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Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Acompanhamento do Ano Agrícola 2019/20 e Levantamento Final, Ano Agrícola 2018/19, Novembro de 2019
1 - INTRODUÇÃO A Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Economia
Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS),
realizou entre 1 e 22 de novembro de 2019 o levantamento das previsões de área
e produção de culturas no Estado de São Paulo referentes à safra agrícola
2019/20 e as estimativas finais da safra 2018/19. Na condução do levantamento
foi aplicado o método subjetivo2, que consiste da coleta e
sistematização dos dados fornecidos pelos técnicos das Casas de Agricultura, em
cada um dos 645 municípios do Estado de São Paulo. Os resultados apresentam informações sobre a cana
para indústria, laranja e outros 17 produtos agrícolas de maior expressão
econômica na agricultura paulista. Também são apresentados indicadores do ano
agrícola 2018/19, calculados a partir da seleção das produções mais
significativas do Valor da Produção Agropecuária Paulista, que refletem o
comportamento da produção, área plantada e produtividade. 2 – ACOMPANHAMENTO DA SAFRA 2019/20 No levantamento de novembro de 2019, foram
realizadas as previsões iniciais Para a safra de verão de grãos 2019/20 (algodão,
amendoim, arroz, feijão das águas, milho, soja e demais grãos), os resultados
parciais, quando comparados com o mesmo período da safra 2018/19, indicam
decréscimo de 0,1% na área cultivada, estimada em 1,5 milhão de hectares, e
aumento de 0,4% na produção, com previsão de ultrapassar 6,7 milhões de
toneladas, sendo esperado ganho de 0,5% na produtividade média. 2.1 – Algodão A partir desta safra agrícola, o calendário de
levantamento da cultura do algodão foi alterado. No levantamento corrente é
realizada a intenção de plantio da cultura. A estimativa da intenção de plantio
de algodão no Estado de São Paulo, conforme o levantamento de novembro de 2019,
aponta para redução de área plantada na safra 2019/20. Dado que a cultura tem
aumentado sua área nos últimos três anos em São Paulo, surpreende esse
decréscimo neste momento em que os produtores já estão organizados para o
plantio. A previsão para safra 2019/20 é de 12,9 mil hectares de área
cultivada, decrescimento de 7,0% em relação à safra anterior. Quanto à
produção, mantido o rendimento da safra passada (3.267 kg/ha), é de se esperar
que sejam colhidas 42,1 mil toneladas. Ressalta-se que as condições
edafoclimáticas vão atuar e favorecer (ou não) o novo ciclo que se inicia, e
que esses números podem ainda se alterar na próxima previsão de fevereiro de
2020. Essa redução de área, em relação à safra passada,
pode sinalizar que o setor produtivo ainda não se definiu frente às condições
de mercado. Este, porém, é o primeiro levantamento, que retrata somente a
intenção de plantio para a nova safra. As condições do mercado internacional devem atuar
fortemente sobre a produção nacional; menor produção na Austrália, redução do
volume exportável na Índia, redução dos estoques mundiais segundo o USDA e a
definição do acordo entre EUA e China podem favorecer a elevação dos preços no
mercado internacional e nacional3. Em contrapartida, a expectativa
de um período recessivo na economia mundial pode significar a redução na
demanda e, consequentemente, no consumo mundial, induzindo as baixas cotações.
Essas perspectivas possivelmente devem influenciar na decisão dos produtores
nacionais e estaduais no momento do plantio. O cultivo do algodão é realizado
principalmente nos EDRs de Avaré (4,9 mil hectares na safra 2019/20), Itapeva,
Presidente Prudente e Votuporanga, que representam aproximadamente 85% da área
plantada no Estado de São Paulo. 2.2 - Amendoim As estatísticas de produção
para a cultura de amendoim, a partir da safra agrícola 2019/20, consideram
inclusas as safras da seca e das águas. A estimativa preliminar da safra
2019/20 apresenta aumento de 2,1% da área plantada em comparação com a soma das
áreas correspondentes às safras das águas e da seca anteriores, alcançando
144,2 mil hectares, mantendo a tendência de expansão da cultura (Figura 1),
visto que as empresas que operam com o produto decidiram nesta safra estimular
os produtores, em relação à assistência técnica, como também no financiamento
das lavouras. Quanto às áreas arrendadas para cana--de-açúcar, para esta
temporada tem sido dada preferência aos plantadores da oleaginosa, devido ao
fortalecimento adquirido pelas cotações, influenciado pelo comportamento do
mercado interno e o de exportações, estimulando até mesmo a criação de
infraestrutura nas próprias fazendas, no que diz respeito à construção de
barracões e secadores4. Os EDRs com previsões de maior área em São Paulo são
Jaboticabal, Marília, Presidente Prudente, Tupã, São José do Rio Preto, Lins e
Assis, respondendo por 75% da área plantada do Estado. Comparativamente à safra
passada, vários EDRs dão indícios de aumento de área plantada com amendoim. Contudo,
são regionais com pouca expressão em termos estaduais. A primeira informação de produção aponta para
acréscimo de 24,1%, comparativamente à safra agrícola anterior, por conta do
aumento de 21,6% na produtividade da terra. Os volumes de chuva na região Sudeste,
desde os últimos meses de 2019, favoreceram a manutenção hídrica do solo
paulista. 2.3
– Arroz5 Os resultados do segundo levantamento para a safra
2019/20 para a cultura do arroz (sequeiro-várzea e irrigado) é de uma menor
produção com volume total a serem colhidas, de 53,3 mil toneladas. Essa
produção 11,6% menor deve ocupar área cultivada 1,0% inferior à safra passada.
O rendimento preliminar de 11,1% negativo foi o responsável por essa queda mais
acentuada na produção. Com a concorrência do produto importado e de outros
estados, a rizicultura paulista perde ano a ano sua participação em produção e
área em decorrência de muitos fatores que vão desde a perda do interesse na
cultura, até a procura por alternativas mais vantajosas como soja e milho. O plantio da cultura no Estado de São Paulo ainda
resiste com significativa importância econômica nos EDRs de Guaratinguetá e
Pindamonhangaba, que são as principais regiões produtoras no Estado de São
Paulo, principalmente de arroz irrigado. 2.4 - Banana O primeiro levantamento da
safra de banana para 2019/20 indica queda de 14,8% na produção, em relação à
safra 2018/19, projetando 953,7 mil toneladas da fruta. A expectativa é que
área em produção chegue a 56,3 mil hectares, decréscimo de 2,3% em relação à
safra anterior. A banana ocupa posição de destaque no valor da produção do
estado entre as frutas, encontrando-se atrás somente da laranja e do limão6.
Sua produção está concentrada no EDR de Registro, que responde por 63,6% da
produção paulista, seguido pelos EDRs de São Paulo (5,2%), Jales (4,4%), Avaré
(2,6%) e com 2,4% Pindamonhangaba e Andradina. Os EDRs com as maiores
áreas novas com a cultura foram registrados, neste levantamento, em Jales (830,0
hectares), General Salgado (539,4 hectares) e Votuporanga (366,9 hectares). Em
relação à área produtiva e volume, as principais regionais foram Registro (33.134
hectares e 606.389 toneladas), seguido por São Paulo (3.096 hectares e 49.704 toneladas,
e Jales com 2.502 hectares e 42.390 toneladas). Os municípios de Aparecida
D’Oeste (EDR de Jales) e Cardoso (EDR de Votuporanga) foram os que, em novembro
de 2019, apresentaram os maiores números de áreas novas com o produto. Os
principais municípios com área em produção foram Eldorado, Miracatu, Cajati e
Sete Barras, todos pertencentes ao EDR de Registro. 2.5 – Batata das Águas O cultivo da batata no Estado de São Paulo é
realizado em três safras: águas (setembro a janeiro), secas (fevereiro a junho)
e de inverno (abril a setembro). Para a batata das águas, o segundo
levantamento da safra 2019/20, comparado com a safra anterior, indica
decréscimo de -8,5% na área, com 7,5 mil hectares plantados. Apesar da redução
na área, houve um pequeno aumento de 0,4% na produção (218,7 mil toneladas),
possível graças à variação positiva da produtividade, de 9,7%, sendo esperadas
29,3 t/ha a serem colhidas. Ressalta-se que a safra agrícola do ano de 2019
para a batata das aguas foi impactada negativamente pelas adversidades
climáticas e, na presente safra, retoma-se os patamares médios de produtividade
agrícola dos últimos três anos (2016 a 2018). Apesar da expectativa dos
resultados apresentados, ainda não é possível considerar como certa e
definitiva esta previsão, cabendo esperar o levantamento de fevereiro que trará
efetivamente os números da colheita. As maiores regiões produtoras estão
localizadas no sul e sudoeste do estado, formadas pelos EDRs de Itapetininga,
Avaré, Itapeva, que representam 82,6% da área cultivada. 2.6 – Café A primeira estimativa da safra de café 2019/20 no
Estado de São Paulo indica forte expansão na quantidade a ser colhida.
Cotejando-se com a safra anterior, quando foram colhidas 4,4 milhões de sacas
de 60 kg beneficiadas (ciclo de baixa), a atual deverá superar as 5,6 milhões
de sacas (337,5 mil toneladas), ou seja, incremento de 27,4%, com um rendimento
27,1% superior frente ao ano anterior. Entretanto, comparativamente à safra de
2018/19 (ciclo de alta), quando a safra paulista alcançou 6,1 milhões de sacas,
a atual estimativa representa queda de 14,6%. Assim, em reflexo das boas
condições climáticas nos principais cinturões e o manejo agronômico adotado
pelos cafeicultores, muito provavelmente, na próxima estimativa, campanha a ser
realizada em fevereiro, espera-se forte incremento na estimativa de quantidade
colhida, aproximando o atual número daquele contabilizado no último ciclo (2017/18)
de alta de produção no estado. Como esse resultado é preliminar, dois fatores podem
contribuir para o incremento nos números: as condições climáticas, que têm sido
favoráveis à lavoura, e a cotação em alta nos últimos meses, que favorecem o
aumento no uso de insumos de produção cujo resultado poderá elevar a
produtividade. O que esperar da safra de café de 2020? Muitos fatores pesam
nessa expectativa: a produção passada, as condições dos cafezais paulistas, os
estoques de passagem do produto, o fluxo de caixa dos produtores e as metas que
cada segmento da empresa chamada “café” tem como objetivo. Além de todos esses
fatores, existem ainda as condições macroeconômicas vividas pelo país. A região do EDR de Franca, que exibe elevada
amplitude de variação do ciclo bienal, aparece neste levantamento com colheita
estimada de 2,3 milhões de sacas nos 68,0 mil hectares cultivados com a
rubiácea, representando produtividade média de 33,9 sc./ha, a mais elevada do
estado e quiçá a maior frente a todos os demais cinturões cafeeiros de arábica
do país. A região do EDR de São João da Boa Vista, vice-líder em produção de
café do estado, deverá colher 1,3 milhão de sacas, exibindo expansão frente à
safra anterior de 13,9%. Com elevado potencial de crescimento da produção,
segue a região do EDR de Marília, com estimativa de colheita de 523 mil sacas
(aumento de 52,6%), mas distante da produtividade francana, colhendo média de
25 sc./ha. 2.7 – Feijão das Águas O segundo levantamento da safra 2019/20 efetuado em
novembro/2019 estimou a área cultivada do feijão das águas em 59,4 mil hectares,
aumento de 3,7% em relação à safra 2018/19. Contudo, para a produção, a
expectativa é de queda (2,6%), com previsão do volume a ser colhido de 142,6
mil toneladas, decorrente da menor produtividade esperada, 2.400 kg/ha ante
2.556 kg/ha da safra passada (-6,1%). O cultivo do feijão é realizado em três safras:
águas (setembro a janeiro), seca (fevereiro a junho) e de inverno (abril a
setembro). A safra das águas é a principal safra paulista, e cerca de 90% do
plantio abrange as regiões sul e sudoeste do estado, formadas pelas regionais
de Itapeva (37%), Avaré (35%) e Itapetininga (17%). Outro destaque é para o
cultivo em plantio direto que corresponde a 77% da lavoura (45 mil hectares). O próximo
levantamento a ser realizado em fevereiro de 2020 trará os resultados finais
das safras das águas e as primeiras informações da safra da seca do ano
agrícola 2018/19. O levantamento de novembro, ao fechar os dados da
safra 2018/19, aponta um crescimento total tanto de área, como de produção e
produtividade, respondendo a demanda resultante dos resultados da oferta do
produto no ano anterior. No entanto, o resultado abaixo do esperado para a
primeira safra se deve, além da redução de área plantada por conta da opção dos
agricultores em destinar a outras culturas que ofereciam melhor expectativa de
mercado, às chuvas ocorridas no momento da colheita. E o resultado da primeira
safra foi fortemente compensado por um aumento de área na segunda safra, que
veio acompanhado de um ganho de produtividade, e que pode ser considerado
significativo, pois passou de 32,4 sc./ha para 37,6 sc./ha. Um resultado de
ganho de área e produtividade também ocorreu na terceira safra. O plantio
irrigado chegou à produtividade de 45,2 sc./ha e, mesmo o feijão sem irrigação,
apesar da pequena área, apresentou ganho de produtividade. Na ocorrência de
vários períodos com preços de prateleira do produto em elevação, os resultados
com melhor produtividade oferecem melhor condição de abastecimento. A expectativa de aumento de área apresentada para a
primeira safra de feijão 2019/20 em relação do período anterior não chega a
compensar a queda de área do produto, que vem anual e gradualmente respondendo
a pressão de preços de produtos como o milho e a soja. Destacam–se nesta safra
as regiões dos EDRs de Itapeva, Avaré e Itapetininga, com 26.760 hectares,
17.645 hectares e 8.885 hectares, respectivamente, seguidas das regiões dos
EDRs de General Salgado, Sorocaba e Ourinhos, com 2.440 hectares, 822 hectares
e 762 hectares, respectivamente. É importante, porém, destacar a importância
regional do produto, uma vez que está presente na maior parte do Estado de São
Paulo, em 30 EDRs nesta primeira safra. 2.8 – Milho7 A expectativa de produção recorde de grãos no país
para este ciclo agrícola não deve ser observada no milho primeira safra
paulista. Esta constatação deve-se, principalmente, à concorrência em área com
a soja. Por exemplo, entre as safras 2018/19 e 2009/10, observa-se redução de
183,6 hectares de área de milho primeira safra e expansão de 585,9 hectares de
soja no estado. A estimativa de novembro aponta queda de 6,7% na
área destinada à cultura em comparação com a safra 2018/19. A expectativa de
produção e produtividade também é negativa, em 9,6% e 3,2%, respectivamente.
Contudo, este resultado, além de ser o primeiro levantamento desta safra, pode
ter sido influenciado pelo atraso do plantio da soja em virtude do
prolongamento do período seco. As regiões de Itapeva, Itapetininga, São João da Boa
Vista e Avaré são as mais representativas em área e em produção do grão em São
Paulo. 2.9
– Soja8 No último ciclo agrícola (2018/19), a área de soja
no Estado de São Paulo superou a marca de 1 milhão de hectares, com crescimento
constante e com tendência ascendente. O levantamento de novembro de 2019, da safra
2019/20, aponta oscilação negativa em área (-1,1%). Em compensação, espera-se
uma produção 8,2% superior em virtude da produtividade maior em 9,4%, passando
de 3.025 kg/ha para 3.309 kg/ha, resultante da recuperação dos níveis de
produtividade após as perdas observadas na safra passada em virtude das
condições climáticas desfavoráveis. As regiões de Itapeva, Assis, Ourinhos e Avaré
concentram mais da metade da área paulista em produção. 2.10 – Seringueira Os primeiros resultados da safra 2019/20 para a
seringueira apontam para um incremento de 3,3% na produção em comparação à
safra 2018/19, projetando 251,6 mil toneladas de coágulo. Os dados também
indicam aumento em relação à safra anterior no número de pés em produção (7,1%)
e decréscimo de pés novos em 7,1%, o que é coerente com o pequeno aumento de
área de 1,7%. Apesar do crescimento em área e produção, a produtividade
esperada é ligeiramente decrescente 0,3%. De acordo com esse levantamento, os principais EDRs,
em termos de produção, são: São José do Rio Preto (28,6%), General Salgado
(15,9%) e Barretos (9,2%). Esses três EDRs representam mais de 50,0% da
produção paulista. O levantamento a ser efetuado em fevereiro de 2020
deve trazer informações mais precisas sobre a produção e a produtividade da
seringueira para a safra 2019/20. 3 – RESULTADOS FINAIS, SAFRA AGRÍCOLA 2018/19 O levantamento de novembro de
2019 finaliza as estimativas da safra 2018/19 para as culturas da
cana-de-açúcar, laranja, cebola (muda e plantio direto), mandioca (indústria e
mesa) e tomate (indústria e mesa). Os resultados encontram-se na tabela 2,
acrescidas das demais culturas que tiveram suas safras encerradas em
levantamentos anteriores. 3.1
- Cana para Indústria O período de seca ocorrido nos últimos meses de 2018
trouxe incertezas quanto ao impacto na produtividade agrícola, apesar das
chuvas ocorridas em seguida, no decorrer da safra agrícola. Somados a esses
fatores, os canaviais mais velhos e fragilizados e o preço do açúcar, que vem
declinando diante do superavit da
produção mundial, também impactaram a produção menor. O volume estimado para a
presente safra agrícola (2018/19), ora divulgado, de 435,3 milhões de toneladas
(1,6% menor que o volume da safra passada), contempla a produção potencial
paulista da cana para indústria, que tem como destino a moagem industrial para
etanol e açúcar, destilarias, garapa e afins, inclusive a provável produção
advinda de área bisada. Não está incluída nesta estatística a cana destinada
para alimentação animal. Quanto a esta estatística, o Estado de São Paulo produziu
3.987,64 mil toneladas, em uma área de 67,4 mil hectares, na safra agrícola
atual. Segundo relatório da CONAB9, o setor
indica que o volume a ser produzido nesta safra terá maior destino para a
produção de etanol, visto que seus preços estão melhores que o do açúcar. Há um
excedente de produção de açúcar nos outros países que tem pressionado o preço das commodities no mundo e no Brasil. A estabilidade na área cultivada de 0,2% (6.176,2
mil hectares) corrobora que o setor continua com o comportamento de menor
investimento na renovação dos canaviais e no plantio de áreas novas. O setor
também dá sinais de que há devolução de áreas arrendadas e de fornecedores, que
preferiram substituir o plantio de cana-de-açúcar por outras culturas. A
finalização de contratos de arrendamento tem sido habitual, principalmente nas
áreas impróprias à colheita mecanizada, pois faz parte da estratégia das
unidades de produção para se tornarem mais eficientes, visto que as áreas não
adequadas à colheita mecanizada tendem a ser descontinuadas com o plantio de
cana-de-açúcar. Uma conjunção dos fatores citados colabora para
menor produtividade agrícola (1,0%), levando a uma média estadual de 77,6 t/ha
nesta safra agrícola. As regionais formadas por Andradina, Araraquara,
Barretos, Catanduva, Jaboticabal, Jaú, Orlândia, Ribeirão Preto e São José do
Rio Preto constituem um polo canavieiro, concentrando, nesta safra agrícola,
uma área total plantada (produção e nova) de 3.148,02 mil hectares,
correspondendo a aproximadamente 51% da área e produção de cana-de-açúcar
produzida no estado. Os EDRs de Catanduva, Jaú, Orlândia, Ribeirão Preto e São
José do Rio Preto, para a presente temporada, apresentam produtividade agrícola
acima da média estadual. 3.2
- Cebola A área cultivada com cebola de muda não apresentou
variação em relação ao ano passado: foram cultivados os mesmos 2,2 mil hectares
e a produção apresentou aumento de 3,2%, com volume total de 81,3 mil
toneladas, ou seja, uma produtividade de 37 t/ha, 1,3% maior que a
produtividade no ano passado. A cebola cultivada em plantio direto também não
apresentou variação: foram cultivados 2,4 mil hectares, aponta o último
levantamento da safra, e a produção foi de 124,9 mil toneladas, com
produtividade de 51,5 t/ha. Em relação à safra passada, verificou-se uma
elevação de 3,1% na produção e 0,6% na produtividade. As variações positivas em relação à produção e à
produtividade podem ser explicadas pelas boas condições climáticas no plantio e
no desenvolvimento dos bulbos, enquanto a entrada de cebolas importadas no
mercado nacional parece ter influenciado na estagnação de área da cultura no
Estado de São Paulo. 3.3
- Laranja A estimativa final da safra agrícola 2018/19 para a
cultura da laranja, decorrente do levantamento realizado em todos os municípios
do Estado de São Paulo, é de 335,4 milhões de caixas de 40,8 kg (13.686,4 mil toneladas),
5,0% superior à quantidade obtida na safra agrícola 2017/18 (13.040,5 mil toneladas).
O período de deficiência hídrica, intensificado por altas temperaturas diurnas,
ocorrido na época da florada dos pomares e que se instalou em grande parte da
região produtora de laranja, pode ter afetado o pegamento. Essa situação
climática foi notada principalmente nas regiões de Botucatu e central do
estado. Entretanto, esse efeito é muito amenizado nas regiões sudeste e
noroeste, onde predomina a laranja com destino para mesa, com uso de irrigação.
Já a produtividade agrícola é de 32.086 kg/ha, equivalente a 2,0 cx./pé (786,4
cx./ha), registrando acréscimo de 5,7% em relação à safra agrícola anterior. O volume contabiliza a safra paulista de laranja
(2018/19) destinada ao mercado e à indústria, as caixas perdidas no processo
produtivo e na colheita, bem como os frutos provenientes de pomares não
expressivos economicamente, estimados para todos os pomares do Estado de São
Paulo. Contudo, neste levantamento em que é estimado o final da safra agrícola,
do volume produzido são estimados 274,6 milhões de caixas de 40,8 kg com
destino para a indústria, e 60,8 milhões de caixas de 40,8 kg para o mercado de
mesa. Quanto à área total plantada (que inclui área com
plantas ainda não produtivas), nota-se estabilidade (-0,1%), embora se registre
expectativa de crescimento em áreas onde, nesta safra, não se fará a colheita
(aumento nas áreas com plantas ainda não produtivas), ainda que de forma não
uniforme regionalmente. É conhecido que há continuidade no processo de
erradicação, por conta da eliminação de pomares comprometidos com a incidência
de problemas fitopatológicos, principalmente cancro cítrico e HLB (greening). A área ocupada com pomares de
laranja é 454,8 mil hectares, correspondendo a 182,0 milhões de plantas, sendo
ao redor de 90% aptas para produção. 3.4
- Mandioca O levantamento final da área e produção da mandioca
para indústria apontou área cultivada 62,4 mil hectares, 1,3% maior que área no
ano anterior, com uma produção de 1.234,0 mil toneladas, 15,3% maior que a
safra passada, apresentando um aumento de 5,4% na produtividade, que passou de
28,3, para 29,9 toneladas por hectare, acréscimo de 5,4%. A retomada de
melhores preços médios recebidos pelos produtores, registrada no ano de 2019,
pode ser a causa dos resultados positivos apurados neste levantamento. Os números finais para a mandioca para mesa indicam
uma leve redução da área cultivada (-2,8%), que passou de 21,7 mil hectares para
21,1 mil hectares. A produção foi 5,6% maior, chegando a 280,8 mil toneladas, enquanto
a produtividade ficou em torno de 16,9 t/ha, 6,7% maior que a registrada na
safra passada. A regional de Mogi Mirim respondeu por aproximadamente com 24%
da produção paulista, seguida pelos EDRs de Jaboticabal (6,1%) e Sorocaba
(6,1%). 3.5
- Tomate Em novembro foram apurados os resultados finais da
safra 2018/19 das culturas dos tomates envarado e rasteiro. Para o tomate
envarado (mesa), destinado ao consumo in natura, a estimativa final
apresentou uma produção total de 676,4 mil toneladas, ligeira queda de 1,1% em
relação à safra anterior devido à diminuição de 2,4% de área cultivada (8,7 mil
hectares ante 8,9 mil hectares), uma vez que houve aumento de 1,3% na
produtividade (78 t/ha). O EDR de Itapeva, maior região produtora do Estado de
São Paulo, concentrou 63% da área plantada, seguido das regionais de Campinas,
Mogi Mirim e Bragança Paulista, que, somadas representou cerca de 20% da
lavoura. Para o tomate rasteiro, destinado à indústria, os números
finais da safra 2018/19 apresentaram diminuições de 24,2% na área (2,5 mil ha cultivados)
e de 18,4% na produção obtida (207,8 mil toneladas), e aumento de 11,3% na
produtividade, com 83,3 t/ha ante a 76,8 t/ha em relação com a safra passada.
Essa significativa retração de área plantada foi observada mais precisamente no
EDR de General Salgado, com cerca de 80% de redução, o que corresponde menos
650 hectares de plantio em boa parte em áreas para arrendamento. A partir de setembro de 2019, o
IEA e a CDRS alteraram a forma e o calendário de levantamento para o tomate
envarado (mesa) da safra 2019/20, sendo dividida em duas safras, a das águas e
a da seca. A primeira safra é o período das águas, e esse ciclo tem os
levantamentos nos meses de setembro, novembro e fevereiro, quando finaliza os
resultados dessa safra. Já na segunda a safra, referente ao período da seca, os
levantamentos serão efetuados nos meses de fevereiro, abril e em junho, encerrando
a safra do período da seca. Esse novo formato de pesquisa substitui o anterior,
quando o levantamento da safra iniciava no mês de fevereiro e finalizava em
novembro. Espera-se que essa mudança consiga captar com mais precisão o ciclo
produtivo da cultura (plantio e produção) nesses dois períodos, águas e seca, e
assim auxiliar melhor no entendimento dos movimentos de oferta e demanda do
tomate. Ainda em novembro/2019, foi realizado o segundo
levantamento da safra 2019/20 para o tomate envarado pelos técnicos da CDRS nos
municípios paulistas, e as estimativas apontaram área cultivada de 6,72 mil hectares
e produção prevista em 532,63 mil toneladas (21,31 milhões de cx. 25 kg). Esses
resultados representam cerca de 75% da produção do estado em relação à safra
2018/19. 4 – INDICADORES DA
AGRICULTURA PAULISTA Para compor os números índices de 2018/19, que tem
por base a metodologia de Laspeyres, em comparação ao período anterior, foram
selecionadas as lavouras mais importantes em valor da produção. Os resultados
agregados, que refletem a evolução da agricultura paulista no ano agrícola
2018/19, indicam aumento de área de 1,24%. A produção, porém, não acompanhou essa
variação positiva, ficando 0,61% abaixo da safra 2017/18. O fator responsável
pelo resultado foi a perda de produtividade da terra em 1,43% (Tabela 3). Ao analisar por agregado de produtos, conforme sua
característica de produção, anuais e grãos, perenes e semiperenes, pode-se
verificar que o grupo de culturas anuais e grãos apresentaram crescimento
semelhante, 4,34% e 4,74%, respectivamente na área cultivada, enquanto o grupo
de culturas semiperenes e perenes manteve praticamente inalterada sua
participação em área. A discreta variação em área das culturas semiperenes tem
relação com a manutenção da área cultivada das culturas cana para indústria e
café, e com a queda da área de laranja (0,8%) e aumento de 2,6% da exploração
de seringueira no estado. Contabilizando-se estes resultados, o índice de área
foi de 0,24% no período. A situação de estabilidade das culturas perenes e
semiperenes em área também se estende a produção e produtividade. Entretanto,
os valores foram negativos em 0,69% e 0,27%, respectivamente, na comparação com
a safra 2017/18. Merece destaque a queda de produtividade dos grupos
de culturas anuais e grãos, -4,48% e -2,68%, respectivamente. Para as culturas
anuais, o efeito da menor produtividade não foi maior na produção (-0,33%) em
virtude da expansão de área. No caso dos grãos, a produção foi positiva em
1,93%, e este resultado foi influenciado, principalmente, pelo aumento de
produção das culturas sorgo (62,7%), milho safrinha (39,0%) e feijão (8,6%). No balanço anual das culturas, pode-se dizer que a
evolução em área foi positiva, ou seja, o setor apresentou expectativas
positivas em relação ao crescimento da produção. Contudo, em decorrência da
menor produtividade ocasionada por efeitos edafoclimáticos, não resultaram na
produção esperada. Os
resultados regionais encontram-se nas tabelas 4 e 5 por Escritório de
Desenvolvimento Rural (EDR), nas tabelas 6 e 7 por Região Administrativa (RA) e
Região Metropolitana, e na tabela 8 consta o total do estado para as demais
culturas. 1Os autores agradecem
aos técnicos do DEXTRU, das Casas de Agricultura, e diretores dos EDRs, da
Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), pelo desempenho no
levantamento. Agradecem também as contribuições dos pesquisadores científicos
Ana Victória Vieira Martins Monteiro (feijão), Celso Luis Rodrigues Vegro
(café), Katia Nachiluk (cana-de-açúcar), Marisa Zeferino Barbosa (algodão e
soja), Waldemar Pires Camargo Filho (cebola e batata), e o apoio técnico de
Talita Tavares Ferreira e da equipe do Núcleo de Informática para os
Agronegócios do IEA. 2Entende-se por
método subjetivo a coleta e sistematização de dados fornecidos pelos técnicos
da Casa de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta
de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de
produção. 3NOGUEIRA, B. P.;
SILVA, A. T. S. Conjuntura da
agropecuária: algodão. Brasília: CONAB, 2019. 1 p. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/analises-do-mer 4COMPANHIA
NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Safra 2019/20. Acompanhamento
da safra brasileira de grãos, Brasília,
v. 7, n. 4, jan. 2020. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos.
Acesso em: 15 jan. 2020. 5As estatísticas
de produção para a cultura de arroz, a partir da safra agrícola 2019/20,
consideram inclusos os sistemas de sequeiro e de várzea e o irrigado. Em
relação aos produtos milho e soja, as estimativas também incorporam as áreas
irrigadas e não irrigadas; entretanto, ao final do levantamento será divulgada
o percentual de área irrigada nas duas culturas. 6SILVA, J.R. et
al. Valor da produção agropecuária do estado de São Paulo: resultado final
2018. Análises e Indicadores Do
Agronegócio, São Paulo, v. 14, n. 5, maio 2019. Disponível em:
http://www.iea. 7Op. cit. nota 5. 8Op. cit. nota 5. 9Op. cit.
nota 4. Palavras-chave: previsão
de safras, área e produção, estatísticas agrícolas, Estado de São Paulo.
de área e produção para a safra paulista 2019/20 de grãos (primeira safra ou
safra de verão) e para as culturas da batata das águas, banana, café,
seringueira e das uvas (Ta-
bela 1).
cado/historico-de-conjunturas-de-algodao. Acesso em: dez. 2019.
sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-32-2019.pdf. Acesso em: jan. 2020.
Data de Publicação: 29/01/2020
Autor(es):
Felipe Pires de Camargo (fpcamargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Roberto Ferreira Bueno Consulte outros textos deste autor
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor