Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2020/21, Junho de 2021

 

1 - INTRODUÇÃO

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA-SP), por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS/CATI), realizou entre 1 e 30 de junho de 2021 o terceiro levantamento da previsão e estimativa da safra agrícola para as principais culturas do Estado de São Paulo no ano corrente. Os resultados divulgados para a safra 2020/21 foram obtidos pelo levantamento, seguindo método subjetivo2, em todos os 645 municípios do Estado de São Paulo.

À época do levantamento, o estado já se encontrava em isolamento social, decretado pelo governador3. Entretanto, os técnicos da CATI, responsáveis também pela coleta dos dados, utilizaram outros meios de comunicação para obter as informações necessárias como a pesquisa por telefone (tão usual em outros países) quando não foi possível o deslocamento até o informante (cooperativas, associações, unidades produtivas e outras), em respeito e cumprimento ao decreto.

 

2 – INDICADORES GERAIS

Os resultados parciais e finais de área e produção dos produtos agrícolas da atual safra estão disponibilizados na tabela 1 para culturas anuais e na tabela 2 para as culturas perenes e semiperenes, enquanto o indicador da evolução na agricultura na tabela 3.

  


 


O levantamento atual (junho/2021) apresenta os números finais da safra agrícola 2020/21 das culturas anuais: algodão, amendoim, arroz, batata da seca, feijão da seca, cebola de bulbinho, milho primeira safra, soja e tomate envarado de inverno. Para as culturas perenes, os resultados finais são da seringueira e da uva fina para mesa.

Para as demais culturas - banana, feijão de inverno, café, cana para indústria, cebola muda e plantio direto, laranja, mandioca (indústria e mesa), milho da segunda safra, tomate rasteiro (indústria), trigo e triticale -, as informações são parciais e, portanto, refletem a situação no momento da pesquisa de campo (junho/2021). Elas serão encerradas nos próximos levantamentos de setembro e/ou novembro deste ano.

Foram elaborados índices que refletem a evolução da agricultura paulista no ano agrícola 2020/21 em comparação ao de 2019/20. Os resultados agregados indicam ligeira expansão de 0,56% na área plantada e perda de 2,35% no volume a ser produzido, por conta da menor produtividade da terra de 2,91% (Tabela 3).

O conjunto das culturas anuais apresenta acréscimo de 2,06% na produção e 0,23% na produtividade da terra. Mais especificamente para o grupo dos grãos, os indicadores apontam perda de 0,33% na produtividade e incremento 1,68% na produção por conta do aumento de 2,0% na área plantada.

No grupo das culturas perenes e semiperenes, houve queda na produção (-4,02%), influenciada pela menor produtividade (-4,12%), já que a área permaneceu praticamente estável (+0,13%). A menor produção cafeeira causada pelo ciclo de bienalidade de baixa contribuiu para esse resultado negativo.

 

3 – ACOMPANHAMENTO DA SAFRA AGRÍCOLA 2019/20

3.1 – Algodão

Os números apresentados no levantamento da estimativa e previsão de safra, final para o algodão, de junho de 2021, confirmam que nesta safra 2020/21, a cultura no Estado de São Paulo não manteve os números em área e produção verificados na safra passada, 2019/20. Com a área prevista de aproximadamente 5,8 mil hectares, 52,4% inferior a verificada na safra anterior, e produção de 15,8 mil toneladas, 59,6% menor que a obtida na safra de 2019/20, o levantamento final para o algodão indica que o produtor paulista reduziu drasticamente suas expectativas quanto ao plantio da cultura no estado. O rendimento da cultura foi 15,2% menor em relação ao apresentado na safra passada, e isso pode estar associado à questão climática, que realmente comprometeu o andamento de diversas culturas. Os números apresentados parecem confirmar que grande parte dos produtores de algodão optou pelo plantio de milho e soja por conta de melhores preços associados a essas culturas nesta safra.

A cotonicultura foi conduzida em 9 das 40 regionais no estado, e sua produção se concentrou 85% em quatro Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), são elas: Votuporanga (26,9%), Itapeva (22,8%), Avaré (19,5%) e Presidente Prudente (15,8%).

 

3.2 – Amendoim

O Estado de São Paulo produziu, na safra agrícola 2020/21, 26,95 milhões de sacas de 25 kg de amendoim em grão, equivalente a 673,81 mil toneladas. Esse resultado reflete um aumento de 7,8% em relação à safra passada, em função do acréscimo de 12,2% na área plantada. Influenciada pelas condições climáticas desfavoráveis, na maior parte do período vegetativo relevante para a leguminosa, a produtividade agrícola teve decréscimo de 3,9% relativamente à safra passada. O Estado de São Paulo é o maior produtor nacional e responde por aproximadamente 90% da safra, totalizando 172,9 mil hectares de área plantada, tendo em vista que as condições de mercado estão favoráveis ao grão4. A região centro-oeste do estado, que abarca Araçatuba, Assis, Bauru, Marília e Presidente Prudente, é a maior região produtora de amendoim do Brasil, onde o clima e a terra são favoráveis ao plantio. A região nesta safra pretende colher 36% de todo volume estadual, em 31% de toda área plantada. A versatilidade do amendoim tem chamado atenção de produtores rurais, que aproveitam a entressafra da cana-de-açúcar para cultivar o grão, permitindo a recuperação do solo por meio da fixação de nitrogênio. Quanto à receita gerada nas fazendas, a oleaginosa ganhou sete posições, passando para a décima cultura do ranking estadual. Em 2020, o valor da produção do amendoim foi de R$1,96 bilhão, 94,25% acima dos valores obtidos em 2019, por conta dos preços recebidos pelos produtores (superiores em 45,85%) e do aumento da produção (33,18%)5.

 

3.3 – Arroz

A estimativa final da safra paulista de arroz (incluindo áreas irrigadas) em 2021 é de 56,9 mil toneladas (948.330 sacas de 60 kg), 8,5% inferior do que em 2020, por conta dos menores índices de produtividade agrícola (8,5%). A produtividade média estadual nesta safra é de 5,80 mil kg/ha, posicionando-se abaixo da brasileira em aproximadamente 900 kg/ha, segundo o IBGE6. O volume obtido provém de uma área plantada de 9.809,38 hectares, praticamente a mesma área da safra 2019/20, acompanhando comportamento nacional. Grande parte da quantidade produzida se encontra, principalmente, em áreas irrigadas nas regionais de Guaratinguetá, Pindamonhangaba e Registro, que respondem por aproximadamente 83,0% da área estadual plantada e por 88,9% da quantidade colhida na presente safra. Os períodos prolongados de seca ocorridos no estado desfavoreceram a cultura do arroz, comprometendo inclusive as áreas irrigadas.

3.4 – Banana

Em junho foi realizado o quarto acompanhamento da safra 2020/21 desta cultura, que sinalizou, em relação à safra anterior, aumento de área (1,5%) e de produção (1,9%), e diminuição de produtividade (-0,7%). A atividade poderá atingir o total de 1,1 milhão de toneladas da fruta, em uma área produtiva de 54,8 mil hectares (Tabela 2). Os três principais EDRs são Registro, São Paulo e Jales, que reúnem 79,1% da produção paulista. Observa-se nos EDRs de Jales, Fernandópolis e Votuporanga concentração de 59,3% do total do estado em áreas novas da cultura (Tabela 4).

Com a desvalorização cambial, a boa qualidade da fruta, além da demanda externa aquecida, levou ao bom desempenho das exportações no primeiro semestre de 2021. As exportações somaram 55,68 mil toneladas, montante 4,62% superior ao registrado no mesmo período de 2020, e o valor auferido foi de U$$18,46 milhões, 19,13% maior que a parcial do ano passado. O carro-chefe foi a venda da banana-nanica da região de Registro. Esse produto possui alta qualidade o que impulsiona sua comercialização nos mercados europeus e nos países do Mercosul7.

 

3.5 – Batata da Seca

Os resultados finais para o cultivo de batata da seca apontam para uma redução da área de plantio de 7,2% em relação à safra passada, com um leve crescimento da produção 0,6%, com ganhos de 8,3% na produtividade agrícola. A área ocupada passou de 6,7 mil hectares para 6,2 mil hectares, a produção de 188,7 para 189,8 mil toneladas e a produtividade de 28.208 para 30.558 kg/ha. A produção encontra-se mais concentrada em quatro EDRs: Itapeva, Itapetininga, Avaré e São João da Boa Vista.

 

3.6 – Café

A quarta campanha de previsão de safra de café no Estado de São Paulo (junho/2021) indicou ligeiro incremento na produção (0,4%) comparado ao levantamento anterior, totalizando nesta nova estimativa colheita de 4,31 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado. Contabilizando-se o somatório dos quatro principais cinturões de lavoura cafeeira do estado (EDRs de Franca, São João da Boa Vista, Marília e Ourinhos), chega-se a 74,5% do total do estimado para o Estado.

Nesse ciclo de baixa produção da lavoura, o resultado esperado para a produção paulista do café beneficiado de 4,31 milhões de sacas (258,9 mil toneladas) se posiciona 32,2% abaixo da registrada na estimativa final da colheita de 2019/20 (ciclo de alta), quando foram obtidas 6,36 milhões de sacas.

A incidência de três massas consecutivas de ar polar trouxe temperaturas, ao amanhecer, próxima do O° C nos principais cinturões de lavoura cafeeira paulistas. Assim, as áreas em formação, com plantas em fase de desenvolvimento, podem ter sido totalmente perdidas, caso medidas de mitigação não tenham sido implementadas (enterrio e/ou embalamento com saco de papel). A destruição de 10 mil hectares poderá comprometer a performance futura do parque produtivo paulista, pois são retirados da produção futura stands em condições de oferecer maior produção em decorrência da qualidade genética dos novos materiais levados a campo.

 

3.7 - Cana para Indústria

A previsão da safra agrícola paulista canavieira deve totalizar 429,46 milhões de toneladas, variação negativa da ordem de 1,8% em relação à 2019/20, em consequência do decréscimo de 2,1% na produtividade agrícola. Esta, ao longo da safra, poderá finalizar em 76.727 kg/ha, valor similar ao obtido pela CONAB8, causado pelas condições climáticas, menor índice pluviométrico, baixas temperaturas e a geada ocorrida no final de junho em várias regiões produtoras. Dependendo do estágio de desenvolvimento da cultura, plantio ou rebrota, essas regiões poderão sofrer grandes perdas. Além disso, a previsão de novas frentes frias em julho e agosto com ocorrência de geadas ainda mais severas preocupa os produtores. 

O setor dá indícios de que o volume a ser produzido nesta safra dirige-se à produção de açúcar. O volume previsto para a presente safra, ora divulgado, contempla a produção potencial paulista da cana para indústria, que tem como destino a moagem industrial para etanol e açúcar, destilarias, garapa e afins, inclusive a provável produção advinda de área bisada. Não está incluída nesta estatística a cana destinada para alimentação animal.  

A área plantada na safra agrícola 2020/21 é similar à estimada em 2019/20 (+0,4%), onde se prevê colheita em 91% deste total. Comparativamente à safra passada, na presente safra canavieira da área plantada, estimam-se novos plantios da ordem de 2,6%; contudo, a área a ser colhida é similar.  

A produção paulista de cana para indústria está concentrada em 25% das regionais (EDRs de Barretos, Orlândia, Ribeirão Preto, Araraquara, Andradina, Jaboticabal, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Jaú e Catanduva), respondendo por 56% tanto do total da produção estadual, como da área em produção para esta safra. A produtividade média agrícola desse polo canavieiro é superior à média estadual, chegando ao redor de 77.060 kg/ha.

A cana para indústria continua como o principal produto do VPA paulista e seu valor para 2020 totalizou R$31,96 bilhões, que representa 33% de todo montante estadual. Apresentou acréscimo de 7,7% relativamente a 2019, por conta de ganhos de 7,2% nos preços recebidos pelos canavieiros9. Vale ressaltar que o VPA da cana para indústria apresenta-se como principal item na maioria das regiões paulistas10.  

 

3.8 - Cebolas Bulbinho, de Muda e de Plantio Direto

A estimativa final da área cultivada com cebola de bulbinho no Estado de São Paulo foi reduzida em 25,7% e chegou a 320 hectares em relação à safra passada. A produção e a produtividade também apresentaram redução na ordem de 31,5% e 7,9% respectivamente. A produção diminui de 17,0 mil toneladas para 11,7 mil toneladas, e a produtividade passou de 39.609 kg/ha para 36.484 kg/ha. Os principais EDRs produtores são Campinas, Barretos e Sorocaba.

O levantamento realizado em junho inclui o segundo levantamento de acompanhamento das safras de cebola, a de muda e a cultivada em plantio direto. A área ocupada com cebola de muda apresentou aumento em relação à safra anterior de 45,3%, chegando a 2,3 mil hectares. A produção também teve variação positiva em 49,5%, com 88,5 mil t, indicando um incremento de 2,9% na produtividade.

O levantamento de junho aponta reduções de área e produção para o cultivo de cebola em plantio direto, 36,2% e 33,5%, respectivamente, proporcionando uma produtividade de 56.151 kg/ha, 4,2% maior quando comparada à safra passada. Os EDRs de Campinas e Ribeirão Preto são os principais produtores do estado.

 

3.9 - Feijão da Seca e de Inverno

Em junho foi realizado o último levantamento da cultura do feijão da seca (segunda safra) e o segundo levantamento do feijão de inverno (terceira safra), ambos do ano agrícola 2020/21.

Para o feijão da seca (segunda safra), a estimativa final da safra 2020/21 apresentou consideráveis reduções de área, produção e de produtividade em relação à safra 2019/20. A produção totalizou 23,7 mil toneladas, com perdas mais acentuadas de 32,6% por conta do recuo de 23,8% de área plantada (12,3 mil hectares) e perdas de 11,5% na produtividade (com 1.934 kg/ha ante 2.186 kg/ha da safra anterior). Problemas climáticos com poucas chuvas registradas durante o período da cultura influenciaram nesse menor rendimento.

Quanto à distribuição geográfica do plantio no Estado de São Paulo, cerca de 75% da área cultivada do feijão da seca está concentrada nas regionais (EDRs) de Itapeva (29,0%), Avaré (21,8%), Botucatu (9,3%) e Ourinhos e Sorocaba (6,6% cada).

Vale destacar que o cultivo do feijão da seca é menor em termos de área dentre as demais safras paulistas (águas e de inverno). Esse resultado é decorrência do período de plantio (meados de janeiro até o final março), que coincide com as épocas das colheitas da soja e milho primeira safra, e do plantio do milho segunda safra. Outro fator determinante é o fator fitossanitário, quando o período é de maior vulnerabilidade de infestação de pragas.

No caso da cultura do feijão de inverno ou da terceira safra (irrigado e sem irrigação), a segunda estimativa apresenta reduções de 23,4% de área plantada (19,0 mil hectares) e de 13,6% para a produção, estimada em 56,4 mil toneladas ante as 65,2 mil toneladas registradas na safra passada. Por outro lado, são esperados ganhos de 12,9% de produtividade (2.960 kg/ha), em função da expansão do sistema de plantio com áreas irrigadas, tendo representatividade de 91% do total da área do feijão de inverno. As três principais regiões produtoras no Estado de São Paulo são os EDRs de Avaré (33,8%), São João da Boa Vista (19,9%) e Barretos (14,9%), que juntas concentram 68,6% da produção paulista.

Somando-se as três safras de feijão 2020/21, das águas e da seca (ambas encerradas), mais a safra de inverno (que se encerra em setembro), a previsão total da produção paulista é de serem produzidas 229,1 mil toneladas, 5,5% menor em relação à safra 2019/20.

 

3.10 – Laranja

A estimativa preliminar da safra agrícola 2020/21 para a cultura da laranja, decorrente do levantamento realizado em todos os municípios do Estado de São Paulo em junho deste ano é de 303,5 milhões de caixas de 40,8 kg (12.383 mil toneladas), volume 4,5% menor ao obtido na safra agrícola anterior. O período de deficiência hídrica, principalmente nos meses de março e abril de 2021, quando os frutos já se encontram em estágio mais avançado de desenvolvimento, e a intensificação das altas temperaturas diurnas justificam o comprometimento desta safra, pois afetam negativamente estágios importantes do desenvolvimento vegetativo dos pomares, como o florescimento e o desenvolvimento dos frutos. Essa situação climática foi notada em grande parte da região produtora de laranja, principalmente na região noroeste do estado (regiões de Votuporanga e São José do Rio Preto). Entretanto, esse efeito é muito amenizado na região sudoeste (regiões de Avaré e Itapetininga), onde predomina a laranja com destino para mesa, com uso de irrigação. Outro indicativo para a presente safra é de uma produtividade agrícola de 30.857 kg/ha, equivalente a 1,96 cx./pé (756 cx. por hectare), registrando variação negativa de 3,6% em relação à safra agrícola anterior.

O volume contabiliza a safra paulista de laranja (safra agrícola 2020/21) destinada ao mercado e à indústria, as caixas perdidas no processo produtivo e na colheita, bem como os frutos provenientes de pomares não expressivos economicamente, prevista para todos os pomares do Estado de São Paulo, independentemente do tamanho do pomar.

Quanto à área total plantada (que inclui área com plantas ainda não produtivas), nota-se pequeno decréscimo de 0,7%, embora se registre expectativa de crescimento em áreas onde, nesta safra, não se fará a colheita (aumento nas áreas com plantas ainda não produtivas da ordem de 2,8%, comparativamente à safra passada), ainda que de forma não uniforme regionalmente. Quanto à área produtiva, nota-se menor área a ser colhida, da ordem de 1,0%, relativamente à safra 2019/20. A área ocupada com pomares de laranja está em 433,2 mil hectares, correspondendo a 174,55 milhões de plantas, sendo ao redor de 93% aptas para produção.

Há indícios de que haja continuidade no processo de erradicação por conta da eliminação de pomares comprometidos com a incidência de problemas fitopatológicos, principalmente cancro cítrico e HLB (greening). Existem, porém, sinais de reposição de pomares.

 

3.11 - Mandioca para Indústria e para Mesa

Os resultados do levantamento de junho em relação ao cultivo de mandioca para mesa apontam redução de 1,9% na área passando de 19,8 mil hectares para 19,4 mil hectares. Apesar da redução da área, a produção aumentou 1,5%, refletindo uma produtividade 3,8% maior e chegando a 16.625 kg/ha. Campinas, Sorocaba e Presidente Prudente são os principais EDRs produtores.

Em relação à mandioca para indústria, a área, a produção e a produtividade apresentaram reduções de 9,4%, 13,2% e 7,0%, respectivamente. A área passou de 63,2 mil hectares para 57,2 mil hectares, a produção passou de 1.363,7 mil toneladas para 1.184,2 mil toneladas, e a produtividade passou de 30.358 kg/ha para 28.239 kg/ha. Presidente Prudente e Marília são os principais EDRs produtores.

 

3.12 – Milho

3.12.1 - Milho 1ª safra

O levantamento de junho é o último do ciclo 2020/21 da cultura do milho 1ª safra no estado. Os resultados indicaram queda de 5,5% na área em produção deste ano em relação ao período anterior, totalizando 333,5 mil hectares. A produtividade foi de 6.288 kg/ha, queda de 2,6% em relação ao ano ciclo 2019/20. Com isso, a produção foi de 2.096,8 mil toneladas, 8,0% inferior.

Em relação ao desenvolvimento da cultura, não se observou um clima significativamente desfavorável a produção, apesar de que o atraso das chuvas na época de plantio impossibilitou uma produtividade melhor.

O milho 1ª safra é cultivado em todas as 40 EDRs do estado, com destaque para as regiões de Itapeva, São João da Boa Vista e Itapetininga.

 

3.12.2 - Milho 2ª safra

O levantamento de junho indica que área de plantio do milho safrinha no estado expandiu-se em 2,3%, alcançando 492,8 mil hectares. Entretanto, o avanço de área não está gerando valores positivos de produção devido à queda de 7,7% na produtividade e, com isso, a produção está sendo 5,6% inferior a observada em 2019/20.

A expansão de área do milho safrinha é influenciada pelo avanço da cultura da soja em áreas que até então eram ocupadas pelo milho 1ª safra no plantio de verão. O clima vem sendo bastante desfavorável ao desenvolvimento da cultura, com registros muito baixos de precipitações em todo o estado.

Somando-se as duas safras de milho (1ª e 2ª safras), a estimativa total da produção paulista é de serem produzidas 4,02 milhões de toneladas, queda de 6,9% em relação à safra de 2019/20. O próximo levantamento (setembro/2021) trará os números finais para o milho 2ª safra (safrinha), contabilizando-se as perdas por conta das geadas ocorridas em julho/2021.

 

3.13 – Seringueira

A estimativa final para a seringueira safra 2020/21 apresentou produção total de 246,2 mil toneladas de coágulo, 0,6% inferior ao obtido na safra 2019/20 e perdas de 1,6% na produtividade. A área total com os seringais (129,3 mil hectares) diminuiu 4,5% em relação à safra passada, sendo que a área em formação caiu 22,6% e a área em produção obteve pequeno aumento de 1,0%. Ou seja, a erradicação da área em produção (que vem ocorrendo no estado, por diversos motivos) foi compensada com a passagem dos pés novos para pés produtivos.

A cultura da seringueira vem atravessando há alguns anos dificuldades devido à baixa rentabilidade ocasionada por baixos preços recebidos pelos produtores. Isso tem impactado no uso de fatores de produção em seu manejo numa conjuntura de custos de produção crescentes, associado a fenômenos climáticos (deficit hídrico, altas temperaturas e ocorrência de incêndios), e a queda na rentabilidade tem levado o produtor à descapitalização que não favorece investimentos em novos plantios. Ainda de acordo com o levantamento final da safra 2020/21, as principais regiões produtoras são os EDRs de São José do Rio Preto (28,0%), General Salgado (12,5%), Votuporanga (12,4%) e Barretos (11,4%). Juntas, essas regionais concentram 64,8% da produção no Estado de São Paulo.

 

3.14 – Soja

O corrente levantamento encerra o ciclo 2020/21 da cultura da soja no estado. Os resultados deste ano-safra foram bem positivos: a área em produção foi ampliada em 4,8%, alcançando 1.154,3 mil hectares, a produtividade foi de 3.527 kg/ha, incremento de 1,2% em relação ao ano anterior e, com isso, a produção foi de 4.070,7 mil toneladas, 6,1% superior a 2019/20. Ressalta-se que esse aumento ocorreu em comparação à maior produção já ocorrida no estado, registrada em 2019/20.

Em relação ao desenvolvimento da cultura, observa-se que o atraso no início do cultivo, em virtude da falta de chuvas em 2020, foi compensado pelo clima favorável no período produtivo, favorecendo o estabelecimento da produtividade.

A área em produção somada dos EDRs de Itapeva, Assis, Ourinhos e Avaré contabiliza a metade da extensão produtiva do estado.

 

3.15 – Tomate Envarado (Mesa) e Rasteiro (Indústria)

O levantamento de junho finalizou a safra 2020/21 do tomate envarado ou para mesa safra de inverno (consumo in natura). O resultado final registrou expansão de 28,2% na área plantada na comparação com a safra anterior, passando de 3,9 mil hectares para 5,0 mil hectares, na produção houve incremento de 32,1%, com volume produzido de 385,3 mil toneladas e ganhos de 3,1% de produtividade (78,7 mil kg/ha).

Somando-se as duas safras (verão e de inverno) do ano agrícola 2020/21 para o tomate envarado no Estado de São Paulo, a estimativa final apontou produção total de 872,6 mil toneladas, 13,0% superior na comparação com a safra passada, reflexos da expansão de 11,2% na área cultivada (passando de 10,1 mil hectares para 11,2 mil hectares) e ganhos de 1,6% na produtividade (78,0 t/ha). As três principais regiões produtoras no Estado de São Paulo são os EDRs de Itapeva, Campinas e Mogi Mirim, que juntas concentram 75% da produção e apresentaram crescimentos no período.

Contribuiu para esse bom desempenho dos resultados do tomate envarado a nova metodologia de acompanhamento de safras adotada pelo IEA/CATI, separando o levantamento em duas safras (verão e de inverno) iniciado no ano agrícola 2019/20.

No caso do tomate rasteiro (destino indústria), o levantamento realizado em junho é o segundo para a safra 2020/21, e os resultados confirmam as quedas significativas de área e produção apontadas no levantamento de abril de 2021. Comparadas com a safra passada, as diminuições são de 43,8% de área cultivada (1,8 mil hectares), de 47,3% para a produção (previsão de serem colhidas 143,7 mil toneladas) e perdas de 6,2% na produtividade (80,1 t/ha).

 

3.16 – Trigo

Comparativamente à safra passada, 2019/20 o resultado deste levantamento, junho de 2021, demonstra crescimento de 9,9% em área e 16,4% na produção e, portanto, os produtores paulistas de trigo aumentam sua participação na distribuição de área e elevam a produção do cereal no estado. Os números apurados no quarto levantamento da previsão e estimativa de safra agrícola de 2020/21 de trigo indicam acréscimo de 4,8% na área cultivada (110,3 mil hectares) em relação ao levantamento de abril último, e crescimento na produção prevista de 11,2%, totalizando 361,7 mil toneladas. O ajuste positivo em área e produção elevou a produtividade esperada em 6,1%. O crescimento em área diante do levantamento de abril está associado provavelmente ao fato de que áreas ainda não informadas passaram a figurar neste levantamento de junho.

Esses resultados carregam as expectativas mais otimistas do segmento produtor paulista quanto a balanço, preço de mercado e custo de produção. Fatores como o clima, frio e mais seco, ou seja, menos favorável ao aparecimento de pragas, podem ser um indicativo de melhor qualidade do trigo produzido. Por outro lado, se as recentes geadas atingiram as plantações paulistas nas fases mais sensíveis de desenvolvimento, o próximo levantamento a ser realizado em setembro poderá indicar perdas significativas. Outro ponto a se observar é que o câmbio valorizado em relação à compra de trigo não estimula grandes aquisições no mercado externo. Com o fechamento da safra de trigo no Estado de São Paulo no próximo levantamento, setembro de 2021, a totalização da produção paulista deve ratificar ou não os dados da produção paulista diante destes pontos.

 

3.17 – Triticale

Os números do terceiro levantamento da safra paulista indicam, relativamente à safra anterior, crescimentos de 89,1% na área cultivada com 4,0 mil hectares, de 79,1% na produção esperada (11,1 mil toneladas) e queda de 5,3% no rendimento (2.774 kg/ha). A cultura é desenvolvida principalmente nas regionais de Avaré, Sorocaba e Itapeva, localizadas nas regiões sul-sudoeste do estado e que espondem por90% da área plantada.

4 – RESULTADOS COMPLEMENTARES

Os resultados do levantamento por EDR constam na tabela 4, por Região Administrativa (RA) e Região Metropolitana (RM) na tabela 5; já os resultados de outros produtos agrícolas do levantamento de junho/2021 estão disponibilizados na tabela 6 (disponíveis em “Download de tabelas”). O próximo levantamento das safras agrícolas do Estado de São Paulo, a ser realizado em setembro de 2021, trará os resultados finais das culturas anuais (milho segunda safra, trigo e triticale), das culturas perenes (banana e café) e as estimativas parciais do quarto levantamento para as culturas da cana para indústria, cebola de muda e laranja referentes à safra 2020/21. Ela trará também as primeiras informações de intenção de plantio das culturas anuais safra de verão 2021/22.

 

¹Os autores agradecem: o desempenho no levantamento dos técnicos do DEXTRU, das Casas de Agricultura e diretores dos EDRs e da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS/CATI); os comentários de Celso Luis Rodrigues Vegro, Katia Nachiluk e Marli Dias Mascarenhas de Oliveira, pesquisadores do IEA; e a colaboração de Talita Tavares Ferreira, Técnica de Apoio do CCTC/NCI.

 

2Entende-se por método subjetivo a coleta e a sistematização de dados fornecidos pelos técnicos das Casas de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de produção, em cada um dos 645 municípios do Estado de São Paulo.

 

3SÃO PAULO (Estado). Decreto 64.881, de 22 de março de 2020. Decreta quarentena no Estado de São Paulo, no contexto da pandemia do COVID-19 (Novo Coronavírus), e dá providências complementares. Diário Oficial Estado de São Paulo, v. 130, n. 57, p. 1, 23 mar. 2020. (Edição suplementar).

 

4SAMPAIO, R. M. Amendoim: retração da oferta e queda nas exportações em 2019. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 15 n. 2, p. 1-4, fev. 2020. Disponível em: http://www.
iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-06-2020.pdf. Acesso em: 18 mar. 2020.

 

5SILVA, J. R da et al. Estimativa do Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo para 2020. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 4, p. 1-7, abr. 2021. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14911. Acesso em: 22 jul. 2021.

 

6INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. SIDRA: tabela 1618 - área plantada, área colhida e produção, por ano da safra e produto das lavouras. Rio de Janeiro: IBGE, 2021. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1618#resultado. Acesso em: 20 jul. 2021.

 

7MALISZEWSKI, E. Exportação de frutas cresceu quase 30%. Agrolink, Porto Alegre, 15 jul. 2021. Disponível em https://www.agrolink.com.br/noticias/exportacao-de-frutas-cresceu-quase-30-_453057.html. Acesso em: 15 jul. 2021.

8ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA DE CANA-DE-AÇÚCAR. Brasília: CONAB, v. 7, n. 3, dez. 2020. (Safra 2020/21 - terceiro levantamento). Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/cana/boletim-da-safra-de-cana-de-acucar/item/download/34870_e1c52a336b53ca05c29824831da3c9e9. Acesso em: 22 jul. 2021.

 

9Op. cit. Nota 4.

 

10SILVA, J. R da et al. Valor da produção agropecuária nas regiões do estado de São Paulo em 2020. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 5, p. 1-7, maio 2021. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14918. Acesso em: 22 jul. 2021. 

 

Palavras-chave: previsão de safras, produção, produtividade, estimativa, área agrícola, Estado de São Paulo.


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COMO CITAR ESTE ARTIGO

CAMARGO, F. P. de et al. Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Ano Agrícola 2020/21, Junho de 2021. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 8, p. 1-16, 2021. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.


Data de Publicação: 13/08/2021

Autor(es): Felipe Pires de Camargo (fpcamargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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