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Preços Recebidos Pela Agropecuária Paulista Recuam em Abril com a Entrada do Outono/2019
Rompendo com a escalada de altas verificada desde
fevereiro, o Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,
2 registrou pequena queda de 0,14% em abril na comparação com o mês
anterior. Separado por grupos de produtos, enquanto o IqPR-V (grupo de produtos
de origem vegetal) contribuiu com esse descendo ao se desvalorizar 3,31%, o
IqPR-A (produtos de origem animal) se manteve subindo de forma mais intensa ao
atingir variação positiva de 4,01% (Tabela 1). Nessa mesma tabela são
apresentadas as variações do final de março/2019 e das quatro quadrissemanas de
abril/2019 para os índices calculados “com a cana-de-açúcar” e “sem a
cana-de-açúcar”. Verifica-se que na maioria desses intervalos quadrissemanais
houve variações positivas dos indicadores. Destaca-se que, após um pico de
altas no final do mês de março, IqPR e IqPR-V apresentaram um arrefecimento que
culminou em suas quedas no mês de abril. Quando a cana-de-açúcar (que teve queda de 0,96% em
abril) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, a alta do
IqPR (sem cana) alcançou um valor percentual positivo de 0,53%, ou seja, 0,67
ponto percentual maior que o IqPR (com cana). Já o IqPR-V sem cana caiu mais
acentuadamente em 3,97%, ou seja, 1,96 ponto percentual menor que o IqPR-V com
cana. Destaca-se nessa comparação o peso que a cana de açúcar exerce no cálculo
ponderado dos índices, estabilizando suas variações tanto abaixo quanto acima
(Tabela 1). Menos da metade dos produtos que compõem o IqPR
apresentou alta no mês de abril/2019 em relação a março/2019. Destacaram-se
nesse intervalo tomate para mesa (13,88%) e carne de frango (9,16%). Cabe
evidenciar que nesse período os cinco produtos de origem animal que constituem
o índice tiveram seus valores reajustados (Tabela 2). No caso do tomate para a mesa, mesmo apresentando
alta menor que a verificada nas semanas anteriores, o reajuste do produto no
final do mês ainda está relacionado às perdas oriundas das chuvas de fevereiro
que acometeram plantas ainda em formação No que se refere à carne de frango, mesmo com a
estabilização dos fluxos dos embarques das exportações do produto, o disponível
para o mercado interno se apresentou aquém do necessário para manutenção dos
preços, que cresceram mais de 25% desde o final de janeiro. Numa realidade na
qual os principais insumos conformadores dos custos de produção da atividade
tiveram pequenas variações no último trimestre (milho e sojacom alterações
respectivas de 2,15% e 2,10%), análises preliminares indicam melhoras
sucessivas na rentabilidade do setor. Possíveis reajustes nas exportações com a
expansão das compras direcionadas pelo mercado indiano interferirão mais ainda
no peso da correlação oferta e procura para a definição dos preços ao mercado
interno. Dos 19 produtos acompanhados, 11 apresentaram quedas
de preços no período. Destacaram-se nesse intervalo feijão (-29,51%) e batata
(-22,03%). Para o feijão, informações publicadas pela Bolsinha
de São Paulo indicam para o final de abril uma maior entrada de produto.
Contudo, cabe salientar que grande parte do volume armazenado pelos atacadistas
é de produtos de baixa e média qualidade remanescentes da primeira safra.
Calcula-se para os próximos dias a entrada de grande volume de feijão novo da
segunda safra3. É importante informar que os preços do feijão
carioca nos últimos 12 meses subiram 98,91%. Médias pluviométricas menores em abril permitiram
uma colheita mais regular (porém, ainda de baixa qualidade) de batata, no
comparado a março. Não obstante, torna-
-se importante ressaltar que os preços atuais estão 245% maiores que o
registrado em abril de 2018. Segundo especialistas do setor, a redução das
áreas disponíveis para o tubérculo é fator essencial nesse desequilíbrio entre
oferta e procura. Do conjunto analisado, 8 produtos apresentaram alta
de preços (3 de origem vegetal e 5 de animal) e 11 tiveram queda (todos de
origem vegetal). ACUMULADO NOS
ÚLTIMOS 12 MESES PARA O IqPR COM CANA No período de maio/2018 a abril/2019, tanto o IqPR
quanto o IqPR-V apresentaram suas maiores altas no mês de fevereiro de 2019.
Para o IqPR-A, o maior aumento (de 10,21%) ocorreu no mês de junho/2018
(impulsionado pelas altas de carne de frango, ovos e carne suína)4,
e a maior baixa (de -2,66%) ocorreu no mês de janeiro/2019). O IqPR apresentou
variações positivas em nove meses: de maio/2018 a junho/2018, de agosto/2018 a
dezembro/2018 e de fevereiro/2019 a março/2019. A variação negativa ocorreu em
três meses: julho/2018, janeiro/2019 e abril/19 (Figura 1). No acumulado dos últimos 12 meses, todos os índices
apresentaram variação positiva: o IqPR (geral) ficou em 19,06%, o IqPR-V
(vegetal) subiu 16,20% e o IqPR-A (animal) teve aumento de 24,64% (Figura 2). Reforçando a análise, ao comparar os preços de
abril/2019 em relação a abril/2018, observa-se que somente quatro produtos
apresentaram variação negativa: café (-11,41%), soja (-10,74%), algodão (-2,51%)
e cana-de-açúcar (-1,10%). Acima da variação do indicador que analisa o aumento
dos custos dos insumos e fatores de produção agropecuários no Estado de São
Paulo – denominado Índice de Preços Pagos (IPP/IEA), que apresentou um
acumulado de reajuste de 9,50% nos últimos 12 meses -, acomodaram-se as
seguintes culturas: batata (245,78%), feijão (98,91%), tomate para mesa
(90,83%), carne de frango (60,57%), carne suína (40,88%), banana nanica
(39,29%), laranja para mesa (24,68%), amendoim (17,92%), laranja para indústria
(15,58%), leite (15,05%) e arroz (12,93%). Variaram positivamente abaixo do
reajuste dos custos de produção: carne bovina (8,36%), ovos (7,57%), trigo
(2,24%) e milho (0,16%). 1A fórmula
de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor
da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas
pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas
comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os
preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/04/2019
a 30/04/2019 e base = 01/03/2018 a 31/02/2018. 2Artigo
completo com a metodologia: Pinatti, E. et al. Índice quadrissemanal de preços
recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.
38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573.
Acesso em: 12 mar. 2019. 3Agradecemos
o compartilhar solidário de conhecimento sobre a conjuntura do feijão feito
pela pesquisadora Ana Victória Vieira Martins Monteiro nessa publicação sobre
os Índices de Preços Agropecuários de Abril de 2019. 4INSTITUTO
DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Conjuntura:
quadrissemana. São Paulo: IEA, 2018. Disponível em:
http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/Quadrissemana2.php?codTipo=1&ano=2018.
Acesso em: 1 abr. 2019. Palavras-chave: IqPR,
índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.
com a enfermidade ocasionada pelo cancro bacteriano. Vislumbra-se para o final
do outono, com menor influência do clima e uma esperada retomada da
produtividade por área, um equilíbrio de mercado que garanta preços mais baixos
cobrados aos consumidores no varejo.
Data de Publicação: 14/05/2019
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor