Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Abril de 2020


 

1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

No primeiro quadrimestre de 2020, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$12,81 bilhões (19,0% do total nacional), e as importações2 US$18,48 bilhões (33,3% do total nacional), registrando deficit comercial de US$5,67 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2019, houve queda nas exportações (-19,0%) e nas importações
(-4,4%); essa conjunção de desempenhos resultou em maior deficit (61,5%) na balança paulista nos quatro primeiros meses de 2020.

 

Ao se analisar o comportamento mensal, no mês de abril/2020, as exportações do Estado de São Paulo somaram US$2,69 bilhões e as importações US$4,22 bilhões, registrando um deficit de US$1,53 bilhão (Tabela 1). Na comparação com abril/2019, o valor das exportações paulistas teve queda de 40,6%, e o valor das importações caíram 17,9%, ocasionando uma perda de US$920 milhões no saldo negativo na comparação do mês de abril nos dois anos em análise. O motivo dessa queda expressiva foram as menores exportações de algumas principais mercadorias da pauta paulista, como os óleos brutos de petróleo (-US$315 milhões), aviões com peso superior a 15 toneladas (-US$270 milhões, nenhuma venda efetivada em abril/2020), automóveis (-US$175 milhões), torneiras e dispositivos para canalização (-US$80 milhões), gasolina (-US$55 milhões), entre outros.

 

 

1.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio, o resultado do primeiro quadrimestre de 2020, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o agronegócio3 paulista apresentou aumento nas exportações (+3,9%), alcançando US$4,83 bilhões, e queda nas importações (-3,0%), totalizando US$1,61 bilhão; com estes resultados, obteve-se superavit de US$3,22 bilhões, (+7,7%) quando comparado ao mesmo período de 2019 (Figura 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 37,7%, enquanto a participação das importações é de 8,7% (Figura 1).

Há que se destacar que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$7,98 bilhões e as importações US$16,87 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$8,89 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$3,22 bilhões).

A tabela 2 apresenta os resultados mensais da balança comercial do agronegócio paulista. Analisando o comportamento de abril/2020, as exportações do Estado de São

Paulo somaram US$1,25 bilhão e as importações US$0,32 bilhão, registrando superavit de US$930 milhões. Na comparação com abril/2019, o valor da balança comercial aumentou 1,6% nas exportações e teve queda de 25,4% nas importações (Tabela 2).

 

 

1.2  - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, no primeiro quadrimestre de 2020, foram: complexo sucroalcooleiro (US$1,23 bilhão, sendo que desse total o açúcar representou 83,9% e o álcool 16,1%), seguido do grupo de complexo de soja (US$823,24 milhões), do setor de carnes (US$669,96 milhões, em que a carne bovina respondeu por 83,3%), dos produtos florestais (US$549,42 milhões, com participações de 52,2% de papel e 37,9% de celulose) e dos sucos (US$435,72 milhões, dos quais 98,1% referentes a sucos de laranja). Esses cinco agregados representaram 76,8% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 3).

Ainda de acordo com a tabela 3, na comparação com o primeiro quadrimestre de 2019, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos do complexo sucroalcooleiro (+13,4%), complexo soja (+2,3%) e de carnes (+16,8%); e quedas para produtos florestais (-6,3%) e sucos (-10,9%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas pela composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

 

 

 

 

 

1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista do primeiro quadrimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, são apresentados na tabela 4.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (25,5%) nas exportações paulistas, com crescimento de 13,4%. No total, o grupo cresceu 13,4% em valores e 11,9% em volumes exportados, devido ao bom desempenho das vendas externas do açúcar (14,4% em valores e 12,6% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram aumentos de (8,6%) em valores (4,4%) em volumes, quando comparados com o primeiro quadrimestre de 2019.

 

O grupo composto pelo complexo soja apresenta-se em segunda posição com alta nos embarques em valores (2,3%) e volume (4,4%). A soja em grão apresentou os maiores valores e volumes (2,7% e 6,5% respectivamente), quando comparados com o período em 2019.

O grupo de carnes, que tem a terceira posição na pauta do estado, apresentou avanço (16,8%) em valores e volume (13,3%) em relação aos quatro primeiros meses de 2019. A carne bovina foi o produto de maior contribuição nesse resultado, com crescimentos de 14,6% em valores e de 1,6% em volume exportados. O desempenho da carne de frango foi de 33,4% e 36,8%, respectivamente, em valores e volumes.

Os produtos florestais apresentaram menor desempenho no primeiro quadrimestre de 2020, com queda de 6,3% em valores em relação ao período do ano anterior. O produto papel, principal item do grupo na pauta paulista, embora tenha obtido variação negativa quanto aos valores (-12,3%), em relação ao volume apresentou número positivo de 0,4%. As exportações dos produtos de celulose apresentaram crescimentos no volume (42,4%) e em valores (1,0%).

O suco de laranja (FCOJ concentrado) exibiu aumentos de 17,1% no valor e 48,7% em volume exportado. A variação total das exportações do grupo de sucos foi de –10,9% em valores na comparação com o primeiro quadrimestre de 2019.

Para o grupo do café, os resultados apontaram números positivos, com incremento de 3,6% nos valores das exportações paulistas. O principal produto deste grupo é o café verde, que apresentou aumento de 7,0% em valores e estabilidade em quantidades exportadas pelo estado, enquanto o café solúvel, apesar da queda de 4,4% em valores, apresentou bom desempenho, com aumentos de 11,1% em volume comercializado.

 

2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou superavit de US$11,80 bilhões no primeiro quadrimestre de 2020, com exportações de US$67,36 bilhões e importações de US$55,56 bilhões. Esse resultado indica redução de 19,6% no superavit comercial em relação ao primeiro quadrimestre de 2019, devido ao maior recuo das exportações (-4,4%) do que das importações (-0,4%) (Figura 2).

A tabela 5 apresenta o comportamento mensal no período analisado, no mês de abril/2020. As exportações brasileiras somaram US$18,31 bilhões e as importações US$11,61 bilhões, apresentando superávit de US$6,70 bilhões. Na comparação com abril/2019, o valor das exportações recuou 5,0% e, para as importações, a queda foi maior, 14,8% (Tabela 5), resultado que pode ser impacto dos efeitos econômicos causado pelo novo coronavírus.

 

2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro nos quatro primeiros meses do ano de 2020 (Figura 2) apresentaram alta (5,9%) em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando US$31,40 bilhões (46,6% do total nacional). Já as importações recuaram 4,6% no período, registrando US$4,57 bilhões (8,2% do total nacional).

O superavit do agronegócio foi de US$26,83 bilhões no quadrimestre, sendo 7,9% superior na comparação com o primeiro quadrimestre de 2019 (Figura 2).

A participação das exportações do agronegócio no total nacional aumentou 4,5 pontos percentuais e a das importações caíram 0,4 p.p. no período analisado (Figura 2).

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$35,96 bilhões e importações de US$50,99 bilhões, produziram um deficit de US$15,03 bilhões no primeiro quadrimestre de 2020.

A tabela 6 mostra os resultados mensais da balança comercial do agronegócio nacional. Em abril de 2020, as exportações somaram US$10,22 bilhões, e as importações US$1,01 bilhão, registrando superavit de US$9,21 bilhões. Na comparação com abril/ 2019, o valor do saldo da balança comercial cresceu 32,1%, com acréscimos de 24,9% nas exportações e queda de 16,5% nas importações.

 

 

2.2 - Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro, nos quatro primeiros meses de 2020, foram: complexo soja (US$13,43 bilhões), carnes (US$5,32 bilhões, com a carne bovina representando 45,3% desse total e as carnes de frango 39,9% e suína 12,2%), produtos florestais (US$3,69 bilhões, com participações de 54,6% de celulose e 28,9% de madeira), complexo sucroalcooleiro (US$1,98 bilhão, dos quais 88,8% de açúcar), e o grupo de café (US$1,69 bilhão, sendo que 89,5% se refere ao café verde). Esses cinco grupos agregados representaram 83,1% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 7).

 

 

Conforme a tabela 7, na comparação com o primeiro quadrimestre de 2019, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque os grupos de complexo soja (+22,7%), carnes (+13,2%), produtos florestais (-21,8%), complexo sucroalcooleiro (+32,9%) e do grupo café (-3,4%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas pela composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

Destaque também para o grupo de fibras e produtos têxteis, que registrou aumento de 56,0% nas vendas externas somando US$1,23 bilhão, no qual o produto algodão não cardado nem penteado tem 90,9% de participação desse grupo.

 

2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 8 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações no primeiro quadrimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

 

Desses grupos relevantes, o complexo soja é o que apresenta a maior participação (42,8%) nas exportações brasileiras e apresentou alta de 22,7% em valores e de 28,3% em volumes exportados em 2020. A soja em grão, principal produto do grupo, exibiu aumentos de 28,2% e 33,8% em valores e quantidades exportadas, respectivamente, consolidando o movimento de alta iniciado em março/2020 após quedas ocorridas em 2019, em função da perda do rebanho suíno na China, que reduziu a demanda de ração animal no principal mercado de destino das exportações brasileiras. A China representa 63% das compras desse grupo, seguidos pela União Europeia (15%) e Tailândia (4%), enquanto os demais países importadores somam 18%.

O grupo de carnes, que tem a segunda posição na pauta brasileira, apresentou avanço de 13,2% em valores e 6,6% em volume em relação ao primeiro quadrimestre de 2019. A carne bovina contribuiu nesse resultado com crescimento de 19,2% em valores e 1,2% em volume exportados. Com resultados expressivos mostram-se também a carne
suína (54,0% e 28,8%) e a de frango (0,5% e 5,1%), com aumentos em valores e volume, respectivamente. Nesse grupo, a China se destacou como principal destino e representa 35% das compras de carnes, provocados pela maior demanda de proteína animal sofrendo ainda, com a redução do plantel de suínos. Na sequência aparecem Hong Kong (10,5%), União Europeia (6,9%), Arábia Saudita (5,8%) e Japão (5,1%), enquanto os demais países somam 37% de participação.

No grupo produtos florestais, todos os subgrupos de produtos apresentaram variações negativas nos valores exportados. A celulose, principal setor do grupo apresentou variação negativa de 30,7% no valor e de 3,5% na quantidade embarcada. Os principais países importadores desse grupo são a China (27,7% de participação), Estados Unidos (20,8%) e a União Europeia (20,6%).

Para o grupo sucroalcooleiro, os resultados foram positivos nos quatro primeiros meses de 2020. O álcool etílico apresentou resultados positivos em valores e quantidade (14,0% e 9,0%, respectivamente). O açúcar acompanhou o grupo com desempenho positivo para valores (35,7%) e volumes (31,4%) no período analisado. Os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países, e os resultados apontam Bangladesh e Argélia como os principais compradores (14,7% e 12,3% respectivamente), Estados Unidos (7,4%), Arábia Saudita (7,3%), Marrocos (6,1%). Nigéria (5,7%) e União Europeia (5,0%).

O grupo do café apresenta resultados negativos, sendo o café verde o principal produto com variação negativa de 3,3% em valores e de 6,0% em quantidades exportadas pelo país, mas é normal essa redução nos embarques em anos de ciclo de baixa, especialmente no pico da entressafra brasileira (primeiro quadrimestre), como foi o caso da safra 2019/20. Quanto às participações dos países destinos das exportações em valores, a União Europeia representa 50,0% desse grupo, Estados Unidos 20,0% e Japão 5,4%.

No grupo de fibras e produtos têxteis, destaca-se o algodão não cardado nem penteado com valores de 69,5% em valor e 83,7% em volume em relação ao acumulado até o mês de abril/2019. A China é o principal comprador com 25,3%, seguidos de Vietnã (14,6%) e Bangladesh (12,0%).

 

3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou quedas de 3,5 pontos percentuais nas exportações, e de 1,4 p.p. nas importações nos quatro primeiros meses de 2020, apontando valores de 19,0% nas exportações e de 33,3% de representatividade para as importações (Figura 3).

 

Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo no primeiro quadrimestre de 2020 representaram 15,4% em relação ao agronegócio brasileiro, 0,3 ponto percentual menor na comparação com o mesmo período de 2019; já as importações aumentaram 0,5 p.p., passando de 34,7% para 35,2% no primeiro quadrimestre de 2020 (Figura 3).

 

 

1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção “Tabela de Agrupamentos” de MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2020. Disponível em:  http://indicadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm. Acesso em: maio. 2020.

 

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.


 

Data de Publicação: 02/06/2020

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor