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Algodão: conjuntura e tendências 2019/20
A
produção mundial de algodão em pluma totalizou 25,72 milhões de toneladas na
temporada 2018/19, com redução de 4,6% comparativamente a precedente. O Brasil
ocupa a quarta colocação no ranking e
responde por 10,6% do total global. Os maiores produtores são Índia, China e
Estados Unidos, conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA)1. A produção brasileira de algodão em pluma alcançou
2,78 milhões de toneladas na safra 2018/19, com acréscimo de 39% em relação ao
ano anterior, resultante da expansão em área nas mesmas proporções. As
condições de mercado favoráveis em especial para exportações influenciaram na
decisão de expandir o cultivo da fibra, conforme a Companhia Nacional do
Abastecimento (CONAB)2. No
Estado de São Paulo, os dados do Instituto de Economia Agrícola e da
Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (IEA/CDRS)3
apontam para produção de 45,3 mil toneladas de algodão em caroço, o que
equivale a 18,1 mil toneladas de algodão em pluma na safra 2018/19, a qual
representou aumento de 43,9% em comparação a precedente. O crescimento na
produção paulista da fibra representou recuperação do cultivo, haja vista a
expansão de 56,9% na área cultivada, depois de reduções no passado recente. Em
2019 houve maior participação das exportações na demanda da fibra em face da
estabilidade do consumo interno. Foi destinado ao mercado externo 1,7 milhão de
toneladas, o equivalente a 60% da produção enquanto 700,0 mil toneladas ou
25,2% da produção foram destinadas às indústrias localizadas no país, conforme
a CONAB4. China, Indonésia e Bangladesh têm sido os principais
destinos das exportações brasileiras de algodão. A
fibra de algodão é o item mais importante da pauta exportadora da cadeia
produtiva têxtil e confecções sendo a principal matéria-prima das manufaturas
destinadas ao mercado internacional. No período de janeiro até dezembro de 2019
a fibra e as manufaturas de algodão responderam por 81,1% do valor total das
exportações brasileiras do segmento, conforme o Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços5. Na temporada 2019/20 a produção mundial de algodão
deve ser de 26,23 milhões de toneladas com discreta retração de 1,9% em
comparação a safra anterior. A China, maior consumidora, deverá reduzir em
11,8% as importações e os Estados Unidos, maiores exportadores, deverão ampliar
em 11,8% as suas vendas no mercado internacional, conforme o USDA. Esse cenário
implica em maior concorrência para as exportações do algodão brasileiro. Para a safra brasileira a CONAB6 estima
que a área com algodão deva crescer 5,3% e alcançar 1,70 milhão de hectares em
2019/20, enquanto a produção deve ficar relativamente estável em 2,82 milhões
de toneladas. As exportações continuarão a ser o principal item da
demanda ao totalizar 2,0 milhões de toneladas, com aumento de 19,8% em relação às
vendas externas na temporada anterior. O consumo brasileiro de algodão em pluma
deve permanecer praticamente no mesmo patamar que o verificado no ano passado,
em 710,0 mil toneladas. Aspecto a ser destacado se refere ao elevado nível do
estoque de algodão no mercado brasileiro, o qual vem em expansão até alcançar
1,54 milhão de toneladas, o maior dos últimos anos, conforme a CONAB7. No Estado de São Paulo, em 2019/20, a área cultivada
com algodão deve sofrer retração de 7%, que significa o oposto do observado nas
últimas safras. Por sua vez, a produção deve ser reduzida na mesma proporção e
ser de 42,1 mil toneladas de algodão em caroço, o equivalente a 16,8 mil
toneladas de algodão em pluma, conforme o Instituto de Economia Agrícola e
Coordenadoria de Desenvolvimento Regional Sustentável (IEA/CDRS)8. A
concorrência por área, com soja principalmente, pode explicar esse
comportamento. 1UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Foreign Agricultural
Service. Cotton: World Markets and Trade.
Washington: USDA: FAS,
2020. 2020. Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/cotton.pdf.
Acesso em: fev. 2020. 2COMPANHIA
NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento
da safra brasileira – grãos. Brasília:
v. 7, safra 2019/20, n.5, Quinto levantamento, fev. 2020. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras.
Acesso em: fev. 2020. 3CAMARGO, F. P. et al. Previsões
e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola
2018/19, junho de 2019. Análises e
Indicadores do Agronegócio. São Paulo: v.14, n. 8, p. 1-12, ago. 2019. Disponível em:
http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14675. Acesso
em: fev. 2020. 4Op. cit. nota 2. 5ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL. Exportações
Brasileiras de Produtos Têxteis e Confeccionados - Jan/Dez 2019. São Paulo:
ABIT, 2019. Disponível em: https://www.abit.org.br/uploads/arquivos/EXP%20BR%20SEG%20201912%20YTD.pdf. Acesso em: jan. 2020. 6Op. cit. nota 2. 7Op. cit. nota 2. 8CAMARGO, F. P. et al. Previsões
e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, acompanhamento do
ano agrícola 2019/20 e levantamento final, ano 2018/19, novembro de 2019. Análises e Indicadores do Agronegócio.
São Paulo, v. 15, n. 1, p. 1-16, jan. 2020. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14754.
Acesso em: fev. 2020. Palavras-chave: algodão,
mercado, perspectivas.
Data de Publicação: 19/02/2020
Autor(es): Marisa Zeferino (marisa.zeferino@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor