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Amendoim: retração da oferta e queda nas exportações em 2019
Em 2019, as condições climáticas, altas temperaturas
e pouca chuva prejudicaram o desempenho das lavouras paulistas de amendoim. As
boas perspectivas, permeadas pelas dificuldades vivenciadas por países
importantes no comércio internacional do amendoim em grão, como a Argentina com
quebra de 30% na produção de 2018 e Estados Unidos com redução de 22% em 2019,
apoiaram o aumento da área plantada na safra 2018/191. Essas
estimativas foram substituídas pela queda de 14% na produtividade média e de
12% na produção, com resultados distintos entre as principais regiões produtoras,
tendo variações entre 15% e 30% de retração na produção2. O comportamento dessa safra interrompe a sequência
de alta na produção registrada desde o ano de 2015, que possibilitou o
crescimento das exportações no mesmo período. Quando consideradas as três
principais mercadorias exportadas pela cadeia de produção do amendoim, a
conjuntura formada do lado da oferta é acompanhada da redução de 11% nos
volumes exportados e de 7% para os valores totais, expressando, assim, alta nas
cotações praticadas para as diferentes mercadorias que apresentam comportamento
distinto. Para os amendoins preparados, a quebra na expansão
das exportações foi mais acentuada, sendo superior a 50% nos valores exportados
e ultrapassando 60% quando considerada a quantidade. Conforme a figura 1, esses
resultados colocam o ano de 2019 próximo ao cenário registrado em 2015 e
distante do desempenho verificado no período de 2016 a 2018, reprimindo o
avanço dos negócios aquecidos com os principais países importadores dessa mercadoria,
a exemplo da Rússia, Chile, Estados Unidos e Ucrânia. Para o óleo bruto de amendoim, a redução das
exportações também é percebida, embora em percentuais menores que os
verificados para os amendoins preparados. Essa mercadoria teve como principais
destinos China com 72% e Itália com 26% do total no ano de 2019 em comparação
ao de 2018, apresentou redução de pouco mais de 17% para os valores e de 23%
quando considerados os volumes, somando US$46 milhões para 39 mil toneladas
exportadas. O comportamento das exportações de óleo bruto de
amendoim apresenta períodos de queda e de retomada. Essa dinâmica marcada por
variações mais acentuadas que as percebidas para os amendoins preparados e
também para o amendoim em grão caracteriza as cotações e negociações do óleo de
amendoim e somadas à retração da oferta, posiciona o ano de 2019 com resultados
semelhantes aos verificados em 2017 (Figura 2). A mercadoria amendoim em grão, o principal produto
exportação do amendoim paulista, representou em 2019 praticamente 80% do total
em valores exportados e aqui relacionados. Em 2019 foram exportadas 196 mil
toneladas de amendoim em grão, 5% a menos que os volumes totais registrados no
ano de 2018. Quando considerados os valores exportados, a redução fica em torno
de 0,7%, totalizando, aproximadamente, US$(FOB) 229 milhões. Os resultados alcançados mostram que a dinâmica de
expansão das exportações do amendoim em grão verificada, especialmente a partir
do ano de 2015, acabou sendo pouco afetada mesmo frente ao cenário interno de
retração da oferta (Figura 3). Dessa forma, as posições consolidadas nos
últimos anos foram mantidas, uma vez que os principais destinos do amendoim em
grão foram atendidos; no caso da Rússia, que desde 2015 vem se posicionando
como o principal país importador dessa mercadoria, respondeu por 43% dos
volumes totais exportados em 2019, percentual superior ao verificado em 2018, que
foi de 37%3. Na sequência estão Argélia e Holanda, ambos os países
com 11% de participação, seguidos por Polônia, África do Sul e Ucrânia, com
participação entre 6% e 5% do total. No contexto aqui explorado, embora indicando
realidades distintas para cada mercadoria relacionada, em que os amendoins
preparados e o óleo bruto de amendoim registraram redução dos volumes
exportados em percentuais muito superiores aos verificados para o amendoim em
grão, é possível indicar que, quando observados os valores em 2019, todas as
mercadorias apresentaram cotações superiores às praticadas em 2018. No ambiente interno, a realidade paulista apresenta
aumento superior a 63% nos preços médios mensais recebidos pelos produtores
para o saco de 25 kg de amendoim em casca. Esse indicador reflete a
comparação das cotações praticadas em dezembro de 2018, de R$42,39, e em
dezembro 2019, de R$69,054. O comportamento de alta dos preços passa
a ser acentuado a partir do mês de maio de 2019, quando da finalização da
colheita e beneficiamento da safra 2018/19, e indicação dos volumes produzidos
e da qualidade alcançada. Essa condição impulsionou o aumento da área plantada
e das boas perspectivas de investimento e de aumento da produção, recuperando a
tendência de expansão da produção descontinuada em 2019. 1UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Foreign
Agricultural Service. OS&D
Production, Supply and Distribution. Washington: USDA: FAS, 2020.
Disponível em:
https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/advQuery. Acesso em: 27
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Amendoim: safra difícil, mas exportações avançam e preparam terreno para
2019/2020. Revista Canavieiros,
Sertãozinho, v. XIII, n. 159, p. 1-10, set. 2019. Disponível em:
https://www.revistacanavieiros.com.br/uploads/pagina/tag/2019/11/e8IGHvhbxTeXEgc9/159-set-baixa.pdf.
Acesso em: fev. 2020. 3SAMPAIO, R. M.
Amendoim: exportações em alta e a importante participação dos municípios
paulistas. Análise e
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http://www.iea.sp.gov.br/ 4INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA. Preços médios mensais recebidos
pela agricultura. São Paulo: IEA, 2020. Disponível em: http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/precos_medios.aspx?cod_sis=2. Acesso em: 4 fev. 2020. Palavras-chave: produção
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ftpiea/AIA/AIA-23-2019.pdf. Acesso em: 3 fev. 2020.
Data de Publicação: 14/02/2020
Autor(es): Renata Martins (rmsampaio@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor