Artigos
A Bananicultura no Estado de São Paulo: 2014 a 2018
A banana2 é apreciada por pessoas de
todas as classes sociais e de qualquer idade que a consomem in natura, frita, assada, cozida, em doces
caseiros ou em produtos industrializados como: passas, doces, chips, polpas e álcool. Segundo a
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)3,
em 2017 a banana é produzida em 128 países e é uma das frutas mais consumidas
no mundo (Figura 1 e Tabela 1). Em 2017, a produção mundial de banana atingiu
aproximadamente 125,3 milhões de toneladas. Os quatro maiores produtores foram:
Índia com 30,5 milhões de toneladas, China com 22,8 milhões de toneladas,
Indonésia com 7,2 milhões de toneladas, e Brasil com 6,7 milhões de toneladas.
O maior consumidor mundial da fruta é a China. No Brasil, a bananicultura é desenvolvida em
ecossistemas variados, com predominância de diferentes fatores de estresse
abióticos. O crescimento e o desenvolvimento da bananeira e sua consequente
produtividade são processos dependentes das interações
água-solo-genótipo-atmosfera e da interferência humana4. Em 2017, a
área plantada no país atingiu 469,5 mil hectares, a quantidade produzida foi de
6,7 milhões de toneladas e o total do valor da produção atingiu R$ 8,1 bilhões5
(Figura 2). O cultivo brasileiro de banana está distribuído por
todo o território nacional. As maiores áreas, em 2017, localizaram-se nos Estados
da Bahia com 73,1 mil hectares, São Paulo com 50,0 mil ha, Pará com 43,9 mil ha,
e Minas Gerais com 41,6 mil ha. Os Estados que mais produziram,
consequentemente, obtiveram os mais significativos valores de produção: São
Paulo com 1.084,5 mil t e R$1,7 bilhão, Bahia com 866,6 mil t e R$931,8
milhões, Santa Catarina com 712,8 mil t e R$742,7 milhões, e Minas Gerais com
685,5 mil t e R$731,5 milhões. É interessante observar as diferentes
produtividades que ocorreram, cujo maior destaque foi Rio Grande do Norte com
28,3 t/ha e a menor com 7,7 t/ha foi o Rio de Janeiro e, a produtividade
nacional foi de 14,2 t/ha (Tabela 2). No Brasil, praticamente toda a produção de banana é
consumida no estado natural, tendo seu cultivo papel fundamental na fixação da
mão de obra rural. A banana constitui elemento importante na alimentação de
populações de menor renda, não só pelo alto valor nutritivo, mas também pelo
baixo custo. Sabe-se que uma única banana supre cerca de um quarto da
quantidade de vitamina C recomendada diariamente para crianças. Contém, ainda,
vitaminas A e B, muito potássio, pouco sódio e nenhum colesterol6. No Brasil, o consumo é estimado em 25 kg per capita ao ano, representando 0,87%
das despesas de alimentação do brasileiro. Cerca de 98% da produção é destinada
ao consumo in natura, sendo o
restante da produção representada pela fruta processada7. A bananicultura brasileira apresenta características
peculiares que a diferenciam das principais regiões produtoras do mundo, tanto
em relação à diversidade climática em que é explorada, quanto ao uso de
variedades, à forma de comercialização e às exigências do mercado consumidor. O
baixo potencial de produtividade das variedades, o porte elevado de algumas
delas e a presença de doenças e pragas são os principais problemas que afetam a
cultura no país, os quais estão sendo solucionados com base em resultados de
pesquisa. Em 2018, o Brasil exportou para vários países de
diferentes continentes um total de 28.629,9 mil t, com valor FOB de US$7,8
milhões, de bananas frescas ou secas e bananas da terra frescas ou secas. A
América do Sul foi o principal destino das exportações brasileiras do produto
(Uruguai, Argentina e Chile), atingindo o volume de 24.914,05 mil t,
representando 87,0% do total, com valor FOB de US$6,15 milhões (Tabela 3),
caracterizando as exportações brasileiras de banana como um comércio de
vizinhança. Ou seja, grande parte da produção brasileira tem por destino o
consumo interno, com menos de 5% da produção sendo direcionada à exportação8. Mesmo o país tendo exportado um volume considerável
de bananas em 2018, mantém relações compensatórias com o Equador importando
purês de banana e bananas frescas ou secas num total de 168,11 mil t, bem como
das Filipinas, China e França, totalizando 116,63 mil t nesse mesmo ano (Tabela
4). O Estado de São Paulo é um dos mais importantes
produtores de frutas no Brasil. Sua diversidade edafoclimática permite um
enorme potencial para a produção. Segundo os dados do Instituto de Economia
Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), a banana
possui tendência de crescimento de produção ao se observar as áreas novas de
plantio no período em análise. Em 2018, totalizou 4.889 ha de área nova com os
EDRs de Jales (1.061 ha), Araçatuba (712 ha), Fernandópolis (593 ha), General
Salgado (442 ha) e Votuporanga (404 ha); já os EDRs de Registro e Andradina
totalizaram 311 ha cada. Os EDRs que apresentaram as maiores taxas de
crescimento dos últimos cinco anos foram Votuporanga (265,7%), Jaboticabal
(69,0%) e Tupã (31,9%), sendo que para o estado a taxa foi de 1,5% ao ano. Cabe
salientar que 15 EDRs apresentaram taxa de crescimento negativo para área nova
plantada, destacando-se os de Bauru (-40,1%), Assis O EDR de Registro, em 2018,
possuía a maior área em produção com 33,6 mil ha e foi o principal produtor com
727 mil t, ou seja, 67,9% de toda banana produzida no Estado de São Paulo teve
por origem este EDR, com destaque aos municípios de Sete Barras e Eldorado. Os EDRs que apresentaram taxas de crescimento
positivas nesta cultura no período foram Ribeirão Preto com 36,9% de área e
31,4% de produção, e General Salgado com 29,8% de área e 31,7% de produção. O
EDR de Andradina apresentou 13,4% de área e 14,7% de produção; neste EDR, o município
de Pereira Barreto destaca-se com produção de banana-maçã (Tabelas 6 e 7). Em 2018, o valor da produção do grupo de “Frutas
Frescas” para o Estado de São Paulo foi de R$7.824,5 milhões. A banana teve um
valor de R$1.356,93 milhão, ou seja, 17,3% desse grupo, ocupando a terceira
posição no ranking e atrás somente da
laranja e do limão. Nos últimos dez anos, a banana foi a primeira colocada no
período de 2012 a 2017. Em 2011, ocupou a segunda colocação, atrás apenas da
laranja para mesa e em 2009, 2010 e 2018 ficou na terceira posição (Figura 3). Dos 50 produtos, cujo valor da produção é
acompanhado pelo IEA, a banana ocupou a 10ª posição, em 2012 e 2016, e a 14ª
posição em 2009. O preço médio recebido pelos produtores de banana no
Estado de São Paulo nesses últimos dez anos apresentou um pico em 2016,
atingindo o valor de R$39,19 pela caixa de 21 kg (valor corrigido pelo IPCA
para julho de 2018). A taxa de crescimento no período foi de 7,3%. Como a
banana é uma fruta que se produz o ano todo, o preço é forma do pela média dos
12 meses de cada ano (Figura 4). O cultivo da banana é fonte de ocupação e,
consequentemente, de renda para os trabalhadores rurais. Outro fator importante
para as pessoas ligadas ao setor são os vários produtos e subprodutos oriundos
deste cultivo, o que gera emprego e renda para a comunidade. O sistema produtivo é caracterizado pela conjunção
entre os grandes cultivos comerciais associados à produção em pequenas e médias
propriedades, que apresentam uso intensivo de mão de obra familiar. Aumentar a produtividade, a rentabilidade das
explorações, obter produtos de alta qualidade e em quantidades que atendam às
demandas dos mercados consumidores, tanto internos quanto externos, são
estratégias para o sucesso da bananicultura paulista e nacional. 1Os autores agradecem a Bacharel em Letras Josilene Ferreira Coelho pelas
contribuições auferidas no texto. 2A bananeira (musa spp.) teve
origem no sudeste asiático evoluindo das espécies selvagens Musa acuminata Colla e M. balbisiana Colla, onde existem
indícios do seu cultivo desde 8.000 A.C.; somente nos séculos XV e XVI,
colonizadores portugueses começaram a plantação sistemática de bananais nas
ilhas atlânticas, no Brasil e na costa ocidental africana. SILVA, S. O. et al.
Cultivares. In: FERREIRA, C. F. et
al. O agronegócio da banana. Brasília: Embrapa, 2016.
cap. 5, p. 139-170. 3FOOD AND AGRICULTURE
ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. FAOSTAT. Roma: FAO, 2017. Disponível em: http://faostat.fao.org/site/567/defaul.aspx#ancor. Acesso em: 12 jun. 2019. 4O cultivo da bananeira no mundo está situado entre as latitudes 30°S e
30°N do Equador, e as condições climáticas ótimas para o seu crescimento e
desenvolvimento encontram-se entre15° de latitude Sul e ao Norte do Equador. SOTO BALLESTERO, M. Bananos: cultivo e comercialización.
2.ed. San José: Litografia e Imprensa LIL, 1992. 674 p. 5BORGES, A. L. et al. A cultura da
banana. 3. ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. 110 p.
(Coleção Plantar, 56). 6INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção Agrícola Municipal. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível
em: https://www.ibge.gov.br/. Acesso em: 17 jun. 2019. 7LIMA, M. B.; VILARINHOS, A. D. Importância econômica e social. Agência de Informações Embrapa,
Brasília, [20??]. Disponível em:
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia40/AG01/arvore/AG01_28_4102006 8MINISTÉRIO DA ECONOMIA, INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS.
Secretaria de Comércio Exterior. Sistema
Comex Stat. Brasília: ME: SECEX, 2018. Disponível em:
http://comexstat.mdic.gov.br. Acesso em: 11 maio 2019. Palavras-chave: banana,
área e produção, comércio exterior, produção mundial.
(-36,3%) e São Paulo (-23,1%) (Tabela 5).
8055.html. Acesso em: 30 set. 2019.
Data de Publicação: 25/10/2019
Autor(es):
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor