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Amendoim: acompanhamento das exportações em meio à pandemia
1 – INTRODUÇÃO As atenções e alertas
colocadas pela crise econômica e social diante das necessárias ações de
enfrentamento à pandemia da covid-19 deixam em evidência o essencial
acompanhamento da dinâmica de comercialização e distribuição da produção
agrícola e suas interações com as demais atividades econômicas. As
particularidades dos diferentes produtos, mercados, formas de consumo e
circuitos de comercialização da agricultura tornam importantes discussões no
recorte, não só por produto, mas também por região. Para
o amendoim, essas duas frentes são importantes na coleta e análise de
informações neste momento de expectativas e atenção. As incertezas do
comportamento das exportações, mercado fundamental para atividade, associadas à
safra recorde registrada no período 2019-2020 em recuperação da retração da
produtividade e produção vivenciada na safra anterior, reforçam o alerta1. Quando considerado o comércio externo relacionado à
cadeia de produção do amendoim, têm destaque as exportações do produto em grão,
que responde por mais de 80% do total. Para os quatro primeiros meses de 2020,
é possível notar a recuperação da média de volumes exportados para o mês de
março, com volumes próximos aos praticados nos anos anteriores, em torno de 15
mil toneladas ao mês (Figura 1).
No mês de abril de 2020, os volumes
exportados foram 84% superior que os registrados no mês do ano anterior e 69%
superiores em comparação ao mês de março. Sendo assim, toma forma o
processamento da produção de amendoim em casca no ritmo habitual e verificado
nos anos anteriores. O processamento e exportação da produção alcançada na
safra atual encontra um cenário de cotações mais favoráveis, impulsionado pela
retração da oferta mundial2, demanda aquecida e alta do dólar, tanto
assim que o mês março de 2020 registra volume exportado inferior ao verificado
no mesmo mês dos anos anteriores. Quando considerado o valor exportado, o
resultado é mais expressivo e ampliado no mês de abril de 2020 (Figura 2). Os
resultados construídos têm como origem a participação das principais regiões
produtoras de amendoim nas atividades de exportação. Da mesma forma, a cultura
do amendoim também ocupa espaço importante da dinâmica econômica da agricultura
realizada nessas regiões contribuindo para a geração de renda. São destaques as
regionais agrícolas (EDRs) de Tupã, Marília, Presidente Prudente, Assis, Lins,
Jaboticabal, Barretos e São José do Rio Preto. No
recorte dos principais municípios exportadores do amendoim descascado, destaca-se
Tupã, seguido de Borborema, Jaboticabal, Sertãozinho e Pompéia. As exportações
nos meses de março e abril apresentam comportamento de alta em, praticamente,
todos os municípios aqui relacionados, configurando, assim, uma tendência de
manutenção do ritmo das exportações do amendoim descascado (Figura 3). As
exportações brasileiras têm como origem o Estado de São Paulo, responsável por
mais de 90% da produção brasileira de amendoim e, como destino, países
europeus. Têm destaque Rússia e Holanda, importante entreposto comercial da
União Europeia, além de Argélia, Polônia, Ucrânia, África do Sul e países da
América Latina. O padrão de qualidade do grão é um importante componente para
as exportações do produto em grão. Além do formato, granulometria e sabor, a
sanidade toma espaço importante nos negócios, sendo expressa, principalmente,
na presença de micotoxinas, as aflatoxinas. O
Sistema de Alerta Rápido para Alimentos e Rações (RASFF) da União Europeia
constitui-se em um importante elemento de acompanhamento das exportações. Nos
três primeiros meses de 2020, os registros RASFF apontam uma notificação para o
amendoim descascado brasileiro com destino à Holanda, ocorrida no mês de março.
Em 2019, houve cinco notificações3 que impediram a entrada do
produto no país de destino e que, dependendo das condições, foi transferido
para outro país ou retornou ao país de origem, incorrendo em custos ao
exportador. Neste
sentido, os esforços de monitoramento e controle sanitário estão presentes
desde a produção no campo até o processamento industrial e, também, nas
exportações, com especial atenção aos processos de embarque, envolvendo
equipamentos, protocolos e controles no transporte marítimo. O atual momento,
permeado por medidas de controle da circulação de pessoas e retração das
atividades econômicas, incorrendo em ajustes e atenção para a volta da
regularidade das atividades do transporte marítimo brasileiro4, tem
exigido atenção na resolução de questões para a garantia da qualidade do
amendoim até seu destino final e observância dos padrões exigidos pelos
mercados atendidos, visando, assim, a comercialização da safra. 1CAMARGO, F. P. et al. Previsões e estimativas das safras
agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2019/20, fevereiro de 2020. Análises e Indicadores do Agronegócio,
São Paulo, v. 15, n. 4, abr. 2020. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14780. Acesso em: 8 abr.
2020. 2SAMPAIO, R. M. Amendoim:
exportações caminham e pandemia adia o São João, Análises e Indicares do Agronegócio, São Paulo, v. 15, n. 4, abr.
2020. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-26-2020.pdf.
Acesso em 29 abr. 2020. 3FOOD AND FEED SAFETY ALERTS, EUROPEAN COMMISSION - RASFF. Database. Bélgica:
RASFF.Disponível em:
https://webgate.ec.europa.eu/rasff-window/portal/?event=searchForm&cleanSearch=1.
Acesso em 29 abr. 2020. 4FALLEIROS, G. T. Coronavírus pode
comprometer exportações brasileiras. Confederação
Nacional do Transporte, Brasília, 10 mar. 2020 . Disponível em:
https://www.cnt.org.br/agencia-cnt/coronavirus-pode-comprometer-exportacoes-brasileiras.
Acesso em: 04 abr. 2020 Palavras-chave: exportações
municipais, aflatoxina, covid-19.
Data de Publicação: 16/06/2020
Autor(es): Renata Martins (rmsampaio@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor