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Carnes Suína e de Frango Puxam para Baixo Preços Agropecuários em Abril de 2020
O Índice de Preços
Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 fechou o mês de
abril de 2020 em baixa de 0,16%. Separado por grupos de produtos, enquanto o
IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) variou positivamente em 1,23%, o
IqPR-A (produtos de origem animal) teve queda de 3,83% (Tabela 1). Quando
a cana-de-açúcar (que tem pesos em torno de 30% no IqPR e 50% no IqPR-V) é
excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (sem cana) tem
orientação altista, subindo 0,32%. Essa inversão em relação ao índice geral
acontece pelo fato do IqPR-V sem a cana aumentar 4,15% (o que demonstra uma
alta significativa para os outros principais produtos de origem vegetal
cultivados no território paulista). Destaca-se nessa comparação o peso que a
atividade canavieira exerce no cálculo ponderado do índice vegetal (Tabela 1). Destacaram-se as altas
no mês de abril/2020 (segundo sob o impacto da covid-19) os seguintes produtos: feijão (21,55%), arroz
(13,56%), tomate para mesa (13,34%)
e café (8,19%). Já entre os produtos
que reduziram seus preços, tiveram maiores quedas a carne suína (-25,51%) e a carne
de frango (-15,08%) (Tabela 2). Do conjunto analisado, 12 produtos
apresentaram alta de preços (10 de origem vegetal e 2 de animal) e 6 tiveram
queda (3 de origem animal e 3 de origem vegetal). FEIJÃO
CARIOCA (aumento de 21,55%) As altas sucessivas do
feijão carioca, um dos principais ingredientes da dieta alimentar brasileira, colocam
em alerta a capacidade de abastecimento do mercado nesse período de pandemia da
covid-19. A realidade na qual a menor área plantada na primeira e na segunda
safra do Centro-Sul do país adicionada às perdas causadas pela seca que atingiu
lavouras de toda a região (principalmente do Paraná e São Paulo) indicam uma
tendência preocupante de elevação dos preços entre maio e junho. Os preços
recebidos pelos produtores atingiram um patamar que supera em 35,71% os valores
do mesmo período de 2019 (Tabela 2). ARROZ
(aumento de 13,56%) Tanto quanto o do
feijão carioca, o aumento dos preços do arroz em 13,56% - no último período
analisado – gera preocupação ao ser um produto básico da dieta cotidiana do
brasileiro. Após uma corrida às compras dos consumidores no varejo como
encaminhamento ao isolamento social causado pela covid-19, adiantaram-se as
reposições de arroz em casca nos estoques das beneficiadoras paulistas,
movimento que explica parcialmente a elevação dos preços do último período. Os
preços recebidos pelos produtores de arroz nas regiões de Pindamonhangaba e
Guaratinguetá, no Estado de São Paulo, estão nesse momento 46,24% maiores que
no mesmo período de 2019 (Tabela 2). CARNE
SUÍNA (queda de 25,51%) Para a carne suína,
mesmo com normalização das exportações ao mercado chinês, a baixa demanda no
mercado interno tem reduzido as escalas de produção dos frigoríficos, num
processo de renegociação dos preços recebidos pelos criadores. CARNE
DE FRANGO (queda de 15,08%) A fraca comercialização
frente à baixa demanda do mercado interno, fruto da redução do poder aquisitivo
da população brasileira, o arrefecimento das exportações na última semana e a
manutenção do fechamento de restaurantes, bares e escolas reduziram as escalas
de abates dos frigoríficos de aves, pressionando à redução dos preços recebidos
pelas granjas. ACUMULADO
DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA O IqPR No
acumulado de abril/2019 a abril/2020, todos os índices apresentaram reajustes
positivos (Figura 1). Nesse intervalo, o IqPR variou positivamente em oito
meses (Figura 2). Nesse intervalo de um
ano, o IqPR (geral) subiu 16,68%, o IqPR-V (vegetal) 17,82% e o IqPR-A (animal)
13,54% (Figura 2). Numa realidade na qual o Índice de Preços Pagos (IPP)
calculados no Instituto de Economia Agrícola (IEA), que apresenta um termômetro
dos custos de produção agropecuários no Estado de São Paulo, teve uma variação
positiva de 7,13% no acumulado dos últimos 12 meses, entende-se que os
indicadores de renda no agregado (preços menos custos) estiveram favoráveis
para a agropecuária paulista nesse intervalo. Contudo, individualmente, oito
culturas, isoladamente, ao terem acúmulos de preços positivos abaixo do IPP ou
negativos, dão indicativos de que obtiveram retornos contraproducentes (Tabela
2). 1A
fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo
valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são
levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são
obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência)
com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência =
01/04/2020 a 30/04/2020 e base = 01/03/2020 a 30/03/2020. 2Artigo
completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços
recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.
38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573. Acesso em: maio 2020. Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações,
indicadores.
Data de Publicação: 14/05/2020
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor