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Preços Agrícolas Sobem 20,10% em 2019: dezembro apresentou alta de 2,99%
1 - INTRODUÇÃO No acumulado dos últimos 12 meses (dezembro/2018 a
dezembro/2019), todos os índices que avaliam o comportamento dos preços
agropecuários no Estado de São Paulo apresentaram variações positivas: o IqPR
(geral) alcançou 20,10%, o IqPR-V (vegetal) chegou a 16,61% e o IqPR-A (animal)
foi o que apresentou a maior alta, puxada pelas subidas nos preços das carnes,
atingindo variação de 28,82% (Tabela 1 e Figura 1). No que se refere ao mês de dezembro/2019, também
sobre forte interferência das variações dos preços dos produtos de origem
animal (o IqPR-A) – que subiram 5,89% no campo paulista -, o IqPR geral do mês
fechou positivo em 2,99%. Já os produtos de origem vegetal (IqPR-V)
apresentaram a menor ascensão mensal, atingindo alta de 1,89%. Na tabela 1,
além dessas variações são apresentadas as oscilações do final de novembro/2019,
das quatro quadrissemanas de dezembro/2019 e o acumulado dos últimos 12 meses
para os índices calculados com e sem a cana-de-açúcar.
Quando a cana-de-açúcar (que no acumulado dos
últimos 12 meses teve alta no preço da tonelada no campo de 10,16%) (Tabela 2)
é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem
cana) para o ano de 2019 registra um aumento de 27,14% (Tabela 1). Já o IqPR-V
(produtos de origem vegetal) sem cana variou positivamente em 23,36% (Tabela
1). 2
- VARIAÇÃO DOS PRODUTOS EM 2019 No que se refere aos produtos que mais variaram
durante o ano de 2019, destacam--se, positivamente:
amendoim (68,57%), carne suína (54,96%) e feijão (53,36%). Complementam essa
lista: carne bovina (33,90%), ovos (30,66%), milho (26,93%), café (26,46%),
arroz (18,04%), leite cru resfriado (13,21%), banana nanica (12,69%),
cana-de-açúcar (10,16%) e soja (6,46%) (Tabela 2). 2.1
- Amendoim A escassez de chuvas no verão passado diminuiu a
oferta de amendoim no mercado paulista, representante de 90% da produção
nacional. A escassez do produto, que tem a região de Tupã como a de maior
destaque no Estado de São Paulo, fez os preços subirem acima da média no
período das festas juninas. 2.2
- Carne Suína Devido à enfermidade do rebanho da China, acometido
com peste suína, as exportações de carne de porco bateram recordes em 2019, com
aumento, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), de 15,75%
nos últimos 12 meses. Esse aumento da demanda interferiu no mercado brasileiro,
favorecendo para um processo inflacionário nos preços das carnes. 2.3 - Feijão Problemas climáticos no primeiro semestre reduziram
a oferta do feijão nas principais praças produtoras. Desestimulados com as
perdas, muitos agricultores inverteram seus investimentos em outras culturas
nas áreas tradicionais do produto. 2.4 - Carne Bovina O ciclo de redução da oferta de matrizes (vacas)
advindas da baixa lucratividade nos últimos anos associado à escassez de chuvas
que impactou a qualidade e quantidade das pastagens e ao aumento da demanda do
mercado externo aquecida pelas exportações ao mercado chinês interferiram no
reajuste dos preços recebidos pelos pecuaristas em 2019. 2.5 - Ovos Produto mais barato como fonte de proteína de origem
animal, com a subida dos preços das carnes, teve sua demanda reajustada
enquanto substituto, principalmente para a população de mais baixa renda. 2.6 - Milho Demanda internacional aquecida, valorização do dólar
(que aumenta a cotação das commodities
em reais) e direcionamento de parte da produção mato-grossense para a produção
do etanol direcionaram ao alto os preços do milho durante 2019. 2.7 - Café Num processo de disparada das
cotações no final do ano, ocasionada pela inversão das expectativas do
abastecimento dos estoques de café no mundo, os fundos de investimento passaram
de uma posição de vendedores para compradores, tendo em mente que a safra
brasileira de 2020 será caracterizada pela bienalidade positiva (a característica
natural da planta é de, enquanto num ano há uma safra maior, no seguinte a
produtividade diminui). 2.8 - Arroz O excesso de chuvas nas principais regiões
produtoras do Rio Grande do Sul elevou as importações de arroz para abastecer o
mercado brasileiro em 2019 que, associado à valorização no câmbio, interferiu
sobremaneira nos preços recebidos pelo produto. 2.9 - Leite Num mercado aberto de alta competitividade entre os laticínios, a baixa oferta, fruto
da escassez de chuvas que não recuperaram as pastagens a contento no primeiro
semestre, desenhou um cenário de alta nos preços recebidos pelos produtores de
leite no Estado de São Paulo. 2.10 - Banana Nanica Chuvas excessivas que atingiram a principal região
produtora do Estado de São Paulo (Vale do Ribeira) e a dimunuição de áreas em
outras regiões do país reduziram a oferta do produto aumentando o valor
recebido pelos bananicultores. 2.11 - Cana-de-açúcar Puxados pela demanda elevada de etanol no mercado
interno, os preços da tonelada da cana-de-açúcar recebidos pelos produtores
paulistas fecharam 2019 com alta de 10,16%. 2.12 - Soja Menor produtividade provocada pela estiagem no verão
2018/19 e aumento da demanda chinesa frente a guerra comercial com os Estados
Unidos garantiram o aumento dos preços recebidos pelos produtores de soja. Destacaram-se enquanto produtos que apresentaram as maiores baixas em 2019:
tomate para mesa (-66,47%), laranja para indústria (-15,45%), algodão
(-12,61%), laranja para mesa (-9,16%) e batata (-4,41%) (Tabela 2). 2.13 - Tomate para Mesa Com menos perdas devido à estiagem do verão de 2019,
a produtividade dos tomateiros, ao colocarem uma quantidade maior do produto no
mercado, reduziu os preços recebidos pelos produtores paulistas. 2.14 - Laranja para Indústria Composta por um mercado oligopolizado e
verticalizado, no qual as indústrias produzem a maior fatia da matéria-prima
beneficiada para produção do suco de laranja, a citricultura paulista viu
achatados seus rendimentos com a oferta de preços cada vez menores que
desestimulam cada vez mais a continuidade de produtores independentes no
setor. 2.15 - Algodão Estoques mundiais abastecidos da safra de 2018 e uma
produção maior do que a demanda nacional refletiram na baixa dos preços
recebidos pelo algodão brasileiro. 3
- DEZEMBRO DE 20191, 2 Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores
elevações nas cotações do mês de dezembro/2019 em relação a novembro/2019
foram, pela ordem: banana nanica (21,51%), café (16,56%), carne suína (13,94%),
leite cru refrigerado (11,41%), laranja para mesa (9,15%), ovos (8,77%), e
feijão (7,36%). Somente três produtos apresentaram que- 1A
fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo
valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são
levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são
obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência)
com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência =
01/12/2019 a 31/12/2019 e base = 01/11/2019 a 30/11/2019. 2Artigo
completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços
recebidos pela agropecuária paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.
38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573. Acesso em: jan. 2019. Palavras-chave: preços agrícolas, preços recebidos, indicadores.
das nesse intervalo: tomate para mesa (-18,62%), batata (-6,15%) e laranja para
indústria (-6,13%). Devido à mudança metodológica no levantamento, não houve
preços comparativos para a carne de frango (Tabela 3).
Data de Publicação: 13/01/2020
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor