Preços Agropecuários Continuam em Alta em Julho de 2020


 

O Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 fechou o mês de julho de 2020 com alta de 1,73% em relação ao mês anterior. Separado por grupos de produtos, verifica-se que o índice positivo em julho foi impulsionado pelos preços dos produtos de origem animal, uma vez que o IqPR-A teve alta de 3,86%, frente a um aumento menor (0,94%) no índice de preços de produtos de origem vegetal (IqPR-V) (Tabela 1).

 

 

A importância da cana de açúcar na formação do índice de preços recebidos pelo produtor paulista pode ser visualizada quando se exclui esse produto do cálculo. Quando isso ocorre, verifica-se que a magnitude do indicador se eleva e, nesse caso, o aumento vai para 3,19%, pois o peso da cana chega a influenciá-lo em cerca de 30%. Quanto ao grupo de produtos de origem vegetal, o IqPR-V sobe de 0,94 para 2,58%, quando não computado o preço da cana-de-açúcar, pois o peso desta é ainda maior (50%).

No mês de julho (quinto mês sob impacto da covid-19), os preços recebidos pela cana-de-açúcar se mantiveram praticamente constantes em relação a junho, indicando que o aumento registrado para o IqPR-V foi deflagrado principalmente pela alta da banana nanica (32,36%) (Tabela 2). A disponibilidade da fruta, além de reduzida em função da seca ocorrida na safra (março-maio), encontra-se agora quase nula, devido à entressafra.

 

 

Com base na tabela 2, observa-se, também, que a alta no IqPRV de julho foi amenizada pela queda nas cotações de batata (-46,49%), feijão (-25,04%), e tomate para mesa (-15,45%).

Para a batata, a expansão da oferta na colheita de inverno na região de São João da Boa Vista – que elevou a quantidade do produto disponível no mercado paulista - foi acrescida pela produção mineira, propiciando alta quantidade desse importante alimento da dieta brasileira que, ao possuir alta perecibilidade se caracteriza por baixa capacidade de estocagem. Essa especificidade da cadeia produtiva impactou na redução dos preços recebidos pelos seus produtores.

A variação negativa do preço do feijão no período corresponde a entrada da produção do Estado de Minas Gerais, seguida pela produção de Goiás, que já havia alterado negativamente os preços no período anterior. Ciclicamente nesse período, os preços atingem menor patamar. Porém, com redução de área plantada devido à concorrência com outros produtos e problemas pontuais em alguns estados, a queda de 25,04% ocorreu sobre preços em patamares altos, que caracterizam o mercado de feijão nesta safra 2019/20. Frente ao mesmo período do ano anterior, o produto apresentou variação positiva de 53,83%, o que permite traçar estratégias para a nova safra e evitar a amplitude de oscilação de preços que é frequente na cultura.

Já os preços do tomate tiveram interferência direta do clima que, durante o mês de julho, apresentou altas temperaturas para o período com baixa umidade, o que favoreceu a produtividade dos tomateiros. Numa característica de oferta exacerbada para esse período do ano, os preços recebidos pelos produtores estiveram -40,13% abaixo dos valores negociados em julho de 2019.

Com relação ao Índice de Preços Recebidos pelos Produtos de Origem Animal (IqPRA), principal responsável por impulsionar o Índice de preços recebidos pela agropecuária (IqPR), verifica-se que a queda auferida dos ovos (7,87%) não foi suficiente para amenizar seu aumento devido às fortes altas ocorridas nos demais produtos, principalmente suínos para abate (21,32%) e leite (8,09%).

Para os suínos, o recorde das exportações brasileiras para o mercado asiático 
e a flexibilização da quarentena decorrente da covid-19 acabaram por, respectivamente, reduzir a disponibilidade interna e aumentar a demanda doméstica dos restauran-
tes, elevando as cotações do produto. Já o aumento verificado para o leite cru (8,09%), marca um retorno aos patamares de julho de 2019, provavelmente em função da flexibilização da quarentena. Esta tornou a demanda por lácteos mais firmes, impulsionando os laticínios.

Do conjunto analisado, 12 produtos apresentaram alta de preços (8 de origem vegetal e 4 de animal) e 6 tiveram queda (5 de origem vegetal e 1 de origem animal).

 

ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA O IQPR

No acumulado de julho/2019 a julho/2020, todos os índices apresentaram reajustes positivos (Figura 1). Nesse intervalo, o IqPR variou positivamente em dez meses (Figura 2).

Nesse intervalo de um ano, o IqPR (geral) subiu 22,35%, o IqPR-V (vegetal) 19,03% e o IqPR-A (animal) 30,94% (Figura 2). Dentre os 18 produtos levantados, 16 produtos tiveram variações positivas e 2 fecharam negativamente. Destacaram-se nesse intervalo as altas de arroz (59,24%), feijão carioca (53,83%), laranja para mesa (47,59%), soja (44,79%), boi gordo (42,83%), milho (34,16%) e amendoim (32,73%).

 

 

 

1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/07/2020 a 31/07/2020 e base = 01/06/2020 a 30/06/2020.

 

2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573. Acesso em: ago. 2020. 

 

Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.


COMO CITAR ESTE ARTIGO

 

PINATTI, E. et al. Preços Agropecuários Continuam em Alta em Julho de 2020. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 15, n. 8, ago. 2020. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 18/08/2020

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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