Artigos
Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo: resultado final 2019
O Valor da Produção
Agropecuária (VPA) do Estado de São Paulo em 2019, calculado pelo Instituto de
Economia Agrícola (IEA), resultou em R$82,3 bilhões, 9,5% acima do obtido no
ano anterior, em valores correntes (Tabela 1). Descontando a inflação medida
pelo IPCA, o crescimento real é de 4,8%1. Esse cálculo contempla 50
produtos de origem animal e vegetal, reunidos em produtos para indústria,
produtos de origem animal, grãos e fibras, frutas frescas e olerícolas. Os
dados de produção foram obtidos dos levantamentos sistemáticos de previsão e
estimativas de safras agrícolas, realizados pelo IEA e pela Coordenadoria de
Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), ambos da Secretaria da Agricultura e
Abastecimento de São Paulo (SAA), disponíveis no banco de dados do IEA2.
Os preços médios mensais recebidos pelos produtores são do banco de dados do
IEA3. Os preços dos produtos olerícolas e os das frutas foram
obtidos da Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo
(CEAGESP)4, ponderados e decompostos a partir dos preços de atacado,
exceto os de batata, cebola, mandioca para mesa, tomate, banana, laranja e
tangerina, que também são do banco de dados do IEA. A partir deste resultado final
de 2019, são introduzidas duas mudanças: o preço recebido pelo produtor para a
goiaba indústria é também do banco de dados do IEA e, além da cebola de muda e
de bulbinho, considera-se também a cebola em plantio direto. O
ganho real verificado (4,8%) refletiu basicamente a elevação de preços em todos
os grupos de produtos (8,08%) e de produção (1,34%), embora houvesse perda de quantidade
produzida em grupos como para indústria e olerícolas5. O VPA para o grupo de produtos para indústria
totalizou, em 2019, R$37,7 bilhões, valor 1,8% a mais que o obtido em 2018, por
conta principalmente da elevação em 3,80% nos preços recebidos pelos
produtores, visto que a produção foi 1,93% menor, causado em especial pelo café
(-24,35%), cuja safra agrícola 2018/19 foi afetada pela bienalidade (ciclo de
baixa) e condições climáticas adversas para este produto em dezembro de 2018 e
janeiro de 2019, bem como redução de 3,58% no preço médio recebido pelo
produtor, e pelo tomate para indústria (-18,45%), causado principalmente pela
menor área cultivada, apesar das condições climáticas serem propícias no
período crítico para a cultura. A
cana-de-açúcar, principal produto deste grupo, continua na primeira colocação.
Contudo, embora seu VPA tenha acusado um aumento de 3,87% relativamente ao
verificado em 2018, sua participação em relação ao VPA total do estado caiu de
38% em 2018 para 36% em 2019. Na safra agrícola, houve decréscimo de 1,65% na
produção, com elevação nos preços de 5,61%. Dentre os produtos deste grupo, a borracha se
sobressai com ganho de 3,87% no VPA, com aumentos tanto nos preços recebidos
pelos produtores (8,11%) quanto no volume de látex coagulado produzido (9,29%). Para
os itens do grupo de proteína animal, o VPA totalizou R$21,98 bilhões, valor
19,83% superior ao obtido em 2018, com ganhos tanto nos preços recebidos pelos
produtores (11,76%) quanto na produção obtida na safra agrícola (7,22%). O VPA
deste grupo tem participação de 26,70% no cômputo total estadual. O VPA da carne bovina, produto que ocupa a segunda
colocação no ranking, precedido pelo
da cana-de-açúcar, mesmo apresentando redução de produção (1,53%), acusou
expressivo aumento (8,96%), decorrente de maiores preços (10,65%), face à
demanda aquecida do mercado internacional, notadamente pela China cujos
rebanhos suínos foram reduzidos drasticamente pela peste suína africana e
outros países da Ásia e também da Europa. Na mesma linha, o VPA da carne suína acusou em 2019 aumento de 82,2%, relativamente ao ano
anterior, face às elevações tanto dos preços (34,00%) quanto da produção
(35,98%). O VPA da carne suína,
que em 2018 ocupava 21ª posição no ranking
do estado, em 2019 subiu para a 18ª. O VPA do leite, que em 2018 estava na
9ª posição do ranking estadual,
deslocou-se para a 8ª, acusando uma elevação de 15,96% em função de ganhos de
preço (6,02%) e de produção (9,38%). O VPA dos ovos de galinha totalizou R$3,61
bilhões, 28,25% superior ao de 2018, por conta dos ganhos de 10,90% e de
15,64%, respectivamente nos preços e na produção, justificado pela elevação da
demanda interna do produto (como também ocorreu com a carne de frango) devido à
elevação dos preços da carne bovina. O VPA da carne de frango teve elevação de
34,66%, com ganhos tanto nos preços (15,47%) quanto na produção (16,63%), por
conta do aumento das exportações, tanto para a China como também para os países
árabes. Dos produtos classificados como do grupo animal, os
únicos que apresentaram queda no VPA foi o mel (3,28%) e casulo do
bicho-da-seda (19,34%). O Estado de São Paulo é o 7o produtor
nacional de mel (representa 9,75% da produção nacional) e a participação do seu
VPA no estado é de 0,05%. Já para o casulo o estado é o segundo produtor, cuja
produção representa 11,96% do Brasil, superado pelo Paraná. Para o
grupo de grãos e fibras, o VPA totalizou R$9,39 bilhões, ao redor de 11% do
total estadual. Para esse grupo, houve ganhos de 7,63% nos preços recebidos
pelos produtores e de 1,92% na produção gerada. Os produtos como feijão, sorgo
granífero e algodão foram os que contribuíram mais para esses ganhos. O VPA do
feijão teve crescimento de 98,26%, comparado com os valores de 2018, por conta do
aumento significativo de 82,48% nos preços. Contribuiu muito para estes
resultados a safra agrícola de feijão da seca paulista, que teve ganhos de
54,4% na área plantada e de 79,4% na produção (a safra agrícola de feijão de
inverno irrigado também teve parcela positiva). “Esse quadro positivo pode ser
atribuído ao estímulo dos produtores nessa safra que, devido à menor produção
do feijão das águas (desde dez./2018 a abr./2019), teve os preços elevados em
toda rede de comercialização (produtor, atacado e varejo)”6. Já a
fibra algodão apresentou resultados significativos para VPA de 23,83%,
principalmente pelo aumento na produção de 43,86%, favorecido pelo mercado internacional
e demandante por conta de menores estoques, além do crescimento na participação
brasileira no volume de aquisições da China dessa commodity. O VPA
da soja, 5ª posição no ranking, único
produto do grupo que acusou perda em relação a 2018 de 5,35%, visto que tanto o
preço quanto a produção diminuíram ao redor de 2,70%, decorrente de
temperaturas elevadas no período de semeadura e chuvas irregulares no período
de desenvolvimento. Para o
grupo das frutas frescas, o VPA totalizou R$8,11 bilhões, 11,94% superior ao
obtido em 2018, havendo ganhos nos preços (6,34%) e na produção (5,26%). Contribuíram
para estes resultados os comportamentos positivos quanto ao VPA das seguintes
frutas: caqui (37,01%), manga (32,28%), tangerina (19,91%), limão (18,22%) e
maracujá (17,59%), acompanhando os ganhos, em todas essas frutas, dos preços e
das produções. Para o
grupo dos produtos olerícolas o VPA totalizou R$5,12 bilhões, 29,31% superior
ao obtido em 2018, decorrente de uma elevação nos preços praticados de 34,85%,
apesar de uma produção menor em 4,11%. Entre os produtos do grupo, chama
atenção a elevação de 131,14% no VPA da batata inglesa, com uma redução da
produção paulista estimada em 4,92%, elevação do preço médio recebido pelo
bataticultor de 143,11%. Reflexo da menor área plantada e problemas de
qualidade causados por adversidades climáticas, tanto na cultura das águas como
na de inverno, essas condições que ocorreram em algumas das principais regiões
produtoras dos sete principais estados (MG, SP, PR, RS, SC, GO e BA). Com esse
desempenho, o VPA da batata galgou seis posições, passando em 2019 a ocupar o
10º lugar entre os maiores VPAs do estado. Para a cebola, os resultados mostram
aumento de 28,75% no VPA, por conta dos ganhos de 28,79% nos preços, já que a
produção se manteve praticamente inalterada. A cultura da alface contribuiu
muito para o resultado positivo do VPA do grupo, apresentando ganhos de 81,19%. Entre
os dez produtos de maior VPA, que totalizam 81% no estado, apenas o café
beneficiado e a soja acusaram redução, mesmo que tenha caído apenas uma posição
cada um no ranking. 1INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Índice nacional de preços ao consumidor
amplo. Brasília: IBGE, 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html?=&t=series-historicas. Acesso em: 21 mar. 2020. 2INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados: estatísticas da
produção paulista. São Paulo: IEA,
2020. Disponível em: http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/subjetiva.aspx?cod_sis=1&idioma=1. Acesso em: 19 mar. 2020. 3______. Banco de
dados: preços médios mensais recebidos pelos agricultores. São Paulo: IEA,
2020. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/Bancodedados.php. Acesso em: 19 mar. 2020. 4Dados fornecidos por e-mail, pela Companhia de Entreposto
e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) em São Paulo, em 2020. 5HOFFMANN, R. Estatística
para economistas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1991. 426 p. 6CAMARGO, F. P. et
al. Previsões e
estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2018/19,
junho de 2019. Análises e Indicadores do
Agronegócio. São Paulo, v. 14, n. 8, p. 1-12, ago. 2019. Palavras-Chave: Valor
da Produção Agropecuária.
Data de Publicação: 07/04/2020
Autor(es):
José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Roberto Ferreira Bueno Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor