Artigos
Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Primeiro Bimestre de 2021
1 - BALANÇA
COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO No primeiro bimestre de
2021, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$6,24 bilhões
(20,0% do total nacional) e as importações2, US$8,84 bilhões (28,6%
do total nacional), registrando deficit comercial de US$2,60 bilhões
(Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2020, houve queda nas exportações
(-2,3%) e nas importações (-2,1%); essa conjunção de desempenhos resultou na
redução do deficit (-1,5%) no saldo da balança comercial paulista no
primeiro bimestre de 2021. O principal motivo desse resultado negativo ainda
é resultante da pandemia da covid-19, que vem afetando as exportações de
algumas das principais mercadorias das indústrias paulistas extrativista e de
transformação. 1.1 - Análise
Setorial do Agronegócio Na análise setorial do
agronegócio, o resultado do primeiro bimestre de 2021, na comparação com o
mesmo período do ano anterior, indica que o agronegócio3 paulista
apresentou aumento nas exportações (+2,8%), alcançando US$2,19 bilhões, e queda
nas importações (-8,6%), totalizando US$0,74 bilhão; com esses resultados,
obteve-se superavit de US$1,45 bilhão, 9,8% superior ao mesmo período de
2020 (Figura 1). A participação das
exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 35,1%, enquanto a
participação das importações setoriais é de 8,4% (Figura 1). Há que se destacar que as
exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio
- somaram US$4,05 bilhões, e as importações, US$8,10 bilhões, gerando um deficit
externo desse agregado de US$4,05 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit
do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do
agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$1,45 bilhão). 1.2 - Exportações
do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos Os cinco principais
grupos nas exportações do agronegócio paulista, no primeiro bimestre de 2021,
foram: complexo sucroalcooleiro (US$845,44 milhões, sendo que desse total, o
açúcar representou 88,4% e o álcool, 14,6%), setor de carnes (US$308,70
milhões, em que a carne bovina respondeu por 87,6%), grupo de sucos (US$218,96
milhões, dos quais 97,5% referentes a suco de laranja), produtos florestais (US$218,59
milhões, com participações de 53,0% de papel e 31,7% de celulose) e grupo dos
demais produtos de origem vegetal (US$108,54 milhões), ficando o café logo
atrás, na sexta colocação (US$108,36 milhões, dos quais 74,1% referentes ao
café verde). O agregado dos cinco principais grupos representou 77,5% das
vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Ainda de acordo com a tabela
1, no primeiro bimestre de 2021, em comparação com o primeiro bimestre de 2020,
houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de
produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos do complexo
sucroalcooleiro (+33,5%), sucos (+0,3%), grupo dos demais produtos de origem
vegetal (5,7%) e de café (+32,4%), e quedas para carnes (-3,9%), produtos
florestais (-18,2%) e complexo soja (-61,5%). Essas variações nas receitas do
comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços
como de volumes exportados. 1.3 - Exportações
dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista Os
dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais
relevantes do agronegócio paulista nos dois primeiros meses de 2021, em
comparação com igual período de 2020, são apresentados na tabela 2. Desses
grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação
(38,5%) nas exportações paulistas. No total, o grupo cresceu 33,5% em valores e
28,9% em volumes exportados, devido ao desempenho das vendas externas do açúcar
(39,4% em valores e 28,8% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram
aumentos de 30,3% em volume e de 7,0% em valores, quando comparados com o mesmo
período de 2020. O
grupo de carnes tem a segunda posição na pauta do estado, apresentando quedas
(-3,9%) em valores e volume (-7,7%) em relação ao primeiro bimestre de 2020. A carne bovina com maior contribuição no grupo
registrou aumentos de 5,0% em valores e de 2,6% em volume exportado. O
desempenho da carne de frango foi de retração em valores (-34,8%) e em
volumes (-26,9%). A carne suína também apresentou resultados negativos, de
-65,3% em valores e de -76,2% na quantidade embarcada. O
suco de laranja (FCOJ concentrado) exibiu aumentos de 2,5% no valor e de 15,5%
em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas
decresceram em valores (-8,1%) e em volume (-2,1%). A variação total das
exportações do grupo de sucos foi de 0,3% em valores e 2,5% em volume na
comparação com o primeiro bimestre de 2020. Os
produtos florestais aparecem na quarta posição com menor desempenho em primeiro
bimestre de 2021, com queda de -18,2% em valores em relação ao ano anterior. O
produto papel, principal item do grupo na pauta paulista, obteve variação
negativa quanto aos valores (-19,1%) e ao volume (-8,9%). As exportações dos
produtos de celulose apresentaram quedas nos valores (-28,5%) e nos embarques
(-10,4%). Para
o grupo do café, os resultados apontaram aumentos de 32,4% nos valores e de
49,7% no volume das exportações paulistas. O principal produto desse grupo é o
café verde, que apresentou aumento de 51,3% em valores e 59,9% em quantidades
exportadas pelo estado, enquanto o café solúvel exibiu decrescimento de 3,8% em
valores, mas com crescimento de 1,6% em volume comercializado. O grupo composto pelo complexo soja apresentou no
primeiro bimestre de 2021 desempenho negativo, com queda nos embarques (-70,4%)
e em valores (-61,5%). A soja em grão, principal produto do grupo, apresentou
variações expressivas de valores e volumes (-60,9% e -68,1%, respectivamente),
quando comparados com o mesmo período de 2020. Essa queda pode ser creditada à
indisponibilidade do produto ocasionada pelo atraso do plantio por conta do
clima (falta de chuvas) nos meses de setembro e outubro de 2020. 1.4 - Importações do Agronegócio
Paulista Os principais produtos da pauta de importação do
agronegócio paulista no primeiro bimestre de 2021 foram papel (US$53,76
milhões), seguido do trigo (US$49,83 milhões) e do óleo de dendê ou de palma
(US$43,62 milhões). A figura 2 apresenta os dez principais produtos que
representam 44,2% do total importado (US$740,00 milhões). 2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL A balança comercial brasileira registrou saldo positivo de US$0,17 bilhão no primeiro bimestre de 2021,
com exportações de US$31,13 bilhões e importações de US$30,96 bilhões. Esse
resultado indica redução de US$0,46 bilhão no saldo comercial em relação ao mesmo período de 2020, devido ao
incremento inferior das exportações (3,5%) em relação as importações (5,2%)
(Figura 3). 2.1 -
Análise Setorial do Agronegócio Na
análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro nos dois primeiros
meses de 2021 (Figura 2) apresentaram resultado próximo da estabilidade (+0,4%)
em relação a primeiro bimestre de 2020, alcançando US$12,08 bilhões (38,8% do
total nacional). Já as importações aumentaram 10,0% no período, registrando
US$2,52 bilhões (8,1% do total nacional). O superavit do agronegócio foi de US$9,56 bilhões no período, sendo
1,8% inferior na comparação com o primeiro bimestre de 2020 (Figura 2). A participação das
exportações do agronegócio no total nacional recuou 1,2 ponto percentual e a
das importações aumentou 0,3 p.p. no período analisado (Figura 2). Portanto, o
comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao bom desempenho do
agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de
US$19,05 bilhões e importações de US$28,44 bilhões, produziram um deficit de US$9,39 bilhões no primeiro
bimestre de 2021. 2.2 – Exportações
do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos Os
cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro no primeiro
bimestre de 2021 foram: carnes (US$2,43 bilhões, com a carne bovina, de frango
e suína representando, respectivamente, 45,2%, 38,5% e 13,6% desse total), complexo
soja (US$2,17 bilhões), produtos
florestais (US$1,67 bilhão, com participações de 47,4% de celulose e 37,8% de
madeira), complexo sucroalcooleiro (US$1,38 bilhão, dos quais 88,4% de açúcar)
e grupo de café (US$963,34 milhões, tendo o café verde participação de 91,8%).
Esses cinco grupos agregados representaram 71,3% das vendas externas setoriais
brasileiras (Tabela 3). Ainda conforme a tabela 3, na
comparação com o primeiro bimestre de 2020, houve importantes variações nos
valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro,
com destaque para os grupos de complexo sucroalcooleiro (+39,9%), café
(+17,0%), cereais, farinhas e preparações (+47,2%), carnes (-7,7%), produtos
florestais (-4,1%) e complexo soja
(-24,5%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da
composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados. 2.3 -
Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro A
tabela 4 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais
produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas
respectivas variações no primeiro bimestre de 2021, em comparação com o mesmo
bimestre de 2020. Desses
grupos relevantes, o grupo de carnes, que apresenta a maior participação
(20,1%) nas exportações brasileiras, apresentou quedas de -7,7% em valores e
-3,8% em volume em relação ao primeiro bimestre de 2020. A carne bovina
contribuiu nesse resultado com recuos de -6,7% em valores e -6,2% em volume
exportados. Com resultados negativos também está a carne de frango, com perdas
em valores (-12,6%) e em volume (-5,6%). Já a carne suína apresentou incremento
tanto em valores (3,9%) como em volume (5,7%). O
complexo soja apresentou reduções em valor e volume (-24,5% e -36,9%,
respectivamente) em relação ao mesmo período do ano anterior. O principal
produto desse grupo, a soja em grão, apresentou elevadas reduções de -47,4% em
valores e -52,7% em volume exportados. O
grupo produtos florestais aparece na terceira posição na pauta brasileira,
apresentando variação negativa em valores (-4,1%), mas com aumento em volume
exportado (2,9%). Destaca-se expressivo aumento do valor e volume da madeira
(27,6% e 22,8%, respectivamente), enquanto os demais subgrupos apresentaram
variações negativas nas exportações no primeiro bimestre de 2021, quando
confrontados com o primeiro bimestre de 2020. Para
o grupo sucroalcooleiro, os resultados do primeiro bimestre de 2021 foram
positivos, com crescimento expressivo em valores e quantidades embarcadas
(39,9% e 35,0%, respectivamente). O açúcar puxou o desempenho do grupo,
apresentando aumentos para valores (42,7%) e volumes (34,0%) no período
analisado. Embora com menor participação no grupo, o álcool etílico exibiu
aumentos de 22,9% e 50,9% para valores e quantidades embarcadas, em comparação
com o primeiro bimestre de 2020. O
grupo do café apresenta ganho em valores (17,0%) e em quantidade (23,7%), sendo
o café verde o principal produto com variações de 19,1% em valores e de 24,4%
em quantidades exportadas pelo país. O
grupo de cereais, farinhas e preparações apresenta desempenho positivo em valores (47,2%)
e em quantidades (33,3%). O milho em grão, principal item do grupo, registrou
maior exportação em volume (53,2%) e em valores (32,9%). O trigo apresentou
resultados positivos bastante expressivos em termos de variação com aumento em
valores (159,8%) e em quantidade (136,3%). 2.4 - Importações do Agronegócio Brasileiro Os principais produtos da pauta de importação do
agronegócio brasileiro no primeiro bimestre de 2021 foram trigo (US$266,81
milhões), malte (US$133,71 milhões) e papel (US$131,13 milhões). A figura 4
apresenta os dez principais produtos que representam 42,1% do total importado
(US$2,52 bilhões). 3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos
os setores da economia) apresentou quedas de 1,3 ponto percentual nas
exportações e de 2,1 p.p. nas importações no primeiro bimestre de 2021, na
comparação com o mesmo período do ano anterior, apontando valores de
representatividade de 20,0% nas exportações e de 28,6% para as importações
(Figura 5). Para o agronegócio, as exportações
setoriais de São Paulo no primeiro bimestre de 2021 representaram 18,1% em
relação ao agronegócio brasileiro, valor 0,4 ponto percentual superior ao
registrado no mesmo período de 2020; já as importações tiveram queda (6,0 p.p.)
passando de 35,4% para 29,4% (Figura 5). 1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de
divulgação estatística de exportação, é a unidade da Federação onde foram
cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados,
total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual
foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote
sua forma final. 2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a
unidade da Federação do domicílio fiscal do importador. 3Os grupos de
produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção “Tabela de Agrupamentos” de
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília:
MAPA, 2020. Disponível em: http://indi Palavras-chave:
agronegócio, balança comercial, exportações, importações,
comércio exterior, grupo de produtos. COMO
CITAR ESTE ARTIGO
ANGELO,
J. A.; GHOBRIL, C. N.; OLIVEIRA, M. D. M. Balança Comercial dos Agronegócios
Paulista e Brasileiro, Primeiro Bimestre de 2021. Análises e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 3, mar. 2021, p. 1-13. Disponível em: colocar o link do
artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.
cadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm. Acesso em: mar. 2021.
Data de Publicação: 25/03/2021
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor