Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Levantamento Parcial, Ano Agrícola 2020/21 e Levantamento Final, Ano Agrícola 2019/20, Novembro de 2020


 


1 – INTRODUÇÃO

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo disponibiliza neste artigo o Boletim de Previsões e Estimativas da Safra Agrícola Paulista. Os números apresentados referem-se a resultados parciais, para algumas culturas, da safra agrícola 2020/21, bem como as estimativas para outras da safra agrícola 2019/20, como cana para indústria, laranja e demais produtos agrícolas de maior expressão econômica. As informações que compõem este boletim foram coletadas pelos técnicos da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) no período de 3 a 30 de novembro de 2020, e compiladas pelos pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Por conta do isolamento social no estado desde março de 2020, os técnicos têm se municiado de técnicas para a coleta dos dados como telefone e e-mail, já que a visita aos locais de fontes de informação (como cooperativas, associações, propriedades agrícolas etc.) está comprometida.

São apresentados também os indicadores da agricultura paulista do ano agrícola 2019/20, em relação à safra agrícola 2018/19, que medem o comportamento da produção, da área e da produtividade da terra.

A próxima pesquisa levada a campo será no mês de fevereiro de 2021, quando serão atualizadas as áreas plantadas e as prováveis produções para as culturas da safra agrícola, ainda em curso no ano de 2021.

Os levantamentos de previsão e estimativa das safras agrícolas paulista, realizados conjuntamente pela CDRS e pelo IEA, aplicam o método subjetivo2, que consiste da coleta e sistematização dos dados fornecidos pelos técnicos das Casas de Agricultura, em cada um dos 645 municípios do Estado de São Paulo.

 

2 – ACOMPANHAMENTO DA SAFRA AGRÍCOLA 2020/21

No levantamento de novembro de 2020, foram realizadas as previsões de área e de produção para a safra paulista 2020/21 de grãos (primeira safra ou safra de verão), algodão (intenção de plantio), amendoim, arroz, feijão das águas, milho, soja e sorgo granífero das águas, e para as culturas da batata das águas, banana, café, seringueira, tomate (safra verão) e uvas.

Para a safra de verão 2020/21, dos grãos constantes na tabela 1, os resultados parciais indicam estabilidade na produção (0,6%), com previsão de ultrapassar 7,02 milhões de toneladas, em 1.707,9 mil hectares plantados, acréscimo de 1,0%. Os inexpressivos ganhos de produção se devem ao comportamento da área, visto que, por conta das adversidades climáticas, no início do ano agrícola provocaram possíveis perdas na produtividade da terra de 0,4%, quando comparados com o mesmo período da safra 2019/20, em especial para as culturas do amendoim e do arroz (Tabelas 1 e 2).

 

 

 

2.1 – Algodão

Conforme indicado no Boletim de Previsão e Estimativas das Safras Agrícolas de Setembro de 2020, o calendário de levantamento da cultura do algodão foi alterado e no levantamento corrente de novembro de 2020 foi realizada a pesquisa da intenção de plantio da cultura, para a safra agrícola 2020/21. A cultura tem apresentado ganhos sucessivos de área plantada nos últimos anos e, para a presente safra, aponta para um crescimento de 1,5% na área total da cultura, passando de aproximadamente 12,2 mil ha para 12,4 mil ha. Entretanto, apesar da expectativa prematura de aumento de área, em termos estadual, o EDR de Avaré, maior região produtora do Estado de São Paulo com 34% da área cultivada, apresenta queda de 14,3% na previsão de plantio na safra 2020/21, podendo sinalizar que o setor produtivo paulista, influenciando a cotonicultura nacional, já se definiu frente às condições de mercado, isto é, menor consumo interno e menor demanda externa prevista para 2021.

A produção foi estimada, preliminarmente, considerando a produtividade obtida na safra agrícola 2019/20.

Este, porém, é o primeiro levantamento, que retrata somente a intenção de plantio para a nova safra; na próxima previsão de fevereiro de 2021, isso ficará mais claro, quando os números apresentados vão se referir à área efetivamente plantada e a informação da produção a ser obtida.

 

2.2 - Amendoim 

O levantamento de novembro apresenta, para o amendoim, os primeiros números para uma provável produção para a presente safra e a atualização da área plantada prorrogada para a segunda quinzena de outubro, visto que, por conta das condições climáticas inadequadas para o plantio, ocorridas desde agosto e estendendo-se até início de outubro, indica aumento de mais 7.700 hectares plantados, comparado com a intenção de plantio. Com relação à safra agrícola passada, espera-se aumento de área de 6,1%, totalizando 163,5 mil hectares, com expectativa de produção de 642,0 mil t (25.676 mil sc. 25kg), ganhos de 2,7%. Os aumentos de produção estão mais por conta de maior área plantada, já que o rendimento esperado de 3.926 kg/ha apresenta-se 3,2% inferior a 2019/20, justificado pela época pouco chuvosa, comentado anteriormente. Para a presente safra agrícola há indícios de que poderá haver plantios de soja nas áreas de renovação de cana e não de amendoim.

Produtores do Noroeste Paulista, principal região produtora do estado, afirmam que a alta do dólar, a mecanização da cultura e as pesquisas em sementes mais produtivas e resistentes às doenças são fatores importantes para o crescimento da produção de amendoim tanto em São Paulo como no Brasil3.

 

2.3 - Arroz

A previsão inicial para a cultura do arroz é de destinação de 9,8 mil ha, muito similar ao ciclo anterior. As condições climáticas inapropriadas no início da temporada refletem rendimento de 5,2% inferior, causando queda na produção nos mesmos níveis, prevendo 59,0 mil t do grão. Em São Paulo, a última safra teve uma considerável infestação de cigarrinha nas lavouras de arroz, algo que pode influenciar no manejo da cultura para essa temporada4.

 

2.4 - Batata das Águas

O levantamento realizado em novembro relativo à batata das águas, apresentou variação negativa em relação à área, de 5,7%, em comparação ao ano passado, passando de 7,5 mil ha para 7,1 mil ha, por outro lado a produção e a produtividade apresentaram variações positivas em 1,2% e 7,3% respectivamente, a produção passou de 211,7 mil t para 214,3 mil t, e a produtividade passou de 28.172 kg/ha para 30.228 kg/ha. Os principais EDRs produtores são Avaré, Itapetininga e Itapeva, que concentram mais de 60% da produção paulista.

 

2.5 - Feijão das Águas

Em novembro de 2020, foram obtidas informações atualizadas para o feijão das águas, referentes à safra agrícola 2020/21. Os números apontam para redução de 21,1% de área plantada, contabilizando 48,6 mil ha cultivados, 13,0 mil ha a menos do que a safra 2019/20. Somente nas principais regionais formadas pelos EDRs de Itapeva, Avaré e Itapetininga, que concentram cerca de 90% da área cultivada, a redução para esta safra é de 9,7 mil ha, resultado da conjuntura atual de expansão da cultura da soja e da concorrência com o milho, destacando que essas regionais são grandes produtoras de grãos no estado de São Paulo.

Para a produção, a previsão é de serem colhidas 129,3 mil t. Apesar de ser inferior (-8,9%) em relação à safra passada, tem-se a expectativa de ganhos de 15,3% na produtividade da terra (2.660 kg/ha ou 44,3 sacas 60 kg/ha), por conta da permanência de grandes e médios produtores com mais condições econômicas no investimento dos tratos culturais da lavoura.

O cultivo do feijão é realizado em três safras: águas (setembro a janeiro), seca (fevereiro a junho) e de inverno (abril a setembro). O próximo levantamento a ser realizado em fevereiro de 2021 trará os resultados finais da safra das águas e as primeiras informações da safra da seca, do ano agrícola 2020/21.

 

2.6 - Milho

Com base no levantamento realizado em novembro de 2020 estima-se uma área 3,4% menor (340,7 mil/ha) em relação à safra passada, com produtividade 1,6% superior. A produção esperada é 1,9% menor que a última, totalizando 37,3 milhões de sacas de
60 kg.

Embora o clima ocorrido no estado no mês de outubro ter prejudicado o início da cultura, as chuvas passaram a acontecer com regularidade e a previsão é de que não haja prejuízos na produção.

O volume a ser colhido deverá gerar boa rentabilidade para o produtor, pois, apesar do aumento dos custos de produção, o preço médio da saca está valorizado em relação ao mesmo período do ano anterior.

2.7 - Soja

O levantamento realizado em novembro de 2020 indicou aumento de 2,9% na área plantada em produção em relação à safra agrícola anterior, alcançando 1,13 milhão de ha; este é o 12º ano consecutivo de expansão de área no estado, reafirmando o grande interesse do agricultor pela oleaginosa, produto de mercado estável, boa rentabilidade e que está com preços de 80 a 100% superiores aos praticados no ano passado5.

A produção esperada é 2,1% superior, apesar da queda de 0,7% na produtividade, compensada pelo aumento de área plantada. Contudo, é importante ressaltar que, no ano agrícola anterior, o rendimento foi o maior dos últimos 20 anos e, portanto, se não houver nenhuma intempérie climática, pode haver mais uma grande safra do grão no estado.

A La Niña é um dos termos mais falados nos últimos meses e traz grandes preocupações para o campo, que depende do clima para ter sucesso. Tradicionalmente ele é de mais seca no Sul, Sudeste e Centro-Oeste e mais chuva no Norte e Nordeste, e a tendência vem se confirmando. Conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (APROSOJA), cerca de 10% da área de soja em São Paulo teve que ser replantada6

 

2.8 – Banana

O primeiro levantamento da safra de banana para 2020/21 indica aumento de 1,0% na produção em relação à safra 2019/20, projetando 1,10 milhão de t da fruta. A expectativa é que a área em produção alcance 54,1 mil ha, aumento de 1,5% em relação à safra anterior.

A banana é a segunda fruta mais produzida no Estado de São Paulo, atrás apenas da laranja, ocupando a primeira posição no ranking das frutas consumidas in natura. A cultura concentra-se no EDR de Registro, que responde por 67,3% da produção paulista, e os principais municípios são Sete Barras, Miracatu, Eldorado e Cajati. Paulatinamente, outros EDRs têm aumentado suas participações no cultivo da fruta, como São Paulo, Jales, Avaré e Pindamonhangaba, num total de 13,5%.

 

2.9 - Café

Em novembro de 2020, foi conduzido o primeiro levantamento de safra 2020/21 de café no Estado de São Paulo. Essa campanha produz dados com grande incerteza, pois os técnicos precisam avaliar plantas que ainda estão na fase de pegamento dos frutos, existindo muitos condicionantes que podem resultar em frustração dessa frutificação. Ainda assim, os resultados apurados confirmam redução na produção, em decorrência do ciclo de baixa associada às condições climáticas prevalecentes no terceiro trimestre de 2020 (estiagem e altas temperaturas). Exemplo do impacto dessas condicionantes situa-se na estimativa preliminar para a safra no principal cinturão paulista, o EDR de Franca, onde a previsão de 1,5 milhão de sacas representa declínio de 48,4% frente à safra anterior. De modo similar, no EDR de Marília, a queda estimada poderá alcançar os 37,6%, com previsão de colheita de apenas 349,6 mil sacas. Menos impactada pelas condições climáticas, o EDR de São João da Boa Vista, segunda regional mais importante com produção de café no estado, indicou estimativa de 1,2 milhão de sacas de colheita, representando queda de 12,5%. Considerando todas as regionais paulistas, prevê-se colheita de 269,5 mil t, que corresponde a 4,5 milhões de sacas de café beneficiado, ou seja, declínio de 29,4% frente ao ano anterior. Sem mudança significativa, em termos de área apta a ser colhida (-0,6%), a queda na produção é reflexo da produtividade média, que será de apenas 22,8 sc./ha, ou seja, queda de 29,0% frente ao fechamento da safra que se encerrou.

 

2.10 - Seringueira

Para a cultura da seringueira, a primeira estimativa de produção da safra agrícola 2020/21 é de 250,2 mil t de coágulo, incremento de 1,0% em relação à safra agrícola 2019/20, por conta do ligeiro acréscimo de 1,1% da área produtiva com a entrada de 1,2 mil ha de seringais a serem sangrados. No total, a área cultivada (nova e em produção) tem redução de 1,1% e contabiliza 133,9 mil ha nesta safra. As maiores plantações estão nos EDRs de São José do Rio Preto (28,4%), Votuporanga (11,3%), General Salgado (11,0%), Barretos (10,2%) e Fernandópolis (6,6%), que representam juntos 67,5% da área plantada no Estado de São Paulo.

 

3 - RESULTADOS FINAIS, SAFRA AGRÍCOLA 2019/20

O levantamento de novembro de 2020 finaliza as estimativas da safra 2019/20 para as culturas de batata de inverno, cana para indústria, laranja, cebola (muda e plantio direto), mandioca (indústria e mesa) e tomate rasteiro (indústria). Os resultados encontram--se na tabela 3, acrescidas das demais culturas que tiveram suas safras encerradas em levantamentos anteriores.

 

 

 

3.1 – Batata de Inverno

Em relação à safra passada, o levantamento final para a batata de inverno apontou para incremento na área cultivada, que passou de 12,9 mil ha para 13,1 mil ha, 1,6% maior, o que justifica a produção ter se mantido praticamente estável, em torno das 420 mil t, visto que a produtividade de 32.061 kg/ha observada atualmente, é 1,3% inferior aos 32.493 kg/ha da safra passada.

Os principais EDRs produtores são São João da Boa Vista, Itapeva e Avaré, que juntos somam mais de 70% da produção estadual.

 

3.2 - Cana para Indústria

O volume de cana para indústria estimado para a atual safra agrícola é de 437,55 milhões de t, 0,5% acima do que foi colhido em 2018/19. Nos últimos dez anos, este volume é superado pelas safras de 2016 a 2018. A área total ocupada com cana para indústria é da ordem de 6,12 milhões de ha, área muito similar à da safra agrícola 2018/19 (6,18 milhões de ha). A área apta para colheita é da ordem de 5,59 milhões de ha, levemente inferior (0,4%) à safra passada. Contudo, a área nova da presente safra agrícola é 4,92% menor[A1] . A produtividade foi 0,9% superior à safra agrícola passada, pois as condições climáticas no período indicaram boa produção nas regiões do estado. Os EDRs de Orlândia e Barretos permanecem na liderança da produção de cana-de-açúcar no estado.

Com a retomada das atividades em setores da indústria e comércio, houve aumento no consumo de etanol. Entretanto, a safra foi mais açucareira do que o previsto no início de 2020, em função da demanda interna e externa por razão da pandemia.

De acordo com a estimativa do 3º Levantamento da Safra 2020/21 de Cana-de-açúcar, da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB),

do total de cana, 53,8% devem ser destinados à produção de 29,8 bilhões de litros do biocombustível, enquanto que o açúcar absorverá 46,2% da atual colheita, devendo gerar 41,8 milhões de toneladas de açúcar. Em relação ao mercado, a exportação de açúcar segue aquecida desde o começo do ano. No acumulado de abril a novembro de 2020, houve aumento de 79,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. As atuais 23,7 milhões de toneladas já embarcadas superam em cerca de 25% o total da safra passada inteira (abr./19 a mar./20). A expectativa é que seja superado o recorde de 2016/17, quando o Brasil exportou 28,3 milhões de toneladas7.

 

3.3 - Cebola de Muda e em Plantio Direto  

 O levantamento final para a cebola de muda apresentou redução na área plantada nesta safra, em relação à safra passada, na ordem de 27,3%, foram 1,6 mil ha plantados neste ano e 2,2 mil ha na safra passada. A produção caiu 27,4%, passando de 81,4 mil t para 59,1 mil t, com uma produtividade praticamente estável de 36.938 kg/ha neste ano, enquanto na safra passada ela foi de 36.745 kg/ha (+0,5%).  

Os principais EDRs produtores são Jaboticabal, Itapeva e Sorocaba, que juntos somam mais de 80% da produção.  

A cebola em plantio direto tem ganhado área nos últimos anos no estado e nesta safra não foi diferente: a área plantada cresceu 25,0%, chegando a 3 mil ha, que representa 60,0% de toda área estadual plantada com cebolas. A produção subiu 30,4%, totalizando 162,9 mil t, 68,2% do volume produzido em São Paulo, com aumento de produtividade de 4,7%, chegando aos 53.907 kg/ha. 

Os principais EDRs produtores são São João da Boa Vista, Jaboticabal e Franca, que juntos somam mais de 90% da produção. 

 

3.4 - Mandioca

O levantamento final para mandioca com destino para indústria indica crescimento na área cultivada de 1,3%, ocupando nessa safra 63,2 mil ha, com aumento da produção de 10,5%, passando de 1.234 mil t para 1.363,7 mil t, resultado de uma produtividade 1,7% maior, chegando aos 30.358 kg/ha.

Os principais EDRs produtores são Assis, Presidente Venceslau e Marília, que juntos somam mais de 50% da produção paulista.

A mandioca para mesa apresentou redução na área cultivada de 6,2%, passando de 21,1 mil ha para 19,8 mil ha, com volume colhido menor em 12,0%, somando 247,1 mil t, ante 280,8 mil t, com produtividade 5,1% menor, passando de 16.879 kg/ha para 16.010 kg/ha.

O principal EDR produtor do tubérculo é Mogi-Mirim, que contribui com mais de 30% da safra paulista. 

 

3.5 - Tomate Rasteiro

As estimativas finais da safra agrícola 2019/20 para tomate rasteiro destinado a indústria apontaram aumentos na produção (31,2%), na área plantada (28,0%) e na produtividade (2,5%), na comparação com a safra agrícola 2018/19.  O plantio ocupou a área de 3,2 mil ha, a produção total alcançou 272,7 mil t, com rendimento médio de 85,4 t/ha,
2,1 t a mais do que a obtida na safra anterior. A expansão da cultura foi observada na regional de Orlândia, responsável por 33% da produção paulista, seguida dos EDRs de Barretos (15,7%) e Jaboticabal (8,6%).

 

 

 

3.6 - Laranja

A estimativa final da safra agrícola 2019/20 para a cultura da laranja, decorrente do levantamento realizado em todos os municípios do Estado de São Paulo, é de 317,7 milhões de caixas de 40,8 kg (12.963,2 mil t), 3,4% menor à quantidade obtida na safra agrícola 2018/19 (13.417,5 mil t). O período de deficiência hídrica, intensificado por altas temperaturas diurnas, se instalou em grande parte da região produtora de laranja. Entretanto, esse efeito foi amenizado nas regiões sudeste e noroeste, onde predomina a laranja com destino para mesa, com uso de irrigação. Assim a produtividade agrícola atingiu 31.994 kg/ha, equivalente a 2,03 cx./pé (784,2 cx./ha), registrando ligeiro acréscimo de 1,2% em relação à safra agrícola anterior.

O volume contabiliza a safra paulista de laranja (2019/20) destinada ao mercado e à indústria, as caixas perdidas no processo produtivo e na colheita, bem como os frutos provenientes de pomares não expressivos economicamente, estimados para todos os pomares do Estado de São Paulo. Contudo, neste levantamento, quando são obtidos os números finais da safra agrícola, do volume produzido são estimadas 257,0 milhões de caixas de 40,8 kg com destino para a indústria (80,9% do total estadual), e 60,7 milhões de caixas de 40,8 kg para o mercado para mesa (19,1% do total estadual).

Quanto à área total plantada (que inclui área com plantas ainda não produtivas), nota-se diminuição da ordem de 3,6%, embora se registre expectativa de crescimento
em áreas onde, nesta safra, não se fará a colheita (aumento nas áreas com plantas
ainda não produtivas), ainda que de forma não uniforme regionalmente. É conhecido
que há continuidade no processo de erradicação, por conta da eliminação de pomares
comprometidos com a incidência de problemas fitopatológicos, principalmente cancro
cítrico e HLB (greening). A área ocupada com pomares de laranja é 436,1 mil ha, correspondendo a 175,5 milhões de plantas, sendo que cerca de 89,0% delas estão aptas
para produção. 

A figura 1 ilustra a distribuição por EDR dos pomares de laranja, por destino – mesa e indústria - e a localização das extratoras de suco de laranja8.

 

 

4 – INDICADORES DA AGRICULTURA PAULISTA

Para compor os números índices de 2019/20, utiliza-se base metodológica de Laspeyres, que permite comparar os resultados das lavouras mais importantes em valor da produção da presente safra agrícola com os do período anterior. Os resultados agregados, que refletem a evolução da agricultura paulista no ano agrícola 2019/20, indicam ganhos de produtividade da terra de 2,75%, que reflete aumento de 2,43% no volume produzido, mesmo em uma menor área cultivada (0,59%) (Tabela 4). Neste ano-safra que se finda, as condições climáticas apresentaram ocasiões negativas para a agricultura, mas não nos períodos mais essenciais do desenvolvimento vegetativo, para a maioria das culturas.

Ao analisar por grupo de produtos, conforme sua característica de produção, verifica-se que a menor área plantada no estado se deve ao grupo das culturas perenes e semiperenes (-0,91%), já que para as culturas anuais e também para os grãos ocuparam praticamente a mesma área vista na safra agrícola passada. Quanto ao volume produzido, todos os grupos apresentaram ganhos, em especial o grupo dos grãos, que obteve acréscimos da ordem de 5,03%. Como citado, as condições climáticas adversas que acometeram a safra que se finda não influenciaram os períodos críticos do desenvolvimento vegetativo das culturas, refletindo em acréscimos de produtividades agrícolas e influenciando de modo positivo o volume produzido. Dentre as culturas que compõem o grupo de grãos, merecem destaques os ganhos de produtividade da terra do amendoim (22,1%) e da soja (15,2%), que provocaram, para o agregado, 4,5% a mais no rendimento agrícola, resultando em produção 5,03% acima da safra 2018/19. Para o grupo de perenes e semiperenes as ênfases ficam por conta do café beneficiado (ano de bienalidade positiva) e da uva fina para mesa, que terminaram a safra com ganhos de produtividade (44,1% e 35,7%, respectivamente), e consequentemente de produção, em uma área plantada similar à safra agrícola passada.

 

 

5 – RESULTADOS COMPLEMENTARES

A compilação dos resultados das estatísticas de produção, para os principais produtos da agricultura paulista, é apresentada por Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) nas tabelas 5 e 6, e por Região Administrativa nas tabelas 7 e 8.


1Os autores agradecem aos técnicos do DEXTRU, das Casas de Agricultura, e diretores de EDRs, da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), que mesmo neste período de pandemia, iniciado em meados de 2020, têm desempenhado esforços para a continuidade do levantamento. Graças a esse trabalho hercúleo, a SAA segue abastecendo o setor agrícola com informações fiéis e idôneas, para as corretas tomadas de decisão. Agradecem também as contribuições dos pesquisadores científicos do CPEEA, da técnica de apoio Talita Tavares Ferreira e das equipes do Núcleo de Informática para os Agronegócios (NIA) e do Núcleo de Inteligência (NI5), do IEA.

 

2Entende-se por método subjetivo a coleta e sistematização de dados fornecidos pelos técnicos da Casa de Agricultura (CDRS), em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de produção.

 

3CAIS, C. Produtividade e preço animam produtores de amendoim. Diário da Região, São José do Rio Preto: 24 out. 2020. Disponível em: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/2020/10/1210571-produtividade-e-preco-animam-produtores-de-amendoim.html Acesso em 05 jan. 2021.

 

4COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. Acompanhamento da Safra Brasileira – Grãos – Safra 2020/21 2º levantamento. Brasília: nov. 2020, v. 8, n. 2, n. 5, p. 1-84. Disponível em: http://abiarroz.com.br/uploads/estatisticas/555d6702c950ecb729a966504af0a635.pdf. Acesso em:  5 jan. 2021.

 

5INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA. Preços Médios Mensais Recebidos Pelos Agricultores, São Paulo: IEA, 2021. Disponível em http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/precos_medios.aspx?cod_sis=2. Acesso em: jan. 2021.

 

6PRODUÇÃO da cana-de-açúcar se aproxima do recorde histórico de 2015. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. Brasília, 15 dez. 2020. Disponível em: https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/3742-producao-da-cana-de-acucar-se-aproxima-do-recorde-historico-de-2015#:~:text=Do%20total%20de%20cana%
2C%2053,do%20clima%20de%20cada%20regi%C3%A3o
. Acesso em: jan. 2021.

 

7COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. Acompanhamento da Safra Brasileira – Grãos – Safra 2020/21 2º levantamento. Brasília: nov. 2020, v. 8, n. 2, n. 5, p. 1-84. Disponível em: http://abiarroz.com.br/uploads/estatisticas/555d6702c950ecb729a966504af0a635.pdf. Acesso em:  5 jan. 2021.

 

8ASSOCIAÇÃO BRASILEIROS DOS EXPORTADORES DE SUCOS CÍTRICOS – CitrusBR. Localização de fábricas. São Paulo, 2021. Disponível em: http://www.citrusbr.com/economia/?ec=06 , Acesso em: dez. 2020.


Palavras-chave: previsão de safra, estimativa de safra, evolução da agricultura, área, produção, produtividade da terra.



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COMO CITAR ESTE ARTIGO

CAMARGO, F. P. de et al. Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Levantamento Parcial, Ano Agrícola 2020/21 e Levantamento Final, Ano Agrícola 2019/20, Novembro de 2020. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 2, fev. 2021, p. 1-15. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 05/02/2021

Autor(es): Felipe Pires de Camargo (fpcamargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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