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Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Primeiro Trimestre de 2020
1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE
SÃO PAULO No primeiro trimestre de 2020, as exportações do Estado
de São Paulo1 somaram US$9,93 bilhões (20,1% do total nacional), e
as importações2 US$14,26 bilhões (32,4% do total nacional),
registrando deficit comercial de US$4,33
bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2019, houve queda nas
exportações (-12,1%) e pequeno aumento nas importações (0,6%); essa conjunção
de desempenhos resultou em maior deficit
(50,3%) na balança paulista nos três primeiros meses de 2020. 1.1 - Análise Setorial do
Agronegócio Na análise setorial do
agronegócio, o resultado do primeiro trimestre de 2020, na comparação com o
mesmo período do ano anterior, indica que o agronegócio3 A participação das exportações do agronegócio
paulista no total do estado é de 34,9%, enquanto a participação das importações
é de 9,0% (Figura 1). Há que se destacar que as exportações paulistas nos
demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$6,46 bilhões
e as importações US$12,98 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$6,52 bilhões. Dessa forma,
conclui-se que o deficit do comércio
exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio
estadual, cujo saldo manteve-se positivo (US$2,19 bilhões). 1.2
- Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos Os cinco principais grupos nas exportações do
agronegócio paulista, no primeiro trimestre de 2020, foram: complexo
sucroalcooleiro (US$924,8 milhões, sendo que desse total o açúcar representou
84,7% e o álcool 15,3%), seguido do setor de carnes (US$511,8 milhões, em que a
carne bovina respondeu por 83,1%), do grupo de complexo de soja (US$436,1
milhões), dos produtos florestais (US$412,2 milhões, com participações de 52,1%
de papel e 37,5% de celulose) e dos sucos (US$336,0 milhões, dos quais 97,5%
referentes a sucos de laranja). Esses cinco agregados representaram 75,7% das
vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Ainda de acordo com a tabela 1,
na comparação com o primeiro trimestre de 2019, houve importantes variações nos
valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com
aumentos para os grupos do complexo sucroalcooleiro (+11,4%) e de carnes
(+22,1%), e quedas para os grupos do complexo soja (-17,1%), produtos
florestais (-2,7%) e sucos (-15,1%). Essas variações nas receitas do comércio
exterior são derivadas pela composição das oscilações tanto de preços como de
volumes exportados. 1.3 – Exportações dos Principais Produtos
do Agronegócio Paulista Os dados de valor e volume
exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio
paulista do primeiro trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período de
2019 são apresentados na tabela 2. Desses grupos relevantes,
o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (26,7%) nas
exportações paulistas, já que teve crescimento 11,4% devido ao bom desempenho
das vendas externas do açúcar (13,9% em valores e 10,3% em volume). Para o
álcool, houve reduções nos embarques (-23,6%) e em valores (-19,6%), quando
comparados com o primeiro trimestre de 2019. O grupo de carnes tem a
segunda posição na pauta do estado, apresentando avanço de 22,1% em valores e
volume (17,6%) em relação aos três primeiros meses de 2020. A carne bovina foi
o produto de maior contribuição nesse resultado com crescimentos de 17,8% em
valores e de 2,3% em volume exportados. O desempenho da carne de frango (54,1%
e 50,6%) e suína (8,5% e 12,6%), respectivamente em valores e volumes,
complementou o quadro do grupo de carnes. Os produtos florestais
apresentaram menor desempenho no primeiro trimestre de 2020, com queda de 2,7%
em relação ao período do ano anterior. O produto papel, principal item do grupo
na pauta paulista, embora tenha obtido variação negativa quanto aos valores
(-9,6%), em relação ao volume apresentou número positivo de 4,6%. As
exportações dos produtos de celulose também apresentaram crescimentos no volume
(51,3%) e em valores (5,8%). O suco
de laranja, principal produto do grupo de sucos, exibiu resultados negativos de 18,5% no valor e 12,0% em volume exportado. A variação total das
exportações do grupo de sucos foi de -18,7% na comparação com o primeiro trimestre
de 2019. Para o grupo do café, os
resultados apontaram números positivos, com incremento de 5,9% nos valores das
exportações paulista. O principal produto deste grupo é o café verde, que
apresentou aumento de 6,1% em valores e estabilidade (0,1%) em quantidades
exportadas pelo estado, enquanto o café solúvel cresceu 3,3% em valores e 19,7%
em volume comercializado. 1.4
- Destinos das
Exportações do Agronegócio Paulista Em relação aos destinos das exportações do
agronegócio paulista, no ano de 2020, a China (US$782,6 milhões, 22,6% de
participação e variação positiva de 17.4% em relação ao valor do primeiro trimestre
de 2019) é o principal destino das exportações de São Paulo, seguidos da União Europeia
(US$631,5 milhões, 18,4% de participação e queda de 7,0% em valores) e dos Estados
Unidos (US$315,9 milhões, participação de 9,1% e variação negativa 28,5% nas
exportações). Na sequência aparecem Bangladesh (3,6%), Arábia Saudita (3,5%),
Argélia (2,7%), Nigéria (2,4%) e Coréia do Sul (2,2%). A tabela 3 apresenta os
20 principais destinos das exportações paulistas no primeiro trimestre de 2020
que, somados representam 81,3% do total, e as respectivas pautas (em %) por
grupos de produtos. Ainda de acordo com a
tabela 3, observa-se uma diferenciação na composição das pautas dos principais
parceiros comerciais do agronegócio paulista. A China importa principalmente
produtos dos grupos de complexo soja (40,6%) e carnes (30,3%), enquanto a União
Europeia tem entre os principais grupos da pauta de importações paulista os
produtos de sucos (35,5%, basicamente suco de laranja), café (11,2%) e produtos
florestais (10,9%). Já os Estados Unidos apresentam pauta bastante
diversificada, composta principalmente pelos grupos de complexo sucroalcooleiro
(20,7%), as carnes (15,5%), os sucos (14,7%) e os produtos florestais (11,9%).
Na sequência, os países Bangladesh, Arábia Saudita, Argélia, Nigéria, Coreia do
Sul e Marrocos têm elevada concentração de suas importações no complexo
sucroalcooleiro. 2 – BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL A balança comercial brasileira registrou superavit de US$5,56 bilhões no primeiro
trimestre de 2020, com exportações de US$49,52 bilhões e importações de
US$43,96 bilhões. Esse resultado indica redução de 38,4% no superavit comercial em relação ao
primeiro trimestre de 2019, devido ao recuo das exportações (-3,2%) e do
aumento das importações (+4,3%) (Figura 2). Os efeitos econômicos da covid-19
podem afetar fortemente os resultados da balança comercial brasileira nos
próximos meses, com a diminuição da atividade econômica mundial. Porém, ainda
no mês de março/2020, a exportação mensal registrou alta de 10% em relação a
março/2019, e a retração de 3,2% no acumulado dos três primeiros meses de 2020
se deve à queda de 19% nas exportações verificada no mês de janeiro/2020. 2.1 - Análise Setorial do Agronegócio Na análise setorial, as
exportações do agronegócio brasileiro nos três primeiros meses do ano de 2020
(Figura 2) apresentaram ligeira
redução (-0,4%) em relação ao mesmo período
do ano anterior, alcançando US$21,39 bilhões (43,2% do total nacional). Já as
importações recuaram 0,6% no período, registrando US$3,56 bilhões (8,1% do
total nacional). O superavit
do agronegócio foi de US$17,83 bilhões no trimestre, sendo 0,3% inferior na
comparação com o primeiro trimestre de 2019 (Figura 2). A participação das exportações do agronegócio no total
nacional aumentou 1,2 pontol percentual, enquanto a participação das
importações recuou 0,4 p.p. no período analisado (Figura 2). Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi
deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores
da economia, com exportações de US$28,13 bilhões e importações de US$40,40
bilhões, produziram um deficit de
US$12,27 bilhões no primeiro trimestre de 2020. 2.2
- Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos Os cinco principais grupos nas exportações do
agronegócio brasileiro, nos três primeiros meses de 2020, foram: complexo soja
(US$7,50 bilhões), carnes (US$4,03 bilhões, com a carne bovina representando
45,4% desse total e as carnes de frango 40,7% e suína 12,0%), produtos florestais
(US$2,78 bilhões, com participações de 54,8% de celulose e 29,0% de madeira), complexo
sucroalcooleiro (US$1,48 bilhão, dos quais 87,7% de açúcar), e o grupo de café
(US$1,28 bilhão). Esses cinco grupos agregados representaram 79,8% das vendas
externas setoriais brasileiras (Tabela 4). Conforme a tabela 4, na comparação com o primeiro
trimestre de 2019, houve importantes variações nos valores exportados dos
principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque os grupos
de complexo soja (+5,7%), carnes (+17,6%), produtos florestais (-21,9%),
complexo sucroalcooleiro (+30,9%) e do grupo café (-6,0%). Essas variações nas
receitas do comércio exterior são derivadas pela composição das oscilações
tanto de preços como de volumes exportados. Destaque também para o grupo de fibras e produtos
têxteis, que registrou aumento de 70,3% nas vendas externas somando US$1,07
bilhão, onde o produto algodão não cardado nem penteado tem 91,2% de
participação desse grupo. 2.3 – Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro A tabela 5 apresenta os
dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes
do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações no primeiro trimestre e
2020 em comparação com o mesmo período de 2019. Desses grupos relevantes,
o complexo soja é o que apresenta a maior participação (35,0%) nas exportações
brasileiras e o que teve alta de 5,7% em valores em 2020. A soja em grão,
principal produto do grupo, apresentou aumentos de 9,4% e 13,7% em valores e
quantidades exportadas respectivamente, revertendo o movimento de queda
iniciado desde abril de 2019, em função da perda do rebanho suíno na China, que
reduziu a demanda de ração animal no principal mercado de destino das
exportações brasileiras. A China representa 61% das compras desse grupo,
seguidos pela União Europeia (16%), Tailândia (5%), Indonésia (3%), Turquia
(2%) e os demais países somados 13%. O grupo de carnes que tem
a segunda posição na pauta brasileira apresentou avanço de 17,6% em valores e
9,4% em volume em relação ao primeiro trimestre de 2019. A carne bovina
contribuiu nesse resultado com crescimento de 21,8% em valores e 2,0% em volume
exportados. Com resultados expressivos mostram-se também a carne suína (63,3% e
32,8%) e a de frango (6,4% e 9,3%), com aumentos em valores e volume. Nesse
grupo a China se destacou como principal destino e representa 34% das compras
de carnes, provocadas pela maior demanda de proteína animal com a redução do
plantel de suínos. Na sequência aparecem Hong Kong (11%), União Europeia (7%),
Arábia Saudita (6%) e Japão (5%), os demais países somam 37% de participação. No grupo produtos
florestais, todos os subgrupos de produtos apresentaram variações negativas nos
valores exportados. A celulose, principal setor do grupo, teve variação
negativa de 30,9% no valor e de 2,6% na quantidade embarcada. Os principais
países importadores desse grupo são a China (28% de participação), União
Europeia (22%) e os Estados Unidos (20%). Para
o grupo sucroalcooleiro, os resultados foram positivos nos três primeiros meses
de 2020 após a grande queda em 2019. O álcool etílico apresentou resultados
negativos em volume e quantidade (-5,4% e -11,4%, respectivamente). Já o açúcar
acompanhou o grupo com desempenho positivo para valores (38,1%) e volumes
(33,8%) no período analisado. Os destinos das exportações desse grupo são
diversificados em termos de participação dos países, e os resultados apontam
Bangladesh e Argélia como os principais compradores (13% cada), Arábia Saudita
(8%), Estados Unidos, União Europeia e Nigéria (7%) e Marrocos (6%). O grupo do café apresenta
resultados negativos, sendo o café verde o principal produto com variação
negativa de 6,4% em valores e de 8,1% em quantidades exportadas pelo país. Mas
essa redução é normal nos embarques em anos de ciclo de baixa, especialmente no
pico da entressafra brasileira (primeiro trimestre), como foi o caso da safra
2019/20. Quanto às participações dos países destinos das exportações em
valores, a União Europeia representa 50% desse grupo, Estados Unidos 19% e
Japão 6%. No
grupo de cereais, farinhas e preparações, destaca-se o milho com valores
inferiores de 51,0% em valor e 51,8% em volume em relação ao acumulado até o
mês de março de 2019. 2.4
- Destinos das
Exportações do Agronegócio Brasileiro Em relação aos destinos das exportações do
agronegócio brasileiro em 2020, a liderança permanece com a China (US$7,23
bilhões, tem 33,8% de participação e aumentou suas compras em 12,4% em valores
em relação ao primeiro trimestre de 2019), seguida pela União Europeia (US$3,66
bilhões, 17,1% de participação e queda de 11,6% em valores), Estados Unidos
(US$1,41 bilhão, 6,6% de participação e recuo de 14,9% nos valores exportados),
Japão (US$521,17 milhões, 2,4%, -16,1%), e Hong Kong (US$470,86 milhões, 2,2% e
5,7%). A tabela 6 apresenta os 20 principais destinos das exportações que
somados representam 84,6% do total, e as respectivas pautas (em %) por grupos
de produtos. Ainda de acordo com a tabela 6, observa-se uma
diferenciação na composição das pautas dos principais países. A China importa
principalmente produtos do complexo soja (63,8%) e carne (18,9%). Já a União
Europeia possui pauta mais diversificada, com destaque para o complexo soja
(33,1%), o café (17,5%) e os produtos florestais (16,4%). Os Estados Unidos têm
como principal produto na pauta os produtos florestais (38,9%) seguidos pelo
café (17,1%). Na sequência, o Japão (40,4%) e Hong Kong (92,3%) possuem como
principais pautas de importação os grupos de carnes (92,3%). 3 – PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO
PAULO NO BRASIL A participação paulista no total da balança
comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou quedas de 2,0
pontos percentuais nas exportações e de 1,2 p.p. nas importações nos três
primeiros meses de 2020, apontando valores de 20,1% nas exportações e de 32,4%
de representatividade para as importações (Figura 3). Para o agronegócio, as
exportações setoriais de São Paulo no primeiro trimestre de 2020 representaram
16,2% em relação ao agronegócio brasileiro, 0,3 ponto percentual maior na comparação
com o mesmo período de 2019; já as importações aumentaram 1,6 ponto percentual,
passando de 34,4% para 36,0% no primeiro trimestre de 2020 (Figura 3). 1Estado produtor
(Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação,
é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos
os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste
último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do
processo de fabricação para que o produto adote sua forma final. 2Estado importador
(Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do
domicílio fiscal do importador. 3Os grupos de
produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção “Tabela de Agrupamentos” de
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília:
MAPA, 2020. Disponível em:
http://indicadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm. Acesso em:
abr. 2020. Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações,
comércio exterior, grupo de produtos, países destinos.
paulista apresentou aumento tanto nas exportações (1,8%), alcançando US$3,47,
como nas importações (4,1%), totalizando US$1,28 bilhão; com estes resultados,
obteve-
-se superavit de US$2,19 bilhões (Figura
1), praticamente repetindo o resultado do
ano anterior.
Data de Publicação: 19/04/2020
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor