BRUNINI, O. et
al. As geadas no Estado de São Paulo entre 29 e 31 de julho de 2021 - efeitos
agrícolas. Boletim e Levantamento CRDS, São Paulo, v. 1, n. 1, p.
5-7, jul. 2021. Disponível em: http://www.ciiagro.org.br/pdfs/Geada-efeitos-agricolas.pdf.
Acesso em: ago. 2021. 4ACOMPANHAMENTO DA
SAFRA BRASILEIRA DE GRÃOS. Brasília: CONAB, v. 11, n. 11, ago. 2021.
(Safra 2020/21 - 11° levantamento). Disponível em:
https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos. Acesso em: ago. 2021. 5Op. cit. nota 4. 5Op. cit. nota 4. Palavras-chave: oferta,
demanda, milho, 2021. COMO
CITAR ESTE ARTIGO MIURA, M. Estimativa de Oferta e
Demanda de Milho no Estado de São Paulo em 2021. Análises e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 8, p. 1-4, ago. 2021. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.
Data de Publicação: 30/08/2021
Autor(es): Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor