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Índice de Preços Agropecuários Registra Aumento em Março de 2020
O Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1, 2 fechou o mês de março de 2020 em alta de 1,61%. Separado
por grupos de produtos, IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) e IqPR-A
(produtos de origem animal) fecharam positivos (Tabela 1). Quando a cana-de-açúcar (que tem pesos em torno de
30% no IqPR e 50% no IqPR-V) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos
produtos, a alta do IqPR (sem cana) alcança um valor percentual de 3,24% e o
IqPR-V sem a cana sobe 4,10% (Tabela 1). Destacaram-se
as altas no mês de março/2020 (o primeiro sob o impacto da COVID-19) dos seguintes produtos: banana nanica (32,90%), feijão
(16,59%), café (13,77%), milho (8,51%), e ovos (8,22%). Destaca-se a elevação de todos os produtos animais integrantes
do índice (Tabela 2). BANANA NANICA Os fatores climáticos (calor e excesso de chuvas)
que atingiram regiões produtoras em Minas Gerais e no Nordeste do país
reduziram a oferta da fruta. É importante relatar que, com o fechamento das
escolas devido à pandemia da COVID-19,
desde o final de março os preços recebidos pela banana vêm reduzindo. FEIJÃO CARIOCA A corrida da população aos
supermercados para formar estoques nesse período de isolamento social
ocasionado pela pandemia COVID-19 somou-se
a uma realidade na qual a oferta do produto está bastante reduzida, fruto das
perdas geradas pela seca que acometeu principalmente as áreas de cultivo no Estado
do Paraná e na região sudoeste paulista. CAFÉ A alta do dólar (U$) que valoriza a cotação do
produto em reais (R$), a existência de estoques em níveis enxutos e as
estimativas de maior consumo residencial durante a quarentena motivado pela pandemia
COVID-19 são alguns dos fatores que
reajustaram em 13,77% os preços recebidos pelos cafeicultores paulistas em
março. MILHO Mesmo com a redução da atividade econômica por conta
do COVID-19, a demanda de milho
tende a estar cada vez mais aquecida para abastecer os confinamentos das
pecuárias (bovina/suína) e da avicultura, numa perspectiva de normalização das
exportações ao mercado chinês. Com as estimativas de diminuição das safras (1ª
e 2ª) apresentadas nos últimos levantamentos da Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB), as expectativas são
que os estoques diminuam. Com o novo patamar superior da taxa cambial em
relação ao real praticada neste período, formou-se uma conjuntura econômica
favorecendo o produtor nas exportações do grão que elevou o preço recebido no
período de fevereiro e março, atingindo uma variação mensal de 8,52% no Estado
de São Paulo. OVOS A redução do plantel (com o
descarte de aves no final do ciclo de postura em dezembro de 2019) e a
compreensão de que as carnes recuperarão parte da demanda com o
restabelecimento das exportações à China deram a dinâmica das altas do produto
no mês de março. A redução da renda e o aumento do desemprego colocarão os ovos
como única fonte de proteína acessível para uma fatia cada vez maior da
população brasileira em 2020. DEMAIS PRODUTOS Já entre os produtos que reduziram seus preços,
tiveram maiores quedas: tomate para mesa
(-14,28%), laranja para indústria
(-8,95%) e laranja para mesa (-6,35%). Numa realidade na qual o clima não interferiu na
oferta do tomate para mesa durante o
mês de março em terras paulistas, a demanda refreada com o fechamento de
restaurantes e das escolas (que são parte considerável do mercado do produto)
reduziram as cotações que indicaram menores ganhos aos tomaticultores. Do conjunto analisado, 13 produtos apresentaram alta
de preços (8 de origem vegetal e 5 de animal) e 5 tiveram queda (todos de
origem vegetal). ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA
O IqPR No acumulado de março/2019 a março/2020, todos os
índices apresentaram reajustes positivos (Figura 1). Nesse intervalo, o IqPR
variou positivamente em nove meses (Figura 2). Neste intervalo de um ano, o IqPR (geral) subiu
16,71%, o IqPR-V (vegetal) 14,05% e o IqPR-A (animal) 22,81% (Figura 2). Numa
realidade na qual o Índice de Preços Pagos (IPP) calculado no Instituto de
Economia Agrícola (IEA) (que apresenta um termômetro dos custos de produção
agropecuários no Estado de São Paulo) teve uma variação positiva de 5,50% no
acumulado dos últimos 12 meses, entende-se que os indicadores de renda no
agregado (preços menos custos) estiveram favoráveis para a agropecuária
paulista. Contudo, individualmente, nove culturas, isoladamente, ao terem
acúmulos de preços positivos abaixo do IPP ou negativos, dão indicativos de que
obtiveram retornos contraproducentes. 1A fórmula
de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor
da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas
pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas
comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os
preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/03/2020
a 31/03/2020 e base = 01/02/2020 a 29/02/2020. 2Artigo
completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços
recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.
38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573.
Acesso em: abr. 2020. Palavras-chave: IqPR,
índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.
Data de Publicação: 16/04/2020
Autor(es):
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor