Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Maio de 2020


 

1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

No período de janeiro a maio de 2020, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$15,99 bilhões (18,9% do total nacional), e as importações2 US$22,04 bilhões (32,0% do total nacional), registrando deficit comercial de US$6,05 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2019, houve queda nas exportações (-21,3%) e nas importações (-10,5%); essa conjunção de desempenhos resultou em maior deficit (40,1%) na balança paulista nos cinco primeiros meses de 2020.

 

Ao se analisar o comportamento mensal em maio/2020, as exportações do Estado de São Paulo somaram US$2,95 bilhões e as importações US$3,55 bilhões, registrando um deficit de US$0,60 bilhão (Tabela 1). Na comparação com maio/2019, o valor das exportações paulistas teve queda de 34,3%, e o valor das importações caiu 33,0%, ocasionan-do uma perda de US$210 milhões no saldo da balança na comparação do mês de maio, nos dois anos em análise.

 

 

Observa-se na tabela 1 que as exportações mensais de 2020 registraram variações negativas em relação aos meses de 2019, principalmente em abril (-37,5%) e em maio
(-34,3%). O principal motivo dessa expressiva queda no acumulado de 2020 é a pandemia do covid-19, afetando as exportações de algumas principais mercadorias da pauta paulista, como os óleos brutos de petróleo (US$-738 milhões), aviões peso superior 15 toneladas
(-US$665 milhões), automóveis (-US$360 milhões), querosenes de aviação (-US$163 milhões), gasolina e óleo combustível (-US$152 milhões), entre outros.

 

1.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio, o resultado dos cinco primeiros meses de 2020, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o agronegócio3 paulista apresentou aumento nas exportações (+8,1%), alcançando US$6,51 bilhões, e queda nas importações (-9,1%), totalizando US$1,89 bilhão; com estes resultados, obteve-se superavit de US$4,62 bilhões, (+17,3%) quando comparado ao mesmo período de 2019 (Figura 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total de exportações do Estado é de 40,7%, enquanto a participação das importações é de 8,6% (Figura 1).

Há que se destacar que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$9,48 bilhões, e as importações US$20,15 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$10,67 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$4,62 bilhões).

A tabela 2 apresenta os resultados mensais da balança comercial do agronegócio paulista. Analisando o comportamento de maio/2020, as exportações do Estado de São Paulo somaram US$1,52 bilhão e as importações US$0,28 bilhão, registrando superavit de US$1,24 bilhão. Na comparação com maio/2019, o valor da balança comercial aumentou 10,9% nas exportações e teve queda de -33,3% nas importações (Tabela 2).

 

1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, em valor, de janeiro a maio de 2020, foram: complexo sucroalcooleiro (US$1,67 bilhão, sendo que desse total o açúcar representou 85,9% e o álcool 14,1%), seguido do grupo de complexo de soja (US$1,24 bilhão), do setor de carnes (US$898,05 milhões, em que a carne bovina respondeu por 84,2%), de produtos florestais (US$679,29 milhões, com participações de 53,3% de papel e 37,0% de celulose) e dos sucos (US$566,12 milhões, dos quais 95,9% referentes a sucos de laranja). Esses cinco agregados representaram 76,8% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 3).

Ainda de acordo com a tabela 3, na comparação com os cinco primeiros meses de 2019, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos do complexo sucroalcooleiro (+17,4%), complexo soja (+20,1%) e de carnes (+18,8%); e quedas para produtos florestais (-8,5%) e sucos (-10,3%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas pela composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

 

 

1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista nos cinco primeiros meses de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019 são apresentados na tabela 4.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (25,6%) nas exportações paulistas. No total, o grupo cresceu 17,4% em valores e 19,7% em volumes exportados, por conta do bom desempenho das vendas externas do açúcar (21,6% em valores e 21,2% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram aumento de 2,0% e queda de 3,1% nos valores, quando comparados com o período de janeiro a maio de 2019.

        

 

 


O grupo composto pelo complexo soja apresenta-se em segunda posição com alta nos embarques (23,5%) e em valores (20,1%). A soja em grão especificamente, que representa cerca de 90% desse grupo, ultrapassou nos primeiros cinco meses de 2020 3,2 milhões de toneladas exportadas, aumento de 27,8% em relação a igual período de 2019.

O grupo de carnes tem a terceira posição na pauta do estado, apresentando avanço (18,8%) em valores e volume (15,2%) em relação aos primeiros cinco meses de 2019. A carne bovina foi o produto de maior contribuição nesse resultado, com crescimentos de 18,6% em valores e de 7,2% em volume exportados. O desempenho da carne de frango foi de, respectivamente em valores e volumes, 22,7% e 31,2%.

Os produtos florestais apresentaram menor desempenho entre janeiro e maio de 2020, com queda de 8,5% em valores em relação ao período do ano anterior. O produto papel, principal item do grupo na pauta paulista, obteve variação negativa quanto aos valores (-13,4%) e ao volume (-1,3%). As exportações dos produtos de celulose apresentaram quedas nos valores (-2,6%) e crescimento em volume (39,1%).

O suco de laranja (FCOJ concentrado) exibiu aumentos de 19,0% no valor e 54,4% em volume exportado. A variação total das exportações do grupo de sucos foi de –10,3% em valores na comparação com o primeiro quadrimestre de 2019.

Para o grupo do café, os resultados apontaram números positivos, com incremento de 6,9% nos valores das exportações paulistas. O principal produto deste grupo é o café verde, que apresentou aumento de 13,2% em valores e de 5,0% em quantidades exportadas pelo estado, enquanto o café solúvel, com queda de 7,3% em valores, apresentou aumento de 8,7% em volume comercializado.

 

2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou superavit de US$15,57 bilhões no período de janeiro a maio de 2020, com exportações de US$84,52 bilhões e importações de US$68,95 bilhões. Esse resultado indica redução de 23,3% no superavit comercial em relação ao mesmo período de 2019, devido ao maior recuo das exportações (-7,2%) do que das importações (-2,5%) (Figura 2).

A tabela 5 apresenta o comportamento mensal em maio/2020. As exportações brasileiras somaram US$17,94 bilhões e as importações US$13,39 bilhões, apresentando superavit de US$4,55 bilhões. Na comparação com maio/2019, o valor das exportações recuou 12,9% e o das importações teve queda foi de 10,6% (Tabela 5), resultado este impactado pelos dos efeitos econômicos causado pelo novo coronavírus.

 

 

2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro nos cinco primeiros meses do ano de 2020 (Figura 2) apresentaram alta (7,9%) em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando US$42,00 bilhões (49,7% do total nacional). Já as importações recuaram 9,4% no período, registrando US$5,41 bilhões (7,8% do total nacional).

O superavit do agronegócio foi de US$36,59 bilhões no período, sendo 11,0% superior na comparação entre janeiro e maio de 2019 (Figura 2).

A participação das exportações do agronegócio no total nacional aumentou 6,9 pontos percentuais e a das importações caíram 0,6 p.p. no período analisado (Figura 2).

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$42,52 bilhões e importações de US$63,54 bilhões, produziram um deficit de US$21,02 bilhões nos cinco primeiros meses de 2020.

A tabela 6 mostra os resultados mensais da balança comercial do agronegócio nacional. Em maio de 2020, as exportações somaram US$10,93 bilhões e as importações US$0,84 bilhão, registrando superavit de US$10,09 bilhões. Na comparação com maio de 2019, o valor do saldo da balança comercial cresceu 24,9%, com acréscimos de 18,0% nas exportações e queda de 28,8% nas importações.

 

 

2.2 - Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos de produtos nas exportações do agronegócio brasileiro de janeiro a maio de 2020, foram: complexo soja (US$19,00 bilhões), carnes (US$6,90 bilhões, com a carne bovina representando 46,2% desse total, carne de frango 38,5% e a suína 12,6%), produtos florestais (US$4,73 bilhões, com participações de 55,0% de celulose e 28,2% de madeira), complexo sucroalcooleiro (US$2,78 bilhões, dos quais 89,9% de açúcar), e o grupo de café (US$2,21 bilhão, sendo que 89,7% se refere ao café verde). Esses cinco grupos agregados representaram 84,8% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 7).

 

 

 

Conforme a tabela 7, na comparação com os cinco primeiros meses de 2019, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque os grupos de complexo soja (+26,2%), carnes (+12,8%), produtos florestais (-22,2%), complexo sucroalcooleiro (+39,0%) e do grupo café (0,8%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas pela composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

         Destaque também para o grupo de fibras e produtos têxteis, que registrou aumento de 39,9% nas vendas externas somando US$1,35 bilhão; o produto algodão não cardado nem penteado tem 90,3% de participação desse grupo.

 

2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 8 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações no período de janeiro a maio de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019.

 

Desses grupos relevantes, o complexo soja é o que apresenta a maior participação (42,8%) nas exportações brasileiras e apresentou alta de 26,2% em valores e de 31,4% em volumes exportados em 2020. A soja em grão, principal produto do grupo, exibiu aumentos de 32,1% e 36,8% em valores e quantidades exportadas respectivamente, consolidando o movimento de alta iniciado em março de 2020 com a retomada das compras chinesas. A China representa 63% das compras desse grupo, seguida pela União Europeia (15%) e Tailândia (4%), e os demais países importadores somam 18%.

O grupo de carnes, que tem a segunda posição na pauta brasileira, apresentou avanço de 12,8% em valores e 8,1% em volume em relação aos primeiros cinco meses de 2019. A carne bovina contribuiu nesse resultado com crescimento de 22,7% em valores e 5,5% em volume exportados. Com resultados expressivos mostram-se a carne suína (54,8% e 34,0%) e a de frango, com perdas em valores (-4,0%) e com aumentos em volume (4,7%). Nesse grupo, a China se destacou como principal destino e representa 36,6% das compras de carnes, provocados pela maior demanda de proteína animal, sofrendo ainda com a redução do plantel de suínos. Na sequência aparecem Hong Kong (11,1%), União Europeia (6,5%), Arábia Saudita (5,3%) e Japão (5,0%), e os demais países somam 35,5% de participação.

No grupo produtos florestais, todos os subgrupos de produtos apresentaram variações negativas nos valores exportados. A celulose, principal setor do grupo, apresentou variação negativa de 30,7% no valor e de -2,9% na quantidade embarcada. Os principais países importadores desse grupo são a China (27,6% de participação), Estados Unidos (21,7%) e a União Europeia (20,5%).

Para o grupo sucroalcooleiro, os resultados foram positivos. O álcool etílico exibiu crescimento em valores e quantidades embarcadas (6,2% e 11,5%, respectivamente). O açúcar puxou o bom desempenho do grupo, apresentando aumentos expressivos para valores (43,9%) e volumes (43,0%) no período analisado. Os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países, e os resultados como os principais compradores apontam Bangladesh (11,0%), Argélia (9,3%), Estados Unidos (7,3%), China (6,7%), Arábia Saudita (6,4%), Marrocos (5,2%) e Nigéria (5,1%).

 O grupo do café apresenta desempenho positivo em valores (0,8%), porém negativos em quantidades (-2,7%), sendo o café verde o principal produto com variação positiva de 1,5% em valores e de -2,9% em quantidades exportadas pelo país. Aguarda-se o desenrolar da colheita iniciada em maio para se avaliar o desempenho do comercio exterior do produto. Quanto às participações dos países destinos das exportações em valores, a União Europeia representa 50,0% desse grupo, Estados Unidos com 20,0% e Japão 5,8%.

 

         No grupo de fibras e produtos têxteis, destaca-se o algodão não cardado nem penteado com variações de 52,6% em valor e 66,0% em volume em relação ao acumulado até o mês de maio de 2019. A China é o principal comprador com 24,4%, seguidos de Vietnã (14,9%), Bangladesh (12,0%), Turquia (11,5%), e Paquistão e Indonésia (10,2% cada).

 

3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou quedas de 3,4 pontos percentuais nas exportações e de 2,8 p.p. nas importações nos cinco meses de 2020, apontando valores de 18,9% nas exportações e de 32,0% de representatividade para as importações (Figura 3).


 

Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo nos cinco primeiros meses de 2020 representaram 15,5% em relação ao agronegócio brasileiro, mesmo valor registrado no mesmo período de 2019; já as importações tiveram ligeiro aumento (0,1 p.p.) passando de 34,8% para 34,9% (Figura 3).

 

 

1Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção “Tabela de Agrupamentos” de MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2020. Disponível em:  http://indicadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm. Acesso em: jun. 2020. 

 

 

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.


Data de Publicação: 23/06/2020

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor